segunda-feira, 28 de maio de 2012


CHEGA A FERROVIA 


Os trilhos à espera do trem.Forqueta 2012 .Foto da autora.

Uma dos desejos  dos colonos italianos  era a ferrovia,que ligasse a colônia Caxias à capital .As promessas eram muitas e datavam do tempo do império.Julgavam os imigrantes,de forma acertada, que com a ferrovia haveria mais progresso,com ele a valorização das terras e o melhor e mais rápido escoamento dos produtos coloniais .
Em abril de 1874, um ano antes da chegada dos imigrantes italianos nas colônias imperiais  da encosta,foi inaugurado o trecho da ferrovia ligando Porto Alegre à São Leopoldo atingindo o seu  distrito de Novo Hamburgo doi anos mais tarde em 1876. São Leopoldo era um município próspero,que  em 1874  comemorava o cinquentenário de sua fundação. Pentão assava por grande turbulência ocasionada pela reação do governo ao movimento dos Muckers  (1868-74). São Leopoldo  dada sua localização nas margens do rio dos Sinos tivera facilidade de transporte dos produtos coloniais  entre a cidade pelo  delta do Jacui à Porto Alegre .O Sinos era navegável em seu trecho inferior,suportando barcos de 200 TPB (tonelagem de porte bruto). Não há registros sobre a repercussão econômica da estrada de ferro da região,a economia cresceu em cerca de 3,4 % em relação ao ano de 1870.
Abertura da estrada de ferro Forqueta 1910 .Foto Mancuso .AHMJSA 
 A discussão sobre a construção de estradas de ferro no Rio Grande do Sul  havia começado em  1866  Mas tudo andava muito devagar  muito devagar .Em 1877 teve inicio a construção do trecho Porto Alegre e Uruguaiana que foi concluído em 1907 .
Em 1905, a Compagnie  Auxiliaire assumiu a linha entre Nova Hamburgo e Caxias .Apenas em  1909 a linha teve continuação, partindo de Rio dos Sinos, 7 km antes de Novo Hamburgo e chegou a Carlos Barbosa.No ano seguinte chegou a Caxias.
 As estações de trem foram importantes para a economia regional .Muitas cidades surgiram nesses locais.De certo modo as estações ferroviárias tiveram o mesmo papel das casas de comércio .Não poderia ser diferente em Forqueta ,que unia à casa de comércio com a estação.

.Mas só em abril de  1874, foi inaugurado o primeiro trecho que ligava Porto Alegre e São Leopoldo feito pela  Porto Alegre & New Hamburg Brazilian Railway Company  .Em 1880 teve início a construção da Estrada de Ferro do Paraná em Paranaguá Em  1884 foi inaugurado trecho da estrada de ferro Porto Alegre a Cachoeira   que ligaria a capital a Uruguaiana até Cachoeira, no ano seguinte mais um trecho  da estrada de ferro Rio Grande – Bagé. .Em 1887: foi o concluida a Quaraí - Itaqui, administrada pela The Brazil Great Southern Railway Company Ltd Em 9 de novembro de 1889, foi iniciada construção da estrada de ferro que ligaria São Paulo ao Rio Grande.
Em  1898 foi assinado o contrato de arrendamento das ferrovias federais no Rio Grande do Sul com a Compagnie Auxiliaire de Chemins de Fer au Bresil 
Estação ferroviária Porto Alegre 1884 .Internet
 A linha Porto Alegre-Caxias foi aberta no trecho entre a Capital e São Leopoldo em 1874, como a primeira ferrovia do Estado. Em 1876 foi prolongada até a estação de Novo Hamburgo. Em 1905, a Cie. Auxiliaire assumiu a linha. Apenas em 1909 a linha teve continuação, partindo de Rio dos Sinos, 7 km antes de Novo Hamburgo e chegando até Carlos Barbosa, e, no ano seguinte, até Caxias.

   Foi  com a estrada de ferro que chegaram mais trabalhadores na antiga região colonial italiana.entre eles muitos negros.  Os trabalhos de assentamento de trilhos para a abertura da estrada de ferro ligando Porto Alegre a Caxias movimentou o estado propiciando a chegada de  trabalhadores de outras regiões, entre eles antigos escravos. Os negros conseguiam trabalho nesse tipo de trabalho. Sua presença pode ser constatada pelas fotografias do trabalho de abertura da estrada de ferro.
 Sua construção exigia muitas atividades complementares como  a derrubada de pinheiros  para a fabricação dos dormentes para assentar os trilhos.Exigia ainda a exploração de pedreiras para acertar o  leito da estrada.Os trilhos eram trazidos prontos para a região.
 Os pinheirais eram numerosos na região situada entre Nova Vicenza e Caxias.  Na chamada estação Forqueta (hoje bairro de Caxias do Sul) as serrarias eram a  principal atividade econômica, nelas trabalhavam   brancos e negros . Durante muito tempo na pequena localidade negro e colonos, viveram separados.
 Os negros moravam nas proximidades da estrada que leva à  capela de Santos Anjos um salão funcionava nas proximidades onde se reuniam os negros para beber, jogar  cartas  e algumas vezes dançar. Outro  salão estava situado próximo da futura estação era onde se reuniam os colonos com o mesmo objetivo. espaço comum de entretenimento.
          As relações entre brancos e negros não se resumiam ao trabalho.  Os negros foram  importantes para os colonos por seus  conhecimentos de  plantas e de  chás Lembra dall’AlbaD “houve curandeiros e curandeiras que eram procurados para tratamento com “garrafadas” de chás, por eles preparados, geralmente, com sete, 13, 15 e até 21 ervas diferentes. Muito se recorreu a benzedores negros, mandingueiros, ou a feiticeiros do campo, conhecedores de ervas, rezas e orações fortes.”
      Com a chegada da estrada de ferro parece ter havido uma serie de conflitos entre : "brasileiros" e  “italianos”. Colonos e  “brasiliani” tinham costumes diversos. Os colonos   que haviam comprado as terras para seus filhos  plantavam milho, videiras  ,batatas ,trigo ,verduras sua subsistência e para a comercialização. Os trabalhadores "brasileiros "empregados da s serrarias pela  Companhia Belga encarregada da construção da  estrada de ferro;, que nas horas de folga descansavam e jogavam .
Segundo lembranças de Dalvo Silvestre,  os trabalhadores da serraria  Travi (lote 24 e 25 do Travessão Alencastro) reuniam-se numa “bodega” situada  além do acesso atual para Salete e Santos Anjos, ali jogavam "bocha" e as  cartas. Já os colonos preferiam jogar a  bocha  na cancha de  Joaquim   Slomp situada na frente da estação férrea.  Conta próxima  à    casa Entre  “colonos” e  "brasileiros"  estabeleceu-se  uma distância espacial  até  para o entretenimento. A separação  foi conseqüência das brigas entre os dois grupos. 
 .As diferenças não eram por causadas pela côr. Segundo  Faustino Perottoni a colônia de sua pai, situada perto da estação  foi  invadidas pelos cortadores de mato,empregados da serraria , e  suas plantações roubadas pelos novos moradores da estação.” Primeiro cortaram  os pinheiros sem pedir licença ,depois roubaram parte da colheita” .Desgostoso Artur Perottoni vendeu sua colônia em lotes e foi morar longe da estrada de ferro. Os colonos muitas vezes davam tiros de espingarda para espantar os invasores de suas terras e plantações. A defesa ainda que violenta, era uma forma de assegurar a integridade da propriedade.
           Os colonos eram pequenos proprietários, já os trabalhadores eram proletários,visto que trabalhavam para outros. No Brasil  o trabalho agrícola ,por quatrocentos anos ,foi realizado pelos escravos. Plantar e cultivar era visto com desprezo pelas elites brasileiras. Plantar era tarefa de negros e de escravos. Os trabalhadores desprezavam os colonos .Os colonos  se julgavam  superiores aos trabalhadores  por   plantar e colher em suas próprias terras. Viam com desconfiança os brasileiros que não tinham propriedade e gastavam tudo o que ganhavam .Os dois grupos tinham uma  ideologia   diferente. Os "brasileiros" gastavam , ou melhor” bebiam tudo o que ganhavam “e os colonos não comiam um ovo para não jogar a casca fora. O entendimento não poderia ser muito fácil,como realmente não o foi. As brigas dividiam o povoado .
Outro problema foi ocasionado pelas cercas de arame farpado,que impediam  a passagem das cargas pelas antigas estradas vicinais,trazendo problemas de transporte .Desastres e até algumas mortes foram ocasionadas pela estrada de ferro , como a Guilherme Tamanini sempre lembrada pelos antigos moradores.
A estrada de ferro as vezes dividia em duas uma propriedade ,  trazendo   possíveis posseiros. Com  as  casas de madeira rústica dos colonos ,Forqueta parecia uma vila    do Faroeste americano,.
A estrada de ferro fez surgir coisas “ainda piores” ,como  uma pensão mal vista pela comunidade . Os trabalhadores viviam em ranchos construídos próximos das serrarias e os da estrada de ferro,  acampavam  próximo dos trilhos . Comparadas aos ranchos dos trabalhadores, as  pobres casas dos colonos pareciam ricas
Durante muito tempo na pequena localidade brasileiros e colonos, viveram separados. Os negri moravam nas proximidades da estrada que leva à  capela de Santos Anjos um salão funcionava nas proximidades onde se reuniam  para beber, jogar  cartas  e algumas vezes dançar.
O que havia  separado os dois grupos não era a cor   mas a propriedade. Enquanto os colonos eram donos da terra, os trabalhadores só tinham seu salário. Mais que uma diferença de cor o que os separava era uma diferença ideológica  proveniente da  sua  classe social. Que existe até hoje , no clube jogam os proprietários e num salão perto da encruzilhada que deu nome ao lugar continuam jogando os trabalhadores, não da estrada de ferro mas das empresas locais. O mundo do trabalho capitalista separa os homens muito mais  que o mundo medieval. Ainda assim uma nova época tinha inicio , ocorrendo  o que parecia impensável  no final do século XIX, as uniões interétnicas  “apesar da contrariedade dos pais, sempre havia moças casando com brasileiros, com morenos e com negros.”
Mesmo trecho da estrada de ferro. Forqueta 2012. Foto da autora




terça-feira, 22 de maio de 2012





FORQUETA LEMBRANÇAS



Foto da passagem sobre a ferrovia. Forqueta 2012 .Foto das alunas do Ponto de Cultura Costurando Sonhos 

:
                       
            Nasci em Forqueta e durante alguns anos frequentei a pequena capela de Santo Antônio nos domingos de tarde. Eu e minha babá Lourdes éramos mandadas para o terço nas tardes de domingo.  Na verdade era rezado o rosário, ou seja, três terços com os três mistérios (gozosos dolorosos e luminosos). Como eram longas aquelas tardes. Na Capela só mulheres e crianças. Não me lembro de quem puxava o terço (dizia-se assim mesmo puxar o rosário. Para completar havia as ladainhas de Nossa Senhora em latim. Era um não acabar de Mater Dololorata  e Virgo Sapientíssima .  Era um sacrifício ( como ser crucificado) tremendo para uma criança de menos de 5 anos.
Naqueles tempos os homens não frequentavam a capela. Só nos dias de festa, quando havia missa e nas festas do padroeiro quando se encarregavam de assar o churrasco. Não tenho lembrança nem do jogo de bochas, nem de bodega junto a capela. Então o lazer masculino era na bodega de Joaquim Slomp que não abria nos domingos. Nesse dia os homens se reuniam no Clube União Forquetense onde só os homens jogavam bocha e cartas. Havia duas casas  de madeira ao lado da capela .  A sua direita ficava a de  Dona Palma Franciosi e  a esquerda a de Dona Vitória Onzi. A primeira uma dama, sempre bem arrumada mulher do dono da serraria que depois se mudou para Porto Alegre. A segunda uma alegre viúva que trabalhava como operária na Cooperativa V.V. Forqueta ,na seção de lavagem de garrafas de garrafas. Eram muitas as moças e senhoras que lá trabalhavam.
Capela de Santo Antônio em Monte dei Becchi  .2ª Légua . Muito parecida com a antiga capela de Forqueta só que era marrom.  Foto da autora 2011

O Clube Clube União Forquetense era um enorme prédio de madeira,muito parecido com o da escola. Creio que o carpinteiro que os construiu era o um só. Então havia bailes, poucos por ano e reunia apenas os sócios. Balada é coisa recente. Havia até  bailes de carnaval. Lembro que fui a um baile de carnaval infantil, num domingo a tarde  fantasiada de  camponesa .Vestia um  avental branco,uma saia de cetim  rosa,corpete preto e blusa branca. No cabelo trançado levava fitinhas coloridas. Lembro que um homem disse uma gracinha. Não gostei do jeito dele e lhe dei um pontapé na canela com toda a minha força. Fui xingada por ele de tirolesa braba.  Nós os Gróta  éramos conhecidos pela brabeza.
    Voltando à capela durante mais de trinta anos a capela recebia esporádicas visitas do pároco de Nova Vicenza, ou de alguns de seus coadjutores. A capela ficava fechada a maior parte do tempo. A Estação Forqueta crescia,mas  não a sua  capela.
Evento importante eram as Missões. Realizadas poucas vezes tinham um clima apocalipse.  cataclismo e de medo geral. Em geral quem faziam as missões  eram os freis , que buscavam implementar a fé  dos fiéis pelo terror do inferno. Pobres colonos cobertos de superstições  e de crendices populares,cujo maior pecado era a paixão pelo dinheiro .
. Havia confissões, bênçãos e pregações. Havia nelas um clima de inquisição.  Em algumas capelas como em São Vigilio e em São Martinho da 2ª légua  há  cruzes   que foram erguidas outrora   para marcar as missões  não em Forqueta. Assisti algumas das pregações, deram-me um medo tremendo.
Cruz em comemoração as Missões.São Virgílio da 2ª légua.Foto da autora  2011
           

Na capela de Santo Antônio  não eram realizados batizados, crismas, comunhão ou casamentos.Havia  poucas procissões,eu não me lembro de ter participado de alguma. . Mas vi foto de uma  delas.
 Os padres pouco ou nada apareciam. Mas para os enterros eles vinham. O velório era realizado na casa do falecido. Em geral com muita gente, café e alimentos  e durava a noite inteira.Se o morto fosse  importante vinha um sacerdote para acompanhar as exéquias.Naqueles tempos os mortos eram reverenciados.Visitei vários velórios na minha mais tenra infância. Um deles me marcou era um menina pequena, morta pelo grupe segundo disseram .
 A capela vazia , as mortes e as Missões me assombraram por muito tempo. Não  sei  se para tal assombro  há cura!


            

domingo, 20 de maio de 2012



FORQUETA ENFIM A CAPELA 



Joaquim Slomp um dos fundadores da capela de Santo Antônio
da  Forqueta ,foto da década de cinquenta.
José  Silvestre um dos sete sócios fundadores  da capela Santo Antônio ,
Foto da década de vinte



          Na primeira década do século XX Forqueta progredia.Aos poucos as terras de Feijó foram vendidas e outros moradores começaram a chegar .Em l908 chegaram os trabalhadores da estrada de ferro.Carros da ferrovia trazendo materiais para a construção da estrada de ferro e homens começam a ocupar a pequena povoação ,Forqueta era a principal estação antes  da de Caxias
             Apesar do progresso e do movimento de homens e de máquinas  comercial faltava para  Forqueta  o que existia em  todos os travessões : uma capela.A ausência da capela pode ser explicada . Os colonos que vieram morar na localidade eram filhos de imigrantes, alguns deles nascidos na Europa, outros no Brasil. Eram em sua maioria jovens ,solteiros ou recém casados  e estavam ligados a capela  onde  seus pais eram sócios. Observa-se que Forqueta estava sendo povoada há quase trinta  anos.Afinal seus moradores eram do travessão Trentino e do Alfabeto. Ainda assim não possuía uma capela. Em geral os moradores iam à missa (quando havia) na capela da Conceição e os batizados e casamentos se realizavam em Vicenza Velha ou em Caxias. Nova Milano era mais distante a ainda mais a sede do município Caxias.
                    Era mais difícil construir uma capela do nos primeiros tempos, construir uma capela. Todos estavam ocupados em seus afazeres. As terras haviam valorizado os donos por outro lado, donos hesitavam em ceder suas terras para a construção da capela. Para construir uma capela seria preciso comprar um lote. O dinheiro era pouco e as  despesas eram muitas a ideia foi adiada..
          O local escolhido para a construção ficava numa colina que dominava a povoação. As terras faziam parte do lote 36 da Linha Feijó, da colônia Sertorina,situada exatamente acima da estrada de ferro. A construção foi realizada sem a compra do lote que foi ocupado sem registro cartorial. Os sócios da nova capela eram apenas sete. Os sócios eram sete: Joaquim Slomp, José Generosi, José Dalla Justina, Luiz Savegnago, Augustim Guerra, Mário Novelli e José Silvestre esses eram os mais destacados moradores da povoação.
 A capela foi construída em madeira por um bom carpinteiro. Era pequena porém muito bem feita.Maiss tarde foi comprado o lote do cemitério com mais associados. A povoação então estava completa.
                    A memória dos forquetenses mais velhos não registrou quem construiu a capela, ao que tudo indica foi feita por Giuseppe Scapin ,também conhecido como Marangon. Ele era excelente marceneiro e havia aprendido o ofício em Pelotas. Era casado com Margarida Sgabini ambos nascidos em Pinto Bandeira.  Ele sabia fazer móveis de estilo, carretas e casas. Sua filha Adelinda lembrava que com a estrada de ferro saiu de Pelotas e se mudou para Forqueta onde se instalou com a oficina  de mestre marceneiro. Sua marcenaria ficava na estrada que ligava Forqueta á Caxias ,na curva  situada atrás do cemitério.  
Tinha muita experiência no ramo e logo a capela ficou pronta. Segundo Carlin Fabris foi auxiliado por alguns moradores da Conceição da linha Feijó, que cortaram o mato e ajudaram na construção .Eles mesmos teriam buscado união da  capela à paróquia  de Nova Vicenza ,traindo assim a união com a da Conceição.
Assim em 13 de junho de 1913, foi inaugurada a capela .O padroeiro escolhido foi Santo Antônio de Pádua. Os associados não tinham dinheiro para uma placa. Esta só foi feita em 13 de junho de l963, quando se comemorava o cinquentenário de sua construção. Santo Antônio tornou-se o padroeiro de Forqueta.
Não encontrei fotos da antiga capela de Santo Antonio da Forqueta .a capela tinha na frente apenas uma porta simples .S laterais com feitio de nave tinham pequenas janelas arrendondadas,sendo três de cada lado .Era de cor marrom escura com telhas simples de zinco. A capela não tinha torre ,o sino estava  num pequeno campanário aberto. 
A foto da capela que aparece na foto abaixo é a Forqueta Baixa,não há qualquer relação entre as duas capelas. 
                   
foto atual da Igreja da Paróquia de Santo Antônio da Forqueta.
                   

          
Foto da igreja da Forqueta Baixa,que é sempre confundida com a de Forqueta Alta.
          

quinta-feira, 10 de maio de 2012




Serraria 1906. Região de Caxias. Fonte :Buccelli.

FORQUETA: O POVOAMENTO
                                              

                                                                      
            Foi nas terras de Feijó na Colônia Sertorina que teve  inicio o povoamento de Forqueta. A venda dos lotes realizadas a partir de l884 era feita diretamente com os proprietários.,ou seja Feijó e seus filhos.  O volume de negócios, visto que sua gleba de  terra   e de lotes era grande,obrigou o "Visionário"(outro cognome de Feijó,) a transferir as vendas para  conhecidos. Posteriormente foram criadas com o mesmo objetivo duas  empresas de revenda dos lotes :  a Companhia Azevedo e  Companhia Alencastro Guimarães
Os imigrantes que adquiriram os novos lotes tinham vindo para a Colônia Caxias com o auxílio do governo imperial, Após 1884, quando chegaram os lotes da Colônia já haviam sido vendidos,motivo pelo qual tiveram de comprar  lotes nas proximidades da Colônia .Feijó Junior teve a percepção  da necessidade de mais terras que os  colonos teriam.
A região que chamada de Conceição começou a receber colonos  em 1884. Foi nessa data que terminaram os lotes postos a venda na colônia Caxias. Conceição dista 10 quilômetros do centro da cidade de Caxias. Parece que foi então que começou o povoamento da colônia Sertorina. Povoada de Leste para Oeste. Seu primeiro morador foi Andrea Dani (Penacio) chegada em fevereiro de 1884. Nas palavras de Carlin Fabris,o inigualável cronista da localidade :” O povoado de Conceição de hoje como o conhecemos não é seu primitivo nome, o seu verdadeiro e primitivo nome é Edoardina por ser Edoardo de Azevedo de Souza que doou o terreno para a construção da Igreja ,praça e escola.
Na verdade o nome que a localidade tomou foi o da esposa de Eduardo Azevedo,dono da imobiliária que vendeu os lotes da Linha.Ela se chamava  Maria da Conceição tendo  doado  a imagem de Nossa Senhora da Conceição.
Muitos membros  das primeiras famílias  a povoar  Conceição estão  entre os povoadores da Forqueta como os Massignani (Bagatin) s Boneto , os Pelizzari, Soga, Zucoloto ,Dossin,Chiappin ,Roso,os Massignani (Ambrosin) entre outras.
         A maioria dos povoadores da Forqueta vieram do Norte da Itália,como imigrantes.Alguns poucos vieram alguns do Sul, mais numerosos eramo  trentinos, provenientes do Império Austro Húngaro. Alguns desses imigrantes  eram  italianos e outros alemães.
Os trentinos eram chamados de tirolesi ou senza bandiera pelos italianos Eles haviam comprado  lotes na 2ª légua da colônia Caxias, nos travessões Trentino, Alfabeto e São João .A  2ª Légua  foi povoada  a partir de 1875, em 1881 já não havia lotes para a venda . O crescimento dos filhos e seu número elevado obrigaram os colonos a procurar lotes em outros lugares. Foram os moradores da 2ª légua os primeiros povoadores de Forqueta.
Estada de Ferro. Forqueta 2012.

 Giuseppe Slomp(Grotta) ,que adquiriu cinco lotes  ao longo da Linha Feijó para que seus filhos tivessem terras quando casassem . O filho José permaneceu em Santos Anjos.   Giuseppe: Luiz, Joaquim e Quinto receberam lotes na Linha Feijó. .Os três se casaram, constituíram família esse fixaram no lugar. Luiz abriu uma olaria, Quinto uma cantina e Joaquim uma casa comercial.  
Forqueta no inicio não tinha nome, sendo chamado de Linha Feijó.  .A casa comercial  de Joaquim que se situava no entroncamento da Estrada Geral  com a estrada que levava a Santos Anjos. O entroncamento tinha o feitio de um garfo (forchetta) derivando-se dai o nome. A origem no nome Forqueta é vaga. Em italiano significa garfo e  em português  forquilha ou  pau bifurcado.  No Brasil tem ainda outro sentido  o de  ‘confluência de dois rios ou duas ruas.O nome foi mal escolhido, pois, já existia Forqueta Baixa  nome dado pela Comissão de Terras à 1ª Légua da colônia Caxias. Essa se situava nas margens do Rio Cai na confluência com o arroio do Ouro.  Muitas foram as confusões históricas por causa das duas localidades homônimas. O que é certo quando em 1910 é inaugurada  a estação da estrada de ferro a estação situada na frente da casa comercial tomou o nome de Estação Forqueta.
Ao contrário dos outros lugares que permaneceram com o nome da capela Forqueta  nunca foi chamada de Santo Antônio .Afinal a capela é  posterior à Estação. A localidade tinha tudo para crescer cortada que era pela estrada geral e pela  ferrovia.

A região onde se situa Forqueta tem mais de 800 metros de altitude sendo coberta por pinheirais. Os pinheiros atraíram aos donos de  serrarias.O incremento das construções   e a necessidade de madeira para as casas  era crescente .As empresas madeireiras com suas serrarias primitivas e outras à vapor   voltam-se para a Sertorina. Alguns imigrantes  compraram terras para o desflorestamento. Entre l89l e a l930 toda a floresta de araucárias que cobria o último degrau da encosta do Planalto Meridional  foi destruída.                                         
As terras desmatadas  foram  vendidas em lotes cuja área média era de 25 hectares.Logo a região  foi povoada.O povoamento foi facilitado pela abertura da Estrada Geral que ligava  Caxias a Bento Gonçalves.            
     Os primeiros habitantes de Forqueta foram  :  os proprietários de serrarias, os agricultores  e   artesãos.  O povoamento de Forqueta está ligado aos donos das serrarias ,entre eles: os Franciosi,  os Generos,os Gregoletto e os Giacomet. Os proprietários de serrarias vieram de vários lugares. Os Franciosi vieram de Conde d’Eu ,conhecidos pela alcunha de Sério, já  os Generosi vieram  de Nova Vicenza.
Os imigrantes trouxeram seus apelidos da Itália, a grande maioria  deles tinham alcunha.Essas eram tão fortes que algumas vezes eram incorporados ao sobrenome e em outras até os substituíam . Algumas eram derivadas da sua  profissão, do lugar onde viviam ou de alguma qualidade ou defeito físico. Os Slomp eram os Grótta  nome derivado da  região de minas que existiam no Trentino onde viviam em Trento .Os Betiattos eram chamadois de Meloto e os Fochesato de Fontana.Não é de estranhar que chamassem Feijò de Conde,título que na Italiua tinham os donos das terras.
Entre os artesãos estavam que vieram para Forqueta estavam : os Neis, alemães de origem e   ferreiros de profissão;os Chiappin que eram,marceneiros , e os  Ballestro que eram moleiros
 Em 1910 quando é inaugurada a estrada de ferro a estação  recebeu o nome consagrado pelo uso :Forqueta. Ainda hoje existem os prédios da estação e o da ferraria. São parte do patrimônio histórico da  Forqueta.

Restos da mata Forqueta 2012  

Terras de Feijó,com e Forqueta Baixa e Forqueta da Linha Feijó.
Estudo interessante seria o da origem das alcunhas , que aos poucos estão sendo esquecidas. 

Leia o site abaixo que vale a pena.