quinta-feira, 8 de agosto de 2013

CAXIAS NOS IDOS DE 1910


Praça Dante .Feira .1910.Fonte:Adami.

            È interessante observar que quando acontecem mudanças  radicais na tecnologia , nem  os jornalistas nem os administradores se dão conta da sua extensão. A força do presente oblitera a percepção do futuro. Assim foi com  a chegada a estrada de ferro e  do transporte ferroviário a Caxias, em  13 de maio de 1910 foi inaugurada a energia elétrica na sede do município.  Quando em junho de 1910, a Vila foi elevada à Cidade,  no mesmo dia em que foi inaugurada a  nova Estação Férrea, tais modificações foram essenciais para o futuro da cidade. Com a energia e elétrica e o novo meio de transporte  no futuro próximo. Nos relatórios dos intendentes  e nos jornais da época ,parece que ninguém parece estar refletindo sobre as    transformações profundas   que decorreriam de tais fatos.
Entre 1900 e 1910 foram muitas as  mudanças de Caxias. A principal foi a inauguração da ferrovia ligando-a ao centro do país. A ferrovia veio mudar profundamente o transporte regional, mas não de forma imediata. A publicidade do transporte fluvial pelo rio Cai vai continuar até 1930. Não encontrei a data da sua suspensão. Não foi só o transporte fluvial que foi atingido pela mudança. A estrada que ligava a cidade à capital também foi sucateada, só muitos anos mais tarde, com a abertura da BR 116 que ganhou normalidade. A chegada dos automóveis na região não é possível determinar quando aconteceu, mas foi entre 1915 e 1920.
Em 1913 foi realizado um censo na cidade  que contava então com 3.742 almas. O Intendente julgava que pelo desenvolvimento que tinha Caxias, a sua população não poderia baixar  de cinco mil habitantes , mas tal não ocorreu. Tendo  uma  sensível redução populacional ,que  tinha suas causas.
Informa Penna de Moraes  
Este município, como sabeis, forneceu povoadores para outros pontos do Estado, tais como Antonio Prado, Guaporé, Sananduva e, em bom numero, para as colônias novas que se fundaram ultimamente nas ubérrimas terras do município de Passo Fundo. E não era de esperar outra cousa. As nossas terras não se prestam senão a certos gêneros de cultura : vinha, trigo, fructas, não sendo muitas as zonas que se prestam para a cultura dos cereais alimentícios comuns.. Dai advém  também a corrente emigratoria.”
Fatos que pouco se  conhece e que  deles já não tem notícia são levantados por Penna de Moraes. Um deles é a migração em busca de novas terras. As terras eram mais férteis e mais baratas, no Oeste de Santa Catarina e mais tarde no  Paraná. Para tanto foram criadas as companhias de colonização. Em pesquisa realizada em 1985 foram levantadas companhias de colonização que tinham o mesmo principio básico das colônias oficiais criadas no último quartel do século XIX. Com algumas diferenças, enquanto nas colônias oficias o desmatamento era setorizado ,ocorrendo nas picadas e nas estradas vicinais, já  companhias de colonização formadas por quatro ou cinco sócios dedicavam-se num primeiro momento a desmatar ,a serrar e a  vender a madeira das florestas que cobriam o extremo Oeste do Brasil Meridional para só então vender os lotes desmatados. A partir de 1910 milhares de colonos venderam suas terras nas chamadas colônias antigas dirigindo-se as novas colônias. Em geral o preço de uma colônia de terra em Caxias custava cinco vezes mais  do que nas novas terras do extremo oeste. Assim o colono que tinha uma colônias poderia comprar cinco em Santa Catarina. As condições de pagamento eram semelhantes às propostas pelo governo imperial, ou seja, um prazo de dez anos para o pagamento do débito.
 Na pesquisa realizada em 1985 foram entrevistadas 65 famílias que saíram da região colonial antiga e se mudaram para as novas colônias. Para a pergunta sobre o porquê que tinham  deixado  o Rio Grande do Sul a  resposta da maioria absoluta foi o preço da terra. Assim foi a especulação imobiliária fator de expulsão dos imigrantes italianos das antigas colônias, Dona Isabel, Conde D’Eu, Caxias e Antônio Prado.
Outro fato que levou os colonos a migraram foi o fato de poder comprar mais terras e permitir que a família ficasse unida. Na velha região as famílias tinham de se dispersar o que impedia o costume de se ajudarem em tempos de colheita ou de catástrofes naturais. Além dos familiares, também  muitas famílias  amigas mudavam-se para o mesmo lugar, facilitando a endogamia do grupo.
 O segundo ponto que o Intendente observa foi o da degradação da cobertura vegetal. Não há como negar que foram as serrarias que precediam a venda das terras foram as responsáveis pelo desmatamento da Região Sul. Companhias como a Luce e Rosa, Eberle & Cia, Santo Antônio (em tempos mais recentes) foram a grandes estimuladoras da grande migração na  direção noroeste. .As companhias não ofereciam a infraestrutura básica se valiam da proximidade de uma pequena cidade para oferecer algum atendimento aos novos imigrantes.
Em 1910,a cidade apesar da redução da população ,que na maioria era rural, possuía  716 prédios ,o que dava uma média de ocupação de aproximadamente 6 pessoas por habitação .Das construções 510 eram de madeira e apenas 109(15,22%) de alvenaria. O relatório do Intendente informa ainda que havia quatro palacetes. O que significa que os ricos eram  poucos.Uma dad casas que poderiam ser chamadas de palacetes eram  A Casa Serafini , a Casa Vicente Rovea e o Hotel Grossi, o  cinema Ideal e o  Clube Juvenil .
Não havia automóveis registrados apenas carros, carrinho ,carretas e carroças, num total de 331 veículos ,o que corresponde a 113 pessoas por veiculo.
A Praça Dante continuava uma grande feira ,como as antigas feiras medievais onde tudo se vendia.A Intendência possuía nela um quiosque alugado, chamado de chalet. Havia ainda   outros quiosques particulares .Só com quando foram erigidos os bustos de Dante Alighieri e de Júlio de Castilhos e com a  sua reforma de 1913 que Praça ganhou sua nova feição.
Chalet da Intendência Praça Dante (1912)
Fonte Relatório de Penna de Moraes 


 Na pesquisa realizada em 1985 foram entrevistadas 65 famílias que saíram da região colonial antiga e se mudaram para as novas colônias. Para a pergunta sobre o porquê que tinham  deixado  o Rio Grande do Sul a  resposta da maioria absoluta foi o preço da terra. Assim foi a especulação imobiliária fator de expulsão dos imigrantes italianos das antigas colônias, Dona Isabel, Conde D’Eu, Caxias e Antônio Prado.
Outro fato que levou os colonos a migraram foi o fato de poder comprar mais terras e permitir que a família ficasse unida. Na velha região as famílias tinham de se dispersar o que impedia o costume de se ajudarem em tempos de colheita ou de catástrofes naturais. Além dos familiares, também  muitas famílias  amigas mudavam-se para o mesmo lugar,facilitando a endogamia do grupo.







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