A Greve da União Operária
Logo tem inicio as
primeiras vitórias da União já se fazem sentir. Conseguem um horário de co de 9
horas de trabalho diário.Os patrões se comprometeram a pagar , o trabalho de
rebater os barris, que antes era realizado de forma gratuita pelos tanoeiros. No
mês de julho a União passa a atuar em Bento Gonçalves, entregando às cadernetas
e atendendo as primeiras reivindicações
dos tanoeiros daquela cidade.
Os tanoeiros, ao menos um grupo deles, tinham consciência
de classe, a declaração feita por Vigílio Frizzo, na reunião do dia 5 de julho
revela que devem aderir “ à União, pois sem ela nada fazemos,
aconselhando entretanto a agirmos com
calma e perseverança, e no dia, quando formos conscientes da força que
dispomos, será do dia de nossas mais belas aspirações e aí podemos impor a
burguesia a nossa vontade.”
As atas revelam que a
situação dos tanoeiros não era nada segura. Empresas como Oliva, Gavioli e Sassi e Cia não pagavam o preço exigido por
unidade de barril fabricada. A empresa
de Domingos Rezende obrigava os tanoeiros a pagarem a luz que era consumida
durante o trabalho Os patrões procuravam diminuir os salários dos empregados
para“concorrer uns com os outros usurpando-nos o nosso suor “, como declara o
camarada José Rodrigues Vinhas.
Praça de Caxias em festa .Ano de 1933. época da maior efervescência do movimento dos tanpeiros. |
A situação, apesar da ação da União, se agrava. Demissões
sem causa ou por motivos irrelevantes
(como a queima acidental de uma aduela), o não cumprimento das exigências da
União quanto ao preço mínimo a ser pago
por barril , o desconto de 200 réis no feitio dos barris, levou o grupo a
entrar em greve.
A primeira greve, registrada na Região Colonial Italiana
eclodiu em 5 de novembro de 1930, numa terça-feira. Quando no Brasil ocorria a consolidação da
Revolução de 30.
Alguns testemunhos .dão conta que teriam ocorrido movimentos grevistas nos anos
de 1928 e 1929, dos quais não foram encontrados registros. Segundo as mesmas fintes
para conter o movimento vieram tropas da Brigada Militar, que chegaram a esta
cidade por via ferroviária, provenientes de Porto Alegre. Estas greves também teriam sido foram promovidas pelos
tanoeiros.
A Assembleia reunida nesta data se declarou permanente, ficando reunida enquanto durasse o
movimento. Para conduzir o movimento paredista foi designada uma diretoria provisória composta
pelos camaradas:
Presidente: Alfredo dos
Santos Neves
2º Presidente: Manoel
Marques Cardão
Secretário: Noé Alves
Oliveira
2º Secretário: Jacob Longhi
Tesoureiro: Manoel Guedes
Rezende
2º Tesoureiro: Alfredo
Milani
Não
constam das atas os motivos da escolha de uma diretoria,mas, é possível que a anterior não tivesse aceito o movimento grevista.
Os grevistas utilizavam a Intendência Municipal como
mediadora da questão. Para ela dirigem-se as comissões que portam as tabelas de
preços exigidas pelos grevistas. As mesmas comissões dirigem-se aos industriais
da tanoaria levando as mesmas tabelas.
Segundo os registros os grevistas foram bem recebidos
tanto pela Intendência como pelos industriais.
Uma comissão encarregou-se de impedir que os companheiros
trabalhassem. É interessante observar que os industriais, a pedido da comissão
grevista, impediram que os tanoeiros, que não aderiram a greve, entrassem em
suas oficinas.
Nesta reunião permanente usou da palavra o camarada
Manoel da Rocha Moreira que afirmou que “para podermos vencer o mais breve
possível e que nossa causa é por poucos dias sendo meus companheiros leais e fiéis como um
só. Estar preparado para quando for necessário (...) para defender a santa
causa e justa dos trabalhadores.
Com a greve o número de associados aumentou, em dois
dias, entraram para a União seis novos sócios.
As conversações intermediadas pelo Intendente Coronel
Miguel Muratore continuavam. Os trabalhadores conseguiram que os industriais
aceitassem o horário de oito horas diárias para a jornada de trabalho. Não
satisfeitos os tanoeiros aumentavam suas exigências.
No dia 10 de novembro de 1930 os tanoeiros resolveram
retornar ao trabalho, na segunda-feira seguinte, dia 17, diante da aceitação
dos patrões das condições impostas pelos trabalhadores ficou decidido que as
novas exigências deveriam ser no mês de janeiro de 1931.
Ficou acertado na assembleia do dia 28 de novembro que
nenhum tanoeiro poderia trabalhar sem estar de posse da caderneta da
associação, salvo aquelas que viessem de outros estados ou da Europa .
No dia 13 de dezembro de 1930 foram aprovados os
estatutos da União (16). No dia 29 de dezembro de 1930 foi eleita uma nova
diretoria, sendo presidente Casimiro Dal
Piva, que renuncia no dia 15 de janeiro de 1931. A comissão designada pela Assembléia vai a intendência
para negociar com os patrões, conseguindo “aumento na obra velha e na raspagem da obra
nova não sendo possível aumentar o feitio da mesma”.
A renúncia de Dal
Piva se dá no mesmo dia em que tem início o novo movimento de reivindicação.
Foram designados provisoriamente Joaquim Mano para a presidência e Manoel
Guedes para secretário, estes também não desejam permanecer no cargo,
deixando-os no dia 7 de março.
No dia 11 de março o impasse foi resolvido, como nenhum
dos associados desejasse assumir a presidência, o camarada Vinhas nomeou
Ricardo Colísse para ocupar este cargo, a assembleia aprovou a indicação.
A situação financeira da União não era das melhores. Os
problemas internos da instituição passaram a merecer mais atenção do que as
relações entre os operários tanoeiros e patrões.
No dia 15 de julho de 1931 a situação era grave, os
tanoeiros não podiam pagar o aluguel da casa na qual estava sua sede. Um
camarada que estava com as mensalidades atrasadas e justifica o não pagamento afirmando que “não
pagou suas mensalidades, por motivo de uns dizerem que a associação viria abaixo, e também por ver
uns pagar e outros não”
A comissão designada para a cobrança de mensalidades em
atraso não obtém o desejado, por este motivo é decidido em Assembleia que os
operários serão perdoados dos débitos passados, sendo então as mensalidades
pagas de julho em diante.No mês de agosto é realizada a mudança para novo
endereço, a sede passa a funcionar em São Pelegrino.Nos meses subsequentes não
ocorrem reuniões, a seguinte será realizada em 7 de novembro para comemorar o
primeiro aniversário da greve.
Reclamações contra o preço
de raspagem de quartos e bordalezas, levam a associação a intervir na questão
junto a firma Oliva, Gavioli & Cia.
O movimento iniciado em novembro de 1931 não teve o mesmo
êxito do ano anterior. As reuniões que
congregavam mais de sessenta associados agregam apenas os membros da diretoria.
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