sexta-feira, 27 de julho de 2012


SÃO MARCOS LIVRE

Convidada para o encontro Raízes de São Marcos e Criúva em 2005 entrevistei os membros que participaram da Comissão da Emancipação. Foram entrevistados para elaboração desta pesquisa: Luiz Antônio Rizzon, Mário David Vanin, Romeu Rech , Nelson Tomiello  e a viúva do Dr. Raymundo Pessini. Os entrevistados foram unanimes em afirmar que os administradores de Caxias do Sul não criaram qualquer tipo de obstáculo, nem tiveram qualquer ação contrária à libertação do distrito. Consultei a integra das atas do processo de emancipação e o próprio processo que revela as condições de São Marcos.
Causou-me espanto saber do tratamento ameno dado ao caso de São Marcos. Em geral, no decorrer do tempo como tem agido  a administração de Caxias tem agido de   forma  dura  em relação aos processos de emancipação de Nova Trento(1924), Nova Vicenza(1934) e as mais recentes tentativas de emancipação de Ana Rech e de  Forqueta(1992).Em todos os casos a  administração municipal  buscou de todas as formas possíveis impedir  as emancipações  e  penalizando os municípios emancipados. Para justificar a ação tão única de Caxias,no caso de  São Marcos  deveria ter algum tipo particular de  interesse.. Os entrevistados afirmaram que o problema de Caxias era Criúva.   
 A ação da administração municipal contra as emancipações se deu manifestou de várias formas criando comissões, realizando manifestações públicas na imprensa e pressionando políticos. A união entre políticos e empresários garantiu não só a manutenção do território de limites de Caxias do Sul como possibilitou  um significativo aumento de seu território  nos últimos quarenta anos,que passou de cerca de 800 mil km2 em 1934   para 1.644,302 km2 em 2012.

Tudo leva a crer que os administradores de Caxias município de Caxias não haviam desejado  a anexação de São Marcos e Criúva , em 1921 ,pois com ela  dobrara a área do território municipal sem dobrar a   receita. A anexação  do território de Criúva  fora mais um ônus do que um bônus. Pois houve um considerável   aumento da despesa  sem correspondente aumento de receita, pela arrecadação das taxas e dos impostos de industrias e profissões. Caxias bem ou mal administrava a região, mas no inicio da década de sessenta a possibilidade da emancipação foi retomada.
Durante mais de quarenta anos Caxias investira na região, em obras, estradas e em funcionários. Agora o distrito exigia novas obras no setor da energia elétrica e na construção de uma hidráulica, tal exigência não agradou a Prefeitura de Caxias pois  os gastos eram grandes demais.
Alguns dos entrevistados tinham a nítida impressão que Caxias desejava se livrar de Criúva.Em relação a emancipação há  duas hipóteses para explicar o tranquilo processo. A primeira hipótese é que os gastos previstos com os melhoramentos exigidos por São Marcos fossem superiores à sua  arrecadação.A segunda é que ao se emancipar São Marcos levaria consigo Criúva, a mais pobre das regiões municipais ,situada a menos de vinte quilômetros da futura sede municipal .
O distrito de São Marcos que começara como 6º distrito de Caxias se tornou parte do 2º distrito em 1924. Desde então muitos moradores do distrito participaram da administração municipal caxiense  entre os quais Demétrio Niederauer ,  Manoel Ramos de Castilhos e mais tarde  Mario David Vanin que foram eleitos ,vereadores tendo ocupado cargos na administração pública caxiense. Niederauer e  Vanin inclusive foram prefeitos de Caxias.
Como lugar de passagem pela BR116 entre Caxias e Vacaria,São Marcos prestava-se ao transporte de mercadorias entre a região da Serra e a dos Campos de cima da Serra. Muitos são marquenses adotaram a profissão de carreteiros, com o advento dos caminhões,após a abertura da BR116 na década de quarenta muitos moradores de São Marcos se tornaram caminhoneiros, em função disso  surgiu uma indústria ligada ao transporte rodoviário como a de carrocerias , cabinas de caminhões, de peças e de  acessórios automobilísticos.
            Quando ocorre o processo de emancipação há um momento importante  para o distrito, com a criação dos sindicatos dos trabalhadores rurais, da Cooperativa agrícola  e  uma tentativa de formação do sindicato dos motoristas .Os políticos locais  sustentavam os    movimentos de organização da população.
Entre março de 1962  e outubro de 1963  ocorreu o processo  de emancipação .A Comissão foi formada por muitos membros,mas  com o trabalho de poucos.As reuniões e assembleias  foram muitas, mas, nem todas tiveram suas atas lavradas. Algumas foram mais ou menos sigilosas, numa delas foi tratada a questão de Criúva, cuja presença no novo município era temida. Os moradores de Criúva por sua vez sabiam que seriam mal servidos pelo novo município, cuja arrecadação era insuficiente para atender suas necessidades.  Caxias que contava com a emancipação para livrar-se de Criúva ,por outro lado ,São Marcos temia a presença daquele distrito .
Carreteiro de São Marcos Carlos Michelon .década de 30

A partir de 1962 foi  formada a Comissão de emancipação que reuniu  empresários e políticos de todos os partidos.O principal  veiculo usado para a divulgação do movimento  foi jornal O Pioneiro  de Caxias do Sul. A coluna  São Marcos assinada por Mário David Vanin  e ,mais tarde , por Nelson Tomiello dá conta da movimentação  e   os acontecimentos relacionados com a emancipação.
Tais  noticias da movimentação do distrito para se  e tornar  não parecem ter qualquer importância para os caxienses. Não há cartas do leitor ,nem da posições expressas da administração.
            O prefeito de Caxias do Sul Armando Alexandre Biasuz (1960-64)  do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) tinha ligações estreitas com o PTB de São Marcos ,liderado então pelo vereador e médico Raymundo Pessini. Os vínculos entre os dois parece ter facilitado o movimento emancipacionista. Tal fato é considerado fundamental por alguns dos entrevistados.
Primeiros caminhoneiros  de São Marcos ,década 30

            Atribuir tal fato a relações partidárias é minimizar a questão. Na realidade Caxias estava interessada na emancipação, pois, via nela a forma de livrar-se de  Criúva, que até hoje é o maior e o  mais pobre dos distritos caxienses. A não reação era assim uma forma de ação, que revela que  São Marcos   não era parte   essencial do município. Na verdade nunca havia feito parte de Caxias, tinha sido adotado por imposição e sido libertado com alegria. Pela Lei Estadual N º 4576, de nove de outubro de 1963 foi criado o município de São Marcos, sendo a lei   sancionada pelo governador Ildo Menegetti. O município contava então com uma área 303 km 2,(mais tarde passando 256,253 )e uma população de 10 mil habitantes. Sua economia estava centrada na policultura, pequena propriedade e  no trabalho familiar. Sua produção principal era a do  cultivo da uva, plantada em 2000 hectares e na do trigo na zona montanhosa. Possuía ainda indústrias vinícolas, de madeiras, de malhas, e na moagem do trigo.
     A epopeia da abertura das estradas vicinais havia exigido gastos extraordinários. Sua manutenção era cara, tendo necessidade de máquinas e servidores públicos, que os parca arrecadação parecia não compensar. Não foi a só força do movimento emancipacionista que libertou São Marcos, acima de tudo houve o desinteresse de Caxias pela manutenção do  distrito. Caxias agiu como uma mãe que abençoa a independência  de um filho adotivo e pródigo.
    A reação de Caxias à emancipação de São Marcos foi no mínimo intrigante. São vários os motivos que levaram a administração caxiense a apoiar a libertação de São Marcos. Alguns relacionados econômicos e outros sociais, que marcam a organização da população são marquense, e, outros ligados aos interesses da administração municipal caxiense.
 No novo município as intrigas e as disputas políticas começaram ainda antes da emancipação .Logo após a emancipação  não houve acordo para a apresentação de um candidato único ,como havia sido previsto. Realizadas as eleições Em 27 de janeiro de 1964 foi instalado o novo município. O prefeito eleito Manoel Ramos de Castilhos e o vice-prefeito Carlos Michelon.
. A Câmara de vereadores  composta  de sete vereadores estava assim constituída : três vereadores do PTB( Partido Trabalhista Brasileiro )  : Raimundo Pessini,Leôncio Batista de Azevedo,e Victorino Ballardin.;três vereadores do PSD ( Partido Social Democrático) Clito João Doncatto,Rui Nicoletti e Victorio Bertolazzi e um vereador do PL( Partido Libertador) Jocyl Castilhos da Luz.  O primeiro Presidente da Câmara Municipal foi  Ruy Henrique Nicoletti. 


As imagens desta página são da obra de Rizzon& Possamai. História de São Marcos.
Coluna do Jornal O Pioneiro de 1962 .sobre a emancipção de São Marcos.

segunda-feira, 16 de julho de 2012


COMO SE FOSSE CAXIAS: SÃO MARCOS
Igreja e casa canônica de São Marcos ,então 2º distrito de Caxias, 1925. Fonte Álbum do Cinquentenário 


Situação passageira da formação administrativa de Caxias é a história de seu  6 º distrito:São Marcos. Entre 1921 e 1963, ou seja, por cerca de quarenta anos São Marcos fez parte de Caxias. Distrito fugidio no tempo,  ainda que  fortemente envolvido pela história da imigração de europeus no RS. São Marcos tem uma história original, bem diversa da  antiga colônia Caxias. Na sua história coexistem se encontram e se entrechocam grupos de diferentes origens: índios, lusos, escravos, alemães,  italianos e poloneses.
Antes do povoamento e a ocupação das terras e do início da colonização europeia da região, o atual território de São Marcos foi habitado por índios tanto missioneiros guaranis como caingangues  ,que deixaram restos e rastros  nas terras da região e nas grutas  Santa , Michelon e  das Cabras  Alguns permaneceram após a chegada dos brancos trabalhando nas fazendas e mais tarde até nas colônia .Algumas já pesquisadas, cujos restos de encontram no Museu  da paróquia.                                                                                             
Senhores de terras e de escravos possuíam propriedades em São Marcos, no século XVIII o maior deles foi o Capitão Pedro da Silva Chaves.  Era ele o mais importante estancieiro dos Campos de Cima da Serra, possuía mais de 14 léguas em quadro de terras sua propriedade abrangendo parte dos atuais municípios de Vacaria, São Francisco de Paula, Ausentes e São Marcos
 Entre os grandes senhores de terras está Manoel Adolfo Pacheco dono da invernada da Pedra Branca que a recebeu por herança de seu pai Boaventura José  Pacheco,constituindo  parte da sesmaria  Palmeira dos Ilhéus, com 14 escravos  . No inventário  de Boaventura José  Pacheco aparecem  os nomes de seus 24 escravos .Cujas idades   variavam de 1 mês à 54 anos  e cujo valor médio era de 70 mil réis O mais valioso era o mulato Geronimo, com 34 anos ,cujo valor estimado era de 500 mil réis.Dos seus  escravos  51% eram mulheres e 49% homens .Segundo Possamai,nem todos os senhores eram bons ,motivo pelo qual muitos dos africanos reuniam-se em  quilombos,havendo pelo menos dois  um no Juá e outro  próximo ao rio da Mulada.
Houve cerca de cinquenta outros proprietários, que conseguiram certificar a posse de suas terras na região após a Lei de terras de 1850. Nem todos eram  lusos  havia açorianos, alemães de nascimento e de origem como Cristiano Horn e Carlos Kröeff  que tiveram suas fazendas legitimadas. O italiano revolucionário, que liderou os ataques à intendência de Caxias ( 1892), Francisco Januário Salerno   conseguiu provar a posse da terra pelo Auto de Legitimação de Terras  nº 1488 .Coisas da Lei e da política.
Planta da Colônia de São Marcos .1884. Fonte Rizzon e Possamai

Com a criação da colônia alem dos proprietários havia ainda alguns chamados nacionais, que eram brancos posseiros das terras que foram reservadas para a demarcação da colônia. Em 1882 começa a medição de terra da colônia  São Marcos  que tinha  cerca de 100 mil hectares a mesma área da colônia Caixas .Os lotes teriam 1100 metros de comprimento por 275 metros de largura,com uma área de 30 mil m2 .Ao contrário da  colônia Caxias , as terras foram demarcadas em 10 linhas  e não em léguas .Houve ainda demarcação do núcleo colonial ,ou seja de  36  lotes  urbanos,traçados a partir do lote 18 da Linha Tiradentes. Para receber os imigrantes italianos que chegaram a partir de 1883, foram construídos quatro  barracões nas linhas Rosita,Riachuelo e Tiradentes.
Antes do povoamento o governo teve de enfrentar litígios com os fazendeiros que se sentiram a posse da terra ameaçada pela chegada dos imigrantes. Apesar de ser uma colônia oficial  foi organizada na  região que havia sido doada em sesmarias .
 Por último chegam os poloneses cuja saga merece um capítulo à parte  que tiveram posições bem mais conflitantes que os italianos em relação aos  seus direitos,uma relação a abertura das estradas e outra em relação a construção da igreja.
A região foi marcada por longas disputas entre os senhores de terras e o governo, entre os católicos e os maçons e entre colonos e latifundiários. Tal fato se revela na troca constante de párocos.
Mas a povoação progredia em 1892 deixou a condição de colônia para se tornar 4º  distrito de Taquara,em 1902 é  anexado a São Francisco de Paula  2 º distrito .
 Em 1915, tomou posse como pároco de São Marcos uma das figuras mais extraordinárias e controvertidas da história municipal o padre Henrique Compagnoni, senhor todo poderoso do Partido Republicano da região da colônia. Famoso por seu enfrentamento tanto com os senhores da terra com os maçons e com os poloneses. Segundo a memória popular seria ele o responsável pela ligação com Caxias.
O lugar que durante muito tempo foi chamado de São Marcos dos Polacos foi desanexado do município de São Francisco de Paula e anexado ao de Caxias pelo Decreto Estadual nº 2822, de 23 de junho de 1921. Pelo Ato nº 150, de 30 de junho de 1921 o Intendente municipal criou o 6º distrito de Caxias. Segundo dados de então a paróquia possuía 11 capelas e 400 famílias de origem italiana, já então eram pouquíssimas as famílias de poloneses, que a partir de 1915, migraram para o Norte do Rio Grande do Sul, para as novas colônias que foram criadas.  
Pelo Jornal O Brasil é possível acompanhar os festejos decorrentes da anexaçãoi à Caxias,parece que as duas comunidades estavam contentes com a nova situação política.
Estrada São Marcos- Caxias ,1926.Relatório de Celeste Gobatto.
   Quando Nova Trento se emancipa em 1924, São Marcos que era o  6º distrito  de Caxias passa a  2º distrito . Em 1923, o subintendente era o Dr. Marcos Ribeiro seu auxiliar Ozório Belíssimo. A construção da estrada ligando São Marcos à sede de Caxias foi tarefa difícil que demandou muito tempo, sendo construída entre 1917 e 1923. Os relatórios dos intendentes de Caxias entre 1912 e 1926 são pouco elucidativos sobre a situação do novo distrito caxiense.Caxias crescia em população e em arrecadação. A administração com mais recursos pode saldar seus débitos, e aos poucos. Foi se tornando mais eficiente na solução dos problemas. Novas escolas são abertas e professores são nomeados
Algumas obras são realizadas na comunidade como abertura  de ruas ,construção do novo  prédio da   subprefeitura em 1938 Naquele são 21 as escolas municipais existentes no distrito .Mas a política  é forte no distrito ,logo tem inicio a campanha para a sua  emancipação .
Estrada São Marcos- Caxias ,1926.Relatório de Celeste Gobatto. 
Repercussão na imprensa da anexação de São Marcos à Caxias .Jornal
O Brasil  23 de junho de 1921.


domingo, 8 de julho de 2012


(CURIOSA) HISTÓRIA ADMINISTRATIVA DE CAXIAS  

Sede da Intendência de Caxias  1890-1919.AHJSACS

          Em12 de abril de 1884, Caxias deixou a condição de colônia para se tornar distrito de São Sebastião do Cai. Os 100 mil hectares do território da antiga colônia foram anexados ao município de Cai como seu 5º distrito.
         Entre 1884 e1890 Caxias permaneceu ligado a São Sebastião. Apesar de ser uma povoação próspera, não tinha  paróquia, nem possuía representantes no Conselho Municipal de São Sebastião do Cai. Tinha então três núcleos populacionais: Nova Trento, Nova Milano e  Santa Teresa.Foi estranha a forma   como o seu nome mudou com tempo.
           Em 20 de junho de l890, foi criado  o  município de Caxias, pelo  Decreto Estadual  n.257  assinado pelo General  Cândido José da Costa,   governador do Rio Grande do Sul.   Os caxienses lutaram para conseguir se  emancipar de São Sebastião do Cai. As distâncias entre a sede do5º distrito e a sede do Município de Cai eram grandes, o pagamento de impostos e as pendências administrativas ou judiciais dela dependia.Por outro lado o município era pobre e a Vila ficava não tinha nenhum tipo de assistência material.
Logo após a emancipação a Junta Provisória de Caxias solicitou ao Governo fossem mantidos para o município os limites da colônia, tendo recebido resposta positiva. Em 1883, segundo relatório do  seu  último Diretor Manoel Barata Góes

A colônia media 17 léguas em quadro, tendo por limites ao Norte com os Campos de Cima da Serra:ao Sul com as colônias Nova Petrópolis,Nova Palmira e Picada feliz.; a Este com os Campos de Cima da Serra e colônia Nova Petrópolis e a Oeste com as terras de Luiz Antônio Feijó Júnior e Colônia Dona Isabel.”.


 Os limites do novo município não poderiam ser mais vagos e, ainda não estavam demarcados. Tal indefinição trazia consequências, vários colonos continuaram a pagar impostos em São Sebastião por terem não conhecerem os limites municipais.
Em 1890, na futura região de Forqueta, na colônia Sertorina não havia rastos de povoamento. A Sertorina  não fazia parte  na colônia Caxias, sendo apenas um de seus  limites A Sertorina em 1884 possuía alguns pequenos núcleos como São Marcos e  São José da Linha Feijó e  Vicenza Velha .Eram núcleos populacionais ligados ao loteamento das terras de Feijó Júnior. Na Sertorina havia algumas serrarias que derrubavam as matas de araucária, limpando a terra para a posterior venda de lotes .  
Prédio da Prefeitura de Caxias 1919-1975
Até 1893 havia no município apenas dois distritos.  O primeiro criado pelo Ato nº 2,  de 01 de julho de 1890, era formado pela  Cidade,  Louro, Forqueta ,Colônia Sertorina e das   da 1ª a 9º léguas .Pelo Ato   nº 5 ,de  03 julho de 1890, foi criado  segundo distrito  formado por  Nova Trento e  das 10ª   a 16ª léguas .Não há ato  que ligue a colônia Sertorina à Caxias ,mas pela divisão dos distritos fica clara a sua anexação. A Forqueta que fazia parte do 1º Distrito era a Forqueta Baixa, denominada nos documentos da Intendência como Forqueta do Cai ,correspondia à  17ª Légua da colônia Caxias.
       Com o crescimento da população, em 25 de setembro de l902, houve necessidade da criação de mais distritos . Pelo Ato Administrativo n. 38  foi instituído o 3º Distrito de Caxias com sede em Nova Milano. Os habitantes das 2 ª Légua ,especialmente os de Loreto  movimentaram-se para permanecer ligados administrativamente  ao 1º distrito e,portanto,   ao centro de Caxias.  
Dois anos depois, 28 de janeiro de 1904, o Ato nº 57 criava o 4º distrito com sede em Nova Pádua, formado pela 16ª légua .O núcleo populacional era novo e mais um  que se formara longe da sede .
   As coisas mudaram com a chegada da estrada de ferro. Antes as povoações cresciam ao longo da estradas rodoviárias como a Rio Brancas, mas em 1917 a situação  era outra. Desde 1910 as povoações se deslocaram aos poucos apara perto das ferrovias. A nova povoação situada junto à estação de Nova Vicenza crescia mais do que a sede distrital  Nova Milano . Em l9l7, pelo Ato Administrativo nº 34, de 20 de dezembro a sede do 3º distrito foi transferida de Nova Milano para Nova Vicenza. A chamada Estação Forqueta que fora se formando a partir de 1910  com a construção da estação ferra vinha aumentando sua população.Nos primeiros tempos, para distingui-la da Forqueta Baixa, foi chamada de Estação Forqueta . Com a criação do 3º distrito Forqueta fica ligada à Nova Vicenza.
A escolha das novas sedes distritais causou violentas reações dos habitantes de Nova Milano e de Nova Veneza, que se julgaram preteridos e prejudicados pela escolha feita pela Intendência. A revolta tinha suas razões. As sedes distritais tinham um subintendente nomeado pelo Intendente que cuidava das suas necessidades administrativas. Os núcleos que não possuíam subintendente deviam recorrer aos inspetores de travessão, por sua vez, esses davam contas dos problemas ao subintendente, que levava os requerimentos ao Intendente, só então começavam a ser pensadas as  soluções. Como os transportes eram demorados as petições demoravam a chegar a seu destino. As soluções eram demoradas.  Era tudo muito difícil!

 Caxias crescia em população e em arrecadação. A administração com mais recursos pode saldar seus débitos, e aos poucos. Foi se tornando mais eficiente na solução dos problemas. Os novos edis que tinham melhor formação asseguravam uma administração eficiente. A partir de 1921, teve inicio uma série de  pedidos de anexação  por parte de moradores  distritos de municípios vizinhos . Assim, parte dos 2º, 5º e 7º distritos de São Francisco de Paula foram anexados à Caxias .O  Ato Nº 150, de 1921  criou o 5º distrito do município com sede em São Marcos do qual faziam parte as regiões recém anexadas.
Os outros núcleos de Caxias cresciam. Depois de muita movimentação política Nova Trento se emancipou. O Decreto Estadual nº 3.320,  de 17 de maio de 1924 concedeu a emancipação à Nova Trento,com  ela Caxias perdeu Nova Pádua e Otávio Rocha, ou seja dois distritos de seus distritos e  seis  de suas antigas dezessete léguas
Pelo Ato 196, de 05 de junho de 1924 o município voltou a ter a três distritos :1 º Cidade; 2º São Marcos e 3 º Nova Vicenza.
Festa pela emancipação de Caxias 1890 AHMJSACS
    Em 1925,  Caxias tinha um área de 842mil  km2 e uma população de 28mil  habitantes  dos quais 6.500 viviam na zona urbana.
            O 3º distrito com sede em Nova Vicenza crescia economicamente com o comércio ligado ao transporte ferroviário. Os comerciantes se organizaram  em pouco tempo conseguiram a autonomia municipal. Pelo Decreto Estadual nº 5.779, de 11 de dezembro de 1934, foi criado o município Farroupilha, nome dado em homenagem a Revolução Farroupilha (1815-1845), cujo  centenário seria comemorado em 1935.
Segundo Dalvo Silvestre ,  Pedro Grendene  garantira que   Forqueta poderia ter se emancipado  no mesmo período  que Farroupilha .Inclusive teria sido feita a demarcação das  terras para a nova circunscrição administrativa. Os forquetenses segundo a fonte citada não quiseram se emancipar de Caxias.
 A expansão das serrarias, das pequenas propriedades compradas por descendentes de imigrantes italianos na região dos campos,  a proximidade da sede municipal de  Caxias  e a distância da sede  determinou movimentos de anexação de distritos de outros municípios ao território de Caxias .
Fazenda Souza pertencia a São Francisco de Paula, cuja  sede municipal era muito distante. A comunidade articulada por Aquilino Zatti,dono de serrarias na região  conseguiu mobilizar a comunidade   para a anexa-la  a Caxias do Sul. O que aconteceu em 1940. Santa Lúcia do Piai, pertencente ao município de Cai  foi anexado a  Caxias Foi através de articulações políticas  no mesmo ano.
Em 1944, o Decreto Lei Estadual Nº 720 , de 29 de dezembro de 1944,estabeleceu a uma nova divisão administrativa e judiciária do Estado do Rio Grande do Sul, por ele  foi mudado o nome de Caxias para Caxias do Sul .
Em 1950 Caxias tinha uma área de 849 km2 e uma população de 52.8000 hab.Com  seis  distritos,assim formados : 1º Cidade ;2º São Marcos;3ºGalópolis;4º Ana Rech;5º Seca e 6º Santa Lúcia do Piai .Forqueta então  fazia parte do 1º distrito .
De repente em 25 de novembro de 1952 foi criado o distrito de Forqueta, pela Lei n 493, que demarcava os limites entre  Farroupilha e  Caxias. Em 5 de agosto de 1953, pela Lei n.550 são  estabelecidos os limites urbanos da sede distrital  de Forqueta. Pela Lei nº 493, de 25 de novembro de 1953, em seu artigo nº 3,  foi  criado  o cargo de subprefeito de Forqueta.
    Novas remarcações de divisas intermunicipais foram feitas, aumentando o território municipal. Pela Lei Estadual N.º 2531, de 15 de dezembro de 1954 foi  incorporado à Caxias do Sul, o do distrito de Criúva , desmembrado de São Francisco de Paula. Por meio  da Lei n.º 2532,  assinada na mesmo dia  e ano , foi a vez de Vila Oliva ser incorporada à Caxias.
Com as sucessivas emancipações de seus antigos  distritos a área do município de Caxias era de 849  Km2 , em 1940 . Logo após a emancipação, em 1890, Caxias tinha cerca de 1200 quilômetros quadrados, somado o território da antiga colônia ao da   colônia Sertorina.


DISTRITOS DE CAXIAS EM 1960
Distrito
Habitantes
1º cidade
60607
2º São Marcos ,inclusive vila
8370
3º Galópolis, inclusive vila
6723
4º Ana Rech, inclusive vila
4463
5º Seca, inclusive vila
1298
6º Santa Luica do Piai, inclusive vila
2856
7º Fazenda Souza inclusive vila
1465
8º  Forqueta,inclusive vila
1467
9º Criuva inclusive vila
3538
10º  Vila Oliva inclusive vila
2256
Fonte :adami
Desde 1960 São Marcos era o 1º Distrito de Caxias do Sul .Tinha 8370 habitantes  e um território 256,253 Km2. Era então  o maior e mais próspero dos  distritos. Em 1963 no dia 9 de outubro de 1963, pela Lei Estadual nº 4576 foi criado o município de São Marcos, após longo processo administrativo.  
Com as sucessivas anexações e desanexações hoje o município tem um território de 1644,302 km2 .Está dividido em seis distritos: Criúva, Fazenda Souza,Santa Lúcia do Piaí, Vila Cristina,  Vila Oliva e  Vila Secas .Possui  quatro regiões administrativas : Ana Rech, Desvio Rizzo, Forqueta e Galópolis. Sendo administrados por  dez subprefeituras de nosso município. Sua área urbana ocupa  65,5 km2.
Planta atual do município de Caxias do Sul..Desenho da autora