quarta-feira, 22 de agosto de 2012


A Greve da União Operária


O Duri trabalho dos tanoeiros .1930

Logo tem inicio as primeiras vitórias da União já se fazem sentir. Conseguem um horário de co de 9 horas de trabalho diário.Os patrões se comprometeram a pagar , o trabalho de rebater os barris, que antes era realizado de forma gratuita pelos tanoeiros. No mês de julho a União passa a atuar em Bento Gonçalves, entregando às cadernetas e  atendendo as primeiras reivindicações dos tanoeiros daquela cidade.
            Os tanoeiros, ao menos um grupo deles, tinham consciência de classe, a declaração feita por Vigílio Frizzo, na reunião do dia 5 de julho revela que  devem aderir  “ à União, pois sem ela nada fazemos, aconselhando entretanto a agirmos com calma e perseverança, e no dia, quando formos conscientes da força que dispomos, será do dia de nossas mais belas aspirações e aí podemos impor a burguesia a nossa vontade.”
As atas revelam que a situação dos tanoeiros não era nada segura. Empresas como Oliva, Gavioli e  Sassi e Cia não pagavam o preço exigido por unidade de barril  fabricada. A empresa de Domingos Rezende obrigava os tanoeiros a pagarem a luz que era consumida durante o trabalho Os patrões procuravam diminuir os salários dos empregados para“concorrer uns com os outros usurpando-nos o nosso suor “, como declara o camarada José Rodrigues Vinhas.
Praça de Caxias em festa .Ano de 1933. época da maior efervescência do movimento dos  tanpeiros. 
            No mês de agosto a União já possuía representantes em Bento Gonçalves, Carlos Barbosa e Nova Vicenza (Farroupilha). Representantes destas regiões passam a comparecer às reuniões da União. Problemas ligados ao pagamento dos salários levam o presidente da União para Bento Gonçalves. Naquele município os patrões recusavam o pagamento pela tarefa de “bater os arcos”, que constitui a fase final da construção dos barris.

            A situação, apesar da ação da União, se agrava. Demissões sem causa ou por  motivos irrelevantes (como a queima acidental de uma aduela), o não cumprimento das exigências da União quanto ao preço mínimo  a ser pago por barril , o desconto de 200 réis no feitio dos barris, levou o grupo a entrar em greve.
            A primeira greve, registrada na Região Colonial Italiana eclodiu em 5 de novembro de 1930, numa terça-feira.  Quando no Brasil ocorria a consolidação da Revolução de 30.
            Alguns testemunhos .dão conta que  teriam ocorrido movimentos grevistas nos anos de 1928 e 1929, dos quais não foram encontrados registros. Segundo as mesmas fintes para conter o movimento vieram tropas da Brigada Militar, que chegaram a esta cidade por via ferroviária, provenientes de Porto Alegre. Estas greves  também teriam sido foram promovidas pelos tanoeiros.
            A Assembleia reunida nesta data  se declarou  permanente, ficando reunida enquanto durasse o movimento. Para conduzir o movimento paredista foi  designada uma diretoria provisória composta pelos camaradas:
Presidente: Alfredo dos Santos Neves
2º Presidente: Manoel Marques Cardão
Secretário: Noé Alves Oliveira
2º Secretário: Jacob Longhi
Tesoureiro: Manoel Guedes Rezende
2º Tesoureiro: Alfredo Milani
            Não constam das atas os motivos da escolha de uma diretoria,mas,   é possível que a anterior não tivesse  aceito o movimento grevista.
            Os grevistas utilizavam a Intendência Municipal como mediadora da questão. Para ela dirigem-se as comissões que portam as tabelas de preços exigidas pelos grevistas. As mesmas comissões dirigem-se aos industriais da tanoaria levando as mesmas tabelas.
            Segundo os registros os grevistas foram bem recebidos tanto pela Intendência como pelos industriais.
            Uma comissão encarregou-se de impedir que os companheiros trabalhassem. É interessante observar que os industriais, a pedido da comissão grevista, impediram que os tanoeiros, que não aderiram a greve, entrassem em suas oficinas.
            Nesta reunião permanente usou da palavra o camarada Manoel da Rocha Moreira que afirmou que “para podermos vencer o mais breve possível e que nossa causa é por poucos dias  sendo meus companheiros leais e fiéis como um só. Estar preparado para quando for necessário (...) para defender a santa causa e justa dos trabalhadores.
            Com a greve o número de associados aumentou, em dois dias, entraram para a União seis novos sócios.
            As conversações intermediadas pelo Intendente Coronel Miguel Muratore continuavam. Os trabalhadores conseguiram que os industriais aceitassem o horário de oito horas diárias para a jornada de trabalho. Não satisfeitos os tanoeiros aumentavam suas exigências.
            No dia 10 de novembro de 1930 os tanoeiros resolveram retornar ao trabalho, na segunda-feira seguinte, dia 17, diante da aceitação dos patrões das condições impostas pelos trabalhadores ficou decidido que as novas exigências deveriam ser no mês de janeiro de 1931.
            Ficou acertado na assembleia do dia 28 de novembro que nenhum tanoeiro poderia trabalhar sem estar de posse da caderneta da associação, salvo aquelas que viessem de outros estados ou da Europa .
            No dia 13 de dezembro de 1930 foram aprovados os estatutos da União (16). No dia 29 de dezembro de 1930 foi eleita uma nova diretoria,  sendo presidente Casimiro Dal Piva, que renuncia no dia 15 de janeiro de 1931.  A comissão designada pela Assembléia vai a intendência para negociar com os patrões, conseguindo  “aumento na obra velha e na raspagem da obra nova não sendo possível aumentar o feitio da mesma”.
             A renúncia de Dal Piva se dá no mesmo dia em que tem início o novo movimento de reivindicação. Foram designados provisoriamente Joaquim Mano para a presidência e Manoel Guedes para secretário, estes também não desejam permanecer no cargo, deixando-os no dia 7 de março.
            No dia 11 de março o impasse foi resolvido, como nenhum dos associados desejasse assumir a presidência, o camarada Vinhas nomeou Ricardo Colísse para ocupar este cargo, a assembleia aprovou a indicação.
            A situação financeira da União não era das melhores. Os problemas internos da instituição passaram a merecer mais atenção do que as relações entre os operários tanoeiros e patrões.
            No dia 15 de julho de 1931 a situação era grave, os tanoeiros não podiam pagar o aluguel da casa na qual estava sua sede. Um camarada que estava com as mensalidades atrasadas  e justifica o não pagamento afirmando que “não pagou suas mensalidades, por motivo de uns dizerem que  a associação viria abaixo, e também por ver uns pagar e outros não”
            A comissão designada para a cobrança de mensalidades em atraso não obtém o desejado, por este motivo é decidido em Assembleia que os operários serão perdoados dos débitos passados, sendo então as mensalidades pagas de julho em diante.No mês de agosto é realizada a mudança para novo endereço, a sede passa a funcionar em São Pelegrino.Nos meses subsequentes não ocorrem reuniões, a seguinte será realizada em 7 de novembro para comemorar o primeiro aniversário da greve.
Reclamações contra o preço de raspagem de quartos e bordalezas, levam a associação a intervir na questão junto a firma Oliva, Gavioli & Cia.
            O movimento iniciado em novembro de 1931 não teve o mesmo êxito do ano anterior. As reuniões  que congregavam mais de sessenta associados agregam apenas os membros da diretoria.
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