segunda-feira, 6 de agosto de 2012


            PARA UMA HISTÓRIA DO PROLETARIADO CAXIENSE:
OS PRIMEIROS TEMPOS
Trabalhadores da estrada de rodagem 1906



Não é possível escrever a história dos operários de Caxias sem que se conheça a história nacional e internacional do movimento. O sindicalismo brasileiro teve duas matrizes:os tipógrafos e os ferroviários.As duas categorias dispunham de meios que as outras não possuíam ou seja a facilidade na comunicação e a possibilidade de deslocamentos indispensáveis para o movimento da classe, separada entre si por imensas distâncias.
O fim da  escravidão  no Brasil   data de 13 de maio de 1888. Já havia então no mundo do trabalho, especialmente na Inglaterra movimentos classistas que visavam estabelecer um legislação clara entre o capital.Mas no Brasil foi a partir da República ( 1889 que os trabalhadores começaram a se organizar no Brasil .Ainda assim antes disso havia alguma organização dos operários, que se acelerou com o ingresso da mão de obra  livre europeia no final do século XIX.
            Até esta data predominava  o trabalho escravo mas, já a partir da extinção do tráfico ,em 1850,   ideias que estavam em voga na Europa começam a ser introduzidas  t pelos trabalhadores livres. .Mas até 1888 era pequeno o número de operários assalariados, até as empresas siderúrgicas como as de Mauá tinham operários escravos.  A vinda de trabalhadores livres europeus aumentou o número de assalariados. As colônias povoadas por imigrantes italianos constituíram no dizer de Petrone “um viveiro de braços” para o trabalho  assalariado.
As manufaturas necessitavam de grande número de operários. Os lucros da cafeicultura em São Paulo e o comércio no Sul Sudeste deram  origem ao capital necessário para a industrialização brasileira desestimulada no período imperial(1822-1889) Com o capital nacional resultou em processo social do qual surgem as primeiras associações de trabalhadores e as primeiras lutas operárias no Brasil, e um novo mundo que se abre para os  trabalhadores assalariados, com as fábricas, os aglomerados urbanos e pela primeira vez  mercado consumidor interno.
          Marco da história sindical brasileira o I Congresso Operário Brasileiro, que foi realizado de  15 a 20 de abril de 1906, no Rio de Janeiro.Contou com  o com 43 delegados representando  das 28 organizações operárias. então existentes no Brasil. O Congresso propõe a formação de uma organização sindical nacional, a Confederação Operária Brasileira (COB).Já estão presentes as  duas correntes ideológicas que marcaram o sindicalismo brasileiro : os socialistas e os anarco-sindicalistas.
            Os anarco-sindicalistas propunham o sindicato seria a forma social ideal de organização que deveria a substituir o Estado. As greves e a violência contra os patrões eram por eles consideradas válidas para enfraquecer o capitalismo. Sem pátria e sem patrão  era seu lema ,já que viam  no Estado a causa dos males da sociedade. Já a outra corrente, os socialistas buscavam uma transformação gradativa para uma sociedade mais justa através da luta parlamentar através da participação política, com a manutenção do Estado de direito que deveria mudar para atender suas reivindicações dos trabalhadores.
            Em novembro de 1912 realizou-se  no Rio de Janeiro, no Palácio  Monroe, o IV Congresso Operário Brasileiro assim chamado.O Congresso não foi reconhecido pela COB,tendo sido organizado  pelo Deputado Mario Hermes da Fonseca( filho do Presidente Hermes da Fonseca). Estavam presentes 187 delegados representando sindicatos como o dos ferroviários e dos marítimos,tendo sido fundado  então o partido político operário: A criação da  confederação Brasileira do Trabalho. Sindicatos garantia a subordinação dos operários ao governo,  fase conhecida “reformismo amarelo” ou “sindicatos pelegos”.
            No período de 1917 a 1920 ocorreram as greves nos centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Santos, Porto Alegre, Salvador.Estas greves tiveram a adesão de milhares de trabalhadores que reivindicavam melhores salários, liberdade aos grevistas presos, direito de associação e dos trabalhadores, a garantia de emprego ao trabalhador grevista, trabalho de oito horas diárias,  e proteção ao menor e a mulher.
Em Caxias os primeiros trabalhos conseguidos pelos imigrantes foi na abertura de estradas.Tal trabalho assalariado era pago por jornada.Outro trabalho conseguido fora das atividades da propriedade era o trabalho na abertura da estrada de ferro.Trabalhos sem direitos .Sem direitos eram também os trabalhos prestados à Intendência municipal na abertura de ruas e na construçãod eobras de drenagem ou de barragems.

Obras da  barragem hidráulica de Caxias 1910 . Foto Mancuso.  AHMJSACX

Em Caxias em 1917 ocorre uma greve cujo registro está nos jornais de então, mas as informações são poucas. Os jornais do começo do século XX eram mais opinativos que informativos. Por eles se poderia saber que para o articulista a greve era algo mau  que se entendia sobre a sobre Caxias. Assim não é possível conhecer as empresas e os empregados envolvidos no movimento paredista ,apenas que este existiu.
Uma das primeiras indústrias têxteis da região foi criada por trabalhadores grevistas , expulsos da fábrica do Lanifício Rossi de Schio (Vicenza Itália) .Os operários em 1894 . se reuniram e criada como empresa cooperativista funcionou dessa forma  1904 quando foi comprada por Ercole Galló que a transformou em empresa de Capital privado. Em 1901 os comerciantes locais  se organizam em Associação adiantando-se aos operários.
            Como desde o início de seu povoamento  a região era constituída, por pequenos  produtores agrícolas é natural que a organização classista tenha iniciado entre eles .A primeira organização  O movimento cooperativista iniciado por Paternó (1914-1916), que tentou congregar os produtores vinícolas da zona rural, pressionados pelos grupos urbanos e autoridades locais, não teve êxito.
            O mais antigo documento escrito, sobre o movimento operário em Caxias , é o da União dos Operários Tanoeiros, que  existiu entre 1930 e 1937. Como não há registros anteriores, sobre outros movimentos operários, a União pode ser primeira organização classista da região colonial. É possível que existam outras mas que ainda que não foram, encontrados.



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