UM DIA DE FESTA
A estrada de ferro está
vazia e dói
Oscar Bertholdo
Naquele
sábado, o dia nascera ensolarado, traçando longas sombras nas calçadas, como
acontece no outono. O inverno era anunciado pelos plátanos no ouro de suas
folhas murchas. Os preparativos tinham sido muitos envolvendo os comerciantes e
indústrias da Vila. O vice intendente em exercício Tancredo Áppio Feijó fizera
grande
esforço para enfeitar
a cidade. Era primeiro dia de junho de 1910, os morteiros espocavam na
madrugada vazia do centro da cidade, acordando a população para o grande dia.
A cidade tinha engalanada
aguardava os visitantes.Nas proximidades da estação um arco coberto de plantas tinha como dístico Campo dos Bugres 1875, Cidade de Caxias 1910 . As ruas Tomás
Flores e a Júlio de Castilhos estavam enfeitadas,com lanternas venezianas e grandes arcos de
folhagens e faixas saudando a República e o Presidente do
Estado. As casas exibiam nas janelas objetos e alcatifas com o que tinham de
melhor um costume de então. Ao longo das ruas as bandeirolas flutuavam com leve
brisa outonal..
Os hotéis Bersani e
Pelizzari tinham preparado seus melhores cardápios para receber os visitantes e as
autoridades . O dia era de comemorações,
afinal há 35 anos era esperada a estrada de ferro e com ela o trem . Para os comerciantes
locais era a garantia transporte melhor
e mais barato para os produtos coloniais, para os moradores da Vila maior facilidade para suas viagens à capital.
Na Praça
Dante Alighieri foi organizado um préstito. Duas bandas a Santa
Cecília e a Independência abririam o desfile . Na praça se reuniram
autoridades, o intendente licenciado
Vicente Rovea, o vice intendente,
as sociedades Operarias , o clube
Juvenil e o Aliança , os comerciantes e os
industriais.Para aumentar o número de participantes foram convocados os alunos uniformizados de
branco dos colégio do Carmo , São José
e das aulas estaduais que então levavam o nome de seus diretores.
Até a temperatura era de festa, permitindo que as mulheres
vestissem seus melhores trajes longos e claros com suas sombrinhas
rendadas. Os homens trajaram seus ternos
escuros e seus chapéus de feltro.
O cortejo com
mais de mil pessoas às 13 horas partiu da Praça. Seguiu de forma lenta
a rua Júlio de Castilhos em direção á
Estação,lá chegando uma hora depois .Pouco depois, se fez ouvir o ruído
do trem. O comboio era composto
pela locomotiva e por três vagões novos em folha. Foguetes e morteiros explodem
no ar e logo o povo invade os trilhos, acotovelando-se com autoridades e com os
passageiros que desciam dos vagões. As bandas tocaram os hinos nacional e o a marcha real da Itália e
uma salva de 31 tiros saudou os
visitantes . Foi um momento de alegria que o
fotógrafo Mancuso fixou com rara
precisão.
O trem enfim tinha
chegado trazendo da capital mais de 200 convidados, entre autoridades
brasileiras e o cônsul da Itália. Uma pequena frustração ficou no ar o
presidente do Estado não havia
chegado, apenas seu
representante o Chefe da
Polícia do Estado .A seguir o préstito
engrossado pelos recém chegados volta ao centro da Vila. Na frente do hotel
Bersani as autoridades são saudadas pelas meninas Maria Idalina Cruz e
Otilia Jaconi alunas da professora Rosa
de Almeida . Poucos discursos. Afinal de
discursos a colônia estava farta. O jornal O Brasil que registrou a festa não
descreve o cardápio servido às
autoridades, mas é possível imaginar a sofisticação dos pratos ea variedade de pratos que foram servidos. Naqueles tempos os
cardápios eram pantragruélicos.
De noite mais festas um cortejo de luzes de velas e de
archotes desfila as 19 horas pelo
do Centro Republicano até a
Intendência Municipal. Mais tarde, no Clube Juvenil, então situado na esquina
das ruas Marechal Floriano e Júlio de Castilhos ocorreu grandioso baile, ao
qual comparecem convidados, os outros
dormem, cansados da longa viagem de 8
horas de duração. Só então foi lido o telegrama do presidente do Estado elevando
a vila de Caxias à condição de
cidade.
Os festejos continuaram na manhã seguinte ,quando as 10,30
horas partiu o trem para a
capital,levando a comitiva que viera
para a inauguração. No largo Estação
Férrea a festa continuou com um churrasco
para o qual foram abatidas cinco vacas gordas para alegria da população
da recém criada cidade.
Caxias nunca mais foi a mesma. O município que segundo o
jornal tinha 50 mil habitantes,dos ,4 mil
deles na zona urbana .Possuía
8 mil prédios,sendo 7 mil de
madeira e 1 mil de alvenaria
.Tinha várias empresas,
metalúrgicas como a de Abramo Eberle, com 80 operários e a de Amadeo
Rossi com 60 operários,fabricas de produtos suínos , de vinhos , e vários moinhos para o fabrico
de farinha entre os quais o de Aristides
Germani. A cidade contava com mais de 50 casas de negócio de todos os ramos de
comércio. Os comerciantes enriquecidos tinham formado uma das primeiras
associações do país, em 1901. O dia de festa marcou a passagem da condição de vila para a de cidade e das antigas para as modernas formas de
transporte e de novas condições de vida
para a população.
HISTÓRIAS COMUNS
Vinde ver
retratos e conhecer nomes
que estão
escondidos por detrás do cantar festivo
Oscar Bertholdo
São comuns as histórias das administrações políticas dos
municípios brasileiros no inicio da República. Comuns são as leis e comuns, a
Lei maior e os fatos históricos, comum ainda é o processo de formação
histórica. Semelhantes entre si são as histórias dos municípios provenientes
das antigas colônias imperiais do Rio Grande do Sul e seu passado. São os
elementos que marcam sua cultura e identidade em relação a outras regiões do país.
Apesar dos elementos
comuns há outros tão característicos que tornam a história regional única e fascinante. Como cada ser humano
também cada cidade é única em seu espaço geográficos e
seus personagens .Nelas residem os segredos e os nomes de uma história
real, os mortos tem nome e parentes sendo lembrados e cultuados .Eles se tornam
ruas, escolas e monumentos .Na história das cidades está também o conhecimento
de seus deslizes , de desmandos e de crimes.Os crimes não são escritos. Os assassinatos raramente
são acompanhados de projetos,atas e relatórios. Os crimes não desvendados não
são registrados, para sempre impunes. Os cidadãos deles falam, são
lemabrados enquanto vivem os
protagonistas ,depois, tudo fica
enterrado no passado.Deles restam apenas indícios.Pequenos registros nos
jornais,lembranças familiares, alusões
veladas em textos oficiais.A história real também morre nas pequenas
comunidades. Um pequeno exemplo é o assassinato
de Cesare Porta um dos participantes da
Revolução Federalista(1892-1895). Conta Adami
Certa
ocasião Affonso Amabile e Cesare Porta ,ambos procurados pela polícia,mais ou
menos do ano de 1893,foram vistos por
esta,que(Sic) se dirigiam à Vila pela estrada Rio Branco(...) travou-se então
um tiroteio onde resultou a morte de Porta e um ferimento de certa gravidade no
pescoço de Amábile )1964 ,p170)
O que
diz a nota não é à verdade, ou melhor, é a verdade oficial. Ao que tudo
indica, ocorreu uma execução pura e simples. Porta foi um dos
vários imigrantes italianos mortos nas guerras do Sul. Ele era um imigrante
como tantos outros, havia comprado um lote colonial e prestava serviços no Barracão de Caxias como enfermeiro. Participara como tantos
outros dos conflitos locais. Após o término da Revolução Federalista o governo
italiano pediu explicações ao brasileiro sobre a morte de seus súditos. Antonio
Xavier da Luz a ele respondendo em
oficio, datado de 28 de maio de 1896, afirmou
que ele, Porta era brasileiro,visto que votara nas últimas
eleições. A explicação é maldosa. Como se o fato dele ter se naturalizado
brasileiro, fizesse dele apátrida
e, como tal, passível de ser
assassinado.
As
histórias das cidades guardam segredos. Quantos Porta esperam pela sua
reabilitação?
TANTOS NOMES
É tempo de estar em
todos os caminhos
Oscar Bertholdo
Caxias do Sul sob o ponto de vista política passou por
várias formas de administração, e várias
denominações. As mudanças dos nomes estão relacionadas com as mudanças
administrativas que vão da condição de colônia a de município
Na época de sua criação foi chamada de colônia aos fundos de
Nova Palmira, mais tarde após a bandeira de Luís Antônio Feijó
Júnior,quando foi encontrado um antigo acampamento de nativos, ficou conhecida
como Campo dos Bugres, Quando os imigrantes chegam a Colônia ao mandar cartas aos parentes na Itália colocam
a procedência o exótico nome de Campi
dei Bulgueri, literalmente Campos dos Búlgaros.
Os atos oficiais dos administradores
coloniais e continuam a designá-la Sede Dante ou Santa Teresa de Caxias, quando
se referem ao núcleo colonial. O seu nome poderia ter evoluído para Santa
Teresa, Dante Alighieri ou Campo dos Bugres, como aconteceu com São Leopoldo,
mas nada disso aconteceu e a colônia passou a ser chamada de Caxias. Sua organização
foi sui generis em seu sistema
de glebas continuas, de
léguas em quadro , subdivididas em
travessões e lotes ,dando
origem ao Padrão Caxias no qual is lotes tinham a forma de pequenos retângulos As linhas
coloniais tinham a forma de grandes figuras de formas
diversas(retangulares,quadrangulares e outros) divididas ao meio pela linha
demarcatória de onde partiam os lotes perpendicularmente à mesma e de ambos os
lados.
(LA SALVIA,HANDECHUNCH ,1974,p.9)
Figura 2 Diagrama das
distâncias entre as colônias .Da autora
Nos mapas
estatísticos de 1884, o nome adotado foi Caxias, ou como assinalam outros
Documentos antiga colônia Caxias. O nome antiga
colônia durou muito tempo mesmo, depois de ter se tornado próspero município. O
presidente do Estado Júlio de Castilhos de certa forma foi um dos responsáveis
pela manutenção da denominação de Pérola das Colônias,ao utilizar-se dessa expressão
em discurso proferido na Vila, em 1898.
Em
12 de abril de 1884, Caxias deixou a condição de colônia tornando-se distrito de São Sebastião do Cai ,sendo chamado então
de freguesia de Santa Teresa de
Caxias e 5º distrito de paz do município de Cai. Como
distrito viveu como todo Brasil a difícil transição entre império e república.
Cai sediava a paróquia, que se separou de São José do Hortêncio e a
junta eleitoral e administração
municipal ,onde os impostos deveriam ser
pagos .
Quando
Caxias foi declarado município manteve o
nome da colônia. O seu núcleo continuava a ser Vila de Santa Tereza de Caxias, mas de forma geral foi se
consolidando o nome de único de Caxias, válido tanto para a sede municipal como
para o município. Em novembro de 1898 quando se foi elevada à sede da comarca,
foi dividida em três distritos: a sede Vila de Santa Teresa de Caxias, o
distrito de Nova Trento e o de Nova Milano.
O nome
Caxias deriva de ‘cachia”(cacho), flor do arbusto “corona christ”. Antigamente Cacho era grafado
Cachia, era o ainda o
nome da quinta do Marques de Pombal, antiga residência dos reis de
Portugal.Para Houiass a palavra Caxias deriva de “cachia um tipo de angiosperma chamada acacia
farnesiana “ .Por outro lado o
O Professor
Basílio de Magalhães, em anotações à obra de Spix e Martius, grafa Cachias.
Disse-se, ali que “é melhor grafia do topônimo, pois provém, sem dúvida, do
nome cachia ( como se pode ver no excelente dicionário de Morais) , à
"esponja" ,flor do arbusto chamado " corona christi ", que
não de caixa.(Internet)
Deixando de lado o preciosismo a questão se
torna simples. O nome Caxias não foi uma homenagem nem à quinta, nem à planta,
ou às plantas muito menos a cidade maranhense. O nome Caxias foi uma homenagem
a Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias (1803-1880), principal militar
brasileiro da guerra movidas pelo Império no século XIX.
Já o nome Caxias do Sul foi
determinado pelo Decreto nº 720, de 29 de dezembro de 1944. Sobre o assunto há
uma longa polêmica , que teve inicio pelo Decreto Lei nº 311 , de 2 de março de 1938 , que proibia o uso de um mesmo topônimo para mais de
uma cidade. Havia três Caxias: a mais
antiga delas era Caxias das Aldeias Altas, seguida de Caxias do Rio de Janeiro
e a mais nova Caxias era a Rio Grande do
Sul .
Pela Lei duas das cidades homônimas deveriam mudar de
nome. No Sul as lideranças se
movimentaram e conseguiram que o Conselho Nacional de Geografia mantivesse o nome Caxias
O telegrama daquele órgão de nº 192 ,de 1 de novembro de
1943,garantia que
O valioso apoio caso nome Caxias, em face das
numerosas representações que estão chegando, nas seguintes condições: Comarca
Fluminense, onde nasceu o grande brasileiro, ficaria Duque de Caxias; Comarca
gaúcha, de grande importância econômica, continuaria apenas Caxias e Comarca do
Maranhão mudaria para Marechal Caxias ou Caxias do Norte. (internet)
Logo os
cidadãos mais importantes do Maranhão reagiram
provando que a sua cidade criada
em 1811 , dera origem ao nome de Duque ao Patrono do Exército,e que após consultar
vários especialistas , responderam ao Embaixador Macedo Soares, pelo
telégrafo.A Comissão Revisora maranhense era contra a mudança nome ,por ser a
mais antiga e a primeira receber a denominação sua posição foi aceita. Assim
Caxias apesar das lutas e protestos de
suas forças vivas se tornou Caxias do
Sul ,enquanto a cidade natal de Caxias recebeu o nome de Duque de Caxias e a Caxias
natal de Gonçalves Dias manteve o
nome tão
disputado.
COLÔNIA CAXIAS (1875-1884)
Os olhos dos que já foram cabem nos retratos
do velho cemitério em plena vila
Oscar Bertholdo
No
período compreendido entre 1875 e 1885 Caxias foi colônia imperial. Colônia era
um loteamento oficial, que constituía a unidade de aplicação da política da
ocupação das terras e do sistema de colonização do Império brasileiro. O
projeto venda das terras devolutas (ou seja, as terras não legalizadas após a
Lei das terras de 1850) estava diretamente ligado ao Ministério da Agricultura.
A colônia Caxias como as demais, era dirigida
por uma diretoria. A principal figura da administração colonial era o diretor,
responsável pela execução de atividades que iam desde o transporte dos colonos
até a segurança das colônias e dos colonos. A diretoria era formada por número
variado de membros, necessários para a medição, venda dos lotes, administração
tanto da despesa como da receita de cada colônia. A receita vinha da venda dos
lotes e a despesa dos serviços da
administração .
A
política imperial de colonização foi organizada e estruturada para receber os
imigrantes ou mesmo nacionais
interessados na compra de lotes. Apesar da excelência do propósito imperial
havia diferença entre o projeto e a sua execução. As colônias em geral estavam
situadas em regiões distantes dos centros urbanos e de difícil acesso. Os diretores
da colônia eram em geral da Capital da Província. As estradas eram precárias e
os meios de transportes terrestres lentos. Muitos eram as dificuldades
enfrentadas pelos funcionários, alguns deixavam a família na capital, pois nas
colônias não havia escolas para os filhos, nem a assistência à saúde. Para
agravar a situação não podiam contar com seus escravos, já que seu o uso era
proibido nas colônias criadas após 1850, assim deveriam pagar pelo trabalho dos
empregados domésticos. Esses e outros motivos levavam os administradores a
permanecer pouco tempo nas colônias, logo voltando a seu local de origem.
Não havia relações administrativas
entre as colônias e os municípios vizinhos, dos quais algumas vezes eram
utilizados alguns serviços. Quando uma colônia era emancipada as comissões
destinadas a liquidar as dividam coloniais nela ficavam, para garantir as
cobranças. Por vezes as comissões interferiam diretamente arrecadação dos novos
distritos ou dos novos municípios então ocorrendo uma superposição de tributos
.Tal fato ocasionou revoltas dos colonos
oprimidos que estavam pela falta de
dinheiro.
Os tempos da Colônia já foram
muito estudados, só mais um lembrete sobre os barracões locais de chegada, que
o governo providenciou para os recém chegados imigrantes, como um local
recepção dos pobres da Europa foram o seu primeiro abrigo. Em Caxias o segundo
barracão era de boa qualidade tendo servido como escola, sede do Conselho entre
outras atribuições. Alguns colonos como o já citado Cesare Porta e outros como
Hugo Luciano Ronca trabalharam no setor de saúde do Barracão, ambos de
controversa atuação.
5° DISTRITO DE CAÍ (1884-1890)
Ah o tempo revoga o que se faz inútil!
Oscar
Bertholdo
Caxias de 1884 a 1890 fez parte do município
de São Sebastião do Cai , cuja história é mais antiga e em geral ignorada.
Caxias tem com Cai uma história comum de seis anos.
O povoamento da região do vale do rio Cai teve
inicio em meados do século XVIII. A ocupação das terras se deu através de
lusos. O Padre Clarque , vigário de
Triunfo , anota no Livro Tombo, em
janeiro de 1757, que entre os rios dos Sinos e Caí havia oito
fazendas . No ano seguinte relacionou os
paroquianos que lá vivam, havia então 16 casas com 92 moradores em idade de
confessar sendo: 24 eram escravos, 11 agregados ou camaradas e 57 membros das
famílias dos proprietários, num total 149 habitantes .Em média viviam nove
pessoas para cada casa.
Nos começo do século XIX lá
viviam populações nativas,de
índios .Entre europeus e nativos
ocorreram alguns confrontos.. Em 1814, com a criação da
Freguesia de Sant'Anna do Rio dos Sinos (Capela de Santana) aumentou o número
de habitantes livres e escravos. Um de seus primeiros moradores foi Bernardo
Mateus cuja fazenda ficava onde hoje se situa a cidade do Caí. Logo outros
chegaram como Manuel dos Santos Borges, José dos Santos que possuía aí terras
desde 1806. Segundo o livro de batismos da freguesia de São José do Hortêncio
de 1849 a 1863 lá viviam Manoel Machado casado com Virginia
Machado,Luiz Leite de Oliveira , Olivério Ignácio da Silva, José Rodrigues da
Silva ,Lino José da Silva Machado ( grafado como Maixado )Felisberto José dos Santos, Manoel
de Lemos e Justiniano José de Mendonça e
Antônio Guimarães proprietários de
terras e de escravos . As terras de Manuel dos Santos Borges correspondiam a
uma data de sesmaria e faziam divisa com as terras de Guimarães, e com as de Dona Teodora ,com
Arroio Três Mares e com o rio Caí. ( internet )
Antônio
Guimarães e seu irmão Quirino abriram casas de negócio. Aos poucos a região
tomou o nome de Porto do
Guimarães.Passou a freguesia nas proximidades havia o passo Selbach, por onde carros, cavalos e
pedestres atravessavam o rio antes da construção da ponte. No local uma barca.
No lugar onde está a
cidade de São Sebastião do Caí existiam fazendas .Até 1846,o lugar pertencia ao
município de Porto Alegre.Com a elevação de São Leopoldo a
município , Santana do Rio dos
Sinos que abrangia a maior parte do
atual município de São Sebastião do Caí passou a ser seu 3º Distrito .Logo o vale do Cai passou a
receber colonos alemães provenientes do
vale do rio dos Sinos. Em 1848, foi
estabelecida a freguesia de São José do Hortêncio. O número de alemães cresceu,
e, em 1863, viviam na região cerca de 50 proprietários de terras e de escravos
entre eles João Ferraz Ely, Catharina Adams,Francisco Trein Mathias Freiberger
,Sara Auler ,Daniel Arend,Pedro Muller,Margarida Schimidt,Germano Genz,Antônio
Sauer, Miguel Stroeber.
No último quartel do século XIX
o porto Guimarães se desenvolveu com o transporte e a passagem e de
imigrantes italianos que de Porto Alegre seguiam em direção as colônias
serranas . Fluxo que continuou até 1914. Em 1º de maio de 1875, São Sebastião
foi emancipado de São Leopoldo.
Os
produtos do trabalho das colônias eram exportados pelo porto Guimarães de São
Sebastião do Cai. Para o transporte das mercadorias havia linhas diárias de
vapores entre a Capital e o Porto nele aportavam vapores de alto calado. Vários
horários de vapores seguiam entre os dois portos .um deles era o Otto, de propriedade de João Luiz Sherein,que
saia de Porto alegre as 3ª e 6 ª ao meio dia e de São Sebastião as 6 horas da tarde das 4ª e dos sábados .(Jornal Cosmopolita de 14 de setembro
de 1902,ano 1nº 7 p4) . Em 1906
Buccelli viaja de Porto Alegre a
Sebastião do Cai ,no vapor Garibaldi saia de Porto Alegre as 8 da manhã
chegando ao entardecer em São Sebastião, fazia de 9 a 10 milhas a hora .
(BUCCELLI, 1906 , p.210)
Durante muitos anos entre Caxias
e São Sebastião havia serviços de diligência de José Jaconi (Jornal Cosmopolita
de 8 de agosto de 1903,ano 1nº 1 p3)Nos
jornais de Caxias na primeira década do século XX eram numerosas as propagandas
sobre os serviços de transportes
que operavam então ,bem como grande número de hotéis oferecia seus
serviços aos viajantes tanto em Porto Alegre como em Caí nos jornais de Caxias.
Ao longo do porto foi se criando a
infra-estrutura necessária aso viajantes como hotéis e casa de pasto e de venda de lenha .Ainda foram criadas
industrias da banha, como a de Adolfo
Oderich , A.J. Renner, Frederico Mentz e Cristiano Trein. Essas empresas
anunciavam nos jornais caxienses, onde a produção de porcos era grande.A
estrada Rio Branco que ligava Caxias ao Cai era percorridas
por varas de porcos tangidas pelos
colonos. Giuseppe Slomp morador no lote A
do travessão Norte, da 2ª Légua da antiga colônia vendia seus porcos, para a Oderich.
Buccelli na já citada viagem
encontrou uma dessas tropas de porco fato que o espantou pelo inusitado
da situação
No inicio, os produtos que chegavam de barco eram transportados por tropeiros.Mais tarde por carreteiros, que seguiam a era precária estrada que margeava o rio Cai.Tomavam após o rumo a serra passando por Feliz e Vale Real. Pela estrada Rio Branco subiam a Serra, chegando ao antigo Campo dos Bugres. Entre a barra do Pinhal e o topo da Serra a distância era de 15 quilômetros. Em 1877 já era possível passar pela estrada com comboios (ou tropas) de mulas com carga . Era comum um tropeiro conduzir dez mulas que levavam até 1.000 quilos de carga. Em 1884 houve um movimento paredista dos transportadores de carga por causa das péssimas condições das estradas Somente a partir de 1890 a estrada, já melhorada, permitiu a passagem de carretas ( Disponível na Internet).
No inicio, os produtos que chegavam de barco eram transportados por tropeiros.Mais tarde por carreteiros, que seguiam a era precária estrada que margeava o rio Cai.Tomavam após o rumo a serra passando por Feliz e Vale Real. Pela estrada Rio Branco subiam a Serra, chegando ao antigo Campo dos Bugres. Entre a barra do Pinhal e o topo da Serra a distância era de 15 quilômetros. Em 1877 já era possível passar pela estrada com comboios (ou tropas) de mulas com carga . Era comum um tropeiro conduzir dez mulas que levavam até 1.000 quilos de carga. Em 1884 houve um movimento paredista dos transportadores de carga por causa das péssimas condições das estradas Somente a partir de 1890 a estrada, já melhorada, permitiu a passagem de carretas ( Disponível na Internet).
O município do Cai elegeu
conselheiros e por ocasião de sua quarta legislatura, em 1882 , Foi
nessa legislatura que Caxias foi unida Cai ,permanecendo por mais duas legislaturas. Não houve entre
os vereadores eleitos representantes do 5º distrito.[1]
Segundo Adami para coordenar o distrito de Caxias foi designado João Muratore.
Enquanto Caxias era distrito de São Sebastião a Diretoria de terras continuava
a nomear os fiscais dos travessões como se ainda fosse ainda uma colônia.
Caxias crescia economicamente e os comerciantes faziam reclamações por escrito pelas péssimas condições das estradas. A igreja matriz começou a ser construída, com grande envolvimento dos católicos,pois tinha sido elevada a paróquia em 26 de abril de 1884. Nesse mesmo ano, foi instalada a loja maçônica . Em 1886, um incêndio destrói a Igreja. (ADAMI,1972, p537) A povoação distrital aos poucos vai ficando maior do que a distante sede municipal. O trabalho agrícola trouxe frutos e o comércio colonial cresceu, os comerciantes perceberam a importância da participação política e a emancipação municipal passa a ser exigida.
Caxias crescia economicamente e os comerciantes faziam reclamações por escrito pelas péssimas condições das estradas. A igreja matriz começou a ser construída, com grande envolvimento dos católicos,pois tinha sido elevada a paróquia em 26 de abril de 1884. Nesse mesmo ano, foi instalada a loja maçônica . Em 1886, um incêndio destrói a Igreja. (ADAMI,1972, p537) A povoação distrital aos poucos vai ficando maior do que a distante sede municipal. O trabalho agrícola trouxe frutos e o comércio colonial cresceu, os comerciantes perceberam a importância da participação política e a emancipação municipal passa a ser exigida.
DIFÍCIL TRANSIÇÃO (1889-1930)
É tempo de
estar em todos os caminhos
Oscar Bertholdo
O Rio Grande do Sul como o restante
do Brasil passava por uma fase difícil de transição entre o Império a recém
instalada República. A Constituição de 1891 ainda não havia sido promulgada e
todas as medidas eram provisórias e emergenciais. A ausência de legislação para
a administração municipal as tornam inseguras, como fica expressa no oficio da
Junta para o Governador General de Divisão Cândido da Costa,que exercia o cargo
como Governo provisório,no qual solicita “leis províncias em vigor relativas as
antigas câmaras municipais e dos atos do governo que porventura tenham sido
publicados e digam respeito aos municípios,assim como um exemplar das leis
decretadas pelo Governo Provisório”.( Adami 1964 ,p124)O Decreto municipal nº 4, de 12 de outubro de
1892 promulga, a primeira lei orgânica do município feita pelo conselho
municipal em 11 de outubro de 1892.
Em 20 de junho 1890, pelo Decreto Estadual nº 457, do
presidente General Cândido José da Costa, se tornou município autônomo foi
chamado de Caxias. Após a emancipação a Junta foi nomeada pelo governo do
estado do Rio Grande do Sul através de portaria datada de 28 de junho de
1890 sendo instalada no dia 2 de julho
.uma junta governativa para dirigir administrativa mente o novo município na
fase de transição.A Junta tinha as
atribuições do Conselho Municipal ou seja somava o poder legislativo ao executivo semelhante ao cabildo
espanhol Era formada por Ernesto
Marsiaj, Ângelo Chitolina e Salvador Sartori respeitáveis comerciantes
estabelecidos no centro da vila de Caxias locais tendo funcionado
até a eleição do primeiro Conselho .Em 1890 foi criado um distrito
policial .Pouco depois são bentos os
sinos da paróquia se Santa Teresa.
Em 1891 Rodolfo Felix Laner torna-se o presidente da Junta ,
assinando os ofícios de regozijo pela
promulgação da Constituição do Rio
Grande em 22 de julho de 1891 e de
tristeza pelo surto de varíola que fez várias vítimas na Vila,em setembro do mesmo ano.
A Revolução
Federalista (1893-1895) que divide o Estado.Uma de suas bandeiras foi a reforma da Constituição de 1891 . Colonos
tiveram suas casas invadidas e seus
víveres roubados pelos federalistas e pelos maragatos, não havendo a quem reclamar. Internamente o
governo municipal estava dividido.Apesar das desordens internas o município
progride Em 15 de janeiro de 1898, se torna sede da comarca. Para perdê-la para
Bento Gonçalves em 17 de dezembro de 1907e retomá-la em 1919. (ADAMI, 1964
p.257)
Nos 41 anos
da Primeira República (1889-1930),a
história de Caxias como a de os outros municípios teve seus
intendentes nomeados..Todos sem
exceção nomeados ou eleitos nasceram
fora do município Durante o período
quem conduziu a política foi o Partido Republicano Riograndense que
conseguiu a direção intelectual e moral da
política,liquidando seus adversários ampliando os
seus seguidores conseguindo absorver
seus líderes e aniquilar suas
bandeiras .(GRAMSCI,1988 ,p.276)Assim muitos dos federalistas como José
Nicoletti tornaram-se republicano
.Outros Dante Marcucci PRL (Partido Republicano Liberal ) foi
absorvido pelo PRR .Foi essa absorção
que permitiu em 1923 a assinatura do Tratado de Pedras Altas e a vitória da
revolução de 30 liderada por Vragas
. Conforme é possível verificar na tabela que segue.
ORIGEM DOS INTENDENTES (1892-1930)
Intendente
|
Período
|
Lugar de nascimento
|
1.Antônio Xavier da Luz
|
1892-1895 (nomeado)
|
Santo Antônio da Patrulha
|
2.Alorino Machado de Lucena
|
1895-1896( nomeado )
|
São Francisco de Paula
|
3.José Cândido de Sampos Jr
|
1895 – 1896(nomeado)
1896-1902 (eleito)
|
Santo Antônio da Patrulha
|
4.Alfredo Soares de Abreu
|
1902-1904(indicado)
|
São João de Montenegro
|
5.Serafim Terra
|
1904-1907(eleito)
|
Porto Alegre
|
6.Vicente Rovea
|
1907-1910(eleito)
|
Treviso-Itália
|
7 Tancredo Appio Feijó
|
1910-1911
|
Triunfo
|
8 José Penna de Moraes
|
1912-1916(eleito)
1916-1920(reeleito)
1920-24 (releito)
|
Santa Maria
|
9.Celeste Gobbato
|
1924-1928(eleito)
|
Treviso-Itália
|
10.Tomás Beltrão de Queirós
|
1928-1930(eleito)
|
Apodi- RGN
|
11.Miguel Muratore
|
1930 (indicado)
|
Porto Alegre
|
Fonte CHIES,
Guiomar.Os poderes fazem história
Caxias do Sul: Marguia .2009 p.23 a
35
A política dos governadores que
marcou a Primeira República fazia com que os municípios ficassem submetidos de
forma direta ao poder do Estado. Os seus
presidentes tinham o poder de
designar os novos intendentes nos municípios que se formavam. Maior ainda era o
poder, o cuidado e a até ingerência direta do governo estadual nos municípios
criados a partir das antigas colônias que eram em sua maior arte povoadas por
estrangeiros. Tal cuidado até pode ser explicado ,pois em tempos de
nacionalismo e do culto ao Estado Nacional e seus símbolos ter o território
nacional invadido por europeus pobres e incultos em sua maioria poderia
representar algum perigo ao país. A 1ª Grande Guerra (1914-1918), que colocou a
Itália e o Brasil em campos opostos de certa forma justificava o controle.
A eleição dos conselheiros e do intendente
deveria se realizar na última quinta feira de outubro sendo que apuração se
daria até 10 dias após as eleições. Todo o processo era realizado pelo
executivo,que designava os mesários e os responsáveis pela contagem dos
votos.Não havia voto secreto, e assim a fraude
era bastante fácil de ser realizada. Pela Lei os sete membros do
Conselho deveriam se reunir uma vez por ano após o dia 15 de novembro em
reuniões consecutivas ,que durariam no máximo por dois meses Os nomes dos
conselheiros primeiros conselheiros eram
Ernesto Marsiaj presidente ,Hugo Luciano Ronca vice-presidente ,Benjamin
Cortes Rodrigues, Agapito Cruz Romano Lunardi, Salvador Sartori e Ângelo
Chitolina.
Os intendentes municipais
concentravam o poder pois podiam designar os vice intendentes,as comissões
eleitorais e a guarda municipal entre
outras atribuições Os vice intendente
acumulavam o cargo de delegado de polícia
,sendo ainda será responsável pela
conservação das estradas e spelos
inspetores de travessões, designados pelo prefeito
Pela Lei Orgânica do
município de 1892 o Conselho se reunia
em sala a ele destinada na
Intendência,por dois meses ao ano.Suas reuniões em geral eram realizadas
as 14 horas da tarde , mas havia sessões
extraordinárias, quando necessário para as quais os conselheiros eram convocados
em outros horários.
Os primeiros intendentes foram
nomeados pelo presidente, Antonio Xavier da Luz(1892), intendente e Alorino Machado de Lucena (1895) seu
vice.Ambos nomeados ambos se demitiram Alorino afirma
Demito-me porque percebo claramente que na qualidade
de ser eu brasileiro nato angaria-me antipatia de outra origem. Entretanto,côo
o solo que piso é riograndense ,e, fracassada tal pacificação ,a guerra que nos move os maragatos recomeçará
ainda mais encarniçada(...) não esperarei que que me chamem par empunhar as
armas(...) e lutarei até a morte em defesa de nossas instituições.(ADAMI, 1964p183)
O que significa que havia maragatos na intendência e no Conselho e ele não os suportava. Foi indicado pelo governo estadual para governar
o município José Candido de Campso Júnior
Em 15 de novembro de 1901, o presidente do Conselho é Hugo Luciano
Ronca sendo conselheiros Benjamim Cortes
Rodrigues (uruguaio )Jacinto R. da Silva Flores,Antonio Ribeiro Mendes,Miguel
Muratore,Tancredo Appio Feijó,Francisco Bonatto da antiga legislatura apenas
dois foram reeleitos Ronca e Cortes. Foi
eleita a mesa ficando Ronca na Presidência e na vice presidência Benjamin e
secretário Miguel Muratore, funcionavam três comissões: de Constituição e
poderes, de Orçamento e de petições e
reclamações.
O intendente José
Cândido de Campo Júnior depois de ter sido nomeado foi eleito na mesma eleição.
Ao apresentar o Relatório, do período
1900 a 1901 ao Conselho ,as suas despesas foram consideradas excessivas pelos
conselheiros. Sugeriram emendas e mudanças, visando aumentar a receita
inclusive a criação de um novo imposto
sobre os negociantes exportadores,ou seja os mais ricos. Criam um novo imposto
de conservação de estradas que variará de acordo com tamanho da propriedade Foi aprovado um empréstimo de 20 contos de réis para pagar as dividas da
Intendência,e para a que será empregado na construção de um Colégio Distrital e
na escola de engenharia do Estado .Na primeira república é o município que cede
verbas para o estado e não ao contrário. O imposto sobre a propriedade
rural varia de acordo com o numero de familiares, sendo isento ou reduzido
quando os proprietários tinham muita idade e
pouco ou nenhum filho. São feitas dezenas de reclamações ao Conselho , uma delas é a do
santeiro Pedro Stangherlin que pede
dinheiro por ter se estragado uma estátua feita por ele
,enviada à uma exposição em Porto Alegre
.Por todos os problemas privados a
Intendência é cobrada e responsabilizada
.Ao poder público municipal cabem as culpas do miséria da sociedade.
Há alguns fatos que não tem
explicação como o do pedido de resignação do conselheiro Hugo Luciano Ronca por
não concordar com as decisões do Conselho, do qual era presidente. Segundo ele
não teria sido ouvido em sua proposta de redução de
gastos,argumentando que o cargo era
incompatível com suas idéias econômicas e administrativas. No discurso
de Ronca se vislumbra a prática de atos ilegais do Conselho. Seu pedido de
renúncia foi aceito, sem comentários ou explicações. Para completar o
quadro os conselheiros aprovam um aumento
de 500 quinhentos mil reis par 1000 mil réis
como “ajuda de custo” , no cargo ,por sessão,aumento ainda para os
músicos e para o agrimensor.
Assume a presidência
Benjamin Cortes Rodrigues, em sete de dezembro de 1901, sendo que o cargo de secretário passou a ser
assalariado exercido por Oliverios
Sambaqui .Antes dele a secretaria era feita de forma gratuita pelo Professor
José Doningues de Almeida . No dia 27 foram
aprovadas as contas do intendente. Em 10 de janeiro de 1902, o município
foi dividido em 5 sessões eleitorais ou distritos,sendo indicados 5 membros para cada uma delas
Em 1º de julho
de 1902 o intendente José Cândido de Campos Júnior (1895-1902) renuncia ao
cargo e o Conselho aceita a sua demissão. Grão mestre da loja maçônica local o
Intendente foi o protagonista dos maiores conflitos regionais ,período em
ocorria a Revolução Federalista,marcado pela invasão à canônica e atentado contra a sua vida,
coroando as lutas dos maçons com o padre Pedro Nosadini líder das Ligas
Católicas.. Durante seu governo atingiram o auge os conflitos entre os párocos
locais e a Loja Maçônica. Motivo pelo qual sua eleição só pode ser atribuída à
fraude. Sua forma de administrar as finanças foi tão pouco ortodoxa, que ao
deixar o governo municipal o rombo do orçamento era maior do que sua receita
anual. As finanças só foram sanadas
muitos anos depois,através de empréstimos bancários e aumento de
taxas.
Em seu lugar assume o vice Alfredo Soares de Abreu. Pelas
discussões do Conselho percebe-se a total anarquia das finanças municipais. O
governo do Estado intervém, mandando o Capitão Firmino José Rodrigues, para
verificar as contas e as finanças municipais, ou seja, uma verdadeira
intervenção estadual nos poderes executivo e legislativo municipais. Segundo as
palavras que dirige ao Conselho houve um “desfalque
de 100 contos” por má administração, mas não por roubo. .
Não há
dúvida os habitantes de Caxias no período compreendido apreciavam os
estrangeiros. Já que no município não houve um só governante nele nascido.
Parece impossível não ter havido eleitores em idade e dinheiro suficientes para
votar e ser votado. Caxias assim, como os outros municípios derivados das
colônias, tornou-se a terra dos outros,servindo aos interesses alheios.
Os primeiros conselheiros eram italianos de nascimento.
Quando havia mudança no perfil dos conselheiros o município sofria intervenção
estadual e novos líderes eram colocados no lugar dos antigos, através de
eleições de legalidade discutível. Pois os
eleitos seguintes eram diretamente
ligados ao governo do Estado e ao indefectível Partido Republicano Riograndense
A constituição estadual de 1891 previa no
seu artigo 63 que o poder municipal seria exercido por um intendente “que
dirigirá todos os serviços, e por um conselho, que votará os meios de serem
eles criados e mantidos”. Tanto o conselho como presidente deveriam ser eleitos
com mandato de quatro anos, mas ambos quando um novo município era instalado deveriam ser nomeados pelo governador.
O Conselho deveria
se reunir apenas uma vez por ano
de forma ordinária de acordo com artigo º 65 durante um período( sessão) de
dois meses no máximo,quando era estabelecido o orçamento municipal para o ano
seguinte e examinadas e aprovadas as contas do período anterior. Segundo artigo nº 68 os
municípios se dividiriam em
distritos e para cada um deles o
intendente deveria nomear um
sub-intendente, que tinha poderes e
funções de autoridade policial e outras que poderiam ser delegadas por ele .O poder ficava nas mãos do
intendente que nomeava também o vice-intendente,repetindo na esfera municipal o
poder exercido pelo Presidente do Estado.
Os conselheiros não recebiam salários
,apenas uma ajuda de custa por sessão.
Muitos vinham de longe alguns de Nova Pádua outros de Nova Milano. No
ano de 1904 por exemplo foram convocadas 40 sessões , dessas apenas 13 foram
realizadas,a maioria delas tinham as sessões
abertas e encerradas por não haver nada a deliberar ou por falta de
quorum .
Fica evidente nas discussões
travadas no Conselho que havia vários problemas não resolvidos . Havia o caso
de um secretario municipal dono de uma tipografia e que era funcionário da
Intendência. Ele ao mesmo prestava serviços
a Intendência a qual vendia seus serviços de tipografia . Outro
caso espantoso o Comandante
da guarda municipal vendia milho para os animais da guarda e da Intendência e,
para completar e intendente gastou o dobro da verba prevista no orçamento. O
Conselho se recusou a aprovar as contas sendo responsabilizado de não
ter pulso para deter o tipógrafo e o comandante,cujos nomes foram preservados nas atas. Em quatro de janeiro o
Conselho renunciou. Foi feita nova eleição e outros conselheiros. Por incrível
que pareça não houve repercussões na imprensa local manietada pelas verbas públicas que garantia
circulação dos jornais.
Na ata da
40ª sessão ordinária, de 31 dezembro de 1904, consta que a divida deixada por
Campos Jr em 1902 era de R 52:629$364,na verdade atingiu R55:061$001.O novo intendente seguiu os
passos do anterior. Alfredo Soares de Abreu parece ter supervalorizado as
reformas do prédio da Intendência e o
fiscal a ele subordinado superestimou
inclusive um fogão velho,como se valesse
90 mil réis,esse mesmo fiscal (sem nome)
era o que tinha uma gráfica que vendia seus os serviços da intendência ,o que contrariava
a lei orgânica do município.
Os
conselheiros que assumem Luiz Pieruccini, Cincinato d'Avila,Antônio Moro e
Francisco Mascarello, se apressaram em aprovar as contas e desistiram
dos 5 mil réis por sessão a que tinham
direito a favor do município.
E a paz voltou a reinar entre o governo e o município, ainda assim os problemas
não foram resolvidos .
Na Ata nº
38 de 28 de 12 de 1905, novos problemas surgem, o intendente além de gastar o
que não podia ,fez pagamento de obras em propriedades privadas Aprovou
a viagem do soldado Firminano Pereira da Silva para Bento Gonçalves por motivos particulares
, mais precisamente para venda de seguros da
Companhia Sul América e que para completar exigiuo ressarcimento de despesas.
No dia
30 de dezembro do mesmo ano Cincinato D'avila renunciou ao cargo de conselheiro sendo substituído na
seguinte sessão por Pedro Serafini. o
orçamento enviado pelo ao
Presidente do estado não foi
aceito ,por não estarem de acordo. Foram
realizadas novas eleições para o
novo o novo Conselho ,dirigidas pelo
intendente Serafim Terra, em 22 de maio de 1906 . Os resultados das
eleições revelam a fraude através da unanimidade dos votos. Os conselheiros
eleitos receberam a votação que segue
Conselheiro
|
Votos recebidos
|
André Fossatti
|
827
|
AntonioA. Kroeff
|
832
|
Tancredo Appio Feijó
|
828
|
Antonio Giuriolo
|
827
|
Aristides Germani
|
825
|
Jacinto Targa
|
826
|
Martin Francisco Ayres
|
828
|
Fonte :Atas do
Conselho Municipal 1904-1909 .
Câmara de vereadores
de Caxias do Sul.
Apesar dos
desmandos políticos a antiga colônia
crescue e diversificou sua produção.
Os comerciantes conseguem algumas
vantagens do governo , à Vila de Santa Teresa
enriqueceu e se tornou o centro econômico da região.
A elevação
da vila à cidade em 1910, conseguida na mesma data da chegada da estrada de
ferro, mostra que o município aos poucos vai se afirmando politicamente. Novos
avanços técnicos acontecem com a chegada da luz elétrica, com o telefone entre
outras inovações que marcam as duas
primeiras décadas do século XX. Em 1916 a Júlio de Castilhos,
principal rua da cidade foi elogiada nos jornais pela sua
excelente iluminação.,onde a luzes das casas se
multiplicavam nas da rua .
Entre 1892 e 1910 foram eleitos
10 Conselhos municipais conforme podem ser acompanhados no quadro abaixo. Em
geral seus membros eram seguidores fiéis do governo do Estado.Quando um outro
conselheiro de outra facção era eleito em pouco tempo era obrigado a renunciar
dadas as pressões que sofria o conselho do qual fazia parte,não é por acaso que
os edis municipais vinham de fora do município à mando do governo estadual.
Na República Velha poucos foram os políticos da região que atingiram a
esfera estadual. Ao que tudo indica foi o primeiro ou um dos primeiros
políticos da região foi Ercole Galló
eleito deputado a Assembleia Legislativa, em 1915. Não há nos jornais
locais nem nas Atas da Câmara de Indústria e Comércio(CIC) qualquer manifestação de apoio à Galló .Mas tal apoio
deve ter existido ,senão não teria sido eleito. Em 1923, Ocorreu uma nova revolução entre as elites gaúchas já não sem a força da primeira , ainda assim houve lutas travadas em São Marcos No final federalistas e republicanos se unem no seu final ,pacificando tanto o estado como a região .Antigos líderes haviam mudado de lado como José Nicoletti que deixara as hostes federalistas.
Na legislatura de 1924-1928 no Conselho havia empresários
Antonio Pieruccini,Armando Antunes(do setor vinícola) e
Orestes Manfro( da tecelagem) .Dois
comerciantes foram eleitos Ângelo
Antonello (Nova Vicenza importador) e
Angelo De Carli(Boca da Serra ,comerciante de 1ª categoria ) Em 1924 Nova
Trento se emancipara de Caxias nessa legislatura já não havia eleito
representantes .Em 1928 a Diretoria da CIC resolveu apresentar um candidato
próprio ao Conselho sendo indicado João Isller, mas depois d muitas discussões
o presidente da entidade Eduardo Verdi
Ponderou
que o município see encontra dividido em 5 correntes políticas e que o comércio
está em todas elas vinculado.Lançar um candidato,nessas circunstâncias ,seria
provocar uma cissão. (..) então diante da realidade ,foi abandonada a idéias de
ter um vereador próprio.(GARDELIN,1995 ,p.53).
Entre os eleitos na nova legislatura
estavam Dante Marcucci, Demetrio
Niederauer e Olmiro de Azevedo advogados ligados à Associação
de Comerciantes e, ainda ,Henrique Raabe industrial e José Costamilan e
Raymundo Magnabosco comerciantes e
sócios da entidade.A entidade ainda que não tenha indicado
candidato conseguiu eleger a maioria absoluta dos conselheiros.
Na verdade os comerciantes, os
industriais e os advogados não entravam
na política para melhorar seus conhecimentos técnicos, nem para
aprender coisas novas ,mas para
atingir o nível mais próximo de poder ,no caso a participação em um partido
político que costura as diferenças e
aproxima as classes sociais.
Figura 4 Praça Dante Alighieri em 15 de novembro de
1910 .Fotógrafo Mancuso. Memorial da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul.(
Disponível na Internet.)
(http://liquid.camaracaxias.rs.gov.br/LiquidWeb/App/Principal.aspx?l=pesquisa&s=pesquisa)
CONSELHOS MUNICIPAIS DE 1892 -1930
1892-1896
|
1897-1900
|
1900-1904
|
1904-1908
|
1908-1912
|
Agapito Conz Ângelo Chitolina
Benjamin
Cortes Rodrigues
Ernesto
Marsiaj
Hugo
Luciano Ronca
Romano
Lunardi Salvador Sartori
|
Antonio Ribeiro Mendes
Benjamin
Cortes Rodrigues
Francisco
Bonatto
Jacinto
da Silva Flores
Hugo
Luciano Ronca resignou em 1901
Miguel
Muratore
Tancredo
Appio Feijó
|
Antonio Ribeiro Mendes
Benjamin
Cortes Rodrigues
Francisco
Bonatto
Jacinto da Silva Flores
Hugo
Luciano Ronca
Miguel
Muratore
Tancredo
Appio Feijó
|
Antonio Moro
Caetano
Boscatto
Cincinato
d'Avila (Pedro Serafini)
Francisco
Mascarello
Luiz
Pieruccini
Mansueto
Serafini
Marco
Tonelli
Eleição
em1906
Antonio
Moro
Caetano
Boscatto
Pedro
Serafini
Francisco
Mascarello
Luiz
Pieruccini
Mansueto
Serafini
|
Adelino Sassi
Ângelo
Antonelo
Antonio
de O. Santos
Antonio
Giuriolo
Antonio
Pieruccini
Caetano
Bellincanta
Tancredo
Appio Feijó
|
1912-1916
|
1916-1920
|
1920-1924
|
1924-1928
|
1928-1930
|
Benedetto Bigarella
Henrique
Moro
João
Batista de Lucena em 1914
João
José da Rosa
José
Luiz Guedes
Mansueto
Pezzi
Miguel
Muratore
Orestes
Manfro
|
Adelino Sassi
Henrique
Moro
João
Teixeira Gonçalves
João
José da Rosa com sua morte assume
Aristides
Germani
Mansueto
Pezzi
Miguel
Muratore
Samuel
Aloise
|
Adelino Sassi
Alfredo
da Silva Carvalho
Aristides
Germani
João
Crisostomo Teixeira Gonçalves
Henrique
S. de Figueiredo
renuncia
1923
Pedro
V. Ely
Miguel
Muratore
Samuel
Aloise
30-11-23
novos
João
Francisco da Rosa
José
D'Arrigo
Saverio
De Filippis
|
Alexandre
Zaniol
Ângelo
Antonello
Angelo
De Carli
Antonio
Pieruccini
Armando
Antunes
Orestes
Manfro
RufinoI.
Bezerra
|
Antonio
Picolli
Dante
Marcucci
Demétrio
Niederauer
Henrique
Raabe
José
Costamilan
Olmiro
de Azevedo
Raymundo
Magnabosco
|
Fonte:Atas
da Câmara Municipal e Adami (1972)
DE CAXIAS A CAXIAS DO SUL (1930 -1946 )
Estamos agora
chegando do longínquo ontem
E partimos ao encontro do futuro
Oscar Bertholdo
Entre 1930 e 1948 não houve eleições para o
Conselho Municipal.Houve apenas um Conselho eleito em 1935 e destituído em 10
de novembro de 1937, pelo golpe do Estado Novo(1937-1946).O Brasil sob o
impacto da Revolução de 1930 tornou-se um Estado unitário ,os governos dos Estados e dos municípios
passaram a ser designados pelo
presidente,como interventores. As eleições de 1935 de acordo com a nova
Constituição votada não se consolidaram e o Estado Novo (1937-1945) repõe os
governos nomeados. No caso de Caxias os dois prefeitos nomeados (interventores)
eram figuras aceitas pela comunidade ,o
que muito auxiliou no movimento liderado por Getúlio Vargas O prefeito
Dante Marcucci eleito em 1935,pelo PRL de
Flores da Cunha , foi confirmado no cargo em 1937.
Terminado
o Estado Novo a transição democrática foi demorada ,na espera da nova
Constituição e a regularização administrativa dos municípios. Nas sete
legislaturas ocorridas entre 1948 e 1964
ocorre um equilíbrio entre os
campos políticos, ocorrendo uma
alternância no poder municipal ,com leve
predominância dos Partido Trabalhista Brasileiro e Partido Social Democrático sendo uma
marca da influência de Vargas na
política local. Já O Partido Democrático Cristão(PDC) de curta duração elegeu o padre Eugenio Giordani como
vereador , e em seguida o prefeito da cidade Euclides Triches, em coligação
com o PSD .
PREFEITOS DE CAXIAS DO SUL
1930-2010
Prefeito
|
Partido
|
Período
|
Observações
|
Miguel Muratore
|
PRL
|
1930-35
|
Nomeado
|
Dante Marcucci
|
PRL
|
1935-37 e1937-46
|
Eleito/Nomeado
|
Eduardo
Caravantes
|
-
|
1946
|
Juiz
|
Demétrio Ribeiro
|
PTB
|
1947
|
Nomeado
|
Luciano Corsetti
|
PTB
|
1947-1951
|
Eleito
|
Euclides Triches
|
PSD
|
1951-1954
|
Eleito
|
Hermes João Webber
|
PSD
|
1954-1955
|
vice em exercício
|
Rubem Bento Alves
|
PTB
|
1956-1958
|
PDC/PRP/MTR,PSD/
UDN
|
Bernardino Conte
|
PRP
|
1959
|
Vice em exercício
|
Armando A. Biazus
|
PTB
|
1960-1963
|
Eleito
|
Hermes João Webber
|
PSD
|
1964-1967
|
Aliança:PDC/PRP/PL/UDN
|
Victorio Trez
|
MDB
|
1969-1972
|
Eleito
|
Mário B. Ramos
|
ARENA
|
1973-1976
|
Deixou o cargo
|
Mario David Vanin
|
ARENA
|
1975-1976
|
Vice em exercício
|
Mansueto Serafini
|
MDB
|
1977-1982
|
Mandato prorrogado
|
Victorio Trez
|
MDB
|
1983-1988
|
Eleito 2 mandato
|
Mansueto Serafini
|
PFL
|
1989-1992
|
UDC
PFL/PSDB/PTB/PL
|
Mario David Vanin
|
PFL
|
1993-1996
|
UDC
|
Gilberto S
Vargas(Pepe)
|
PT
|
1997-2000e2001-2004
|
Frente Popular;PT,PSbPV/PCdoB
|
José Ivo Sartori
|
PMBB
|
2005-2008 e2009-2012
|
Caxias para todo(14 partidos)
|
Fonte :
CHIES, Guiomar.Os poderes fazem história
Caxias do Sul: Marguia .
2009 p23 a 35
NOVOS ESPAÇOS
(1946-1964)
A hora certa
é concreta e não miragem.
Oscar Bertholdo
Em
1946, com o fim do Estado Novo foi restabelecida
a democracia e os partidos políticos. Os recém-criados PTB (Partido
Trabalhista Brasileiro )e o PSD(Partido
Social Democrata) se tornam fortes no município .Nas eleições para prefeito
ocorre a alternância do poder ,com
hegemonia do PTB . A alternância
do poder entre os campos políticos não significava diferenças
ideológicas,ao contrário houve um
prefeito do PTB, ligado aos órgãos de
repressão, e um prefeito da PSD preocupado com avanços sociais e
culturais.
O campo
da esquerda sempre foi minoritário não elegendo representantes . Luciano
Corsetti (PTB) primeiro prefeito eleito de acordo com a Constituição de 1948,
administrou com competência tanto na educação e como na agricultura. Seus
sucessores não tiveram igual competência. Euclides Triches (PSD) Rubem Bento
Alves (PTB) e Armando Biasuz (PTB) de forma
geral agiram como capatazes de obras. Cuidaram mais da
construção de represas, de estradas rurais, da pavimentação de ruas e de
bueiros. A cidade para eles a cidade parecia não ter habitantes.
No período, de 1948 a 1964 a administração da cidade foi usada como trampolim
para novos cargos. Após governar um curto espaço de tempo os prefeitos
conseguiam outras sinecuras deixando em
seu lugar aos vice prefeitos ou melhor vice capatazes .
Como secretários de Estado ou de diretores de empresas estatais conseguiram amealhar tanto status
quanto fortunas pessoais .
RUMO AO PALÁCIO (1964- )
Quem me dera
que só o trem passasse
Oscar Bertholdo
Com a Revolução de
64 a cidade viveu momentos de euforia, com o chamado milagre brasileiro,
durante o qual ocorreu a
ampliação do parque industrial local, e com ele
o aumento da população pobre, que
vinha a cidade em busca de emprego.
Como Caxias não foi
considerada área de segurança nacional a
vida administrativa local não foi
interrompida .Mas alguns políticos
locais foram mais realistas que o rei ,agindo como censores de seus colegas de
Câmara Municipal .A cidade não foi
poupada pelo golpe.
No dia 20 de abril
de 1964 a câmara municipal por unanimidade de votos dos vereadores presentes
cassou o mandato dos vereadores da ARS (Aliança Republicana Social). A proposta
de cassação partiu do professor Enrico Emilio Mondin do PRP( Partido de
Representação Popular ). Afirmou o ilustre integralista que os comunistas
ocupavam cargos políticos ao arrepio da
Constituição que proibia sua participação política,logo não poderiam ser leitos
por outras legendas. Apesar da cassação múltipla sugerida havia apenas um
vereador da ARS ,o advogado Percy Vargas de Abreu e Lima , taxado por um de
seus colegas como o maior criminoso do mundo. Percy figura carismática
que hoje dá nome à Casa da Cultura da cidade
atuou como professor
e advogado. Formou toda uma geração
de políticos e de lideranças sindicais. Poucos dias depois o governo militar
cassou os direitos civis de Bruno Segalla e de Guilherme do Valle, suplentes
de vereador da ARS(Aliança Renovadora Social) seguindo a proposição
dos vereadores ‘democratas ‘ da
cidade.
Outro político caxiense cassado em 29 de abril de 1975 foi
Nadyr Rossetti,que iniciou como vereador
,depois eleito deputado federal do
PTB.No dia da cassação dos colegas tinha faltado a sessão.
A partir de 1965 com
a extinção dos partidos foram implantados dois blocos:o MDB (Movimento
Democrático Brasileiro) e a ARENA (
Aliança Renovadora Nacional) .Os dois
blocos abrigavam políticos de todos os campos
ideológicos . Victorio Trez (
MDB) eleito prefeito foi substituído por Mário Bernardino Ramos(ARENA) seguido
pela reeleição de Trez.O MDB se
estabelece como força majoritária do município.
Salvo melhor
juízo a diferença administrativa parece ter começado com Ramos. Soube a
aproveitar a comemoração do centenário da imigração italiana (em
1975) para dar inicio à política de preservação do patrimônio histórico da
cidade, criando órgãos como o museu municipal, o arquivo público e o Parque da Festa da Uva.Ele também deixou a
prefeitura para ocupar o cargo de Secretário de Turismo do Estado.
Quatro prefeitos merecem destaque em
tempos mais recentes por terem sido
eleitos por dois mandatos. Victorio Trez(1969 a1972 e 1983a1988); Mansueto
Serafini Filho(1977 a 1982 e1989a1992) que por mais tempo governou a cidade (em
seu 1º mandato houve um ato governamental que prorrogou
por mais dois anos os mandatos dos prefeitos); Gilberto Spier
Vargas(1997 a 2000e 2000 a 2004) e José Ivo Sartori (2005a2008 e
2009-2012) .
Muitos
foram os deputados estaduais, deputados federais e senadores caxienses, alguns
eleitos como representantes da região. Elencar seus nomes seria longa demais
.Merecem destaque os senadores Paulo
Paim e Pedro Simon, ambos caxienses,o primeiro com carreira política iniciada
em Canoas e o segundo em Caxias.
Caxias foi chamada de
Pérola das colônias por Júlio de Castilhos e o nome pegou e como pegou. Os
caxienses foram chamados de gringos por Borges de Medeiros ,quando e onde o
fato aconteceu não há certezas.Há
coisas começam assim dizem que
o governador que disse que
“ quando os gringos tomarem o Piratini
jamais deixarão o governo”
.Afinal Borges estava preocupado com o número de descendentes dos
antigos imigrantes que representavam mais de2/3 da população dos municípios
surgidos das antigas colônias tendo aumentado os impostos sobre a terra para
levando a aumentar o êxodo dos colonos em direção a outros estados.
De qualquer maneira Euclides Triches,
que fora prefeito da cidade , foi eleito deputado federal por dois mandatos
(1962-1965 e 1966 e 1970) .Tendo se
filiado à ARENA ,quando da
extinção dos partidos, foi
inclusive nomeado pelo governo”
revolucionário ‘ governador do Estado de
1971 a 1975,durante o periodo mais negro da história nacional. a vigência .
Outro político que merece
destaque é Pedro Simon.omeçou vereador pelo PTB
de 1959-1962 em Caxias do Sul nascido na cidade é do velho
tronco dos libaneses que deixaram a sua terra natal após a Primeira Grande Guerra (1914-1919) vindo mascatear na
colônia. Há um grupo grande de árabes casados com italianas ,(o vice e versa
não é verdadeiro). Com a extinção dos partidos passa ao MDB e após ao
PMBD . Foi eleito deputado estadual por quatro
legislaturas de 1962 a1978, eleito senador de 1979 a 1987. Em 1987
foi eleito governador do Estado
,voltando ao Senado em 1991,ocupando em 2006 seu quinto mandato como
senador
Outro
caxiense que seguiu a carreira política rumo ao Piratini foi Germano Rigotto.Caxiense começou como vereador sua carreira política ,em
1976. Foi 1982 foi eleito deputado estadual, reeleito em 1986. Como deputado
federal permaneceu de 1990 a 2002,sendo
reeleito 3 vezes. Em 2003 foi eleito
governador de do Estado,concorreu em 2006 não conseguindo a reeleição.Apesar de tentativas e de ser a
melhor vocação política regional não conseguiu ser prefeito de Caxias,afinal os
caxienses preferem os de políticos de fora.
RUMO AO FUTURO
O trem de ferro não suportou este jeito
provinciano e ficou rindo à toa...
Oscar
Bertholdo
Não se pretendeu aqui traçar uma análise da política dos 135 de
política regional , mas traçar um breve retrospecto histórico . A análise ainda que superficial revela a orientação política de
centro, com minorias de direita e de esquerda.
Caxias como o Brasil tende ao centro.
Muito poderia ser dito sobre as administrações
municipais que tem sido usada como meio de ascensão social, de enriquecimento
indébito, de desvio de verbas e obras de caráter discutível. Inclusive de
subornos recebidos de empresas que concorrem por meio de licitação à execução
de obras. Fatos que não aconteceram apenas no passado. Mas a generalização é perigosa que muitas
vezes coloca lado a lado inocentes e culpados, probos e ímprobos.
A história política de Caxias não tem a
transparência. Há episódios degradantes de perseguição política e inúmeros
casos de corrupção, de licitações fraudulentas e de suborno. Alguns dos
envolvidos deixaram a política outros se encontram no gozo do poder e de seus
direitos políticos.
Enquanto de muitos
políticos da direita apesar de seus deslizes
continuaram atuando na política,os da
esquerda foram punidos pela culpa de serem de esquerda .
Na história caxiense há lacunas. Não há
pesquisas, relatos ou memórias
sobre os representantes da cidade que
ocuparam cargos eletivos na Assembleia, no Parlamento e no Governo. O desinteresse pelos políticos que assumiram
cargos ou foram eleitos se revela até na listagem feita pela Prefeitura
Municipal dos caxienses importantes.
A história política regional
se torna complexa por causa das mudanças municipais decorrentes das anexações e
desanexações, e por causa das mudanças políticas derivadas dos golpes e
contragolpes nesses últimos 135 anos.
As desanexações resultam do
crescimento da economia e da população distrital. Em 1924, Nova Trento (depois
Flores da Cunha) se emancipou. Dez anos mais tarde foi a vez de Nova Vicenza,
que tomou o nome de Farroupilha. Em 1963 foi São Marcos, que foi anexado a
Caxias em 1921.
As anexações começam
na década de quarenta do século
passado aos poucos anexadas outras áreas como São Marcos, Vila Oliva, Fazenda Souza e Criúva
pertencentes à São Francisco de Paula.Santa Lúcia do Piai e Vila Cristina
antes pertencentes a São Sebastião do Cai.(vide planta em anexo)
´
Figura 5 Planta da formação
da área do município de Caxias do
Sul.Autora
Tendo sido formado de muitas
partes diversas o município tem uma população de etnias ,costumes e tradições
diferentes.Há os moradores de origem lusa, os de origem italiana, os de origem
alemã e os de origem africana.Cada um contribuiu a seu modo para a formação da
população caxiense.
Já as mudanças políticas resultam dos golpes de 30 e de 64
que terminaram com os antigos partidos e deram origem a outros. Tais mudanças
impedem de realizar uma análise política de longa duração. A partir de 1983
quando foram reorganizados os partidos o que complica são as mudanças
partidárias ,as reorganizações de caráter eleitoreiro como a formação de
frentes e uniões nem sempre com campos bem definidos.Outro problema são as
posições paroquiais assumidas por determinados partidos que assumem posições
diferentes no município, no Estado e na União .
De
1983 a 2010 é possível constatar a redução do número de vereadores da direita
,cujo número cresceu até 1993, que parece estar ligada está ligada a
fragmentação do bloco formado pela
ARENA. Por outro lado há uma constante mudança de nomes dos partidos que
compõem o campo.O que pode ser visualizado no Gráfico 1
GRÁFICO N°1
NÚMERO DE
VEREADORES DE DIREITA 1983-2010
Fonte: Memorial
da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul.( Disponível na Internet.)
(http://liquid.camaracaxias.rs.gov.br/LiquidWeb/App/Principal.aspx?l=pesquisa&s=pesquisa)
O número de vereadores de centro direita também aprece estar se reduzindo no período
analisado, a redução é menor do que a observada no campo da direita.
GRÁFICO N°2
Fonte: Memorial
da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul.( Disponível na Internet.)
(http://liquid.camaracaxias.rs.gov.br/LiquidWeb/App/Principal.aspx?l=pesquisa&s=pesquisa)
O número de vereadores de esquerda por outro lado tem se
mantido estável no período analisado
,não havendo nem aumento nem redução significativas em seus números.Em
dois períodos legislativos não foram
eleitos vereadores de esquerda.
GRÁFICO N°3
Fonte: Memorial
da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul.( Disponível na Internet.)
(http://liquid.camaracaxias.rs.gov.br/LiquidWeb/App/Principal.aspx?l=pesquisa&s=pesquisa)
Da mesma que a direita tem se
reduzido o campo de centro esquerda que alacançou seu número máximo em
2001,desde então vem caindo seu número(.Vide gráfico4)
GRÁFICO N°4
Fonte: Memorial da Câmara de Vereadores de Caxias
do Sul.( Disponível na Internet.)
(http://liquid.camaracaxias.rs.gov.br/LiquidWeb/App/Principal.aspx?l=pesquisa&s=pesquisa)
Pelo Gráfico n° 5 é possível constatar o encontro dos campos de centro esquerda e centro
direita a parrtir de 2005.
GRÁFICO N° 5
CAMPOS
POLÍTICOS DA CÂMARA MUNCIPAL 1983-2010
Fonte: Memorial
da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul.( Disponível na Internet.)
(http://liquid.camaracaxias.rs.gov.br/LiquidWeb/App/Principal.aspx?l=pesquisa&s=pesquisa)
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BUCCELLI, Vittorio.Un
Viaggio a Rio Grande del Sud.
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CHIES, Guiomar.Os
poderes fazem história Caxias do Sul: Marguia .2009
CONSTITUIÇÕES
SUL-RIOGRANDENSES.1843 – 1947
Edição comemorativa do 16º
aniversário da promulgação da Constituição do Estado,1963,Imprensa
Oficial,Porto Alegre
GARDELIN, Mário .História da CICS.. Câmara de Inústria,Comércio e Serviços de Caxias
do SUL.Porto Alegre: EST ,1995
GIRON, Loraine Slomp. Caxias
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LA SALVIA,Flávia e HANDECHUNCH ,Nilbieamater. Processo de
colonização no Rio Grande do Sul. Boletim Geográfico do Rio Grande do sul
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LEI N° 327, DE 6 DE FEVEREIRO DE 1.924
http://liquid.camaracaxias.rs.gov.br/LiquidWeb/App/Principal.aspx?l=pesquisa&s=pesquisa
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Sebasti%C3%A3o_do_Ca%C3%AD#Hist.C3.B3ria
ttp://historiasvalecai.blogspot.com/2009/12/758-origem-do-nome-sao-sebastiao-do-cai.html
.http://historiasvalecai.blogspot.com/2009/12/776-cai-velho.html)
[1] A quarta câmara municipal caiense, que assumiu em 7 de janeiro de 1883,
era constituída por Paulino Inácio Teixeira, Cesar José Centeno, Carlos Berto
Círio, Augusto José Fernandes, Cesar Augusto Góes Pinto, João Diehl Jr e
Antônio Pires Cerveira.A quinta câmara municipal assumiu em 12 de julho de
1886, constituída por João Diehl Jr, Carlos Berto Círio, Henrique Ritter Filho,
Pedro de Alencastro Guimarães, Ernesto Warmann e Carlos Guilherme Schilling
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