INTRODUÇÃO
O fenômeno migratório, que caracteriza o final
do século XIX e o início do século XX,
que vai deslocar apreciável contingente humano da Europa para a América, não é
um fato isolado. Está associado às transformações sociais, políticas e econômicas que ocorrem
no mundo ocidental, em decorrência da expansão do capitalismo, e às novas
formas de produção que então serão adotadas. Neste contexto, insere-se a
imigração italiana.
A empresa migratória no Brasil está associada a este processo de transformações:
de um lado a mudança da política das terras, que tenderá democratizar a propriedade,
e de outro a necessidade de mão de obra livre e branca, para substituir a mão
de obra negra e escrava, que até então sustentava a produção do país.
No Rio Grande do Sul, em
1875, tem início a última etapa do povoamento, com a chegada das primeiras levas
de imigrantes italianos. Estes vão se localizar nas terras devolutas do
Império, situadas na encosta superior do Planalto. A vinda dos imigrantes
italianos está ligada ao processo de substituição de mão de obra e à política
de imigração e colonização do Governo Imperial.
A análise dos fatores
determinantes da imigração italiana não pode ser desvinculada da situação
mundial do período, que ocasionou no Brasil um ambiente propício às
transformações internas.
Sistematizar os aspectos
essenciais da imigração italiana, não é tarefa fácil, é necessário selecionar
as variáveis principais e as dependentes. Muitos pontos importantes ainda não
foram suficientemente estudados, dificultando ainda mais o trabalho.
Apresentam-se problemas conceituais, como no caso do termo " colônia"
, entre outros que não foram, ainda estabelecidos.
Como variável independente
será considerada a situação político-econômica européia, decorrente da expansão
do capitalismo no final do século XIX. A situação sócio-política e econômica da Itália , na década que sucede a unificação italiana, será
decorrente desta mesma situação. O mesmo ocorre em relação ao Brasil. Quanto ao
caso específico do Rio Grande do Sul, será dependente da situação brasileira do
período.
Qualquer tentativa de explicação,
desvinculada destas relações, poderá tornar-se simplista e factual.
A EXPANSÃO DO CAPITALISMO EUROPEU
" Não é demais
lembrar que o fenômeno migratório havido
do século XIX ao século XX está diretamente ligado à expansão do capitalismo
europeu e às transformações das estruturas políticas, econômicas, sociais,
vigentes na Europa e no Brasil, herdados de um período anterior que era, na
Europa, feudalismo e, no Brasil, escravidão"2. É desta forma
que Ianni encara o fenômeno migratório,
"como um movimento da força de trabalho num mercado de força de trabalho
mundial que então se criou." Isto
significa que a Europa possuía mão-de-obra excedente, passando a ser
fornecedora desta mercadoria para a América, que sofria, no período, de uma
crônica carência da mesma.
A expansão do capitalismo
europeu após o início da Revolução Industrial, estudada por Dobb 3,
elucida a concentração da produção e a expansão desta, determinada pela
abundância da mão de obra, fruto da explosão desta, determinada pela abundância
da mão de obra, fruto da explosão demográfica ocorrida no século XVII. A
vinculação do crescimento da produção ao
da oferta da mão de obra é significativo, pois, quando o crescimento desta se
estabiliza e se organiza, através dos movimentos sindicais, a solução será a
expansão em direção aos mercados coloniais. Estes sofrerão modificações
estruturais para se tornarem eficientes fornecedores não só de matéria-prima,
como também mercados consumidores.
Não é, pois, de estranhar-se
que a Grande Imigração aumente após 1873, quando ocorre na Europa a Grande
Depressão. Esta é causada pelo aumento do custo da mão de obra, em níveis mais
elevados do que o das matérias-primas, 4 ocasionando a falência de
muitas empresas, criando condições favoráveis para a emigração.
Ao período de expansão do
liberalismo econômico correspondente, também, a
expansão do nacionalismo. A importância deste é tão grande na economia,
quanto na política. Neste último aspecto vai determinar a extinção gradativa
dos antigos impérios absolutistas e a reorganização dos estados, que servirão à nova ordem socioeconômica.
Esta reorganização política europeia gerará não só uma nova divisão
territorial, como outra, bem mais séria, o problema da assimilação da população
dominada pelas potências dominadoras.
Ao problema social soma-se o
econômico e o político. As máquinas que, em parte, aumentaram os capitais da
burguesia, e, em parte, desalojaram os operários de suas ocupações, garantiram
a expansão em direção à América. A mesma expansão técnica que expulsava os
homens garantiria seu transporte para outras terras, através dos navios à
vapor. A Europa passou a exportar em larga escal produtos industrializados,
religião, costumes, ideias e , especialmente, europeus.
A emigração
servirá para aliviar as tensões internas
causadas pelas estruturas econômicas rígidas, pela ausência de capitais
e pela manutenção das mesmas relações de produção.
Sob o domínio do imperialismo industrial, o papel dos povos atrasados na
história já não será o de prover tesouros pelo saque ou de abastecer o mercado
mundial de ouro... Sua função passa a ser o fornecimento de matérias-primas
para a elaboração industrial.5
A mesma expansão econômica
que determinava a saída dos europeus, exigia a expansão do mercado fornecedor
de matérias-primas e produtos agrícolas. O mercado internacional da força de
trabalho estrutura-se. As vantagens do trabalhador europeu são apresentadas
pelas teorias "científicas" do período. Estes seriam mais adaptados à
produção, e ao mesmo tempo, súditos fiéis com os quais o imperialismo europeu
poderia contar no futuro. Tenta-se, deste modo, desalojar a mão de obra negra,
menos eficiente e submissa, de acordo com as opiniões vigentes, tanto na Europa
como no Brasil.
A ITÁLIA E A
EMIGRAÇÃO
Situação
política durante a segunda metade do século XIX.
Após a queda de Napoleão, a
Itália, que estivera praticamente reunificada sob o domínio francês, fragmenta-se com o Congresso de Viena (1815).6
A Áustria, graças à política de Metternich, recebe as melhores porções, como: a
Lombardia e a Venecia. São colocados
membros da família dos Habsburgos nos tronos da Toscana, de Parma e de Módena.
Apenas os Estados Pontifícios, Nápoles e o Piemonte permaneceram livres.
A reunificação tem início
com a Revolução de 1848, lançada esta ideia pela Jovem Itália, fundada por
Mazzini. Apesar da expansão do movimento, que se alastrou da Sicília à Veneza,
o movimento foi aplastrado pela
intervenção dos países católicos, liderados pela França.
O movimento de unificação
liderado pelo Piemonte, consegue, desta feita com o apoio da França, a
liberação da Lombardia (1859) e de Veneza (1866). Em 20 de setembro de 1870, os
Estados romanos passam a fazer parte do novo reino. Quando o governo francês
retira suas tropas - destinadas a garantir o poder temporal do Papa - durante a
guerra franco-prussiana, os exércitos italianos tomam Roma, que se torna a
capital do Reino da Itália. Entretanto, o sul do Tirol, Trentino, Trieste e
Ístria, continuam sob a dominação austríaca. A Itália Irredenta só volta ao
domínio italiano pelo Tratado de Saint-Germain, assinado após o término da
Primeira Guerra, em 1919.
Durante as lutas pela
unificação a situação do norte da Itália era muito difícil. Súditos austríacos
permaneceram em território italiano, enquanto o inverso também ocorria. O
descontentamento da população da antiga República Veneziana, não era menor do
que a do Trentino, que permanecia sem nação e sem bandeira.
Para tornar ainda mais
difícil a situação, ocorria "uma oposição entre o Norte e o Sul: o
primeiro, já aparentado com a Europa Central, em ligação mais estreita com o
resto do continente, especialmente
laborioso e industrioso; o segundo mais arcaico, sofrendo mais dos
inconvenientes do grande domínio."7
Situação socioeconômica após a unificação
Após a unificação, a Itália
"continuava sendo um país agrário, regido por relações sociais muito
atrasadas que freavam seu desenvolvimento econômico e condenavam as massas
populares à miséria e fome." 8 Foi esta miséria o principal
fator da emigração italiana.
Carente de minerais, como o
carvão, o ferro e o petróleo, a principal concentração industrial da Itália
localizava-se ao norte, sendo a indústria têxtil a mais importante. A
indústria, dependente do capital externo, não se mostrava capaz de absorver
grande quantidade de mão de obra disponível. Esta era ocupada, na maior parte,
na agricultura. A estrutura fundiária apresentava distorções: latifúndios no
sul e no centro, e a pequena propriedade
ao norte. Os camponeses daquelas regiões trabalhavam pelo sistema de meias, nas
terras arrendadas aos proprietários, e os destas viviam esmagados pelos
impostos e pelos atrasados métodos de cultivo.
O problema principal da
Itália não era, apenas, de excesso populacional, "o problema de população
não pode ser isolado dos outros fatores: disponibilidade de capitais ou
capacidade de mobilizá-los e usá-los, estado da tecnologia, estrutura
político-social do país..."9
Segundo Constantino Ianni, é mais no sistema econômico vigente, do que no
excesso de população, que devem ser procurados os fatores da emigração. Assim,
a explicação da " emigração por causa da miséria" é decorrente da
ideologia vigente no Reino Italiano, que procurava comover os demais países,
para que estes recebessem os emigrantes italianos.
Além dos fatores já citados,
" que predispunham a emigração, devem ser mencionados: o esgotamento da
terra, as crises agrícolas, a política fiscal, o desfloramento, a política
comercial entre outros."10
A emigração tornou-se por
outro lado importante fator econômico. O
autor já citado faz um extenso levantamento dos lucros auferidos com a empresa
emigratória, tanto em relação às companhias de navegação quanto às instituições
de crédito. 11 Assim, além da solução individual dos problemas
econômicos, a saída dos italianos tornou-se um empreendimento altamente
rentável para o Reino. A cobrança das passagens, e, mais tarde, a remessa de
lucros dos emigrantes, para seus parente italianos, forneceram um movimento de
capital, que não pode ser deixado de lado, nem ser desvinculado do progresso
econômico apresentado pelo país na última década do século XIX.
Decorrente das estruturas
econômicas, apesar da extinção dos privilégios feudais, sob o domínio
napoleônico, havia pouca possibilidade de mobilidade vertical. O problema
apresentava-se sem solução pois o governo estava mais preocupado com a solução
dos problemas políticos, gerados pela unificação, e menos com problemas
sociais.
É interessante observar, que
mesmo a emigração, que propiciou a saída de 24 milhões de italianos,12
entre 1869 e 1962, não reduziu o crescimento demográfico do país.
O BRASIL E A IMIGRAÇÃO
Referindo-se à situação
econômica do Brasil, na segunda metade do século XIX, Celso Furtado afirma:
" a chave do problema econômico estava, portanto, na mão de obra." 13
A imigração será, por conseguinte, a forma
encontrada para solucionar o impasse
gerado pela extinção do tráfico. Imigrantismo e abolicionismo são aspectos da mesma
questão. Da mesma forma a adoção de uma nova política de terras corresponde a
uma mudança de atitude diante do problema da mão-de-obra.
A política
imperial de colonização e imigração
" A política de terras
e de mão de obra estão sempre relacionadas, e ambas dependem, por sua vez, das
fases do desenvolvimento econômico."14 Após a extinção do tráfico, deveria ocorrer,
como na realidade ocorreu, uma mudança de posicionamento do governo em relação
à política de terras até então adotada.
A legislação adotada a
partir de 1850 refletiu esta mudança, e visava manter um fluxo imigratório
contínuo. Este relacionamento evidencia-se pela aplicação dos “produtos da
venda das terras públicas e das taxas de registro das propriedades na
demarcação de terras públicas e para a importação de colonos livres.”15
A terra, que antes de 1850
era símbolo de status social, após a Lei nº 601 de 18 de setembro de 1850,16
passa a ser tratada como mercadoria, e,
como tal, será transacionada. Esta Lei dispõe sobre o aproveitamento das terras
devolutas do Império, fixando as diretrizes, tanto para a legalização das
sesmarias já existentes, como para a estruturação das colônias para nacionais e
estrangeiros. A partir de sua promulgação, as terras só poderão ser adquiridas
mediante a compra. Ao mesmo tempo que fixa
a forma do pagamento das terras cria a Repartição Geral das terras. Esta seria
a responsável pela formação e administração das colônias, vendas das terras e
legalização das mesmas.
O Decreto nº 1318, de 30 de
janeiro de 1854,17 manda executar a Lei nº 601, que regulamentada
por ato datado de 8 de maio do mesmo ano. Por este regulamento, foi determinada
a forma de demarcação das colônias, através do estabelecimento das medidas
básicas: léguas, travessões e lotes, garantindo a infra-estrutura para a vinda
dos colonos.
O Decreto nº 3787, de
janeiro de 1867, estabelece a competência da Província sobre a fundação,
distribuição e venda de lotes das colônias, bem como sobre o registro,
recepção, ransporte, alojamento e distribuição dos imigrantes.
Finalmente, o Decreto nº
6129, de 23 de fevereiro de 1876, organizou a Inspetoria Geral das Terras, que iria substituir a
Repartição, criada em 1850.
Foi a partir da adoção desta
legislação, que tornou-se possível a importação sistemática de colonos
europeus.
Ao mesmo tempo que a
política imperial de colonização financiava a imigração, passava a depender do
lucro gerado pela venda das terras aos colonos. É nesta
dependência que se explica a
preferência do colono europeu, como comprador de terras, ao nacional, considerado
menos eficiente do que o estrangeiro.
A adoção da nova política de
terras, que visava contrapor a pequena propriedade ao latifúndio, refletia ao
mesmo tempo uma nova forma de encarar o trabalho livre e uma ideologia racista,
que iria discriminar o trabalhador rural brasileiro.
Foi a adoção da legislação
analisada que favoreceu a vinda dos imigrantes
europeus, como forma de solucionar o problema
da oferta de mão-de-obra, que calcificara a economia brasileira, impedindo a
expansão do sistema econômico, durante o período colonial.
O problema da mão-de-obra
A busca da mão-de-obra
imigrante está diretamente vinculada à substituição do trabalho servil pelo
livre. Com a extinção do tráfico, em 1850, e a concentração dos escravos nas
lavouras cafeeiras paulistas, agravou-se o problema, já crônico, da mão de obra.
É por este motivo que afirma Sodré "a questão da imigração européia do
século passado está intimamente ligada à escravidão."18
A ligação entre a empresa
imigratória e a escravidão é tão evidente que Paula Beiguelman constata que
"o movimento abolicionista é uma função do imigrantismo."19 Assim a imigração propiciaria, após a
substituição do escravo pelo trabalhador livre europeu, as condições para a
abolição. Escravidão, imigração e abolição são problemas que não podem ser
tratados de forma estanque.
Não é, por outro lado,
desconhecida a posição assumida pela maioria da elite intelectual brasileira, e
pelos legisladores do império quanto a questão "branqueamento" da
população brasileira.
É, portanto, na substituição da mão de obra
servil pela mão de obra europeia e branca, vinculada ao racismo que dominava o
período, bem como na política de colonização, que serão encontrados os
principais fatores que determinaram a imigração europeia.
A carência da mão de obra,
enfrentada pelo Império, parece ser desmentida pelo deslocamento da população
nordestina em direção à Amazônia, na segunda metade do século XIX. " Essa
enorme transumância indica claramente que em fins do século passado já existia
no Brasil um reservatório substancial de mão de obra, e leva a crer que, se não
tivesse sido possível solucionar o problema da lavoura cafeeira com imigrantes
europeus, uma solução alternativa teria
surgido do próprio país."20
Assim a opção do Império em
adotar a colonização através de imigrantes europeus indica, claramente, uma
discriminação em relação aos brasileiros. O Império proporcionou aos europeu
aquilo que negou aos súditos. No dizer de Celso Furtado " as colônias
criadas em distintas partes do Brasil pelo
governo imperial careciam totalmente da fundamento econômico; tinham como razão
de ser a crença na superioridade inata do trabalhador europeu , particularmente
daqueles cuja "raça" era distinta da dos europeus que tinham
colonizado o país."21
As despesas realizadas pelo
governo, financiando a empresa imigratória, teriam sido bem menores se o
elemento nativo tivesse sido utilizado na execução da grande empresa
colonizadora.
Thomas E. Skidmore, em sua
obra Preta no Branco22 dissecando a ideologia dos representantes da elite
cultural brasileira, apresentada como "ideal de branqueamento que se
aglutinara ao liberalismo político e econômico", demonstra que os
brasileiros natos eram considerados incapazes para outros serviços que não os
pesados, daí a busca de imigrantes europeus, e o repúdio pela sugerida
imigração chinesa.
A superioridade da população
branca, segundo a ideologia dominante, garantiria uma produção maior e, a longo
prazo, evitaria o surgimento de um
"Império Negro" no Brasil, devido ao grande número de negros, mulatos
e mestiços, o qual determinaria o fracasso nacional.
Foi, pois, tanto a
necessidade de mão-de-obra como o racismo que determinaram a busca de
imigrantes. Estes, inicialmente, foram aliados junto aos Estados alemães.
Quando sua vinda foi impedida pelo governo germânico, foram procurados outros
povos. A preferência pelos arianos baseava-se na crença de sua superioridade,
sobre os "degenerados"23 latinos, e estes só foram aceitos
na impossibilidade da vinda daqueles.
Os demais fatores decorrem
das duas variáveis principais: a "democratização" da propriedade,
através da venda das terras e a necessidade da mão de obra branca e europeia,
visando a médio prazo o aumento da produtividade agrícola e a longo prazo o
"branqueamento" da população brasileira através da miscigenação.
A empresa imigratória
Após a reestruturação da
política de terras e a adoção da
alternativa imigrantista, para suprir o problema da mão-de-obra livre, o
governo imperial organiza a empresa para a importação de colonos europeus.
No início do Império, esta
tarefa foi destinada às empresas particulares. No período da Grande Imigração,
o concurso do governo tornou-se indispensável no financiamento e subsídio do
empreendimento.
Inicialmente, a forma
adotada foi a de parceria, correndo as despesas por conta do proprietário. O
colono recebia terras, adiantamentos para a viagem e equipamentos; dividiria,
mais tarde, o lucro líquido com o proprietário. Esta foi a experiência de
Vergueiro (1847) e as realizadas em Santa Catarina. "Esse sistema,
entretanto, não se comprovou satisfatório: apesar da Lei de 1837 sobre o
trabalho dos colonos ( renovada em 1879), havia abusos por parte dos
proprietários, era difícil fazer contas certas sobre os lucros líquidos, o
fornecimento de equipamentos era espoliatório e, por outro lado, os próprios colonos
encontravam dificuldades em se adaptar às novas condições.”24
Diante deste fato, novas
formas de colonização passam a ser
adotadas. Outro fato que levou à substituição do sistema de parceria
foram as restrições apresentadas pelos países que adotaram uma política
emigratória, como a Prússia. Foi, então, adotado o sistema de colonização, às
expensas dos governos provinciais, e a política do imigrante livre, subsidiados
pelos mesmos governos ou por
organizações que visam promover o empreendimento. "A introdução da
mão-de-obra livre segue duas direções: a da colonização e a da imigração."25
A primeira é dirigida, principalmente, para o Rio Grande do Sul e a segunda
para São Paulo.
As experiências com colônias
onde os proprietários seriam os próprios colonos não obtiveram êxito inicial,
pois havia uma "oposição entre a política conduzida pelo poder central e
os interesses dos fazendeiros paulistas."26 Isto significa que
havia um antagonismo entre a intenção do governo imperial em instalar a média
propriedade, e a dos latifundiários, que monopolizavam, até então, os
benefícios do sistema. A falta de êxito é devida menos a este antagonismo, e
mais à pequena concentração de colonos.
Há alguns pontos que merecem
algumas reflexões: de um lado a
organização de uma empresa imigratória, e de outro a da empresa
emigratória.
Em 1870, a imigração
italiana passa a ser identificada, por motivos conjunturais brasileiros,
representados pelo aumento da produção do café, bem como mundiais: a restrição
à imigração para os Estados Unidos e a situação política italiana.
Com a extinção do sistema de
parceria, o Governo passará a subvencionar a vinda dos imigrantes,
"limitando-se a fazer a propaganda dos países emigratórios e pagando o
transporte dos imigrantes até o Brasil."27
Criaram-se companhias de
colonização, contrataram-se empresas comerciais, para a introdução dos colonos.
Foram organizadas inspetorias regionais, comissões de terra e toda uma máquina
administrativa para a empresa. "Uns, pagos diretamente pelo governo,
outros pelos particulares que negociavam com os imigrantes, afinal uma grande
mobilização de interesses e custos."28
Fntre os fatores secundários da emigração todos atribuem extrema
importância à propaganda promovida, especialmente nos primeiros tempos, não só
pelas companhias de navegação, que mantinham seus agentes em todos os centros
urbanos do país, mas também pelas ferrovias do Norte.29
À empresa emigratória
italiana somou-se a empresa imigratória brasileira, envolvendo ambas vultosos
interesses econômicos.
Os lucros deste
empreendimento ficaram em parte com as companhias de navegação italianas, em
parte com as companhias comerciais. O ônus ficava com o governo imperial e com
o governo provincial, que, além das subvenções, teriam de arcar com as despesas
da máquina administrativa recém-formada.
O lucro do governo seria
proveniente da venda das terras. No caso da colônia Caxias, o lucro da venda das 144.000 braças
quadradas, que compunham a colônia, foi de 720:000$000.30 Esta soma
torna-se irrisória se comparada ao gasto de 739:440$000,31 preço
para a introdução de 10.000 colonos, pagos pelo governo imperial e o governo
provincial. Para a entrada de 1.000 colonos o governo provincial dispendia
48:940$000, e o imperial 25:000$000, num total de 73:940$000. Nesta despesa,
não estão computados os gastos com a administração.
Foi calculada, no período
1871-1881, a entrada de 4.000 colonos por ano, totalizando 40.000, o que
representaria um gasto de 295.760 contos de réis, o que é uma cifra
impressionante, se comparada à exportação
brasileira da mesma década que foi de 1.537.175 contos, o que
corresponde a 21% da receita brasileira, do período.
O RIO GRANDE DO SUL E A IMIGRAÇÃO
A imigração italiana vai
ocorrer no último quartel do século XIX, completando o povoamento da província.
Na primeira metade do século
XIX, Nicolau Dreys afirma que a província, quanto à distribuição da população
"oferece uma anomalia bem digna de se notar: é a existência de uma nação
mista, intercalada entre as populações originárias e que pertence à raça livre
menos ainda que pela possessão imemorial de uma liberdade indefinida que as
leis das sociedades vizinhas podem dificilmente refrear."32 O
autor refere-se aos gaúchos, aos quais classifica como nação. Segundo
Saint-Hilare,33 a região em 1820, possuía uma população de 32.000
brancos, 5.399 homens de cor livres, 20.611 homens de cor escravizados e 8.655
índios.
A esta população vão
somar-se os alemães, que serão localizados nos vales dos rios dos Sinos e Caí
(1824).
Na região, surgem centros urbanos de alguma
importância, como é o caso de Porto Alegre, e toda a economia desenvolve-se.
"Fatores econômicos de pesos acionados pela própria atividade militar
(sobretudo entre 1812-1828) criam iniciativas e produzem um estado de euforia
econômica."34
Assim, no início do século
XIX a província apresentava um período de prosperidade econômica, ligada
especialmente às atividades agropecuárias e charqueadas.
"O principal fator de
riqueza econômica da capitania era, porém, o trigo cuja produção se
intensificaria prodigiosamente nos meados do século XVIII, com a colonização
açoriana”35. A produção aumenta continuamente no início do século
XIX, passando de 136.825 alqueires, em 1805, a 342.087, em 1814. A partir desta
data, há uma redução constante e em 1820 a produção é de 109.608 alqueires,
deixando, após, de ser produzido, devido ao abandono das lavouras, por causa das
lutas, e pelas pragas que dizimaram as plantações.
A Revolução Farroupilha vai
agravar esta situação. Mesmo após seu término, o já reduzido número da
população, pouco mais de 180.000 habitantes,36 é suficiente para
aumentar a produtividade agrícola.
Assim, de um período de
extrema euforia econômica a região vai passar para outro bem mais difícil de
ser contornado. Esta situação se agrava com a venda de escravos para as regiões
cafeeiras paulistas. O número de delitos aumenta, o mesmo ocorrendo com a urbanização,
as lavouras abandonadas no período dos conflitos não são retomadas.
Em 1872, quando foi
reiniciado o movimento imigratório, a população da província era de 446.926,
dos quais 41.406 eram estrangeiros, 1/6 do território era ocupado por
germânicos.37
Como no restante do país,
tornava-se necessária uma substituição de mão-de-obra, indispensável para o
aumento da produtividade agrícola.
Por outro lado, o aumento
dos delitos criminais, e a rebeldia da "nação gaúcha", no dizer de
Dreys, exigiam providências do governo imperial, e a principal foi a introdução
de imigrantes italianos.
"Em 9 de fevereiro de
1870, o Governo Imperial concede à Província dois territórios de quatro léguas
em quadro, cada um, em terras devolutas entre o rio Caí, os campos de Vacaria e
o município de Triunfo, para serem convenientemente colonizados."38
Tinha início então a última etapa do povoamento da Província, que se iniciaria
no século XVIII, com a criação das primeiras fortificações militares.
Aos italianos caberia a zona
das matas, que havia sido deixada de lado pelos portugueses, mais interessados
na criação de gado. Esta região estava situada estrategicamente entre a região
dos Campos de Cima da Serra, onde habitavam os descendentes de portugueses
ocupados na pecuária, a Depressão Central, onde se localizava os alemães, e a
zona da Campanha. A colocação das colônias serviria para isolar não só os
imigrantes, mas, especialmente, os gaúchos da Campanha e da Serra, o que
dificultaria uma ação conjunta dos mesmos.
A imigração e a colonização
são, portanto, correlatos, a primeira resolverá o problema de mão de obra e a
segunda contrapõe a pequena propriedade ao latifúndio, permitindo uma
vigilância contínua e um isolamento que garantiriam a segurança nacional.
Em 1872, pela Lei nº 749, de
29 de abril,39 são contratadas as companhias Caetano Pinto e Irmão e
Holtzweissig e C para a introdução dos colonos. Para receber os
colonos europeus, havia sido montada toda a infraestrutura necessária.
A organização colonial no RS
De acordo com a legislação
vigente, foram montados os números coloniais, que se localizaram nas terras
devolutas que o Império possuía na Província.
A Província, em 1872,
possuía 5/6 da população concentrada na Depressão Central e Litoral, e apenas
1/6 na Encosta Inferior do Planalto.
Eram extensas as áreas de terras devolutas, ainda não povoadas. Estas
terras correspondiam à região das matas, que cobriam as encostas do
Planalto, as quais não tinham
interessado aos criadores de gado, que haviam se instalado na região dos
campos, tanto na campanha, como sobre o Planalto. A imigração alemã, em sua
expansão, seguira os vales dos rios da Depressão Central, interrompendo-a nas
encostas inferiores da Serra Geral. Assim, a encosta superior permanecia
desabitada.
A região colonial, situada
na encosta superior do planalto, entre os vales do rio Caí e do rio das Antas,
limitava-se ao norte com os Campos de Cima da Serra, ao sul com as colônias
alemãs, isto é, do vale do rio das Antas ao do Caí. A região serve como divisor
de águas dos afluentes da Bacia Central e dos da Bacia do Rio Uruguai. As
altitudes variam de 600 a 900 metros, sendo que, em altitudes superiores a 300
metros, existia densa floresta de pinhais, enquanto ao longo das margens
escarpadas dos vales em garganta dos rios do Planalto, existiam matas em
galeria. A existência destas impediu a tomada dos agricultores dos vales e dos
pastores das pradarias, reservando a região para outro tipo de povoadores.
Foi esta região utilizada
para a localização dos imigrantes italianos, que vão ocupar as 32 léguas
quadradas cedidas pelo Governo Imperial para este fim. Por Ato de 24 de maio de
1870, foram criadas as colônias de Dona Isabel e Conde D'Eu, situadas nos
atuais municípios de Bento Gonçalves e Garibaldi. Em 1871, havia apenas 37
lotes ocupados; para acelerar o processo, que se mostrava muito lento, foram
assinados contratos, com companhias colonizadoras, pelo governo do Estado, para
a introdução de 4.000 colonos por ano,
pelo espaço de dez anos.
Em 1875, é iniciado o
povoamento da Colônia Caxias, e, em 1879, apesar do interesse do governo em
limitar suas despesas com a empresa colonizadora, novas colônias passam a ser
fundadas. Em 1884 é a vez de Alfredo
Chaves, em 1887 são fundadas as colônias de Silveira Martins (Santa Maria e
Cachoeira) e de Mariana Pimentel , Barão de Triunfo e Vila Nova; em 1888 é
organizada a de Antônio Prado e em 1889 a de Guarani.
A divisão de terras, em
todas as colônias, obedeceu ao sistema de glebas contínuas denominadas léguas.
Cada légua era formada por um quadrilátero de 5.500 metros de lado. As léguas
eram divididas no sentido longitudinal por estradas denominadas de travessões,
em algumas léguas eram demarcados dois ou três travessões, no sentido vertical.
A partir do travessão, eram demarcados os lotes, em ambos os lados daquele. O
número de lotes por travessão não era fixo, em média, havia 32 lotes por
travessão. O número médio de lotes por légua era de 132.40
O traçado das colônias
lembra a forma de ocupação do oeste dos Estados Unidos, onde a divisão dos
territórios e das propriedades, não seguia a linha tradicional das fronteiras
naturais, sendo traçadas a partir dos paralelos e meridianos.41
O mesmo traçado geométrico
era usado em todas as sedes dos núcleos coloniais, onde as quadras de 80m de
lado, ladeavam a principal via, que
sempre tinha o sentido leste-oeste. A escolha dos sítios urbanos deve ter sido
feita sem previsão para grande crescimento demográfico, o que acarretou sérios
problemas futuros, como terrenos irregulares, falta de água potável,
impossibilidade da instalação de esgotos cloacais.
A semelhança entre as
cidades da região colonial é devida ao modelo comum que, de início, foi
implantado, onde não faltava nunca a praça central onde ficaria a Igreja e a
Intendência Municipal.
A primeira colônia a ser
demarcada foi a "dos fundos de Nova Palmira", mais tarde colônia
Caxias, que tem início ao Norte da Picada Feliz, alongando-se até o rio das
Antas e ocupando uma área de 144.000 braças quadradas - cada braça de 4,48m2
- o que correspondia a 16 léguas quadradas. Isto significava que, na primeira
colônia, foi ocupada metade da área destinada a colonização.
A demarcação de lotes,
realizada pelos engenheiros e agrimensores da Comissão, era feita a partir da
primeira légua, sendo, a partir desta, sistematicamente, demarcadas as demais.
Com a chegada, os imigrantes são ocupados como jornaleiros, na abertura de
picadas, de caminhos e no desmatamento.
Devido à grande variedade de
tamanhos42 dos lotes que foram distribuídos, cuja área variava de 5
a 100 ha, constata-se que não foram seguidas as determinações da Lei, pela
Comissão de Terras. Não há qualquer relação entre a área dos lotes e o número
de membros das famílias que os receberam. É possível que este fato fosse devido ao poder
aquisitivo, maior ou menor, dos colonos, ou simplesmente à subdivisão, que foi
maior nas proximidades das sedes coloniais. Outro desvio que pode ser
constatado, através do estudo quantitativo dos mapas estatísticos, na aplicação
da legislação, é no que concerne ao preço dos lotes. Alguns terrenos, muitas
vezes contínuos, sem apresentar diferença na qualidade da terra ou presença de
cursos de água, apresentam diferenças de preço por braça quadrada.
Estes dois fatos constatados
levam a crer que houve muita especulação na implantação das colônias. É
possível, também, que, em alguns casos, o auxílio destinado aos colonos não
tivesse chegado às mãos dos interessados.
A organização da empresa
imigratória e colonizadora exigiu grandes investimentos públicos. Estes
investimentos foram, em parte, cobertos pelo pagamento das dívidas dos colonos.
As dívidas individuais dos
colonos, para com o Governo, eram calculadas pelo valor dos lotes, dos auxílios
recebidos em alimentação, sementes e
instrumentos agrícolas. Não estavam incluídas as despesas de viagem da Europa
para o Brasil e dos portos brasileiros até os núcleos coloniais, nem as de
hospedagem nos barracões. Este financiamento era realizado pelo Governo
Imperial. O cálculo das dívidas, com as despesas citadas, era realizado
considerando 30% a mias sobre o valor do lote recebido. Este cálculo não levava
em conta o número dos membros da família. Para receber os títulos provisórios,
da propriedade da terra, os colonos deveriam saldar 20% dos seus compromissos com
o Governo. Só depois de ter sido liquidada toda a dívida, seria fornecida os
títulos definitivos das propriedades. 43
De uma forma ou outra, o
auxílio recebido pelos imigrantes foi devidamente pago. Em alguns casos
isolados, alguns colonos tiveram suas dívidas perdoadas, quando estas não foram
saldadas no prazo previsto de cinco anos. Na maior parte dos casos, os bens dos
colonos, que não pagaram sua dívida, foram leiloados em hasta pública. Estes
leilões não eram realizados imediatamente após o vencimento do prazo, mas no
final da administração colonial, quando as colônias foram anexadas a municípios
ou foram elevadas a esta categoria.
Apesar dos desvios
constatados, a empresa colonizadora foi bem organizada, poucos pontos haviam
sido deixados ao acaso pela legislação, todos os critérios foram estabelecidos
todas as necessidades previstas.
A excelência da organização
colonial garantiu o êxito do empreendimento.
Um problema conceitual: colônia
Estabeleceu-se a denominação
de colônia para designar as terras destinadas ao recebimento dos imigrantes
europeus, que tinham como objetivo o estabeleci mento da pequena e média
propriedade no Brasil. É esta a designação dada pela legislação imperial.
O caráter particular deste
tipo de colonização não contra similar em outras regiões. A colônia do Brasil
Império é bastante diferente da adotada nos Estados Unidos, em 1787. Estas se
destinavam à expansão do povoamento realizado pelos americanos. No caso
brasileiro, as colônias destinavam-se a receber estrangeiros, ao menos
preferencialmente. As colônias norte-americanas, a médio prazo,
transformar-se-iam em estados, no caso brasileiro, em municípios.
Foi o Brasil, possivelmente,
o único país a montar uma empresa de colonização visando o benefício e não a
exploração de estrangeiros.
Assim sendo, os conceitos
tradicionais não se adaptam ao modelo adotado no país.
Se a mesma forma de
empreendimento tivesse sido adotada em relação aos brasileiros, ou aos escravos
libertos, estes não teriam enfrentado como enfrentaram o grave problema de
exclusão da sociedade brasileira. Porém, não houve sequer tentativas, julgou-se
melhor atribuir aos não brancos um atestado de incapacidade a longo prazo, sem
fornecer-lhes condições mínimas. O Império brasileiro tratou seus súditos de
forma discriminatória e preconceituosa.
CONCLUSÃO
A conjuntura da Europa
Ocidental, no último quartel do século XIX, reestruturava-se, as transformações
socioeconômicas e políticas apresentavam condições propícias para a migração da
população carente, alijada do progresso da " Idade do ouro" do
continente. A situação apresentava-se mais propícia ao movimento internacional
da força de trabalho nas regiões onde à miséria e à falta de um mercado de
trabalho, que pudesse assimilar a mão de obra excedente, somava-se a
instabilidade política. Este era o caso da Itália. O movimento emigratório vai
propiciar, por outro lado, uma movimentação de capitais apreciável. A emigração
passa a ser um fenômeno desejável, tanto para acalmar os grupos políticos
antagônicos, como para desafogar o país da pressão social, criada pelo
crescimento demográfico e pela incapacidade de absorção, pelo mercado, da
mão-de-obra disponível.
Na segunda metade do século
XIX, o Brasil apresentava transformações sociopolíticas ainda mais
significativas, no que concerne à substituição da mão de obra servil pela
livre, e à política da elite cultural e
política nacional, que buscava o "branqueamento" da população
brasileira; quanto à segunda, necessitava-se de compradores para a nova
mercadoria.
Constata-se que um fluxo
ligando o condicionamento emigratório da Itália e a necessidade de imigrantes
no Brasil serviria aos interesses socioeconômicos dos dois países. O ônus da
imigração ficou com este e os lucros da emigração com aquela.
No caso do Rio Grande do
Sul, a imigração tornou-se necessária para a revitalização da agricultura,
especialmente, a cultura do trigo, abandonada em 1820. Por outro lado, o
povoamento deveria ser completado, nas terras devolutas pertencentes ao
Império, que estavam situadas estrategicamente entre a zona da Campanha e dos
Campos de Cima da Serra.
A organização colonial na
Província mereceu grandes cuidados, preparou-se a empresa de tal forma que
esta só poderia ser exitosa. O governo
financiou o empreendimento, endividando-se.
Os lucros só se fizeram
sentir a longo prazo, quando já no início do século XX as colônias passam a ser
participantes da economia estadual.
Sobre a imigração e os
imigrantes, criou-se uma série de mitos. O imigrante heroico, trabalhador, econômico e realizador
da economia gaúcha é a imagem que o grupo criou sobre seus feitos. É tempo de
rever este posicionamento.
A imigração foi uma empresa
montada para favorecer a força de trabalho europeia, e, por consequência, a
expansão do sistema vigente. Os imigrantes foram os beneficiários de uma
experiência inédita, não os feitores da mesma. Para assegurar o êxito das
colônias foram empenhados apreciáveis recursos, que poderiam ter sido aplicados
em benefício da própria população brasileira.
A "nação gaúcha"
deixou de existir. Só o Estado Novo vai tornar brasileiro os europeus, trazidos
pela Política Imperial de Imigração e Colonização. Durante muitos anos
continuaram ligados mais à Pátria ingrata, que os expulsara, não lhes dando
condições de sobrevivência, do que à nova terra que lhes deu o apoio, que
negara a seus próprios filhos.
NOTAS
Ianni,
Octávio. Aspectos políticos e econômicos da imigração italiana. In: Imigração
Italiana: estudo. Caxias do Sul, UCS-EST, 1979. p.11-2.
3 Dobb, Maurice. A evolução do capitalismo. Rio de
Janeiro, Zahar, 1976. p.312-90.
4 Id., ibid.., p.366.
5 Ribeiro, Darci. O processo civilizatório. Rio de
Janeiro, Civilização Brasileira, 1975. p.161
6 Efimov, N. História Moderna. Lisboa-Porto, Centro
do Livro Brasileiro[s.d.] p.100. 7Schnerb. O Século XIX: o apogeu da
civilização européia. História Geral das
Civilizações. São Paulo, Difusão Européia do Livro, 1961. p.285.
8Ivost, VM e outro. História Contempôranea.
Lisboa-Porto, Centro do Livro Brasileiro [s.d.] p.101.
9 Ianni, Constantino. Homens sem paz. São Paulo,
Civilização Brasileira [s.d.] p. 49.
10 Id.,
ibid., p.84.
11 Id., ibid., p.156-91
12 Id., ibid., p.93.
13 Furtado, Celso. Formação econômica do Brasil. São
Paulo, Nacional, 1972. p. 123.
14 Costa, Emília Viotti da. Da monarquia à república:
momentos decisivos. São Paulo, Grijalbo, 1977. p.127.
15 Id., ibid., p. 128.
16 Freitas, Augusto de, Jr. Terras e colonização. Rio
de Janeiro, Garnier, 1882. p. 54.
17 Id., ibid.
18 Sodré, Nelson W. Formação histórica do Brasil. Rio
de Janeiro, Civilização Brasileira, 1976. p. 245.
19 Beiguelman, Paula. Formação política do Brasil. São
Paulo, Pioneira, 1967. p. 15.
20 Furtado, op. cit., p. 131
21 Furtado, op. cit., p. 124
22 Skimore, Thomas E. Preto no branco: raça e
nacionalidade do pensamento brasileiro. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976. p.
154-8.
23 Id., ibid., p.69.
24 Buescu, Mircea. Evolução econômica do Brasil. São
Paulo, Apec, 1975. p. 123.
25 Sodré, op.cit., p. 245.
26 Costa, Emília Viotti da. Da senzala à colônia. São
Paulo, DIFEL, 1972. p. 69.
27 Prado, Caio Jr. História econômica do Brasil. São
Paulo, Brasiliense, 1973. p. 189.
28 Balhama, Altiva P. e outros. Alguns aspectos
relativos aos estudos da imigração e colonização. In: Anais do IV Simpósio de
Professores Universitários de História. São Paulo, Coleção Revista de História,
1969. p. 360.
29 Ianni, Constantino. Homens sem paz. São Paulo,
Civilização Brasileira [s.d.] p. 85.
30 Mapa estatísitco da Colônia de Caxias - Arquivo
Histórico do Museu Municipal de Caxias do Sul.
31 Adami, João S. História de Caxias do Sul. Caxias do
Sul, Paulinas, 1971. p. 21.
32 Dreys, Nicolau. Notícia descritiva da Província do
Rio Grande de São Pedro do Sul. Porto Alegre, Instituto Estadual do Livro,
1961. p. 145.
33 Saint-Hilaire, Auguste de. Viagem ao Rio Grande do
Sul. Período Colonial. Belo Horizonte, Itatiaia, 1974. p. 46.
34 Cesar, Guilhermino. História
do Rio Grande do Sul. Período Colonial. Porto Alegre, Globo, 1970. p. 282.
35 Roche, Jean. L’administration de la Province du Rio
Grande do Sul de 1829 a 1947. Porto Alegre, UFRGS, 1961. p. 89.
36 Moraes, Carlos D. de. Figuras e ciclos da História
Rio-Grandense. Porto Alegre, Globo, 1959. p. 135.
37 Pellanda, Ernesto. Aspectos gerais a colonização
italiana no Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Globo, 1950. p. 34.
38 Adami, op. cit., p. 19.
39 Id., ibid., p. 21.
40 Mapas Estatísticos da ex-colônia Caxias - 1875-1886
- 2 volumes - Arquivo Histórico do Museu Municipal de Caxias do Sul.
41 Plantas da Colônia Caxias - 17 plantas - Arquivo
Histórico do Museu Municipal de Caxias do Sul.
42 Giron, Loraine S. Caxias do Sul: Evolução Histórica.
Caxias do Sul, UCS/EST, 1977. p. 23-25.
43 Correspondência da Comissão de Terras, 1
volume - Arquivo Histórico do Museu Municipal de Caxias do Sul.
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