Praça Dante .Feira .1910.Fonte:Adami.
È interessante observar que quando acontecem
mudanças radicais na tecnologia ,
nem os jornalistas nem os
administradores se dão conta da sua extensão. A força do presente oblitera a
percepção do futuro. Assim foi com a
chegada a estrada de ferro e do
transporte ferroviário a Caxias, em 13 de maio de 1910 foi inaugurada a energia
elétrica na sede do município. Quando em
junho de 1910, a Vila foi elevada à Cidade, no mesmo dia em que foi inaugurada a nova Estação Férrea, tais modificações foram
essenciais para o futuro da cidade. Com a energia e elétrica e o novo meio de
transporte no futuro próximo. Nos
relatórios dos intendentes e nos jornais
da época ,parece que ninguém parece estar refletindo sobre as transformações profundas que decorreriam de tais fatos.
Entre
1900 e 1910 foram muitas as mudanças de
Caxias. A principal foi a inauguração da ferrovia ligando-a ao centro do país.
A ferrovia veio mudar profundamente o transporte regional, mas não de forma
imediata. A publicidade do transporte fluvial pelo rio Cai vai continuar até
1930. Não encontrei a data da sua suspensão. Não foi só o transporte fluvial
que foi atingido pela mudança. A estrada que ligava a cidade à capital também
foi sucateada, só muitos anos mais tarde, com a abertura da BR 116 que ganhou normalidade.
A chegada dos automóveis na região não é possível determinar quando
aconteceu, mas foi entre 1915 e 1920.
Em
1913 foi realizado um censo na cidade
que contava então com 3.742 almas. O
Intendente julgava que pelo desenvolvimento que tinha Caxias, a sua população não
poderia baixar de cinco mil habitantes ,
mas tal não ocorreu. Tendo uma sensível redução populacional ,que tinha suas causas.
Informa Penna de Moraes
“Este município, como sabeis, forneceu povoadores para outros
pontos do Estado, tais como Antonio Prado, Guaporé, Sananduva e, em bom numero,
para as colônias novas que se fundaram ultimamente nas ubérrimas terras do
município de Passo Fundo. E não era de esperar outra cousa. As nossas terras não
se prestam senão a certos gêneros de cultura : vinha, trigo, fructas, não sendo
muitas as zonas que se prestam para a cultura dos cereais alimentícios comuns.. Dai advém também a corrente emigratoria.”
Fatos que pouco se conhece e que deles já não tem notícia são levantados por
Penna de Moraes. Um deles é a migração em busca de novas terras. As terras eram
mais férteis e mais baratas, no Oeste de Santa Catarina e mais tarde no Paraná. Para tanto foram criadas as companhias
de colonização. Em pesquisa realizada em 1985 foram levantadas companhias de
colonização que tinham o mesmo principio básico das colônias oficiais criadas
no último quartel do século XIX. Com algumas diferenças, enquanto nas colônias
oficias o desmatamento era setorizado ,ocorrendo nas picadas e nas estradas
vicinais, já companhias de colonização formadas
por quatro ou cinco sócios dedicavam-se num primeiro momento a desmatar ,a
serrar e a vender a madeira das
florestas que cobriam o extremo Oeste do Brasil Meridional para só então vender
os lotes desmatados. A partir de 1910 milhares de colonos venderam suas terras
nas chamadas colônias antigas dirigindo-se as novas colônias. Em geral o preço
de uma colônia de terra em Caxias custava cinco vezes mais do que nas novas terras do extremo
oeste. Assim o colono que tinha uma colônias poderia comprar cinco em Santa
Catarina. As condições de pagamento eram semelhantes às propostas pelo governo imperial,
ou seja, um prazo de dez anos para o pagamento do débito.
Na pesquisa realizada em 1985 foram
entrevistadas 65 famílias que saíram da região colonial antiga e se mudaram
para as novas colônias. Para a pergunta sobre o porquê que tinham deixado
o Rio Grande do Sul a resposta da
maioria absoluta foi o preço da terra. Assim foi a especulação imobiliária
fator de expulsão dos imigrantes italianos das antigas colônias, Dona Isabel,
Conde D’Eu, Caxias e Antônio Prado.
Outro fato que levou os
colonos a migraram foi o fato de poder comprar mais terras e permitir que a
família ficasse unida. Na velha região as famílias tinham de se dispersar o que
impedia o costume de se ajudarem em tempos de colheita ou de catástrofes naturais.
Além dos familiares, também muitas
famílias amigas mudavam-se para o mesmo
lugar, facilitando a endogamia do grupo.
O segundo ponto que o Intendente observa foi o
da degradação da cobertura vegetal. Não há como negar que foram as serrarias
que precediam a venda das terras foram as responsáveis pelo desmatamento da
Região Sul. Companhias como a Luce e Rosa, Eberle & Cia, Santo Antônio (em
tempos mais recentes) foram a grandes estimuladoras da grande migração na direção noroeste. .As companhias não ofereciam
a infraestrutura básica se valiam da proximidade de uma pequena cidade para
oferecer algum atendimento aos novos imigrantes.
Em 1910,a cidade apesar
da redução da população ,que na maioria era rural, possuía 716 prédios ,o que dava uma média de ocupação
de aproximadamente 6 pessoas por habitação .Das construções 510 eram de madeira
e apenas 109(15,22%) de alvenaria. O relatório do Intendente informa ainda que
havia quatro palacetes. O que significa que os ricos eram poucos.Uma dad casas que poderiam ser chamadas
de palacetes eram A Casa Serafini , a
Casa Vicente Rovea e o Hotel Grossi, o cinema Ideal e o Clube Juvenil .
Não havia automóveis
registrados apenas carros, carrinho ,carretas e carroças, num total de 331 veículos
,o que corresponde a 113 pessoas por veiculo.
Chalet da Intendência Praça Dante (1912)
Fonte Relatório de Penna de Moraes
Na pesquisa realizada em 1985 foram
entrevistadas 65 famílias que saíram da região colonial antiga e se mudaram
para as novas colônias. Para a pergunta sobre o porquê que tinham deixado
o Rio Grande do Sul a resposta da
maioria absoluta foi o preço da terra. Assim foi a especulação imobiliária
fator de expulsão dos imigrantes italianos das antigas colônias, Dona Isabel,
Conde D’Eu, Caxias e Antônio Prado.
Outro fato que levou os
colonos a migraram foi o fato de poder comprar mais terras e permitir que a
família ficasse unida. Na velha região as famílias tinham de se dispersar o que
impedia o costume de se ajudarem em tempos de colheita ou de catástrofes naturais.
Além dos familiares, também muitas
famílias amigas mudavam-se para o mesmo
lugar,facilitando a endogamia do grupo.
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