MOVIMENTO
OPERÁRIO DURANTE O PERÍODO DA REDEMOCRATIZAÇÃO (1946-1964)
O
período da chamada redemocratização, compreendido entre 1946 e 1964, não vai modificar
as condições de atrelamento dos sindicatos à estrutura do poder. Mesmo assim, a
constituição de 1946 vai permitir uma maior liberdade de expressão e de
organização de toda população. Esta abertura política vai permitir a expansão
dos sindicatos operários.
O sindicalismo nesse
período vai ganhar novas dimensões. A ampliação da ação sindical deve-se a
abertura política garantida pela nova Carta Constitucional, bem como a tomada
do poder, nos sindicatos de elementos ideologicamente preparados para levar a
frente a luta sindical.
O grupo que
assumiu o poder - no Sindicato da Alimentação e dos Metalúrgicos – estava vinculado
à ação do Partido Comunista. Esta organização formou líderes e de suas fileiras
nasceu uma nova concepção sindicalista.
Os
Sindicatos Reunidos ganham novo impulso. Reuniões se realizam diariamente entre
os líderes de todos os sindicatos que compunham a organização.
As
assembleias gerais reuniam milhares de
associados, em geral , realizavam-se no cinema Apolo visto que o auditório dos
sindicatos reunidos tornou-se pequeno para abrigar tão número de associados.
Para
fazer frente ao movimento sindical mobiliza-se a Igreja. A criação do Círculo
Operário Caxiense, ocorrida em 1934, que tinha como objetivo suprir os trabalhadores de assistência médica,
dentária e mesmo judiciária, ao mesmo tempo que concorreria com os sindicatos.
Segundo alguns líderes que conviveram com a instituição - que perdura até hoje
- esta desejava se apropriar dos sindicatos, colocando a frente de suas diretorias líderes cristãos.Os sace4rdotes que
dirigiam a organização eram agressivos com as lideranças sindicais comunistas. Não foi apenas esta a ação da Igreja.
Durante
o período em que o movimento sindical ganhou maiores proporções, lideres
sindical eram atacados por púlpitos das igrejas, sendo acusados de agentes de
Moscou.
Os
sindicatos - especialmente o dos Metalúrgicos - deixaram os gabinetes
burocráticos e foram às vilas populares. Ouviam as reivindicações
da população, levando as ao executivo e ao legislativo municipais.
Passeatas
seguiam-se aos comícios, que eram encerradas na frente da Estátua da Liberdade, no
lado norte da Praça central de Caxias ( então chamada de Rui Barbosa) logradouro
público principal da cidade.
Muros
amanheciam pintados, as reivindicações que não eram atendidas ofereciam nas aos
olhos da população. Aos poucos, as resoluções das Assembleias Gerais passaram a
ser atendidas pelos patrões. O tempo de obedecer, de reivindicar e de retroceder,parecia definitivamente morto.
Líderes
sindicais participavam de Congressos Nacionais e Internacionais. A sua
participação não era passiva, agiam e se congregavam com grupos de outras regiões
brasileiras. Derrubaram também líderes sindicais que dominavam a confederação
dos Metalúrgicos. Foram convidados pelo
governo da União Soviética e da Alemanha Oriental a visitar aqueles países.
A
participação no movimento sindical não se restringia só a “negrada”, (1)como a
burguesia caracterizava a liderança
sindical,os de origem italiana começaram a participar das diretorias ,o que garantia
novo status a elas ,entre eles Bruno
Segalla no Sindicato dos metalúrgicos e Ernesto Bernardi no da Alimentação.
Apesar
disso o movimento não parece ter conseguido modificar as bases, foram
necessários dez anos de lutas para que ocorresse a primeira greve geral da
categoria dos metalúrgicos. A realização desta greve constitui o máximo
resultado da ação sindical operária no período da redemocratização, sendo a
última ação antes da revolução de 1964.
Líderes
foram forjados no movimento sindical, sua palavra torna-se decisiva para a
categoria que representavam. Formara-se uma verdadeira elite sindical com
transito livre junto às autoridades constituintes. As bases, porém, não foram
preparadas para agir por suas próprias forças. Quando a Revolução de 64
realizou a intervenção nos Sindicatos Reunidos, foram poupados os líderes mais
cordatos com o sistema, os outros mais atuantes foram destituídos de seus
cargos.
As
bases abandonadas não conseguiram refazer seu próprio caminho. A ação sindical
do período não plantava frutos, apenas ensinava a colhê-los. A ação de sua liderança formada durante a democratização
revelou-se demasiado personalista e, ao que tudo leva a crer, centralizadora.
De qualquer forma possibilitaram ao movimento sindical local que se sobrepunha ação assistencialista. Os sindicatos ocuparam por quase
duas décadas o espaço que lhe cabia junto aos operários locais.
Alguns
de seus líderes começaram a ser eleitos para cargos políticos. Bruno Segalla
foi eleito vereador por duas legislaturas, e o mesmo ocorreu com Ernesto
Bernardi. O primeiro inclusive foi eleito primeiro suplente de Deputado
Estadual pelo PSP
Após
a Revolução de 1964 ficou demonstrada a fragilidade da estrutura sindical que
havia sido montada. A ação sindical limitou-se a se fazer presente quando as
condições políticas assim o permitiram.
Referências Bibliográficas
1.
Para utilizar a
expressão empregada por Segalla ao se referia aos operários sindicalizados, tal
como eram considerados na cidade, em depoimento às autoras.
2.
Testemunhas citaram
m inclusive o nome dos sacerdotes, (omitidos no texto) eram eles Orestes
Valetta, Ângelo Tronca e Ernesto
Brandalise.
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