quinta-feira, 26 de abril de 2012


SUBSÍDIOS PARA A  HISTÓRIA DA FORQUETA 


Estação Ferroviária de Forqueta ,foto atual.O prédio que  serve hoje como oficina mecânica . data de 1909.



              No seu inicio a história de Forqueta não se confunde com a de Caxias. Caxias surgiu de uma colônia imperial, Forqueta  de uma colônia particular.
As colônias imperiais eram de responsabilidade exclusiva do  governo imperial brasileiro . O governo do Império dirigia  a organização e  a administração das colônias, tanto na sua demarcação como na venda dos lotes para os colonos, na divisão das terras ,no transporte ,na  localização dos imigrantes, na sua estada nos barracões  nos lotes.O governo central por meio  do Ministério da Agricultura e das Secretárias da Agricultura nas Províncias distribuía os títulos de propriedade ,bem como controlava a cobrança das   dos colonos.
             
      As colônias particulares eram doações de sesmaria que o  imperador fazia  para determinado proprietário.O recebimento das sesmarias era devido  a serviços prestados, amizade com as autoridades provinciais ou poder político regional. Forqueta nasceu de uma sesmaria que foi loteada e vendida aos interessados. A chamada colônia Sertorina onde Forqueta se localizava era Luís Antônio Feijó Júnior. Ele havia recebido do governador da Província três  léguas,correspondia  a um quadrilátero de l5 quilômetros e 45 de comprimento.
Feijó Júnior que era chamado pelos colonos de Conde recebera a sesmaria como prêmio pela entrada que subira a íngreme encosta do planalto  descobrindo o chamado Campo dos Bugres.Ali os índios faziam corridas e ‘ outonavam’ para usufruir  a safra dos nutritivos pinhões.
           
      As colônias particulares de acordo com a política imperial de terras ficavam situadas entre as colônias oficiais. Além de premiar seus donos tinham como objetivo separar os imigrantes que viviam em núcleos próximos. A separação tinha como meta  a segurança provincial. Se um grupo de imigrantes se revoltasse a rebelião nãos e alastraria para as outras colônias.  Feijó Júnior chamou sua gleba de terra de colônia Sertorina, em homenagem ao presidente da Província Major Dr. João Sertório, que lhe propiciara a doação das terras
Ao centro a colônia Sertorina de Luís Antônio Feijó Júnior

 Ele era fazendeiro dono da fazenda Estaleiro situada nos Campos de Cima da Serra. (hoje Bom Jesus). Durante alguns anos deixou abandonada sua sesmaria,que se situava entre a Quinta Légua da Colônia Caxias e a Colônia Dona Isabel(Bento Gonçalves).
     Em l88l, Feijó  voltou para Caxias verificou o crescimento da população julgou que estava na hora de explorar suas terras. Organizou uma empresa para a venda de lotes. Abriu serrarias e olarias.Entra em contato com as autoridades para que a estrada a ser aberta entre Caxias e Bento passe pelo centro de suas terras.
            Feijó manda abrir picadas para poder entrar em suas terras e em l883, já eram  trinta as famílias de imigrantes que haviam nelas comprado lotes. Cada vez e maior o número de compradores de lotes na Sertorina. As linhas vão se povoando e recebendo nomes uma se chama Feijó em homenagem ao proprietário,outras linhas  tomam o nome de Julieta, São Marcos, Palmeiro, São José .Saber exatamente quantos lotes foram vendidos é difícil ,mas é possível calcular que sejam cerca de 2500 lotes ,com uma área de aproximada de 25 hectares.
     As escrituras de  compra e venda dos lotes da colônia de Feijó são registradas em cartório situado em São Francisco de Paula. O cartório incendiou-s tendo sido  sendo destruídas as fontes para a história da Colônia Sertorina.                          
   Quando Feijó morre em 13 de setembro de l893 suas terras já estavam sendo povoadas. O núcleo mais importante era o da Linha Vicenza, mais tarde chamada de Nova Vicenza(Farroupilha) que em l890, tornara-se distrito do novo município que então fora  criado:o de Caxias.
            Foi nesse mesmo contexto que na Linha Feijó foi se formando o núcleo de Santo Antônio da  Forqueta ,sempre confundida com a Forqueta Baixa, que era o nome da 1ª Légua da antiga colônia Caxias,que era realmente uma confluência entre o arroio do Ouro e o rio Cai.
         A história de como a família Feijó perdeu as terras que pertenceram a Feijó  Júnior é um capítulo de história que ainda não foi escrita.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

QUILOMBOS NA SERRA!

Cotiporã : a Serra e os morros  adequados aos quilombos. 

Houve quilombos na Serra Gaúcha? A resposta é sim! Mas ,antes de tudo é preciso definir quilombo.  Quilombo significa aldeia em  quimbundo. Quimbundo é uma língua do grupo banto, falada em Angola, antiga colônia portuguesa na África. Os bantos  são povos que vivem ao  Sul do Saara. Sua identidade é mais  linguística do que   antropológica,os bantos estão subdivididos em   cerca de 400 subgrupos.  Antes da invasão europeia estavam reunidos em reinos como o de Monomotapa,com construções megalíticas. 
 Muitos dos escravos trazidos para o Brasil  eram  bantos (congo, benguela etc.). Sua língua foi importante na formação do português falado tanto na África como no Brasil. Muito  do vocabulário atual do português que é falado no Brasil tem origem  banto. Mais especificamente, se origina do idioma quimbundo, uma das línguas nacionais de Angola. Algumas palavras hoje usadas no Brasil tiveram sua origem no quimbundo, como abacaxi, bamba, camundongo, canjica, cochilar, dendê , farofa ,fubá ,maconha muamba, mucama ,quitanda, quitute, samba, senzala,tanga e umbanda, para citar algumas. Nada menos que 20% do vocabulário usado no Rio Grande do Sul têm origem africana.
Mas voltando aos quilombos, foram o maior símbolo da resistência  africana no Brasil.Na aldeia  se concentravam os escravos que fugiam das fazendas,das minas e casas de família, onde eram explorados e sofriam maus tratos. 
O mais importante quilombo foi o Palmares ,situado em Alagoas ,hoje corresponde ao município de União de Palmares.O Quilombo durou mais de Durou mais de um século atingiu  seu apogeu na segunda metade do século XVII .Liderado por Zumbi ( chefe espiritual e líder político ) foi destruído por   Domingos Jorge Velho  no ano de 1694  . Macaco que era sua sede foi totalmente destruída. Zumbi consegue fugir, mas traído por um antigo companheiro e entregue aos lusos foi  degolado em 20 de novembro de 1695,taos 40 anos de idade,
Santa Lúcia do Piai,onde havia um  quilombo!
 No Brasil foram levantados 136 quilombos. Mas, ao que tudo indica, seu número é muito superior. Ao que tudo indica existem cerca de 2.500 comunidades quilombolas no Brasil, das quais apenas 65 receberam título desde 1988. As comunidades quilombolas atuais tem a posse, mas não a propriedade da  terra onde vivem há muitos anos. Tal número não é indicador dos quilombos brasileiros, mas da concentração de africano liberados pela Lei Áurea em 1888. Ainda assim serve como  indicador das possíveis povoações formadas também  pelos escravos .Que preferiam ficar unidos para o que desse e viesse.
No Rio Grande do Sul, teriam existido sete quilombos, sendo eles: o do negro Lúcio, situado na ilha dos Marinheiros (Guaíba); o do Arroio (em Arroio dos Ratos); o da serra de Tapes; o de Manuel Padeiro; o de Rio Pardo; o da Serra do Distrito de Couto e o de Montenegro. Ao que tudo indica, seu número é muito superior,já que existem outras comunidades que tiveram quilombos .Uma delas é o da Mormaça, situado no Norte do RS, comunidade com mais de 150 anos de existência, que reúne cerca de 18 famílias, numa propriedade de 15 hectares. Trabalham na agricultura, cercados por colonos de origem italiana das colônias de Araújo e Miranda ,com os quais estabeleceram relações difíceis.
             Em compensação havia um quilombo , situado nas matas ao sul da sede da São Pedro de Alcântara .(Torres) Que  se chamava de canhamboras (os que fogem para o mato em guarani) .Por outro lado  nomes de lugares como Morro dos Negros, rio dos Negros e a  cachoeira dos Negros , revelam sua passagem pela ,região da quais foram desalojados pelos brancos em 1849. Tais dados constam de relatório do agrimensor Charles Pompé Démoly (1859)
     
As comunidades atuais de  quilombolas têm sua origem em antigos quilombos ou então em grupos de escravos libertos que permaneciam nas mediações  de antigas fazendas. No Rio Grande do Sul,  segundo Moura   teriam existido sete quilombos, sendo eles :o do negro Lúcio situado na ilha dos Marinheiros(Guaiba) ; o do Arroio ( em Arroio dos Ratos) ; o da serra de Tapes; o de Manuel Padeiro ; o de Rio Pardo; o da Serra do distrito de Couto; o de Montenegro. Mas existem outras comunidades   que possuíram quilombos ,ou pelo menos guardaram o nome de sua  origem.
No estado foram  encontrados na outros. Como o da Mormaça     situado ao norte do Estado  comunidade negra formada por 18 famílias .O grupo vive na região há cerca de 150 anos ,numa propriedade de 15 hectares comprada por uma ex-escrava de nome Mormaça. O grupo vive da agricultura cercado por colonos de origem italiana das colônias de Araújo e Miranda ,com os quais estabelecem relações difíceis.
Um dos quilombos mais conhecidos na região serrana é o “Morro dos Baianos,  Cerro dos Baianos ,Quilombo dos Baianinhos ou ainda Morro do Céu, como é conhecido atualmente é uma montanha de origem  basáltica  com altitude de 530 metros aproximadamente ,que se localiza em Cotiporã. No inicio do século XX viviam da agricultura  cerca de 20 famílias provenientes da Bahia . Seu líder era   o patriarca   Ezequiel  Gonçalves da Cruz ,conhecido como “o velho perna de pau”, era casado com Angélica Gonçalves da Cruz, tiveram sete filhos :Antônio, José ,Albino,Olívio, Ezequiel ,Angélica e Maria. Mal visto pelo povo da região o grupo se dispersou, não existindo remanescentes de sua passagem.
Outro quilombo parece ter existido na antiga fazenda da Pratinha ,em Nova Prata ,nas terras  da sesmaria de Placidina Vieira de Araújo, grande proprietária da região. Hoje moram no local cinco famílias descendentes do casal Paula  Gonçalves dos Santos e de Pedro Gonçalves dos Santos .Em 1999 o grupo quilombola  conseguiu o  registro de  12,5 hectares do  lote 17 ,da Fazenda da Pratinha ,pertencentes ao estado do Rio Grande do Sul. Pedro Gonçalves dos Santos era ligado ao grupo dos “baianos” ,seu pai Luis Neves,  era conhecido como   Luis Baiano.
            A causa da vinda  dos baianos à Serra Gaúcha é desconhecida, mas algumas hipóteses podem ser levantadas:  a primeira é que seriam escravos fugidos ou quilombolas. A segunda poderiam ser desertores das muitas lutas ocorridas no sul , tendo o Rio Grande do Sul como ponto de passagem ou de disputa, como as guerras Cisplatinas ( 1910-12 e 1925-26);  a revolução Farroupilha (1835-450 ;a guerra contra Rosas (1850-1853) e a guerra do Paraguai(1865-70).Uma terceira uma  hipótese é sejam  descendentes dos malês baianos .
 Outro quilombo conhecido como São Roque é  citado Weimer, tendo sido formado por escravos fugidos das famílias serranas dos Fogaça, Nunes e  Monteiro .Ruschell cita um em Morrinhos e outro em Torres. Em Criúva, distrito de Caxias do Sul, anteriormente pertencente a São Francisco de Paula há um local  chamado Quilombo, onde outrora viviam negros, mas na região já não restam descendentes .Pesquisas realizadas no local ,que é de difícil acesso não conseguiram levantar  dados sobre a história do lugar, foi  apurado  que a última habitante do lugar,  uma negra, com mais de 110 anos teria morrido no ano de 2000.
Escavações recentes realizadas em Palmares  revelam a estreita  relação entre africanos ,nativos e lusos Pesquisas sobre tais quilombos( especialmente as arqueológicas) trariam por certo mais informações sobre o   tema,tão descurado pela historiografia gaúcha no século XX..

Merecem consultas :



OLIVEIRA, Vinicius Pereira de. De Manuel de Congo a Manuel de Paula: um africano ladino em terras meridionais. Porto Alegre: EST, 2006.
Revista Cultura e Extensão .IN: _HYPERLINK http://www.usp.br/prc/revista/entrevista.htmlp1"_http://www.usp.br/prc/revista/entrevista.htmlp1_
SANTOS, Reginete Bispo. O quilombo de Mormaça. IN:FERREIRA, Antonio M (org). Na própria pele . Porto Alegre: Corag, 2000. p. 56. 





Bantos escravizados. 

A Serra cercada de fazendas

quarta-feira, 4 de abril de 2012

MAÇONARIA: RASTROS E TRAÇOS.

Templo maçônico no Parque dos Macaquinhos -Caxias do sul 2012


Uma das mais importantes obras de irmãos em Caxias foi a criação da Universidade de Caxias do Sul. Sem a influência do Dr. Virvi Ramos no governo Costa e Silva , dificilmente teria sido criada a Universidade de Caxias do Sul. Alguns  maçons caxienses tendo a frente o Dr. Virvi  fundaram os cursos de Direito e de e Medicina e Belas Artes . Por outro lado, a Mitra Diocesana de Caxias do Sul por meio do seu bispo Dom Benedito Zorzi fundou as Faculdade de Ciências Econômicas  (Administração ,Economia e Contábeis)  a Filosofia ( Filosofia ,Pedagogia, Letras, História e Geografia) . Foi direta a ação da Igreja e da maçonaria na criação dos cursos superiores da região, que resultaram na fundação da Universidade de Caxias do Sul, que bem ou mal mudou os rumos da região. Durante muitos anos a divisão dos cursos foi clara,mas  a convivência  tem sido  tranquila  e produtiva.
A luta pela hegemonia regional teve assim  resultados positivos, ao contrário do que havia acontecido nos primeiros anos do povoamento regional.  O pensamento hegemônico regional  foi traçado pela Igreja ,que com seu contingente de antigo padres e seminaristas ( que em geral abandonaram a batina) que lideraram ( e lideram) a antiga Faculdade de de Filosofia.O que determinou os rumos dos primeiros cursos superiores especificamente na formação de professores,e,  portanto ,na própria educação regional. Já o poder dirigente regional traz a clara marca da Maçonaria da qual o traçado da Praça Dante é apenas um símbolo.
Hoje na antiga Região Colonial Italiana do RS há poucas lojas maçônicas. A hegemonia absoluta fica com Caxias do Sul seguida de Bento Gonçalves. Hoje na cidade há cerca de 10 lojas e 3.000 maçons.  São cinco as  do rito escocês. lem dessas  Há ainda ARLS Duque de Caxias III Milênio - GOB ; ARLS Fraternidade IV - GORGS - REAA,  e,  ainda :
Loja
Associados
Serra Gaucha
239
Os Templários II
156
Pedestais da Gloria
132
União e Fraternidade
96
Marechal Deodoro
31


Existe  ainda a  Loja Concórdia e a  Vale dos Vinhedos  de  Bento Gonçalves ,a última com 221 membros.Em Antônio Prado há  a Paese Nuovo.
         Há traços da Maçonaria em vários lugares.Um dos mais significativos e na capela de Santa Lúcia( hoje situada na urbana) construída em 1914 e que traz n parte fronteira  os símbolos da a irmandade.A capela mereceria um estudo cuidadoso.Há poucos anos a Mitra tento demolir o prédio ,as a população se uniu e não permitiu que a capela intrigante fosse demolida.Antigamente havia muitos outros rastros.O mais evidente ficava na Praça: era  antigo Cinema Guarany.

Cinema Guarany,com a simbologia evidente. In:Adami.

Entrada principal do Templo .



Desenho atual da Praça Dante ,após a a reforma .Ainda são visíveis os símbolos da desenho sagrado.





Capela de Santa Lúcia com os símbolos maçônicos.