PATRÕES E OPERÁRIOS 1903-1984
A
organização dos sindicatos patronais e operários em Caxias do Sul guarda entre
eles uma semelhança estrutural. Surgem
ambos da união da classe empresarial e da operária na defesa
de seus interesse classistas.
A
união dos empresários se por meio da Associação Comercial que vai servir de
mediadora entre a organização e os problemas comunitários, políticos e
patronais. A partir da Revolução de 30 começa um envolvimento efetivo com a classe operária.
Os problemas eram
resolvidos através do apoio da política municipal , com a qual a os patrões se
envolveram diretamente desde a formação
da Associação Comercial. A organização dos sindicatos patronais se deu
tardiamente, sua organização não esvaziou o caráter de mediação que a Associação Comercial e depois do Centro de Indústria Fabril teve. A Assessoria Jurídica partiu sempre da
organização maior e os sindicatos patronais limitaram-se a uma posição
dependente em relação à organização maior
a que se vinculavam ,ou seja a Associação e o Centro.
O
serviço assistencial dado pela CIC, e antes dela pela Associação Comercial e
pela CIF, aos empresários se vincula aos interesses econômicos do grupo, sendo
que se resume a uma orientação geral para a ação do empresáriado em relação a política
econômica nacional. A Assistência Jurídica é dada tanto aos sindicatos
patronais quanto para as empresas associadas a CIC. Não há uma assistência
específica para as relações entre
patrões operários
Os
organismos de união patronal, antes da organização sindical, possibilitaram uma
ação livre à autônoma dos empresários, sem os freios que caracterizam a
legislação sindical. O atraso, em relação à legislação com que foram
organizados os sindicatos demonstra esta liberdade de ação que os empresários
usufruíram mesmo durante o Estado Novo.
Os
contatos com as autoridades constituídas sempre foram realizados por meio dos sindicatos patronais. Estes contatos
tiveram objetivos de conseguir melhores condições para as empresas, tanto em
relação a empréstimos com em relação a isenções ficais. Os contratos para
prevenção de situações futuras, não constituem a tônica da ação da organização
patronal, ou seja, de uma forma geral são imediatistas.
Não
se observa entre os sindicatos patronais a severa hierarquia que ocorre entre
os sindicatos operários. Sua localização espacial dentro da sede da CIC não revela a posição mais expressiva,pois, ocupam o mesmo espaço, não havendo espaços
maiores ou menores de acordo com o número maior ou menor de associados. Para
atender aos sindicatos patronais havia apenas três funcionários excluída
assistência jurídica que é comum aos outros departamentos da CIC.
Os
sindicatos operários foram organizados antes da da criação da União Operária. A
União ainda assim foi a matriz geradora dos sindicatos dos trabalhadores nas
indústrias. Com o advento das medidas repressoras do Estado Novo, a União foi
dissolvida de direito. Mas permaneceu de fato, visto que a administração geral
da sede e das Caixas de Pecúlio estavam
ainda ligadas a “extinta” entidade. A organização dos sindicatos operários não
acabaram com a União, que aparece com outras denominações, permanecendo como ponto de ligação entre os vários sindicatos. A força que a União sindical
propiciou aos operários, dada a ligação direta entre seus líderes, nunca foi
utilizada devidamente. Os operários parecem desconhecer o que representa sua união real, já que
legalmente estes laços são apenas assistências e administrativos.
Patrões
e operários possuíram ao longo do tempo organizações especulares, a Comunidade Assistencial
e a Câmara de Industria e Comércio tiveram idênticas finalidades assistências em setores diversos, a primeira oferece
assistência médica, odontologia e jurídica e segunda apresenta uma assistência
jurídica e fiscal.
A
organização dos patrões, sob o ponto de vista sindical, foi instituída quando a
força da união dos operários passou a se fazer sentir diretamente no período da
redemocratização. Os sindicatos patronais foram criados em reação a organização
dos operários, não antes, pois a Associação e a CIF os representavam de forma
conveniente.
Os
sindicatos operários tem apresentado uma relação com o poder bastante
semelhante ao dos sindicatos patronais. A atitude de subserviência e bajulação para os órgãos
importantes para o setor constituem um ponto comum entre a organização patronal
e operária. A imprevidência na tomada de medidas preventivas para a melhoria
das associações da classe é outro ponto comum entre as duas organizações.
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