A Igreja dada as
características locais da imigração italiana,ao que tudo indica, teve maior influência na questão operária do que em outras regiões do país. Desde o
início da colônia Caxias esta influência
se fez sentir, com o correr do tempo a Igreja assumiu nova característica, porém, sua importância
continua evidente.
Nos
primeiros tempos da colonização a Igreja apresentou uma ação conservadora e
radical, que determinou os conflitos com a Maçonaria. A organização dos Comitês
Católicos levou ao confronto armado entre católicos e maçons, estes defendendo
o jovem Reino da Itália a aqueles o direito do Papa sobre os e
Estados
Pontifícios. Este confronto demonstrou a hegemonia da Igreja, esvaziando a ação política realizada pelos maçons locais.
Após sua afirmação de seu domínio local, a Igreja passa a atuar na educação, criando estabelecimentos de ensino para a elite e para as classes menos privilegiadas,Atua também na orientação política da população, .
Durante o Estado Novo a Igreja passa por uma fase menos atuante a ação católica limitando-se atividades religiosas, alguns sacerdotes tiveram uma atuante posição
favorável à ditadura.
Com
a queda do Estado Novo e a reorganização do Partido Comunista a Igreja inicia
eficiente campanha contra a sua reorganização . No final do Estado Novo a
organização do Circulo Operário, cujos vínculos com a classe patronal são
inegáveis, permite o controle sobre os operários. O assistencialismo propiciado
pela organização concorre com os do
sindicatos de classe, os operários são convencidos e não participarem dos
sindicatos de classe - reduto dos comunistas da opinião do clero- e
permanecerem unidos sob a bandeira da doutrina social da Igreja.
A
formação da liga Eleitoral Católica é outra atividade da Igreja para dirigir os eleitores paravotarem nos candidatos preferenciais do clero. Com a organização do Partido Democrata
Cristão, muitos católicos que estavam vinculados ao PRP, passam para o novo
partido. O apoio da Igreja à nova agremiação é evidente, e o poder eleitoral da
Igreja é demonstrado pela eleição de um sacerdote à Câmara
Municipal, recebendo a mais expressiva votação, em termos percentuais, da história
das eleições locais.
No
período pré-revolucionário a propaganda anti comunista é liderada pelos
elementos conservadores da Igreja Católica, tendo papel fundamental a ordem do
capuchinhos, responsável pelas manifestações contra governo de João Goulart,
com as marchas pela família e propriedade. A renovação das posições da Igreja
faz-se sentir entre o clero mais jovem, que tivera oportunidade de estudar fora do Brasil. O tipo de postura
mais liberal com vínculos com os estudantes vai levar a prisão de um destes
elementos após a Revolução. O Concílio Vaticano II teve influencia decisiva da
modificação deposições de parte do clero, a maioria dos católicos locais,
passou por período de grande apreensão com a leitura e a interpretação dada as encíclicas papais-especificamente a Mater e Magistra-Data desde período a
acusação que pesou sobre alguns sacerdotes de serem comunistas. O clero
conservadr continuou constituindo a maioria expressiva, o mesmo acontecendo com
as ordens religiosas, que após o a consolidação do Golpe de 1964, o realizaram expurgos de professores considerados “comunistas” nas escolas ligadas à Igreja.d .
O Golpe de 64 foi saudado como salvador do cristianismo, por parte do clero
local. Entre estes o Circulo Operário teve papel decisivo, na contrapropaganda aos sindicatos e na ação para impedir entre os operários católicos a deflagração de movimentos paredistas
que se preparavam antes e após 1964.
Os
operários que vivenciaram este período ativo da Igreja Conservadora, guardam
amargas recordações desta atuação. Após 1969 um novo movimento da Igreja tem
início das comunidades eclesiais de base,relacionadas com a aplicação dos princípios de Puebla e do Concilio Vaticano II. Este movimento que se expandiu nos
bairros operários locais, pertenciam a organização latino-americana da
Igreja renovadora. Na década de setenta quando a ditadura impedia qualquer
tipo de manifestação política reivindicadora as comunidades de base expandem-se
livremente pela cidade, organizando as massas proletárias, tendo sido criados
vários núcleos locais.
A
nova atuação da Igreja passa a procurar as lideranças sindicais locais, as
comunidades de base, fazem com que sejam alijados do poder alguns grupos de sindicalista há muito encastelados no poder. Alguns líderes mais perspicazes uniram-se a estes
grupos novos e mantiveram sua antiga posição. Outros percebem o perigo de perder
as posições duramente conquistadas, reorganizam-se para permanecer
no poder.
O
movimento das comunidades eclesiais é visto pelos trabalhadores entrevistados
como a organização mais atuante entre eles. Unidas ou não as associações de bairro então formadas as comunidades de base foram responsáveis pela
reorganização do movimento sindical, que precisou melhorar suas relações
com suas bases, sob o perigo de perder suas posições De certa forma as
comunidades correspondiam ao tipo de papel que o Partido Comunista
desempenhou no período da redemocratização(1946-1964) . Pode-se afirmar a posição do
Partido foi tomada pela Igreja, num movimento envolvente em torno das bases,
tradicionalmente haviam sido organizadas pelo PCB.
E
interessante observar que enquanto os operários se dão conta do papel atuante
da Igreja Renovadora junto a classe, o mesmo não ocorreu os patrões, apenas um
entre os entrevistados percebeu a importância desta nova atuação da Igreja. Os
outros e afirmaram que a Igreja não tem qualquer papel junto as suas
empresas. Deve-se considerar que esta atividade renovadora da Igreja não se
apresenta diretamente dentro da administração das empresas, mas seu domínio é indireto sobre a forma de atuação dos operários, a nova postura do operário é atribuída apelos patrões a abertura ou a crise
econômica do periodo.
Tanto
patrões como os operário associam a nova ação da Igreja ao comunismo, esta
crença se faz sentir nas lideranças sindicais instaladas nas diretorias e nas
classes patronais conservadoras. Classe
esta acostumada a antiga postura de acomodação adotada pela Igreja pré-concílio
Vaticano II, muito semelhante a acomodação realizada pela classe patronal ás
mais divergentes linhas políticas que controlaram o poder no país nos últimos
cem anos.
Com o passar do tempo,após 1978, com a eleição de João Paulo II, a Igreja deixa seu papel profano , passando a ter nova postura mais conservadora,voltada para a fé e não para os pobres. Mas seu papel é importante na organização do Partido dos Trabalhadores,após 1981, quando uma facção partidária a Articulação vincula-se aos sindicatos católicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário