Há na cidade
uma cidade que já não se vê. Escondida no passado, apenas alguns de seus
rastros podem ser vistos, ou melhor, pressentidos. Um dos maiores vazios é o da
metalúrgica Abra mo Hebreu. O prédio continua no mesmo lugar, meio sem janelas,
meio sem vida. O relógio parado e a pequena casa no alto do prédio, símbolo do
progresso da Hebreu quase desmoronando. Não há dúvidas que essa é a maior
lacuna. Houve épocas em o sino da Eberle ,mais do que o da Igreja ,marcava as
horas. Da entrada do meio dia e da saída. Dizia-se então:Não vão servir o
almoço ? Dizia-se Abramo já tocou como se o dono estivesse batendo o sino, e
mais tarde a sirene. .Era a marcação dos passos da pequena cidade aconchegada
aos pés da Metalúrgica. Era o símbolo do trabalho e da possibilidade de
enriquecimento por meio dele. Era o mito da terra feito prédio.
Gerações se
criaram na sombra da Eberle e dezenas de empresas nasceram em decorrência dela,
se poderia afirmar que a Eberle é a mãe e matriz do polo metal mecânico de
Caixas. Faz anos que a Eberle fechou. Hoje suas vastas instalações estão em compasso
de espera, vazias! Poucos se lembram do
tempo que seu nome era a grife da cidade, como hoje é a Marcopolo. E que
produtos e que beleza havia na loja no térreo onde eram vendidos no varejo seus
produtos. Fragmentada pela força da herança deixou um vazio, que seus prédios
vazios apenas revelam, de forma tímida. A falta de movimento é a revelação da
perda.
Mas nãoé só ela.
Outra empresa que ocupava a minha imaginação infantil da cidade. Era o Lanifício Gianella, que nas
Festas da Uva, expunha bonequinhos aconchegados e tremendo abrigados em seus
quentes cobertores de lã natural com listras vermelhas. A fábrica era distante,
ficava próximo da Igreja de Santa Catarina, parecia tão distante como em outro
estado. È incrível como as distâncias encolhem com o tempo. Eram tempo de
poucos produtos .Assim em cada casa da cidade
havia um( ou vários) cobertor da
Gianella.Quem se lembra da tecelagem Tupy e da fábrica de seda Panceri?Eram
importantes e davam empregos, uma virou ruína e outra uma secretaria municipal.
Inesquecíveis
os produtos do Frigorífico Rizzo, que produzia o melhor patê do mundo. Desvio
Rizzo nasceu em 1938 graças a sua fundação. Só uma grande empresa podia se dar
ao luxo de ter uma estação férrea com seu nome. Hoje dele só sobram ruínas. Até
da pequena estação há só restos
E sem falar
das vinícolas. Onde está o Luiz Antunes, a Michelon, a Mosele, a Brasileira de vinhos,
a Cooperativa Vinícola Riograndense e a Santo Antônio? Foi-se para lugares esquecidos,
de algumas há restos de outras nada restou.
Nem gosto de
me lembrar das lojas. Nada restou apenas a Magnobosco as outras como a Prata viera, a Farmácia Perreti, a Vetorello entre outras tantas foram para o mundo invisível do era uma vez.Quem se lembra da maravilha que era a Auto Palácio?
E dos maravilhosos cinemas Òpera, Central e Guarani,onde vicejava o futuro e a alegria juvenis?
E dos maravilhosos cinemas Òpera, Central e Guarani,onde vicejava o futuro e a alegria juvenis?
Basta ler a
lista das empresas existentes em 1950 para verificar quantas deixaram de
existir. Assim é o mundo e assim é a roda da fortuna que gira para cima e para baixo.
Nada é permanente. Permanente apenas as crises do sistema que solapa algumas e
ergue outras empresas. Essas poderão deixar de existir em tempos não tão
distantes. È bom se prevenir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário