dos lotes das
colônias Conde D’Eu e Dona Isabel já havia sido editado por Dom Pedro II,
em
1870. Joaquim José de Macedo publicou um texto sobre a formação da Província de
acordo com o qual já existiam algumas cidades importantes
como: Porto Alegre: cidade e capital da província, que
possuía industrias e fábricas bem montadas; belos
edifícios melhores como o Liceu, o palácio do governo, o paço da
Assembléia, a igreja Nossa Senhora das Dores, um belo teatro,
uma igreja Gótica do Menino Deus, uma casa
de caridade, e o Arsenal de Guerra e Alfândega .Esta
cidade tinha então as ruas bem traçadas e grande importância mercantil.[1]
Outro porto importante era o da cidade
do Rio Grande, que passara por melhorias, sendo o primeiro
entreposto comercial da província e sede das relações com
o estrangeiro. Possuía alfândega e bons edifícios. Pelotas outra
cidade situada na Lagoa dos Patos contava com linha diária de vapores que a
ligavam ao Rio Grande era uma das principais povoações.
Destacavam-se ainda outras cidades como Jaguarão assentada na
fronteira com Artigas; Bagé- fronteira com o estado do Uruguai; Alegrete margem
esquerda do Ibirapuitã; São Gabriel no rio Vacacai : São Leopoldo
cidade moderna na margem do rio dos Sinos e as de Rio Pardo e
Cachoeira situadas ambas nas margens do rio Jacuí. Caçapava
alcantilada sobre uma elevação era a mais estratégica da província;
Uruguaiana na margem do rio Uruguai, fronteira com a Argentina e ainda São
Borja no Rio Uruguai e São José do Norte vila sobre o
canal do Rio Grande. As cidades eram pequenas apesar de algumas serem
centenárias. Segundo Macedo eram modernas e progressistas. [2]
Chama atenção o fato de que todas
estejam situadas nas proximidades de rios navegáveis e
duas delas Rio Grande e Porto Alegre constituíam passagem
obrigatória dos imigrantes que começam a chegar em grande levas a partir de
1875. Quando os imigrantes começaram a chegar ao Rio Grande do Sul, a população
da Província era de 440 mil habitantes, sendo composta por 360 mil homens livres
e 80 mil escravos.
COLÔNIAS EXISTENTES EM 1873
COLÔNIA
|
ÁREA:
(EM LÉGUAS
QUADRADAS)
|
POPULAÇÃO
|
Santa Cruz
|
18
|
4474
|
Santo Ângelo
|
4
|
1436
|
Nova Petrópolis
|
15
|
1420
|
Mont’Alverne
|
1 ½
|
389
|
Conde d’Eu
|
16
|
50
|
Dona Isabel
|
16
|
50
|
São Feliciano
|
3 ½
|
50
|
Total
|
64
|
7869
|
Fonte[3]
Havia ainda a colônia militar de
Caseros, fundada em 1859. E havia 690 gentios localizados em
Nonoai, Passo Fundo e Cruz Alta. A representação nacional era
de três senadores, seis deputados na assembléia federal e
trinta deputados na Assembléia Provincial deputados. Os 566 eleitores estavam
divididos entre dois distritos eleitorais que contavam com 39 671
eleitores votantes.[4]
A força pública era composta de 17
comandantes e 5 batalhões Com 1833 guardas da guarda nacional, e
ainda com duas seções de batalhões infantaria e um de
cavalaria e um corpo policial com 356 praças da ativa e 10 da reserva totalizando
uma força 23 mil homens.
A instrução na província era composta
na Primária pública por 156 aulas do sexo masculino com 4715 alunos
e 90 do sexo feminino, com 2878 alunas. Já a instrução Secundária pública
contava com três aulas 3 masculinas com 47 alunos 3 femininos com 97 alunas
, destacando-se o Liceu riograndenses e Escola Normal
A economia
provincial poderia se “igualar e quantidade e exceder em variedade
as produções mais ricas do império; porque seu solo fertilíssimo se presta
admiravelmente ao cultivo de todas as plantas m que a lavoura explora em outras
províncias”[5]
A agricultura que é de pouca monta na
campanha, ”floresce com os habitantes das serras pelo vivificante concurso da
colonização. “ Cana de açúcar, cevada, centeio, batatas, algodão,
cânhamo e fumo. Colhem-se frutos indígenas Mas o que o
ocupa a maior parte da população é a pecuária criação de gado em
estancias e charqueadas. Havendo exportação de carne, couros e de derivados do
gado etc.
A riqueza mineral abre novos e
horizontes como o carvão explorado por companhia inglesa nos
arroio dos Ratos e outra da mesma nacionalidade em Candiota. Há
outras minas de sulfato de cobre em Quaraí. Possui ainda fábricas de
vinhos tinto e branco nas colônias, diversos, de aguardente d e
sabão, de rapé, de charutos, de tecidos e muitas outras. Na época estavam sendo
contratadas várias estradas de ferros com companhia a do Rio Grande a Candiota,
Santa Catarina, de Porto Alegre a Hamburger Berg. Contava ainda com vários
bancos entre eles o inglês e o italiano.[6]
Segundo
Alfredo Varela [7]o inicio da indústria fabril rio-grandense deu-se 1794 com
a charqueadas. Lança ele as bases para a eterna repetição de que a ferrugem
teria liquidado com o trigo e a indústria da carne A ferrugem que a assaltou o
s trigos e empobreceu as colheitas, coincidindo com a procura de carnes ao
norte do Brasil,pela diminuição dos gados do Ceará ,deu lugar a que a iniciativa
Riograndense habilmente aproveitasse a conjuntura que nos
salvava de uma crise econômica, entregando-se todos com a maior
fervor à fabricação de carne-seca. Multiplicaram-se as charqueadas, produzindo
em vasta escala.
A exportação gaúcha em 1816 atingiu a
24 878.243 quilos ,crescimento que vinha crescendo desde 125551.080
quilos No período da Guerra dos Farrapos(1835-1845)
houve uma redução nas exportações ,baixando em 1838 para 2 310 815 quilos,
voltando aos níveis de 1816 apenas em 1850. A revolução Farroupilha atrasou a
economia regional. A exportação do charque volta subir com a
proclamação da República, após um período de entrave econômico entre 1857 e
1864, quando foi liberada entrada no país do charque uruguaio e argentino, que
tinham preços menores devido a melhor tecnologia e mão de obra livre(idem 464).
Além do charque eram exportados, graxa, cabelos, chifres, couros, ossos e unha
. E ,mais a partir de 1856, passaram a exportar óleo de mocotó e azeite
de égua ..[8]
Segundo Lígia Gomes Carneiro
A única referência existente
sobre a forma de funcionamento dos curtumes antes da chegada dos imigrantes
alemães, diz respeito a um estabelecimento localizado na estância de José
Egydio, Barão de Santo Amaro, nas proximidades de Porto Alegre. por volta de
1820, e o relato feito na época dava conta apenas de um técnico francês, o
"Sr. Gavet, antigo curtidor em Paris", que seria o responsável pela
instalação do curtume. Já na Revista do Archivo Publico, nº 8, de
1922, citavam-se "operários franceses", que trabalhavam sob a
orientação do Sr. Gavet. O mais certo é que sob as ordens de operários
especializados franceses, trabalhassem escravos de propriedade do dono do curtume. [9],
Os couros foram exportados
em número de 38 mil nos anos de 1885-86, baixando para
11097 em média nos anos seguintes ,com república passou-se a
produzir lombilhos que entes eram importados.(p.471) A partir de
1890 foi iniciada a industria da selaria ,com a fabricação de arreios e de
selins em 1892 começou sua exportação.(p.471) Outra industria que teve
crescimento foi a dos calçados , três fábricas em Porto Alegre e uma em
Pelotas. Da marca Ferry , de qualidade similar à européia. Há ainda os
calçados feitos sob medida em pequenas oficinas
(472)Havia 21 curtumes em Pelotas e seis na capital, porém a ação de
Silveira Martins taxando os produtos inviabilizou o empreendimento que só
voltou acrescer com república(463)[10]
Havia um só fábrica de tecidos de
algodão e de aniagem em Rio Grande em 1890.Em Porto
Alegre alegra funcionava a fábrica Fiação e Tecidos com modernas
máquina e a Fabril Portalegrense ,que tecia meias e camisetas. A marcenaria
antes inexistente a partir de 1890 a produzir
móveis finos com máquinas modernas além do sem número de
pequenas marcenarias .Havia duas de vidro uma em Porto Alegre e
outra em Pelotas (474) .Contava ainda com fábricas de banha de
porco exportando o produto para o restante do Brasil após 1884.,em
1890 foram exportados cerca de 2 milhões de quilos (p475).Outras fábricas
existiam de chapéus de feltro de copa mole, já os de montar eram feitos em
chapelarias de “sela” chamados de cartola , são armados em
chapelarias com telas vindas da Europa[11]
O consumo de cerveja
importada reduzia-se em função existência das nove fábricas nacionais
de Porto Alegre como a Chistofel & Cia ,Becker & Cia e das
oito de Pelotas como a de Carlos Ritter & Irmão. E “fabrica-se ainda esta
bebida com especialidade na região colonial” .(476) O vinho era
fabricado em Jaguarão ,Bomjardim e colônias de Santa Maria, Pelotas e ilha dos
Marinheiros. Em Porto Alegre há três fábricas de vinho artificial, cinco de
água gasosa, além de uma de vinho natural, duas de artificial em Pelotas e três
de Licores e gasosas.(476)[12]
Há laboratórios farmacêuticos em Rio
Grande como a companhia Phamaceutica e Industrial e o laboratório homeopático
Souza Soares de Pelotas, o mais popular do Brasil ,em porto Alegre o Leal &
Daudt e o de Landell de Moura e o Pasqzier. Exportaram em 1885-1886 19
mil vidros passando para 58 mil em 1889. O estado carecia de
fábricas de queijos e de manteiga apesar do bom queijo serrano feito pelas
senhoras [13](p.477)
Segundo a mesma
fonte há ainda; as seguintes fábricas:
De gravatas; de beneficiar arroz; de
bolachas e bolachinhas ,de fundir ferro e cobre; de cofres de ferro; de
luvas(duas) e de camisas(duas); de escovas e vassouras(duas0 de beneficiar erva
mate, de manteiga, situadas em porto Alegre; de cartonagem em Porto Alegre e
Rio Grande e Pelotas ; de barbatanas e botões Porto Alegre e Rio Grande;. de
louça de barro uma em Porto Alegre outra em São Leopoldo e três em Pelotas; de
malas, cinco na capital e cinco em Pelotas; de beneficiar fumos, duas na
capital e cinco em Pelotas .de gelo duas em Porto Alegre uma em Rio
Grande.
Indústrias
|
Produto
|
Porto
Alegre
|
Pelotas
|
Rio
Grande
|
São
Leopoldo
|
Vestuário
|
Gravatas
|
1
|
|||
camisas
|
1
|
||||
tecidos
|
1
|
||||
Espartilhos
|
3
|
3
|
|||
malas
|
5
|
2
|
|||
Chapéus
de sol
|
5
|
1
|
|||
Luvas
|
2
|
||||
Pentes
Barbatanas
botões
|
1
|
1
|
|||
Alimentícia
|
Óleos
|
1
|
1
|
||
Beneficiar
arroz
|
|||||
Manteiga
|
1
|
||||
cerveja
|
|||||
moinhos
|
|||||
Massas
alimentícias
|
1
|
5
|
|||
bolachas
|
|||||
Vinagre
|
1
|
1
|
|||
Erva
mate
|
2
|
||||
manteiga
|
1
|
||||
cartonagem
|
1
|
1
|
|||
Uso
|
Móveis
de vime
|
1
|
1
|
||
Louça
de barro
|
1
|
3
|
1
|
||
fumo
|
2
|
5
|
|||
Consumo
|
Sabonetes
|
2
|
1
|
||
De
vassouras
|
2
|
3
|
|||
guano
|
1
|
||||
charutos
|
1
|
||||
cartonagens
|
1
|
1
|
1
|
||
gelo
|
2
|
1
|
|||
Transporte
|
Gaiolas
|
1
|
1
|
||
seges
|
7
|
||||
Metalúrgica
|
De
cofres de ferro
|
1
|
|||
Fundição
de ferro
|
1
|
||||
Total
|
40
|
48
|
2
|
1
|
Fonte VARELA, Alfredo.Riogrande do Sul
.Descrição phisica, histórica e ecoômica.Vol I Pelotas e Porto Alegre: Livraria
Universal ,1897 .p. 478
Não é de estranhar a importância econômica de Pelotas , pois
já em m 1835, Wolfgang Harnish descrevia a cidade de Pelotas como um local de
opulência extrema: "... já funcionam 35 charqueadas nos arredores da
cidade E completa “Esses milionários pelotenses bem que poderiam ter vivido no
Rio ou em Nice ou ainda em Paris, poderiam ter concorrido com os fidalgos
russos no luxo e na dissipação de Monte Carlo".[14]
Durante a Revolução Farroupilha as
importações exportações não foram interrompidas ,ficando uma média
de 2 milhões de contos de réis nas exportações e 2 600 milhões nas importações,
cifras superiores ao período da época da emancipação política que atingiu no
período de 1816a 1818 foi de 18844 milhões na
exportação e 1028 milhões a importação.
Assim na época da revolução se importou
mais do que nas épocas de paz.
[7] VARELA,
Alfredo.Riogrande do Sul .Descrição phisica, histórica e ecoômica.Vol I Pelotas
eProto Alegre: Livraria Universal ,1897 p.261
[8] VARELA,
Alfredo.Riogrande do Sul .Descrição phisica, histórica e ecoômica.Vol I Pelotas
eProto Alegre: Livraria Universal ,1897 .p264 270
[8]
[9] Por: Lígia Gomes
Carneiro, em "Trabalhando o couro - Do serigote ao calçado 'made in
Brazil'" - Editora L&PM, 1986)
[10] VARELA,
Alfredo.Riogrande do Sul .Descrição phisica, histórica e ecoômica.Vol I Pelotas
eProto Alegre: Livraria Universal ,1897 p.261
[10] VARELA,
Alfredo.Riogrande do Sul .Descrição phisica, histórica e ecoômica.Vol I Pelotas
eProto Alegre: Livraria Universal ,1897 .p.270-284
[10]
[11] VARELA,
Alfredo.Riogrande do Sul .Descrição phisica, histórica e ecoômica.Vol I Pelotas
eProto Alegre: Livraria Universal ,1897 p.274
[12] VARELA,
Alfredo.Riogrande do Sul .Descrição phisica, histórica e ecoômica.Vol I Pelotas
/Porto Alegre: Livraria Universal ,1897 .p.276
[13] VARELA,
Alfredo.Riogrande do Sul .Descrição phisica, histórica e ecoômica.Vol I Pelotas
/Porto Alegre: Livraria Universal ,1897 .p.276
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