PARA
UMA HISTÓRIA DO PROLETARIADO CAXIENSE:
OS PRIMEIROS TEMPOS
Trabalhadores da estrada de rodagem 1906 |
Não é possível
escrever a história dos operários de Caxias sem que se conheça a história nacional
e internacional do movimento. O sindicalismo brasileiro teve duas matrizes:os
tipógrafos e os ferroviários.As duas categorias dispunham de meios que as
outras não possuíam ou seja a facilidade na comunicação e a possibilidade de
deslocamentos indispensáveis para o movimento da classe, separada entre si por imensas
distâncias.
O fim da escravidão no Brasil data de
13 de maio de 1888. Já havia então no mundo do trabalho, especialmente na
Inglaterra movimentos classistas que visavam estabelecer um legislação clara
entre o capital.Mas no Brasil foi a partir da República ( 1889 que os
trabalhadores começaram a se organizar no Brasil .Ainda assim antes disso havia
alguma organização dos operários, que se acelerou com o ingresso da mão de obra
livre europeia no final do século XIX.
Até
esta data predominava o trabalho escravo
mas, já a partir da extinção do tráfico ,em 1850, ideias que
estavam em voga na Europa começam a ser introduzidas t pelos trabalhadores livres. .Mas até 1888
era pequeno o número de operários assalariados, até as empresas siderúrgicas
como as de Mauá tinham operários escravos. A vinda de trabalhadores livres europeus aumentou
o número de assalariados. As colônias povoadas por imigrantes italianos constituíram
no dizer de Petrone “um viveiro de braços” para o trabalho assalariado.
As manufaturas
necessitavam de grande número de operários. Os lucros da cafeicultura em São Paulo
e o comércio no Sul Sudeste deram origem
ao capital necessário para a industrialização brasileira desestimulada no período
imperial(1822-1889) Com o capital nacional resultou em processo social do qual surgem
as primeiras associações de trabalhadores e as primeiras lutas operárias no
Brasil, e um novo mundo que se abre para os trabalhadores assalariados, com as fábricas, os
aglomerados urbanos e pela primeira vez mercado consumidor interno.
Marco da história sindical brasileira
o I Congresso Operário Brasileiro, que foi realizado de 15 a 20 de abril de 1906, no Rio de Janeiro.Contou
com o com 43 delegados representando das 28 organizações operárias. então
existentes no Brasil. O Congresso propõe a formação de uma organização sindical
nacional, a Confederação Operária Brasileira (COB).Já estão presentes as duas correntes ideológicas que marcaram o
sindicalismo brasileiro : os socialistas e os anarco-sindicalistas.
Os
anarco-sindicalistas propunham o sindicato seria a forma social ideal de
organização que deveria a substituir o Estado. As greves e a violência contra
os patrões eram por eles consideradas válidas para enfraquecer o capitalismo. Sem pátria e sem patrão era seu lema ,já que viam no Estado a causa dos males da sociedade. Já a
outra corrente, os socialistas buscavam uma transformação gradativa para uma
sociedade mais justa através da luta parlamentar através da participação política,
com a manutenção do Estado de direito que deveria mudar para atender suas reivindicações
dos trabalhadores.
Em
novembro de 1912 realizou-se no Rio de
Janeiro, no Palácio Monroe, o IV
Congresso Operário Brasileiro assim chamado.O Congresso não foi reconhecido
pela COB,tendo sido organizado pelo Deputado
Mario Hermes da Fonseca( filho do Presidente Hermes da Fonseca). Estavam
presentes 187 delegados representando sindicatos como o dos ferroviários e dos marítimos,tendo
sido fundado então o partido político
operário: A criação da confederação
Brasileira do Trabalho. Sindicatos garantia a subordinação dos operários ao
governo, fase conhecida “reformismo amarelo” ou “sindicatos pelegos”.
No
período de 1917 a 1920 ocorreram as greves nos centros urbanos como São Paulo,
Rio de Janeiro, Santos, Porto Alegre, Salvador.Estas greves tiveram a adesão de
milhares de trabalhadores que reivindicavam melhores salários, liberdade aos
grevistas presos, direito de associação e dos trabalhadores, a garantia de emprego
ao trabalhador grevista, trabalho de oito horas diárias, e proteção ao menor e a mulher.
Em Caxias os primeiros trabalhos conseguidos pelos imigrantes foi na abertura de estradas.Tal trabalho assalariado era pago por jornada.Outro trabalho conseguido fora das atividades da propriedade era o trabalho na abertura da estrada de ferro.Trabalhos sem direitos .Sem direitos eram também os trabalhos prestados à Intendência municipal na abertura de ruas e na construçãod eobras de drenagem ou de barragems.
Obras da barragem hidráulica de Caxias 1910 . Foto Mancuso. AHMJSACX |
Em Caxias em 1917 ocorre uma greve
cujo registro está nos jornais de então, mas as informações são poucas. Os
jornais do começo do século XX eram mais opinativos que informativos. Por eles
se poderia saber que para o articulista a greve era algo mau que se entendia sobre a sobre Caxias. Assim
não é possível conhecer as empresas e os empregados envolvidos no movimento paredista
,apenas que este existiu.
Uma das primeiras indústrias têxteis
da região foi criada por trabalhadores grevistas , expulsos da fábrica do
Lanifício Rossi de Schio (Vicenza Itália) .Os operários em 1894 . se reuniram e
criada como empresa cooperativista funcionou dessa forma 1904 quando foi comprada por Ercole Galló que
a transformou em empresa de Capital privado. Em 1901 os comerciantes locais se organizam em Associação adiantando-se aos
operários.
Como
desde o início de seu povoamento a
região era constituída, por pequenos produtores agrícolas é natural que a
organização classista tenha iniciado entre eles .A primeira organização O movimento cooperativista iniciado por
Paternó (1914-1916), que tentou congregar os produtores vinícolas da zona
rural, pressionados pelos grupos urbanos e autoridades locais, não teve êxito.
O mais antigo documento escrito,
sobre o movimento operário em Caxias , é o da União dos Operários Tanoeiros, que
existiu entre 1930 e 1937. Como não há
registros anteriores, sobre outros movimentos operários, a União pode ser primeira
organização classista da região colonial. É possível que existam outras mas que
ainda que não foram, encontrados.
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