quinta-feira, 28 de junho de 2012


EDUCAÇÃO NA COLÔNIA: FORQUETA

 Vista da antiga casa de negócio de Caetano Costamilan, em Loreto,que deu orogem à povoação.     Foto da autora.2012


Se há tema pouco estudado  pela historiografia regional esse é o da história da educação.Há algumas  pesquisas sobre políticas públicas, sobre os professores e as escolas. Mas falta uma pesquisa  sobre a educação da Primeira República  e sobre as relações entre Estado,União e municípios.  Não há uma explicação sobre como se deu  a passagem da política imperial para a republicana nas pequenas comunidades.Nem nas grandes.
Acompanhar a história da educação na Forqueta é  acompanhar a história da educação municipal de Caxias.  Mais do que isso a educação,  através de números revela as  suas mudanças sócio econômicas e as mudanças da administração pública.
No  império a educação não teve na região das colônias italianas qualquer tipo de ação registrada. O que corresponde ao período de colônia (1875-1884) e o de distrito de São sebastião do Cai (1884-1890).A região como um todo foi deixada sem assistência na educação.Assim a primeira geração de filhos de imigrantes italianos tiveram de se valer dos imigrantes que tinham maior conhecimento ,ou ser ensinado pelos pais.As duas situações eram difficiles.Em ambos os casos os imigrantes desconheciam o português e o ensino era feito em italiano numa visão italiana de mundo. 
Em relação aos vínculos administrativos    das escolas da Primeira República com o poder público eram  bem diferentes dos atuais.Havia então   escolas municipais, escolas estaduais e as escolas municipais subvencionadas pelo Estado e até escolas federais subvencionadas pela União. Todas escolas de ensino fundamental.,não havia então esferas diferentes de ensino para cada um dos seus graus.A escola Forqueta que passou a ser registrada em 1914 era municipal subvencionada pelo estado 
 O povoamento de   Forqueta começou bem mais tarde do o da  2ª Légua ,tendo inicio após a chegada da estrada de ferro. è mais tardio que o de Nova Vicenza e os de São José ou São Marcos  da Linha Feijó. Assim como o seu povoamento  a educação começou bem mais tarde  do que em  Loreto e São Martinho  da  2ª Légua.Sem querer exagerar,pelos registros consultados,a escola de Loreto parece a mais antiga da zona rural, de acordo com as pesquisas atá agora realizadas. 
A educação pública  da Forqueta atual  começa em 1892 ,na Segunda Légua na capela de Nossa Senhora de Loreto .Naquele tempo as  escolas não tinham nome,sendo designadas pela sua localização.Na escola daquela de Loreto ,em 1892, foi nomeada  a primeira professora  de escola Josefina Mezzomo .Não  há documentos que  provem de  sua demissão ou de sua transferência.  , assim é possível que ela  tenha se aposentado naquela escola.
Capela de Loreto .Foto da autora .2012


Angelo Ricardo Costamilan,  escreve em seu livro sobre a história de Caxias, que em 1896,   em Loreto havia  dois professores : José Cândido de Campos Neto e  Raul Vieira. Neto  teve destacada posição em Caxias como escritor  e  jornalista .Não encontrei registro desses professores. Uma das informações de Costamilan   é muito importante:  os professores municipais  se hospedavam na casa de seus pais . Seu pai, Caetano Costamilan era um dos maiores comerciantes da região.Os professores faziam com a  família do comerciante as suas refeições.   O apoio dado pelos comerciantes  aos professores  era uma constante. Como nas comunidades não havia nem pensão, nem casas para alugar, muito menos meios de transporte, hospedar-se  nas casa de negócio era uma das poucas soluções para a permanência dos professores nas comunidades rurais distantes . Havia outras. Muitas professoras iam dar aulas à cavalo ,outras as mais ricas usavam de charrete,mas essas eram raras exceções. 
Em 1900 foi nomeada para era professora  de Loreto  Josefina Corsetti que  lecionou na escola  por muitos anos .Há  registro de que no mês  de dezembro de 1900,   como todos os anos, ocorreu o exame dos alunos .Não era o professor que avaliava seus alunos,o exame de cada um deles  era realizado por  uma banca,nomeada pelo  intendente .Foi o próprio intendente  Campos Jr presidiu a banca que avaliou . os alunos naquele ano.Tal fato demonstra importância daquela comunidade. 
. Em 1904 a professora  Josefina se licencia  da escola, por alguns dias  para fazer um curso no Colégio de Aplicação em Porto Alegre, tal fato demonstra que havia cuidados com o ensino por parte do governo positivista, cuidando de seu preparo.
.No ano de 1907,   foi nomeada para a escola  Loreto  a professora   Carlota Simoni  como a anterior havia sido aprovada em era concursada. . Nesse ano   sua aula municipal mista tinha 95 alunos. O que é um número considerável   para um aula municipal do interior
 Forqueta aparece pela primeira vez nos registros da história da educação em  1904,ano em   Luigi Bonetto foi nomeado professor municipal .A escola funcionava em  sua casa,  no lote 30 de Linha Feijó,antiga colônia Sertorina.Durante 6 anos leciona para as crianças da região.Bonetto teria chegado de  Padova , Itália  em 1891 ,passando a residir na  Conceição da Linha Feijó. Após 1910 não há registros dele como professor municipal . Não há notícias se a escola continuou em outro lugar.
           Josefina Dossin Zucolotto,nascida 1902 na Forqueta frequentou a escola de Luigi Bonetto, segundo suas lembranças  o professor ensinava em italiano e a escola ficava próxima das terras de seus pais ,ou seja próximo do lote 29 da Linha Feijó. Quando em  1910 ele se demite do cargo municipal de professor municipal, recém iniciava o povoamento de Forqueta.Segundo informação de sua bisneta Sandra Bonetto quando se demitiu do magistério passou a trabalhar apenas como agricultor, atividade que exercia com junto com a de professo
           Em 1909, na capela de São Martinho, funcionava uma escola municipal. A professora nomeada era Maria Prezzi.  Havia na escola ou aula como então era chamada a escola,  22 alunos. 
         Em 1911 no município de Caxias  havia 7 escolas estaduais mistas com 280 alunos e 20 escolas subvencionadas pelo Estado com 752 ,  55 eram mantidas pelo município com 2116 alunos.Em 1912 havia 8 escolas municipais mantidas pelo estado  e 8 escolas municipais mantidas pela intendencia .Em Loreto a professora era Carlota Simoni tinha 40 alunos ,dos quais 27 eram meninos.

O primeiro registro de escola municipal  em Forqueta é de 1914.  A escola mista muncipal  subvencionada pelo governo estadual , tinha 36 alunos dos  quais 16  eram do sexo masculino   a sua  professora  chamava-se  Julieta Sambaquy. Adelinda Scapin Giacomoni  nascida em 1908, na Linha Julieta, estudou na pequena escola municipal situada ao lado da antiga capela de Santo Antônio de Forqueta. Segundo ela a  professora ensinava em português, sendo de Porto Alegre.A professora de Adelinda pode ter sido Rita Rosa, que foi nomeada em 1917.
Em 1914, havia 28 alunos  sendo 13 meninos ,na escola do Travessão Trentino,seu  professor era Fortunato Peroti.Nesse anos na escola de  São Virgilio a professora  era Maria Prezzi Postali,contava com  25 alunos, dos quais 12 meninos..A professora era a mesma de São Martinho agora com o sobrenome de casada.
 Em 1915, na escola municipal  que funcionava em  São Virgilio havia    26 alunos professora nomeada era a mesma  Maria Prezzi Postale .Outra escola municipal funcionava na mesma época era a existente na Capela São José no Travessão Trentino cujo  professor era  Fortunato Perotti .A  escola mista  tinha 209 alunos sendo a que  mais contava alunos na região. Número  muito grande para a colônia, cuja média por escola  era de 30 alunos.
        Em 1923 em Forqueta a professora era Odila Maria Zatti. Em São Martinho,  a professora continuava a mesma   Maria Prezzi Postali. Já em Loreto  o professor nomeado era Constantino Bampi.A escola de Loreto tinha  46 alunos,com 26 meninas e  20 meninos. 
 Em geral as famílias da região  tinham poucas posses.Poucas famílias podiam mandar seus filhos estudar em escolas de outros lugares. Por outro lado os intendentes de Caxias não estavam muito interessados em educação.I caso muda com Pena de Moraes.
Em Forqueta a pequena escola ficava ao lado da Capela de Santo Antônio. Como na época do governo Brizzola no Estado o intendente Pena de Moraes  tinha um modelo geral para as escolas.pequeno.

Modelo de escola municipal
proposto pelo Intendente Pena deMoraes(1912-1924)

Em 1923 foi fundado o grupo escolar estadual, substituindo a escola municipal subvencionada,sendo suas professoras Olinda Generosi e Nanci Casanova ,e, mais tarde   Lourdes Comandulli, Clélia Triches  entre outras.O lote onde seria construída a nova escola foi doado por Joaquim Slomp e por José Generosi .
Uma escola maior foi construída em  1942 .O  novo prédio da escola era de madeira até  hoje do qual parte ainda existe hoje. . Dasua  inauguração participaram as autoridades municipais de Caxias, entre eles  o prefeito municipal Dante Marcucci.
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Local onde funcionou a primeira escola de Loreto,em 1892, hoje São Paroquial.



Anos
Professores
Escola
Total  escolas
1892
Catarina Mezzomo
Loreto
4
1900
Josefina Corsetti
Loreto
4
1904
Catarina Mezzomo
Luigi Boneto
Loreto
Lote 30
 Linha Feijó
6
1907
Catarina Mezzomo
Loreto
6
1914
Julieta Sambaquy
Carlota Simoni
Maria Prezzi

Fortunato Perotti
 Forqueta
Loreto
São Virgilio
Travessão Trentino
23

26

209
1923
Odila Zatti
Maria Prezzi Postali
Constantino Bampi
Forqueta
São Martinho
Loreto


46
Fonte:Relatório dos intendentes de Caxias  1892-1929

Festa de inauguração do Grupo Escolar de Forqueta.1943..Arquivo da autora




























































segunda-feira, 11 de junho de 2012


 CAMPANÁRIOS  PARA   FORQUETA  
Camapanário da matriz da paróquia de Santo Antônio na sombra . Forqueta.2012
c

                  
Mesmo campánario ao sol.2012


         A comunidade de Forqueta progrediu com  a abertura da Cooperativa em 1929,pois,   novos postos de trabalho foram criados. Ainda assim a paroquia não foi conseguida.   Durante mais de trinta anos a capela de Santo Antônio recebia esporádicas visitas do pároco de Nova Vicenza,ou de alguns de seus coadujtores.A capela ficava fechada a maior parte do tempo.A estação crescia e a capela não.As mulheres e as crianças nas tardes de domingo rezavam o rosário e as ladainhas .Os homens só iam a igreja nas festas que eram poucas , quando os padres apareciam.Outro evento importante eram as Missões.
            Não eram realizados casamentos ou batizados na capela de Santo Antônio. Batizados e casamentos eram realizados na Paróquia de São Vicente ou  na de Nossa Senhora de Caravágio, em Nova Vicenza(Farroupilha) ,Quando o morto era importante seu enterro  contava um sacerdote para acompanhar as exéquias.
Campanário singelo da capela de São Martinho 2ª Légua . 2012
            Foi na década de quarenta mais precisamente em l944 ,que os padres passionistas vieram para Forqueta.Seu objetivo era encontrar  um local para instalar seu seminário.Os passionistas estavam em Pinto Bandeira desde 1915.A Região Colonial era a que mais ofereci  vocações sacerdotais a Igreja do  Brasil.Dai  o interesse dos padres passionistas por Forqueta, por sua localização estratégica e pela estação ferroviária. .Depois de pesquisa demorada   encontraram um lugar ideal .Com mata ,açude pertencente à Jacob Gregoletto.   Ai construíram o seminário de São Paulo da Cruz. Logo o Seminário passou a contar com candidatos ao sacerdócio. Com os  sacerdotes passionistas tendo seu seminário pareceria lógico  que fosse criada uma paróquia na comunidade.
            Começou  outra  novela,teve  iniciou no década de quarenta e que terminou em  l954.Em 20 de agosto de 1944 , foi construída a nova Igreja que se destinava à Paróquia,que afinal não saiu.Forqueta tornou-se uma Capelania, ligada a  paróquia de Nossa Senhora de Caravágio (Farroupilha)   Muita luta foi necessária para conseguir a sede paroquial.  Os obstáculos para a sua criação  ,segundo  a memória dos habitantes mais antigos, foram criados pelo  pároco de Farroupilha ,Giácomo Bombardelli ,que não desejava a divisão do território de sua Paróquia .Tal divisão acarretaria  redução da  renda resultante do auferida do dizimo e  das  taxas cobradas  pelos serviços eclesiásticos.
Finalmente, em l8 de abril de 1954, foi criada a paróquia de Santo Antônio da Forqueta sendo mantido  o nome da antiga capela. Para entender a importância da criação paróquia para determinado lugar é preciso entender o  significado. 
 Paróquia para a Igreja Católica    é uma    região que engloba todos os fiéis daquele território .A paróquia seria comparável ao município em termos de divisão política brasileira. As capelas sua subdivisão , corresponderiam aos distritos dessa divisão . A Paróquia recebe  um sacerdote para  sua direção que toma o nome de pároco. Ambos as paróquia e pároco estão sujeitos a um bispo que dirige o Bispado (Estado?). Forqueta ao ser estaria elevada  a paróquia ficou responsável por  14 capelas.

   Nas paróquias  são exercidas as atividades próprias das unidades básicas da Igreja Católica Romana, desde a missa diária até a aplicação dos sacramentos :batismo,eucaristia,  casamento e  extrema-unção. Apenas a crisma só pode ser exercida pelo bispo.Enquanto as capelas tem suas atividades religiosas restritas ,atribuições  que são  limitadas pelo pároco .

Nessa região havia várias capelas,sendo algumas as mais belas de Caxias. Entre elas a de: Nossa Senhora da Salete, Santos Anjos, São Roque, Menino Deus, São João Batista, São José da Linha Feijó, São Martinho, São Vigilio, Nossa Senhora de Loreto, São Valentim, São Cristóvão e Santo Antônio do Cerro da Glória todas situadas na 2º Légua. Na linha Feijó  da antiga colônia Sertorina havia outras ,mas apenas a de Santo Antônio foi incluída.  Com o crescimento do distrito outras capelas foram incorporadas entre elas  a de São Pelegrino e a de Nossa Senhora das Graças.  Hoje a paroquia se compõe de catorze capelas . 
Campanário da capela de Santo Antônio de Cerro da Glória.2012

    Foram anos felizes para a comunidade ,pois os passionistas eram compassivos e entendiam, as necessidades dos pequenos produtores. 
 Pedra do túmulo do 1º pároco da Forqueta.2021.
     
              O primeiro pároco foi Padre  Vicente Bertoni  ficou na Forqueta até sua morte  em 1972,estando enterrado no cemitério da comunidade.  o seguindo do Padre Alberto, que comemorou os 25 anos  de paróquia .
           Os passionistas em  29 de março de 2008 deixaram Forqueta .A paróquia passou a Diocese .O último pároco o Padre Darci teve atuação marcante na paróquia. Não só como sacerdote mas também como inventor e incentivador do plantio de mirtilo e da criação da Festa do Vinho Novo (2002) Foi uma fase marcante , que terminou de modo abrupto  e que deixou saudades e sequelas .Após a saída dos passionistas os párocos tem tido passagem efêmera pela comunidade e nem sempre exitosa.
       A Igreja de Santo Antônio apesar de singela é  patrimônio histórico da localidade,que  deve ser mantido e preservado.    

Capela de Santo Antônio da 2ª légua. 2012.


terça-feira, 5 de junho de 2012


COOPERATIVISMO NA COLÔNIA

Cooperativa Vitivinícola Forqueta ,fundada em 1929 ,junto à Ferrovia.

Os colonos da  2ª Légua da colônia Caxias desde o inicio de seu povoamento no ano 1875, começaram  a plantação e o cultivo da uva. A uva era parte da policultura, trabalho familiar e pequena propriedade e da policultura. Anos depois a produção do vinho tornou-se a base econômica. Com o advento do transporte ferroviário, e, 1910,  o escoamento da safra passava necessariamente por Forqueta.
Fundação da Cooperativa em 11 de agosto de 1929 ,porão da casa de Quinto Slomp.
Ao mesmo tempo em que crescia produção de vinho colonial crescia a produção na na zona urbana..Os colonos vendiam seu vinho na cidade, mas com o aumento da produção nas empresas vinícolas o vinho caseiro não encontrava mercado. As crises no setor vinícola eram e são fenômenos cíclicos, próprios do capitalismo. Quanto maior a safra menor os preços e quanto maior a produção maior a crise, pois, o vinho é   produto inelástico.
O governo da Primeira República sabia dos problemas enfrentados pelos pequenos produtores rurais.  Assim em 1910, o Ministério da Agricultura contratou Giuseppe Destefano Paternó , especialista  italiano em  cooperativismo. Paternó para organizar  cooperativas em regiões de  imigração italiana, entre os pequenos produtores de vinho do Rio Grande do Sul.  Já no ano de sua chegada criou cooperativas nas antigas colônias povoadas por imigrantes italianos nos municípios de Caxias, Garibaldi, Bento Gonçalves, Guaporé, Antônio Prado e Alfredo Chaves. Entre setembro de 1911 a dezembro de 1912, por sua orientação, foram  organizadas quinze  cooperativas.
                                              
Durante algum tempo entre 1911 e 1915 o cooperativismo vinícola conseguiu evitar o impasse entre duas formas de produção, ou seja, entre a produção social da cooperativa e a livre iniciativa das empresas. Com a produção cooperativada aumentou produção do vinho e, por consequência, baixou o seu preço. As cooperativas de criadas por Paternós faliram. As causas foram muitas: boicote a seus produtos, acusadas de produzir vinho da má qualidade, falta de pagamento das cotas dos associados.Algumas foram queimadas  Era  a velha luta entre o capital privado e o  social.  
 Com o fim do cooperativismo  o problema ressurgiu , com a  safra de 1928 que foi a maior de todas. A produção de vinho foi de 65 milhões de litros. Os mercados existentes não eram suficientes para absorver o produto.
Em 1929, a produção foi  menor, mas o problema  estava presente. O mercado para o vinho coloniais era insuficiente. O "vinho da colônia", produzido de forma rudimentar, não podia fazer frente as indústrias vinícolas, que dominavam o mercado exportador. Os colonos vinificaram apenas parte da safra, o restante foi vendido ao produtores urbanos, que pagavam pelo produto preços inferiores aos do custo de produção.
Diante do problema a solução cooperativista  foi lembrada. Parecia ser  o única solução para a crise, que estava inviabilizando o setor vinícola. Joaquim Slomp, desde  1910, comprava  vinho dos colonos para a revenda . Sua casa comercial estava situada na frente da estação do trem vinho dos colonos 
Em abril de 1929  , não tendo  vendido   a produção de vinho colonial no mercado regional. ,a situação se  insustentável .No dia 19 de abril de 1929, pela manhã, Joaquim procurou Arthur Perottoni, que morava a poucos quilômetros de Forqueta .Perottoni havia presidido a Cooperativa de Nova Vicenza durante a primeira fase do movimento..
O fracasso do movimento cooperativista de Paternó deixara Arthur Perottoni amargurado .Diante das circunstâncias daquele momento ,a sugestão de Joaquim parecia ser a única solução  para crise do vinho colonial. Perottoni escreve em seu diário, naquele dia :"com a cooperativa daremos um salto no escuro".  A proposta  deu  certo , e no dia 11 de agosto de 1929  é criada a Cooperativa Agrícola Forqueta ,que  a primeira da América Latina na produção de vinho .Aprovados os estatutos foram subscritas 117 ações no valor de onze contos e seiscentos e oitenta mil réis. A sociedade era composta de 8 associados: Arthur Perottoni , Quinto Slomp, Pedro Tamanini, José Lain, Jacob Rizzi ,José Slomp Filho, Augusto Pozzer e Ernesto Silvestre.Joaquim Slomp então não plantava uvas,motivo pelo qual não se associou.
Quinto Slomp, primeiro diretor da Cooperativa VV Forqueta.Ficou pouco tempo no cargo.
            Entre  1929 e 1973 a Cooperativa cresceu ,tanto na produção como nos associados, reunido mais de trezentos, de toda a região. A entrada de capitais estrangeiros no setor vinícola vai reverter a situação .As cooperativas entram em crise e o setor privado retoma seu curso.
A história econômica não é só cíclica. Como a roda da fortuna sobe e desce.
Arthur Perotoni  primeiro presidente da C.Forqueta ficou no cargo desde a fundação até sua norte. Ele acreditava na união dos pequenos produtores 


sábado, 2 de junho de 2012



FORQUETA TEMPOS DIFICEIS  
Abertura da estrada de ferro .  Ao fundo os ranchos onde viviam os trabalhadores Foto Mancuso 1909 .AMHJSACX


Artur Perottoni  um primeiros moradores de Forqueta  não gostou das consequências da construção da  estrada de ferro.Ele possuía terras próximas da praça  central e da estrada de ferro. Para o grupo de colonos formado por italianos e trentinos de  nascimento e  de origem a chegada da estrada de ferro trouxe mudanças profundas.  Foi como se finalmente os brasileiros chegassem à Estação Forqueta. Para se livrar desses novos habitantes vendeu suas terras e se mudou para um lugar distante da ferrovia

                        A localidade tinha tudo para progedir. Trabalho era o que não faltava, tanto para os marceneiros como para os carpinteiros. Quem sabia construir casas, carretas e  móveis tinha sempre o que fazer. Outra atividade que dava trabalho garantido era o hotel. O dono do hotel era José Della Giustina,também proprietário do açougue. Falava-se que matava cachorros e gatos para preparar a comida dos hóspedes. Os moradores de Forqueta já tinham então o hábito da maledicência.Não era só a comida que era mal falada ,o mesmo acontecia com as  moças que trabalhavam no hotel.  O Hotel ficava situado onde hoje é o bar do Vermelho,próximo da Praça. Era um prédio de madeira de dois pavimentos. No andar de cima ficavam os quartos e no andar de baixo a casa de comércio  e o  açougue .Mais tarde o hotel e a casa comercial foram comprados por Francisco Gobbato.Mais tarde  João Prezzi tornou-se dono do armazém.
Velha serraria colonial. 1906..In Buccelli


         Quem era o guarda -chaves  da Estação  era Gaetano Novelli. Sua família veio de Marcaria  em 1878 ,província de Mântua, na ,Lombradia.sua família chegou ao RS em 3 3 1878 e se localizaram no lote 23 do travessão Esmeralda , 9ª Légua ( Hoje flores da Cunha).Guarda-chaves  era o nome dado ao  “empregado ferroviário encarregado de manobrar e vigiar as chaves dos desvios nos entroncamentos das linhas férreas”. O seu trabalho era importantíssimo e os guarda-chaves de Forqueta eram cidadãos proeminentes na comunidade.
 Mais importante que o guarda chaves então eram os professores .Na localidade havia duas escolas . A pequena escola municipal e a escola particular de  Giuseppe Zucollotto ,segundo lembranças de algumas pessoas entrevistadas. Adelinda Giacomoni  ela estudou na pequena escola municipal situada ao lado da Capela de Santo Antônio.A professora ensinava em português e   era de Porto Alegre.
            As lembranças dos mais antigos moradores faz surgir uma nova  Forqueta, a  dos primeiros tempos do povoamento,  muito diferente da atual.Não parece ter sido pacífica a relação estabelecida   "brasileiros" e imigrantes italianos.Travaram-se algumas brigas  e uma divisão entre os dois grupos de povoadores.
As primeiras serrarias hidráulicas ,reponsáveis pelo fim dos pinheirais. 1925 ( Álbum do Cinquentenário)
             De um lado os colonos  italianos ou filhos de imigrantes italianos ,que em suas terras plantavam milho, videiras  ,batatas e outras culturas para sua subsistência e para a comercialização. De outro os trabalhadores "brasileiros”,que vinham para a região com as serrarias e  com a estrada de ferro .Se  as serrarias e a ferrovia trouxeram  progresso e movimento a Estação Forqueta , trouxeram também  problemas de convivência e de entendimento.
Os colonos eram pequenos proprietários, os trabalhadores eram proletários,visto que trabalhavam para outros. No Brasil o trabalho agrícola,por quatrocentos anos ,foi realizados pelos escravos. Plantar e cultivar era visto com desprezo pelas elites brasileiras. Plantar era tarefa de negros e de escravos. Os trabalhadores desprezavam os colonos. Os colonos julgavam uma ascenção social  possuírem terra  e nela plantar e colher em suas próprias terras.Viam com desconfiança os brasileiros que não tinham propriedade e gastavam tudo o que ganhavam .Os dois grupos tinham ideologias diferentes.

Casa típica da colônia .1906. IN Buccelli 
      As diferenças não tardaram a se  manifestar. Tendo suas terras invadidas pelos cortadores de mato,empregados da serraria ,Artur Perotoni teve o desgosto de ver  suas plantações serem  roubadas pelos novos moradores da Estação. Primeiro tinham cortado os pinheiros sem pedir licença,depois roubavam parte da colheita .Parecia difícil conviver com os "brasileiros".Desgostoso, vendeu suas terras e  foi viver distante do caminho  de ferro. A estrada de ferro com sua cerca de arame farpado impedia a passagem das antigas estradas vicinais. Muitas vezes dividia as propriedades e os trens traziam possíveis posseiros.
            Entre os colonos e os "brasileiros" foi estabelecida uma distância física  até mesmo para o entretenimento.Os trabalhadores da serraria dos Travi (lote 24 e 25 do Travessão Alencastro) reuniam-se numa " bodega " situada além do acesso atual para Salete e Santos Anjos,ali jogavam "bocha" e cartas.Já os colonos preferiam jogar na bocha dos  Slomp ,situada próxima da  casa comercial de Joaquim.
            Os "brasileiros" gastavam tudo o que ganhavam e os colonos não comiam um ovo para não jogar fora a casca.O entendimento entre os dois grupos era difícil .As brigas dividiam o povoado.
            Forqueta lembrava mais uma cidade do Oeste americano do que uma tranquila povoação colonial.
            Os trabalhadores viviam em ranchos construídos próximos das serrarias e   os da estrada de ferro acampavam  próximo dos trilhos Se comparadas aos ranchos dos trabalhadores , as  pobres casas dos colonos pareciam castelos.
           



        Artur Perottoni  um primeiros moradores de Forqueta  não gostou das consequências da construção da  estrada de ferro.Ele possuía terras próximas da praça  central e da estrada de ferro. Para o grupo de colonos formado por italianos e trentinos de  nascimento e  de origem a chegada da estrada de ferro trouxe mudanças profundas.  Foi como se finalmente os brasileiros chegassem à Estação Forqueta. Para se livrar desses novos habitantes vendeu suas terras e se mudou para um lugar distante da ferrovia

                        A localidade tinha tudo para progedir. Trabalho era o que não faltava, tanto para os marceneiros como para os carpinteiros. Quem sabia construir casas, carretas e  móveis tinha sempre o que fazer. Outra atividade que dava trabalho garantido era o hotel. O dono do hotel era José Della Giustina,também proprietário do açougue. Falava-se que matava cachorros e gatos para preparar a comida dos hóspedes. Os moradores de Forqueta já tinham então o hábito da maledicência.Não era só a comida que era mal falada ,o mesmo acontecia com as  moças que trabalhavam no hotel.  O Hotel ficava situado onde hoje é o bar do Vermelho,próximo da Praça. Era um prédio de madeira de dois pavimentos. No andar de cima ficavam os quartos e no andar de baixo a casa de comércio  e o  açougue .Mais tarde o hotel e a casa comercial foram comprados por Francisco Gobbato.Mais tarde  João Prezzi tornou-se dono do armazém.~

         Quem era o guarda -chaves  da Estação  era Gaetano Novelli. Sua família veio de Marcaria  em 1878 ,província de Mântua, na ,Lombradia.sua família chegou ao RS em 3 3 1878 e se localizaram no lote 23 do travessão Esmeralda , 9ª Légua ( Hoje flores da Cunha).Guarda-chaves  era o nome dado ao  “empregado ferroviário encarregado de manobrar e vigiar as chaves dos desvios nos entroncamentos das linhas férreas”. O seu trabalho era importantíssimo e os guarda-chaves de Forqueta eram cidadãos proeminentes na comunidade.
 Mais importante que o guarda chaves então eram os professores .Na localidade havia duas escolas . A pequena escola municipal e a escola particular de  Giuseppe Zucollotto ,segundo lembranças de algumas pessoas entrevistadas. Adelinda Giacomoni  ela estudou na pequena escola municipal situada ao lado da Capela de Santo Antônio.A professora ensinava em português e   era de Porto Alegre.
            As lembranças dos mais antigos moradores faz surgir uma nova  Forqueta, a  dos primeiros tempos do povoamento,  muito diferente da atual.Não parece ter sido pacífica a relação estabelecida   "brasileiros" e imigrantes italianos.Travaram-se algumas brigas  e uma divisão entre os dois grupos de povoadores.
             De um lado os colonos  italianos ou filhos de imigrantes italianos ,que em suas terras plantavam milho, videiras  ,batatas e outras culturas para sua subsistência e para a comercialização. De outro os trabalhadores "brasileiros”,que vinham para a região com as serrarias e  com a estrada de ferro .Se  as serrarias e a ferrovia trouxeram  progresso e movimento a Estação Forqueta , trouxeram também  problemas de convivência e de entendimento.
Os colonos eram pequenos proprietários, os trabalhadores eram proletários,visto que trabalhavam para outros. No Brasil o trabalho agrícola,por quatrocentos anos ,foi realizados pelos escravos. Plantar e cultivar era visto com desprezo pelas elites brasileiras. Plantar era tarefa de negros e de escravos. Os trabalhadores desprezavam os colonos. Os colonos julgavam uma ascenção social  possuírem terra  e nela plantar e colher em suas próprias terras.Viam com desconfiança os brasileiros que não tinham propriedade e gastavam tudo o que ganhavam .Os dois grupos tinham ideologias diferentes.

      As diferenças não tardaram a se  manifestar. Tendo suas terras invadidas pelos cortadores de mato,empregados da serraria ,Artur Perotoni teve o desgosto de ver  suas plantações serem  roubadas pelos novos moradores da Estação. Primeiro tinham cortado os pinheiros sem pedir licença,depois roubavam parte da colheita .Parecia difícil conviver com os "brasileiros".Desgostoso, vendeu suas terras e  foi viver distante do caminho  de ferro. A estrada de ferro com sua cerca de arame farpado impedia a passagem das antigas estradas vicinais. Muitas vezes dividia as propriedades e os trens traziam possíveis posseiros.
            Entre os colonos e os "brasileiros" foi estabelecida uma distância física  até mesmo para o entretenimento.Os trabalhadores da serraria dos Travi (lote 24 e 25 do Travessão Alencastro) reuniam-se numa " bodega " situada além do acesso atual para Salete e Santos Anjos,ali jogavam "bocha" e cartas.Já os colonos preferiam jogar na bocha dos  Slomp ,situada próxima da  casa comercial de Joaquim.
            Os "brasileiros" gastavam tudo o que ganhavam e os colonos não comiam um ovo para não jogar fora a casca.O entendimento entre os dois grupos era difícil .As brigas dividiam o povoado.
            Forqueta lembrava mais uma cidade do Oeste americano do que uma tranquila povoação colonial.
            Os trabalhadores viviam em ranchos construídos próximos das serrarias e   os da estrada de ferro acampavam  próximo dos trilhos Se comparadas aos ranchos dos trabalhadores , as  pobres casas dos colonos pareciam castelos.
A ferrovia e a morte dos pinheirais. 1925  Álbum