CENTRO
DE INDÚSTRIAS DE CAXIAS: OS SINDICATOS PATRONAIS
1946
- 1964
Em Porto
Alegre a união dos industriais apesar de
ser uma ideia antiga,apenas em 1930 se
concretizou a fundação do Centro da Indústria Fabril do Rio Grande do Sul(CIF),liderado
por um de seus maiores industrias A.J. Renner . Demonstrando seu caráter agrícola no Rio Grande do Sul a primeira
associação dos agropecuaristas a ser fundada foi a União dos Criadores e na Federação das
Associações Rurais do Rio Grande do Sul (FARSUL) e a dos comerciantes a Federação das Associações
Comerciais do Rio Grande do Sul.
Com
a criação do CIF a atuação dos industriais tornou-se eficiente, e através de
objetivos comuns visavam conseguir maiores linhas de financiamento ao setor e maior participação política da
categoria.
Durante
o Estado Novo (1937-1945) o governo federal começara a interferir diretamente
na economia brasileira, especialmente, no setor industrial. Com a A criação de institutos que regulavam a
produção, da criação de empresas estatais e de órgãos de incentivo à produção
nacional, que propiciaram juntamente com
a Segunda Guerra (1935-1945) considerável aumento no setor industrial.
O esforço de
guerra e as medidas governamentais possibilitaram um aumento do setor secundário
estadual e regional . Este aumento pode
ser constatado no quadro seguinte:
INDÚSTRIAS DO RIO GRANDE DO SUL E A REGIÃO COLONIAL
ITALIANA
1942 - 1946
Ano
|
Número de empresas
|
Capital empregado (CR$)
|
Operários empregados
|
||||
RS
|
RCI
|
RS
|
RCI
|
RS
|
RCI
|
||
1942
|
16.999
|
2.341
|
1.626.131
|
172.121
|
88.925
|
8.898
|
|
1946
|
22.235
|
3.252
|
2.520.587
|
343.678
|
106.707
|
13.126
|
|
Fonte:
Mem de Sá. Aspectos Econômicos da Colonização Italiana no Rio Grande do Sul (1)
De
acordo com estes dados houve um aumento percentual da participação regional na
economia gaúcha. Em 1942 a região colonial participou com 13,77% das empresas,
10,58% do capital e 10,80% dos operários do total da economia rio-grandense. Em
1946 a região aumentou sua participação percentual na economia estadual,
contendo 14,62% das empresas, 13,63% do capital e 12, 32% dos operários.
O
crescimento do setor industrial, em termos locais, foi devido entre outros
fatores a apropriação da produção metalúrgica e siderúrgica realizada pelo
governo federal. Tanto a Metalúrgica Gazola como a Eberle que tiveram sua produção dirigida para a produção bélica
ficando sob controle dos agentes do governo
federal.O esforço de guerra aumentou o rendimento das empresas . Dessa forma, o
Estado Novo propiciou condições para a modificação da estrutura da produção
industrial local, modernizando e ampliando o setor.
A
redemocratização (1946-1964) vai ampliar os movimentos operários e permitindo
,por outro lado a participação dos
políticos nos rumos da política nacional.Ao meso tempo ocorre o enfraquecimento
da Associação Comercial de Caxias do Sul.Enquanto a produção industrial aumentava
não ocorria na mesma proporção o crescimento comercial. O
comércio custou a se modernizar, centrado ainda nas grandes casas de negócio anteriores à Guerra.
O
enfraquecimento da Associação Comercial será determinado por dois fatores: a
criação dos sindicatos patronais e a do Centro das Indústrias de Caxias do Sul.
Os
sindicatos patronais foram organizados a
partir de 1948. Antes desta data já existiam algumas associações de classes
patronais, que funcionavam junto a Associação Comercial. Imediatamente após a
organização das associações patronais não houve mudança visível na forma da
atuação da Associação.
Em 17 de julho de 1951 foi instalada uma Delegacia Regional do
Centro de Indústria Fabril do Rio Grande do Sul. Do ato de sua instalação participaram cerca de cem
caxienses industrias, muitos dos quais vinculados à Associação Comercial.
A situação começa a delinear-se
quando em 30 de abril de 1953, ,quando a
Associação Comercial teve seus estatutos
reformulados. Para a modificação dos estatutos contribuíram o aumento do poder dos industriais ,passando a
se denominar Associação Comercial e Industria lde Caxias do Sul. Mas jpá era
tarde e a cisão entre comerciantes e industriais era inevitável,
Os
fins da Delegacia Regional eram os mesmos do Centro de Indústria Fabril no
RGS., ou seja a defesa dos interesses
legítimos de classe, onde quer que se manifestassem, especialmente perante os
órgãos do poder público, bem como promover o aperfeiçoamento, a expansão da
indústria fabril e a união dos industriais deste município e de outras regiões.
A
Delegacia Regional organizou-se por meio
da escolha de delegados e do aumento do número de associados,levando em
conta rigorosa seleção . A Delegacia
propunha-se também a não intervenção em questões político partidárias, de
religião e do nacionalismo.Seguindo assim os princípios do liberalismo .
Entre
os objetivos da Delegacia, destinados a levar a consecução de seus fins, estavam ainda a busca da harmonia entre
patrões e operários, facilitando a terminação rápida e conciliatória das
questões que entre eles possa ocorrer e a assistência aos sócios nos sindicatos profissionais.
No
ano seguinte, ligada à Delegacia Regional do CIF foi fundada a Associação
Profissional da Indústria da Fiação e Tecidos; em 30 de abril de 1957 , foi criada a Associação das Indústrias
Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul; em 26 de
agosto de 1963, o Sindicato das Indústrias de calçados, alfaiataria, confecções
de roupas de homens, camisas para homens, de guarda-chuvas, bengalas e chapéus
de Caxias do Sul.
Em
30 de maio de 1954 foi constituído o Centro da Indústria Fabril de Caxias do
Sul, conseguindo autonomia em relação ao CIF do RGS. Os fins do CIF de Caxias
eram os mesmos do Centro etadual , ou seja, de defender os interesses dos industriais e
congrega-los a fim de facilitar o intercâmbio com outros Centros do país e do
exterior, manter relações com entidades de classe, propiciar o aperfeiçoamento
e a expansão da indústria fabril e representar as indústrias associadas perante
os poderes públicos.
Os
sindicatos que antes atuavam junto à Associação passaram a ser assessorados pelo CIF local. Como esse era o
papel anteriormente desempenhado pela Associação Comercial perdeu assim uma de suas mais importantes atribuições.
Os
industriais passaram a ter dois órgãos de classe: a Associação Comercial e
Industrial e o Centro das Indústrias de Caxias do Sul. É interessante observar
que a existência de dois órgãos representativos da classe patronal, longe de
fortifica-las reduziu a força de pressão
da Associação Comercial e Industrial que até então assumira o papel de um sindicato patronal. A fundação do Centro
das Indústrias de Caxias do Sul é o ponto de ruptura do poder da Associação Comercial.
A
criação dos sindicatos patronais por outro lado tornou-se necessária visto que
o movimento reivindicatório dos operários desses setores fazia-se sentir com
grande intensidade. De certa forma são os operários que induzem os patrões a se
sindicalizarem.
Esvaziada
de seu caráter sindical e de sua força de pressão a Associação Comercial e
Industrial de Caxias do Sul perdeu seu lugar para os sindicatos patronais e para
o o Centro das Industrias.
Os
industriais tomaram o comando das ações político-econômicas da comunidade local. Ao mesmo tempo em que
ocorreram as modificações na atuação da Associação, começou também o processo de reorganização política local.
Com
a reorganização dos partidos políticos novas forças sentir , de tal reorganização participaram tanto os
industriais quanto os comerciantes.Sua atuação e torna menos direta do que no fim da República Velha.
São os “políticos” que passam a representar tanto os interesses da classe
patronal como dos trabalhadores.
O
surgimento de “políticos” - isto é pessoas que se dedicavam as lides partidárias é um elemento novo na organização
política local. Os “políticos”, em geral, tem algum curso superior ou trabalharam
longos anos como “contadores” das empresas, ou prestavam serviços jurídicos aos
sindicatos de classe. Is novos políticos ,em geral passam a ser de certa forma parte da elite intelectual da cidade.
Além
dos “políticos” que passaram a ser os representantes tanto das classes
patronais quanto da classe trabalhadora, novos elementos afloraram na sociedade
caxiense.Um dos novos elementos foi a ação direta da Igreja na direção da
política local. A atuação da Igreja havia sido direta nos primeiros tempos da
colonização. Na República Velha sua atuação tinha sido menos evidente, e
durante o Estado Novo houve certa acomodação a estrutura política vigente. A
criação dos COC foi sua mais marcante atuação no período, bem como a luta
contra os sindicatos oficiais.
Na
década de cinquenta a Igreja passa a atuar de forma direta, tanto na orientação
do voto dos católicos, como na Liga Eleitoral Católica. A Igreja não faz
política partidária, mas a ação dos sacerdotes em prol do PDC é decisiva na
arregimentação partidária.
No
púlpito da Igreja local são os eleitores aconselhados a votarem nos candidatos
católicos, sendo lidos e repudiados os nomes dos políticos “divorcistas” e
“comunistas”.
A
campanha anticomunista é outro elemento novo que ocorre no período. Nas
escolas, nos templos e nos jornais a campanha contra o comunismo se faz sentir. Não é só a
Igreja que participa dessa luta contra o
comunismo, a campanha contra os socialistas ganha as ruas, envolvendo parte da
população. Vários incidentes que ocorreram e provam a “síndrome vermelha” que
passou a assolar a cidade. A mesma
Igreja que defendeu a ditadura fascista se arvora em defensora da democracia.
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