”Pois a arquitetura é dentre todas as artes a que mais ousadamente busca reproduzir em seu ritmo a ordem do universo,que os antigos chamavam de
Kosmos “ (Umberto Eco
). Hoje se poderia dizer que a arquitetura busca imitar o desastre do universo,ou seja o
Kaos. Em Caxias é assim , a desordem humana só é batida pela desordem social. Felizmente, nem sempre foi assim.
Em 1925 os caxienses viviam num mundo de fantasia. Era festas sobre festas. O motivo? Comemoravam-se os cinquenta anos da chegada dos primeiros colonos que ocuparam os lotes da colônia Caxias. A festa envolveu a Itália Fascista , governada pelo primeiro ministro Benito Mussolini,que fazia uma campanha notável de integração dos italiano no mundo.Os colonos expulsos da Itália pela fome e pela falta de terras,passaram a ser a ela associados quando conseguiram certo progresso. Um álbum comemorativo foi publicado. A foto de Mussolini ilustrava uma das primeiras páginas.Caxias e as outras cidades que se originaram das antigas colônias refulgiam na publicação. Um prato cheio para os historiadores famintos de dados e um marco na montagem da mitologia da imigração italiana .Uma olhada em 1925 pode inspirar até os arquitetos locais imunes à história e adeptos do kaos
O intendente de Caxias era o italiano Dr.Celeste Gobbato (1924-1928) doutor em ciências agrárias.Eleito ao arrepio da lei ,(sempre tão violada na cidade)o Intendente agrônomo tinha planos para cidade. Introduziu os inefáveis pardais ,inimigos dos colonos e devoradores das sementes . Sendo um liberal conseguiu aderir ao fascismo..Enfim, um exemplo para os futuros prefeitos
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1925: Caxias em obra desde então.
sde rebaixamento das ruas |
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Capa do Album de onde as fotos da matéria
foram copiadas. |
Mandou derrubar os plátanos que decoravam o centro e em seu lugar plantou os deletérios Ligustrum lucidum. A árvore da China podia agravar as doenças respiratórias,principal causa da mortalidade regional.Chamada localmente de lecustro ou legustos (tem outros nomes como alfeneiro,).é uma das causas das alergias lque afetam os moradores da cidade. Mandou calçar a Júlio de Castilhos e reformar a Praça Dante segundo a ordem sagrada da maçonaria.
Caxias tinha então vinte e oito mil habitantes,na zona urbana viviam seis mil e quinhentos 235 casas comerciais e mais de 3oo industrias ,sendo a principal os alambiques. Onze advogados garantiam a lei; dois hospitais a saúde; 76 escolas municipaispara o ensino,e sete particulares o ganho das congregações. A cidade respirava Itália seus cinemas eram belos, tanto o Central como o Apolo. Os prédios eram neoclássicos. Peninha,o Intendente anterior já proibira as casas de madeira e assim os” palacetes “se sucediam na cidade ,assinados pelos arquitetos vindo da Itália como Silvio Toigo, Luis Valiera entre outros dos quais poderá se falar outro dia . Para alegria dos leitores algumas imagens de época valem mais do que palavras.Que tal estudar a flora importada de alhures , os pássaros exòticos e os exòticos dirigentes do município?
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Banco Pelotense Júlio com Marques do Erval |
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Planos para a Igreja de São pelegrino |
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Casa Salatino.Casa comercial
.Júlio de Castilhos com Visconde de Pelotas |
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Rua Marques do Erval: om Sinimbu Cantina Pezzi
Antigas casas de madeira resistiam. |
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Rua Montaury ´(Praça).Outrora havia a arquitetura neóclássica |
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Marcando presença no Album |
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Casa Sassi ,desde 1924 .resiste |
A leitura do álbum do Cinquentenário é realmente muito intressante. Penso que se poderia escrever uma pequena história das idéias que circulavam na colônia na década de 20 com base na leitura daqueles textos...
ResponderExcluirEmbora aquela retórica laudatória seja evidentemente excessiva, não consigo deixar de imaginar que essa leitura da imigração feita pelos autores teve um papel também benéfico no sentido da elevação da auto-estima dos ítalo-brasileiros. Não sei se a senhora concorda com isso... Por outro lado, para mim fica evidente que esse também é o marco talvez inicial da consolidação de alguns conceitos que vão marcar o cotidiano das comunidades de descendência italiana. Em um texto relacionado à cidade de Garibaldi, acho que aquele do Agostino Mazzini, já se fala de que o progresso das nações está diretamente relacionado ao culto do trabalho, e dá-lhe Smiles e 'struggle for life' na velha Colônia Conde D´Eu. Aliás, falando em conceitos, no prefácio ao seu livro sobre o fascismo, a senhora menciona que havia escrito, na década de 70, um texto sobre o racismo. Alguma possibilidade de publicação dele? Abraços.