quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

DE COMO ESCREVER HISTORIA POSITIVA


 



 

 

 Resultado de imagem para IMAGENS DE ANTONIO CONSELHEIRO


 

 

“Salvar o passado e mudar tudo aquilo que era em tudo aquilo que deveria ser, somente isto para mim seria uma redenção”


Nietzsche

                                                               

                                                                           

 NORMA E FORMA


 

     Para escrever a história há algumas normas gerais que devem ser obedecidas, o conhecimento sobre elas é essencial para aqueles que desejam escrever obras perenes e definitivas.

     A norma de como deve ser escrita a história positiva está presente em Os   Sertões. Escrita a mais de 100 anos é até hoje considerada exemplar tanto na literatura como na história. A forma mais do que o conteúdo encanta a quem se aventura a ler e alentada obra, mas é o seu conteúdo que agride e espanta os leitores.

Mereceria um estudo detalhado –quiçá psicológico- o estranho paralelismo existente as vidas do autor e do personagem. Cunha e Maciel, sofrem de um mal comum, ambos são vítimas ou causadores do adultério, que literalmente os marcou e que acabou destruindo suas vítimas suas vidas.

Dados os limites desta reflexão apenas três aspectos serão destacados na obra: o conceito de região, as bases teóricas metodológicas e ideológicas e as fontes usadas pelo autor.

 

 

REGIÃO DA BARBÁRIE

 

     Nem só com preconceitos é escrita a história positiva. Poucos historiadores tem a clareza de Cunha sobre a importância da história, para a preservação da memória da sociedade, aponta fatos que foram esquecidos por não terem um historiador. Desta forma assume a condição de historiador, pois, não quer que Canudos seja esquecida, como guerra emblemática da civilização contra a barbárie, para tanto estabelece para sua obra um plano irretocável.

Em primeiro lugar monta o cenário do drama: o sertão. Como na época existiam poucos trabalhos sobre tal tema, lança-se á tarefa hercúlea de descreve-lo.

A descrição do sertão parte das variáveis então utilizadas pelo determinismo geográfico, em moda naquele início de século. Não se trata (nem poderia tratar) do espaço geográfico, mas do meio. Assim denomina a paisagem que descreve minuciosa e precisamente e assim denomina também a primeira parte da obra.   Usa as modernas variáveis da geomorfologia: o clima, a vegetação, o relevo, avançando sobre suas conseqüências para o nativo As duras condições geográficas fazem de seu morador um sobrevivente.

O meio por outro lado, aparece como fruto da diferença entre a dureza do sertão e a amenidade do litoral. O sertão é a antítese do litoral, e, ao mesmo tempo, tese e síntese da diferença. O litoral onde existe a civilização e onde está o poder. O sertão com suas plantas retorcidas e ressequidas pelas secas milenares tem como contrapartida o ressequido sertanejo, morador histórico das paragens e como as cactáceas, é um esquálido produto do meio. O sertão é a local da barbárie.

A pena de Euclides se aproxima do sertão,-  cena da luta- a partir do litoral ou seja de fora para dentro como se portasse uma câmara, que circula pela cena de Belo Monte (nome dado a povoação pelos seus moradores, e que ele chama de Canudos De uma tomada alto do Monte Santo vislumbra o espaço do conflito, o lugar onde vivem os bárbaros.

A descrição que resulta desta visão do alto da montanha é fotográfica. È necessário lembrar a força que a imagem da montanha tinha no final do século XIX e início do século XX. Basta citar Zaratustra e a Montanha Mágica de Thomas Mann. Montanha que significava a superioridade, o distanciamento e a possibilidade de amplitude da visualização. Do alto da maior montanha da região Cunha descreve-a passo a passo, resultando em leitura político geográfica, debruçando-se sobre os bosquejos cartográficos, que elaborou e que são reproduzidos no livro. Desta forma através da leitura precisa do mapa cria o cenário para o drama.

 A região é deduzida passo a passo, a partir das variáveis propostas, o resultado é impactante, a dureza do meio permite que seja explicado o nascimento da sub-raça sertaneja. Não há indução em momento algum, apenas a dedução através da ótica da segurança da doutrina positiva.

  Com a crueza de uma a filmadora   precisa a medonha paisagem. Mas a lente lê apenas o que vê o autor, não anda sozinha rodando o mundo. Focada nos aspectos   escolhidos registra apenas os pontos de vista do autor, sob a qual é posto.

     Da mesma forma que o homem, a região é deduzida do determinismo geográfico, que o autor conhece e no qual acredita. O meio como o homem são entidades em construção, nos primeiros estágios da criação humana e geográfica. Ambos- meio e homem- e se encontram na mais baixa escala da evolução geológica e social. São as diferenças entre o litoral e o sertão que marcam o tom. De certa forma o autor vindo do litoral consegue traçar a dureza dos caminhos e da viagem e o desencanto da chegada. Felizmente, filtro literário se sobrepõe à precisão da ciência, o que faz de Os Sertões, uma obra única. O sertão que molda o homem condena-o   a extinção

.

CIÊNCIA E IDEOLOGIA

 

O que causa impacto imediato em Os Sertões é a paixão com que foi escrito. Amor e ódio estão sempre presentes. O desprezo contra os sertanejos e o amor pela ordem e pela legalidade está em todas as páginas. O autor ama o vencedor da luta e sente repugnância pelos vencidos, ao mesmo tempo que sente por eles uma imensa e insondável compaixão.

. Encontra argumentos fortes para justificar o governo e procura argumentos ainda mais fortes para caracterizar os conselheiristas. A repugnância pelos vencidos e a crença na justeza da guerra baseiam-se no seu convencimento pessoal. Sua convicção dá força à prova. Sua pena liquida sem piedade os rebeldes e a rebelião.

A utilização- com precisão-  dos símbolos e metáforas oferece ao leitor   imagens de força e coerência. Inesquecível é a comparação do arraial com uma medonha Tróia   de taipa. A imagens pejorativas e grandiosas se alternam ora Canudos é a Vendéia do sertão, ora é a Goblentz de trapeiros. Conselheiro é o mais acabado tipo de paranoico, só comparável a Bandara ou a Miguelzinho.

Bandarra que é utilizado como paradigma de loucura foi trovador e místico português. Seu nome era João Annes, sapateiro de profissão teria nascido em Trancoso (Beira) e preso em 18 de setembro de 1541, abjura de suas crenças fazendo auto de fé, sendo libertado. Vários de seus vaticínios referiam-se à volta de Dom Sebastião, que havia sumido em Ceuta. [1]Eis um exemplo

 

Augurai, gentes vindouras,

Que o Rei que daqui há de ir,

Vos há de tornar a vir

Passadas trinta (XXX) tesouras.[2]

 

        As profecias de Bandarra são atribuídas as crenças messiânicas, já que segundo constava era ligado aos cristãos novos da Beira, que, apesar de batizados como católicos, ainda esperavam o Messias que os viesse salvar. Bandarra teve suas trovas publicadas em 1602, sendo tão popular em Portugal e suas colônias como o vidente francês Nostradamus.

Para Cunha   é considerado um líder tão doente como Antônio Conselheiro, e, como ele, sem causa. Acontece que Bandarra não é líder de movimento de revolta mas apenas de agregação popular. Estudos mais recentes   indicam   que nem Antônio Conselheiro era inculto e paranóico como afirma a obra. Desta foram até as imagens inexoráveis   e dantescas de Canudos, são como Os Sertões leituras distorcidas da realidade.

 

A obra está fundada no conhecimento científico do final do século XIX, período marcado pelas   teorias positivista e determinista. O arcabouço da explicação repousa nos pressupostos da evolução.

 Há uma predeterminação do meio sobre os homens. Sertão e litoral determinam os homens que os habitam. O litoral é o lócus   do saber moderno, o sertão o do anacronismo. Os detentores do saber precisam   superar os detentores da ignorância. Há leis gerais que regem tal vitória.

O sertanejo mais do que forte é um ser destinado a destruição. O mestiço não tem lugar no mundo civilizado. O processo de civilização é o da vitória da raça superior sobre as raças inferiores.

Desta maneira as formas de explicar a realidade dependem dos meios que se dispõe para tal intento Não são só os conceitos que mudam, mudam também os instrumentos e os modelos de explicação. A ciência como o homem é produto de determinado espaço temporal, Muitas vezes os conceitos – e os modelos de explicação- mudam pelo aperfeiçoamento dos meios que se dispõe para ler a realidade.  Caso paradigmático é o da biologia, que mudou seu foco, com a descoberta dos meios atuais disponíveis para leitura  do mapa   genético do homem.

 

CIÊNCIA E PODER

 

O racismo europeu dá a base teórica, que serve de suporte, e pano de fundo, para a descrição do meio e do homem, dá segurança à narrativa, na qual as palavras nunca são   jogadas a esmo. Dele partem as raízes da mestiçagem produtos da história, e que é o sertão que permite e faz   florescer a mestiçagem, base da barbárie.

 

Não mudou o homem, enquanto espécie, mas apenas os meios de explicar suas semelhanças.  A biologia atual se vale das semelhanças existente entre os homens, contidas em seu genes. A carga genética humana descoberta une as raças numa similaridade impensável no final do século XIX. Então se pensava apenas em suas diferenças. As diferenças físicas determinavam as culturais, éticas e morais.

      Hoje a biologia acredita nos genes ou, ou seja no conteúdo interno do homem, para definir as igualdades e semelhanças.   Antes os cientistas acreditavam – em sua maioria- nas diferenças de forma A leitura da diferença é a utilizada por Euclides da Cunha. A civilização vence à barbárie. “È que neste caso a raça forte não destroi a fraca pelas armas, esmaga-a pela civilização.”[3]

 

 Para os positivistas, a força que move o processo histórico é o saber científico. A ciência positiva nega a fé, como fruto de tampos superados. Para eles o misticismo é tão retrógrado   quanto a metafísica. Na física dos novos tempos a ciência explica o mundo, a história e o homem.

A raça branca criou a ciência, e o saber é o poder maior do novo tempo. O saber é domínio da raça superior. Neste modo de ver o mundo de crentes e mestiços são excrescências no mundo moderno. O progresso é a negação da religião. O processo da civilização é o da vitória dos sábios sobre os ignorantes, da ciência sobre a religião. O saber da ciência é o grande poder.

      A repugnância que Euclides da Cunha sente pelos sertanejos é a do homem sábio contra os atraso daqueles que fazem da   crença religiosa o modo de ler o mundo, a fé, para este tipo de cientista , é uma forma de doença

 Porque essas psicoses epidêmicas despontam em todos os tempos e em todos os lugares como anacronismo palmares, contrastes inevitáveis na evolução desigual dos povos , patentes sobretudo, quando um largo movimento civilizador impele vigorosamente as camadas superiores. [4]

 

 

A utilização dos símbolos com precisão e felicidade traz ao leitor de Os sertões  imagens de força e coerência. Inesquecíveis as metáforas do arraial As imagens pejorativas e grandiosas se alternam ora Canudos ora é comparada a uma medonha Tróia   de taipa, ora a uma Vendéia do sertão ou a uma Goblentz de trapeiros.

 

      Da mesma forma o Conselheiro é  o  mais acabado tipo de paranóico, comparável  a Bandarra ou a Miguelzinho. Sua doença resulta do atraso cultural, que afeta todo um grupo  Líderes,  como ele doentes e sem causa., que  padecem do mal sem remédio da inferiorize racial e cultural. As imagens inesquecíveis de Canudos são como Os Sertões leituras distorcidas da  realidade.

A ciência como   saber do homem é marcada pelo tempo. O homem inventa explicações teóricas e passa acreditar nelas. Como observa Braudel:

 

Desgraçadamente, o vocabulário dos cientistas do homem s   não se presta para as definições peremptórias. Ainda que na maioria dos conceitos nem tudo  é indeterminado, dependem de um contínuo devir, estes conceitos estão longe se serem fixados de uma vez para sempre ,variam de um autor para outro de estão evoluindo diante de nossos olhos .(...) O que eqüivale dizer que no campo das ciências do homem (como no da filosofia),  as palavras mais simples variam freqüente e forçosamente de sentido segundo o pensamento que lha dá vida e a que as utiliza.[5]

 

TESTEMUNHA OCULAR


    

Como militar Euclides da Cunha foi  um jornalista bissexto,  quando pelos percalços de sua carreira  se afastava da corporação aproximava-se da imprensa ,como forma de subsistência. Foi num destes períodos que se tornou correspondente de guerra do Estadão.

Euclides da Cunha chega a Canudos como enviado pelo jornal O Estado de São Paulo, no final da guerra, ao que tudo indica, no final  de setembro.   Visita assim o cenário da guerra que estava acabando, conhece os conselheiristas sobreviventes   e realiza algumas reportagens sobre o conflito. As últimas trinta e uma páginas da obra resultam da vivência direta do autor, bem como a descrição do meio e do homem.

     A sua presença na agonia do movimento faz com se torne testemunha ocular da hecatombe. O resultado são preciosas páginas de história, cheias de força e revolta.

 

     Euclides da Cunha, como alguns autores que ele consulta fazem parte de um grupo seleto de intelectuais que importam modelos externos de explicação. Adota as posições da ciência européia positiva e racista, que acredita na inferioridade do Brasil e dos brasileiros em relação a Europa e aos europeus.

     A mescla das três raças tristes que marca o destino do sertanejo: índios , negros e portugueses( e quiçá algum gene batavo) criam  o feitio grotesco do povo do sertão.

 

Como nas somas algébricas as qualidades dos elementos que se justapõem, não se acrescentam, subtraem-se ou destroem-se segundos os caracteres positivos ou negativos em presença. E o mestiço – mulato, mameluco ou cafuz-, menos que um internediário, é um decaído, sem a energia física dos ascendentes selvagens, sem a altitude intelectual dos ancestrais superiores.[6]

 

Desta forma a mestiçagem não é um produto de uma soma algébrica, mas um desastre biológico feito de mesclas e de incertezas, Resultado adverso de uma quebra milenar de origem. Nem brancos superiores, nem negros inferiores, os mestiços são apenas mulas híbridas e improdutivas, este é o sertanejo euclidiano, marcado para morrer.

Tal povo da raça inferior, segundo sua expressão vigorosa, só poderia perder a luta para a raça superior, ainda não conspurcada pela mestiçagem.

     Ao escrever a história do massacre de brasileiros por brasileiros porta-se como europeu culto e alheio ao meio em que vive. De certa forma nega os princípios deterministas do meio e da raça, como se ele, -  e só ele-  fosse imune aos princípios científicos que defende.

 

 

 

VERDADE INCONTESTE

 

     Como homem de seu tempo Euclides da Cunha não indica as suas fontes. Consulta autores, os mais abalizados de seu tempo para justificar suas afirmações. De Hegel à Humbold desfilam os sábios de seu século, destilando seu saber a partir de suas não citações.  Fornecem ao autor o arcabouço da explicação. O homem e o meio brotam deste arcabouço teórico, preenchido pela beleza arrepiante do texto. Se o meio e o homem se valem de teorias positivas, onde a diferença entre a cultura e a civilização é a norma. A história brota da leitura oficial do episódio. Talvez aí reside a diferença entre as duas primeiras partes e a terceira.

As fontes utilizadas por Cunha são as oficiais, aquelas que fazem parte da hierarquia militar. Como guardiões da república, como haviam sido antes do império, os oficiais de carreira só relatam fatos oficiais, que sejam adequados ao poder ao qual servem. São como ordens do dia, mais do que testemunhos.

São em número de trinta e seis as fontes indicadas de forma incompleta por Euclides da Cunha.  Destas oito são testemunhos de militares, que participaram da guerra de forma direta ou indireta. São militares de alta patente de general a coronel. Não há depoimentos de soldados rasos.

As provas apresentadas na obra são as   produzidas pelas autoridades militares, que são parte do conflito. Como um processo imperfeito não há o contraditório, pois só uma das partes é ouvida. Os seguidores do Conselheiro e a do povo que o venerava não são consultados. A verdade de um lado só revela toda a desigualdade do julgamento. As   testemunhas leais a causa que defendem, são os juízes da causa vencida.

O outro lado da moeda inexiste. A moeda tem uma só face. A contradição ou o contraditório como preferem os rábulas não está presente. Os relatórios oficiais, as ordens do dia, os ofícios das autoridades policiais, servem de ponto de partida para a descrição e de baliza para o julgamento do   autor.

A história de uma só mão foi composta pela consulta de dez fontes documentais, que são citadas na obra. Defensor dos vencedores não consulta os historiadores da época, vale-se de periódicos. Cita apenas cinco jornais, sem indicações sobre   datas e números consultados. Sabe-se que O Estado de São Paulo, A Gazeta de Notícias, O País e o Jornal do Brasil e a Nacion de Buenos Aires, serviram-lhe de fonte. São desconhecidos os motivos pelos quais que não  foi   citado O Jornal do Comércio, único que cobriu  o evento com enviado especial , que permaneceu e, Canudos durante o decorrer da guerra .   Se outras foram consultadas não foram citadas.

São utilizadas ainda   fontes bibliográficas. Entre elas estão alguns tomos do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do número   10 e seguintes: Memórias de Manuel Ximenez; Os crimes célebres do Ceará, do Coronel João Brígido; História do Brasil, de João Ribeiro entre outras. São autores pertencentes á mesma escola do autor. Mas a grande fonte foi  sua presença  no cenário da luta, Como um novo Tucídides ele é testemunha  do fato.

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Não é possível ignorar o fato que se Canudos é  o mais lembrado dos movimentos ante republicanos – sejam monarquistas, sebastianistas, milenaristas ou messiânicos - muito se deve  a Euclides da Cunha. Condenado pela revisão historiográfica contemporânea Os Sertões continua sendo   uma obra de referência obrigatória no estudo da história brasileira, cruzando as fronteiras da história avançou para condição de obra prima literária.  A obra criou explicações e personagens.

 Tão importante foi a obra, que Canudos tornou-se a temática de Os sertões, como se o episódio sangrento da história brasileira fosse apenas uma cena da obra. A obra e a fato de certa forma se confundem.  Tudo se passa como se   figura de Antônio Conselheiro fosse apenas o tresloucado personagem de Euclides da Cunha.

 A obra marcou tanto o evento que o massacre dos seguidores de Antônio Maciel parece ser uma questão de justiça civilizatória, e até hoje seus seguidores são chamados de    fanáticos e jagunços, termos esculpidos pelo autor.

Cunha justifica o processo de extermínio, dando forças ao Estado que joga sua força militar contra os miseráveis. Mais do que isto criou heróis oficiais e bandidos oficialescos, criou ainda uma mitologia de superioridade racial, que se eterniza na  cultura brasileira. A da civilização que mata a cultura.

Criou um história que fez escola: onde a evolução e a cultura superior da raça  branca matam , e , necessariamente devem  matar  a cultura inferior da raça mestiça. Ao mesmo tempo em que criou uma obra prima literária marcada por tal crueldade que lembram a de Nietzsche ao afirmar que “por um propósito dionisíaco,  a solidez do martelo , a alegria própria da destruição, são premissas absolutamente necessárias.”.[7] Para fazer surgir a estátua é necessário romper o mármore, este parece ser o papel de Euclides da Cunha. A estátua do Conselheiro nasce da sua morte em Canudos, Os sertões é a sua memorabilia.

.

 




[1] HERMANN,     Jacqueline. No reino do Desejado. A consturção do sebastianismo em Protugal séculos XVI eXVII. São Paulo : Comanhia das Letras1998, p.44
[2] CRUZ, José Marques da .Profecias de Nostradamus. São Paulo: Menphis, s/data .p.136.
[3] CUNHA ,Euclides da. Os sertões. São Paulo: Abril Cultural ,2003.p. 75
[4] CUNHA ,Euclides da. Os sertões. São Paulo: Abril Cultural ,2003.p. 75
[5] BRAUDEL,Fernand. Las Civilizaciones actuales.Madrid: tecnos, 1969.p.12.
[6] CUNHA, Euclides da. Os sertões. São Paulo: Abril Cultural ,2003.p. 75
[7] NIETZSCHE, F. Ecce Homo Tradução de Lourival de Queiroz Henkel. Rio de Janeiro,Tecnoprint, s/d.p. 184