sábado, 5 de outubro de 2013

CAXIAS CENTENÁRIA: DE CAMPO DOS BUGRES MUNICÍPIO (1875-2010)


Figura 1 Inauguração da estada de ferro primeiro  de junho de 1910. .Fotógrafo Mancuso. Memorial da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul.( Disponível na Internet.) (http://liquid.camaracaxias.rs.gov.br/LiquidWeb/App/Principal.aspx?l=pesquisa&s=pesquisa)

UM DIA DE FESTA
A estrada de ferro está vazia e dói
Oscar Bertholdo

            Naquele sábado, o dia nascera ensolarado, traçando longas sombras nas calçadas, como acontece no outono. O inverno era anunciado pelos plátanos no ouro de suas folhas murchas. Os preparativos tinham sido muitos envolvendo os comerciantes e indústrias da Vila. O vice intendente em exercício Tancredo Áppio Feijó fizera grande 
 esforço para enfeitar a cidade. Era primeiro dia de junho de 1910, os morteiros espocavam na madrugada vazia do centro da cidade, acordando a população para o grande dia.
A  cidade tinha  engalanada  aguardava os visitantes.Nas proximidades da estação um arco  coberto de plantas  tinha como dístico Campo dos Bugres 1875, Cidade de Caxias 1910 . As ruas Tomás Flores  e a Júlio de Castilhos  estavam enfeitadas,com  lanternas venezianas e grandes arcos de folhagens  e  faixas saudando a República e o Presidente do Estado. As casas exibiam nas janelas objetos e alcatifas com o que tinham de melhor um costume de então. Ao longo das ruas as bandeirolas flutuavam com leve brisa  outonal..
 Os hotéis Bersani e Pelizzari  tinham  preparado seus melhores cardápios  para receber os visitantes e as autoridades  . O dia era de comemorações, afinal há 35 anos era esperada a estrada de ferro  e com ela o trem . Para os comerciantes locais era a  garantia transporte melhor e mais barato para os produtos coloniais, para os moradores da Vila  maior facilidade para suas  viagens à capital.
            Na Praça Dante Alighieri foi organizado um préstito. Duas bandas a  Santa  Cecília e a Independência abririam o desfile . Na praça se reuniram autoridades, o intendente licenciado  Vicente Rovea, o vice intendente,  as sociedades  Operarias , o clube Juvenil e o Aliança , os comerciantes e os  industriais.Para aumentar o número de participantes  foram convocados os alunos uniformizados de branco  dos colégio do Carmo ,  São José  e das aulas estaduais que então levavam o nome de seus diretores.
Até a temperatura era de festa, permitindo que as mulheres vestissem seus melhores trajes longos e claros com suas sombrinhas rendadas.  Os homens trajaram seus ternos escuros e seus  chapéus de feltro.
          O cortejo com mais de mil pessoas às 13 horas partiu da Praça. Seguiu de  forma lenta  a rua  Júlio de Castilhos  em direção á  Estação,lá chegando uma hora depois .Pouco depois, se fez ouvir   o ruído  do trem.  O comboio era composto pela locomotiva e por três vagões novos em folha. Foguetes e morteiros explodem no ar e logo o povo invade os trilhos, acotovelando-se com autoridades e com os passageiros que desciam dos vagões. As bandas tocaram  os hinos nacional e o  a marcha real da  Itália e  uma  salva de 31 tiros saudou os visitantes . Foi um momento de alegria que o  fotógrafo Mancuso  fixou com rara precisão.
  O trem enfim tinha chegado trazendo da capital mais de 200 convidados, entre autoridades brasileiras e o cônsul da Itália. Uma pequena frustração ficou no ar o presidente do Estado não  havia chegado,  apenas  seu  representante    o Chefe da Polícia do Estado  .A seguir o préstito engrossado pelos recém chegados volta ao centro da Vila. Na frente do hotel Bersani as autoridades são saudadas pelas meninas Maria Idalina Cruz e Otilia  Jaconi alunas da professora Rosa de Almeida . Poucos discursos.  Afinal de discursos a colônia estava farta. O jornal O Brasil que registrou  a festa não  descreve  o cardápio servido às autoridades, mas é possível imaginar a sofisticação dos pratos  ea variedade de pratos  que foram servidos. Naqueles tempos os cardápios eram pantragruélicos.
De noite mais festas um cortejo de luzes de velas e de archotes desfila as 19 horas pelo  do   Centro Republicano até a Intendência Municipal. Mais tarde, no Clube Juvenil, então situado na esquina das ruas Marechal Floriano e Júlio de Castilhos ocorreu grandioso baile, ao qual comparecem  convidados, os outros dormem,  cansados da longa viagem de 8 horas de duração. Só então foi lido o telegrama do presidente do Estado  elevando   a vila de Caxias à condição de  cidade.
Os festejos continuaram na manhã seguinte ,quando as 10,30 horas  partiu o trem para a capital,levando a  comitiva que viera para a inauguração. No largo  Estação Férrea  a festa continuou com  um churrasco  para o qual foram abatidas cinco vacas gordas para alegria da população da recém criada cidade.
Caxias nunca mais foi a mesma. O município que segundo o jornal  tinha 50 mil habitantes,dos  ,4 mil  deles na zona urbana .Possuía    8  mil prédios,sendo 7 mil de madeira e  1 mil  de  alvenaria .Tinha  várias  empresas,  metalúrgicas como a de Abramo Eberle, com 80 operários e a de Amadeo Rossi com 60 operários,fabricas de produtos suínos  , de vinhos , e vários moinhos para o fabrico de farinha entre os quais o  de Aristides Germani. A cidade contava com mais de 50 casas de negócio de todos os ramos de comércio. Os comerciantes enriquecidos tinham formado uma das primeiras associações do país, em 1901. O dia de festa marcou a passagem  da condição de vila para a de cidade  e das antigas para as modernas formas de transporte  e de novas condições de vida para a população.







HISTÓRIAS COMUNS
Vinde ver retratos e conhecer nomes
que estão escondidos por detrás do cantar festivo
Oscar Bertholdo

São comuns as histórias das administrações políticas dos municípios brasileiros no inicio da República. Comuns são as leis e comuns, a Lei maior e os fatos históricos, comum ainda é o processo de formação histórica. Semelhantes entre si são as histórias dos municípios provenientes das antigas colônias imperiais do Rio Grande do Sul e seu passado. São os elementos que marcam  sua cultura e  identidade em relação a outras regiões  do  país.
 Apesar dos elementos comuns há outros tão característicos que tornam a história regional   única e fascinante. Como cada ser humano também cada cidade é única em seu espaço geográficos   e  seus personagens .Nelas residem os segredos e os nomes de uma história real, os mortos tem nome e parentes sendo lembrados e cultuados .Eles se tornam ruas, escolas e monumentos .Na história das cidades está também o conhecimento de seus  deslizes , de  desmandos e de crimes.Os crimes  não são escritos. Os assassinatos raramente são acompanhados de projetos,atas e relatórios. Os crimes não desvendados não são registrados, para sempre impunes. Os cidadãos deles falam, são lemabrados  enquanto vivem os protagonistas ,depois, tudo   fica enterrado no passado.Deles restam apenas indícios.Pequenos registros nos jornais,lembranças  familiares, alusões veladas em textos oficiais.A história real também morre nas pequenas comunidades. Um pequeno exemplo é o assassinato  de Cesare Porta um dos participantes da  Revolução Federalista(1892-1895). Conta Adami

            Certa ocasião Affonso Amabile e Cesare Porta ,ambos procurados pela polícia,mais ou menos  do ano de 1893,foram vistos por esta,que(Sic) se dirigiam à Vila pela estrada Rio Branco(...) travou-se então um tiroteio onde resultou a morte de Porta e um ferimento de certa gravidade no pescoço de Amábile  )1964 ,p170)

               O que diz a nota não é à verdade, ou melhor, é a verdade oficial. Ao que tudo indica,  ocorreu  uma execução pura e simples. Porta foi um dos vários imigrantes italianos mortos nas guerras do Sul. Ele era um imigrante como tantos outros, havia comprado um lote colonial e  prestava serviços no Barracão de Caxias  como enfermeiro. Participara como tantos outros dos conflitos locais. Após o término da Revolução Federalista o governo italiano pediu explicações ao brasileiro sobre a morte de seus súditos. Antonio Xavier da Luz  a ele respondendo em oficio, datado de 28 de maio de 1896, afirmou  que ele,  Porta  era brasileiro,visto que votara nas últimas eleições. A explicação é maldosa. Como se o fato dele ter se naturalizado brasileiro, fizesse  dele  apátrida  e, como tal,   passível de ser assassinado.
            As histórias das cidades guardam segredos. Quantos Porta esperam pela sua reabilitação?

TANTOS NOMES
É tempo de estar em todos os caminhos
Oscar Bertholdo

Caxias do Sul sob o ponto de vista política passou por várias formas de administração, e  várias denominações. As mudanças dos nomes estão relacionadas com as mudanças administrativas que vão da condição de colônia a de município
Na época de sua criação foi chamada de colônia aos fundos de Nova Palmira, mais tarde após a bandeira de Luís Antônio Feijó Júnior,quando foi encontrado um antigo acampamento de nativos, ficou conhecida como Campo dos Bugres, Quando os imigrantes chegam a Colônia ao  mandar cartas aos parentes na Itália colocam a procedência  o exótico nome   de  Campi dei Bulgueri, literalmente Campos dos Búlgaros.
            Os atos oficiais dos administradores coloniais e continuam a designá-la Sede Dante ou Santa Teresa de Caxias, quando se referem ao núcleo colonial. O seu nome poderia ter evoluído para Santa Teresa, Dante Alighieri ou Campo dos Bugres, como aconteceu com São Leopoldo, mas nada disso aconteceu e a colônia passou a ser chamada de Caxias. Sua organização foi sui generis  em seu sistema de  glebas continuas,  de   léguas em quadro , subdivididas em  travessões e lotes ,dando  origem   ao Padrão  Caxias  no qual is lotes tinham a forma de pequenos retângulos As linhas coloniais tinham a forma de grandes figuras de formas diversas(retangulares,quadrangulares e outros) divididas ao meio pela linha demarcatória de onde partiam os lotes perpendicularmente à mesma e de ambos os lados.
(LA SALVIA,HANDECHUNCH ,1974,p.9)
















Figura 2 Diagrama das distâncias entre as colônias .Da autora


            Nos mapas estatísticos de 1884, o nome adotado foi Caxias, ou como assinalam outros
Documentos antiga colônia Caxias. O nome antiga colônia durou muito tempo mesmo, depois de ter se tornado próspero município. O presidente do Estado Júlio de Castilhos de certa forma foi um dos  responsáveis  pela manutenção da denominação de Pérola das Colônias,ao utilizar-se dessa  expressão  em discurso proferido na Vila, em 1898.
             Em 12 de abril de 1884, Caxias deixou a condição de colônia tornando-se  distrito de São Sebastião do Cai ,sendo  chamado então  de freguesia de Santa Teresa de Caxias  e  5º  distrito de paz do município de Cai. Como distrito viveu como todo Brasil  a  difícil transição entre império e  república.  Cai sediava a paróquia, que se separou de São José do Hortêncio e a junta eleitoral e   administração municipal  ,onde os impostos deveriam ser pagos .
            Quando Caxias foi declarado município manteve  o nome da colônia. O seu núcleo continuava a ser Vila de Santa Tereza de Caxias, mas de forma geral foi se consolidando o nome de único de Caxias, válido tanto para a sede municipal como para o município. Em novembro de 1898 quando se foi elevada à sede da comarca, foi dividida em três distritos: a sede Vila de Santa Teresa de Caxias, o distrito de Nova Trento e o de Nova Milano.
         O nome Caxias deriva de ‘cachia”(cacho), flor do arbusto “corona christ”.  Antigamente Cacho  era grafado   Cachia, era o  ainda  o nome da quinta do Marques de Pombal, antiga residência dos reis de Portugal.Para Houiass a palavra Caxias deriva de    “cachia  um tipo de angiosperma chamada acacia farnesiana “ .Por outro lado o

  O Professor Basílio de Magalhães, em anotações à obra de Spix e Martius, grafa Cachias. Disse-se, ali que “é melhor grafia do topônimo, pois provém, sem dúvida, do nome cachia ( como se pode ver no excelente dicionário de Morais) , à "esponja" ,flor do arbusto chamado " corona christi ", que não de caixa.(Internet)

             Deixando de lado o preciosismo a questão se torna simples. O nome Caxias não foi uma homenagem nem à quinta, nem à planta, ou às plantas muito menos a cidade maranhense. O nome Caxias foi uma homenagem a Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias (1803-1880), principal militar brasileiro da guerra movidas pelo Império no século XIX.
            Já o nome Caxias do Sul foi determinado  pelo  Decreto nº 720,  de 29 de dezembro de 1944. Sobre o assunto há uma longa polêmica , que teve inicio pelo Decreto Lei  nº 311 , de 2 de março de 1938 , que proibia o uso de um mesmo topônimo para mais de uma cidade.   Havia três Caxias: a mais antiga delas era Caxias das Aldeias Altas, seguida de Caxias do Rio de Janeiro e a mais nova  Caxias era a Rio Grande do Sul .
Pela Lei duas das cidades homônimas deveriam mudar de nome.  No Sul as lideranças se movimentaram e conseguiram que o Conselho Nacional de Geografia mantivesse  o nome Caxias  O telegrama daquele  órgão de  nº 192 ,de 1 de novembro de 1943,garantia  que

  O valioso apoio caso nome Caxias, em face das numerosas representações que estão chegando, nas seguintes condições: Comarca Fluminense, onde nasceu o grande brasileiro, ficaria Duque de Caxias; Comarca gaúcha, de grande importância econômica, continuaria apenas Caxias e Comarca do Maranhão mudaria para Marechal Caxias ou Caxias do Norte. (internet)


      Logo os cidadãos mais importantes do Maranhão reagiram   provando que  a sua cidade criada em 1811 ,  dera origem ao nome de Duque  ao Patrono do Exército,e que após consultar vários especialistas , responderam ao Embaixador Macedo Soares, pelo telégrafo.A Comissão Revisora maranhense era contra a mudança nome ,por ser a mais antiga e a primeira receber a denominação sua posição foi aceita. Assim Caxias apesar das lutas e protestos  de suas forças vivas se tornou Caxias  do Sul ,enquanto a cidade natal de Caxias recebeu o nome de Duque de Caxias e  a Caxias  natal de  Gonçalves Dias manteve o nome  tão  disputado.



COLÔNIA CAXIAS (1875-1884)
Os olhos dos que já foram cabem nos retratos
do velho cemitério em plena vila
Oscar Bertholdo

            No período compreendido entre 1875 e 1885 Caxias foi colônia imperial. Colônia era um loteamento oficial, que constituía a unidade de aplicação da política da ocupação das terras e do sistema de colonização do Império brasileiro. O projeto venda das terras devolutas (ou seja, as terras não legalizadas após a Lei das terras de 1850) estava diretamente ligado ao Ministério da Agricultura.
             A colônia Caxias como as demais, era dirigida por uma diretoria. A principal figura da administração colonial era o diretor, responsável pela execução de atividades que iam desde o transporte dos colonos até a segurança das colônias e dos colonos. A diretoria era formada por número variado de membros, necessários para a medição, venda dos lotes, administração tanto da despesa como da receita de cada colônia. A receita vinha da venda dos lotes e a despesa dos  serviços da administração .
            A política imperial de colonização foi organizada e estruturada para receber os imigrantes ou mesmo  nacionais interessados na compra de lotes. Apesar da excelência do propósito imperial havia diferença entre o projeto e a sua execução. As colônias em geral estavam situadas em regiões distantes dos centros urbanos e de difícil acesso. Os diretores da colônia eram em geral da Capital da Província. As estradas eram precárias e os meios de transportes terrestres lentos. Muitos eram as dificuldades enfrentadas pelos funcionários, alguns deixavam a família na capital, pois nas colônias não havia escolas para os filhos, nem a assistência à saúde. Para agravar a situação não podiam contar com seus escravos, já que seu o uso era proibido nas colônias criadas após 1850, assim deveriam pagar pelo trabalho dos empregados domésticos. Esses e outros motivos levavam os administradores a permanecer pouco tempo nas colônias, logo voltando a seu local de origem.
            Não havia relações administrativas entre as colônias e os municípios vizinhos, dos quais algumas vezes eram utilizados alguns serviços. Quando uma colônia era emancipada as comissões destinadas a liquidar as dividam coloniais nela ficavam, para garantir as cobranças. Por vezes as comissões interferiam diretamente arrecadação dos novos distritos ou dos novos municípios então ocorrendo uma superposição de tributos .Tal fato ocasionou revoltas  dos colonos oprimidos que estavam  pela falta de dinheiro.
Os tempos da Colônia já foram muito estudados, só mais um lembrete sobre os barracões locais de chegada, que o governo providenciou para os recém chegados imigrantes, como um local recepção dos pobres da Europa foram o seu primeiro abrigo. Em Caxias o segundo barracão era de boa qualidade tendo servido como escola, sede do Conselho entre outras atribuições. Alguns colonos como o já citado Cesare Porta e outros como Hugo Luciano Ronca trabalharam no setor de saúde do Barracão, ambos  de  controversa atuação.

5° DISTRITO DE CAÍ (1884-1890)
Ah o tempo revoga o que se faz inútil!
Oscar Bertholdo

             Caxias de 1884 a 1890 fez parte do município de São Sebastião do Cai , cuja história é mais antiga e em geral ignorada. Caxias tem com Cai uma história comum de seis anos.
 O povoamento da região do vale do rio Cai teve inicio em meados do século XVIII. A ocupação das terras se deu através de lusos. O Padre Clarque ,   vigário de Triunfo , anota no Livro Tombo, em  janeiro de 1757, que entre os rios dos Sinos e Caí havia oito fazendas  . No ano seguinte relacionou os paroquianos que lá vivam, havia então 16 casas com 92 moradores em idade de confessar sendo: 24 eram escravos, 11 agregados ou camaradas e 57 membros das famílias dos proprietários, num total 149 habitantes .Em média viviam nove pessoas para cada casa.
            Nos começo do século XIX  lá  viviam   populações nativas,de índios .Entre europeus  e  nativos  ocorreram  alguns  confrontos.. Em 1814, com a criação da Freguesia de Sant'Anna do Rio dos Sinos (Capela de Santana) aumentou o número de habitantes livres e escravos. Um de seus primeiros moradores foi Bernardo Mateus cuja fazenda ficava onde hoje se situa a cidade do Caí. Logo outros chegaram como Manuel dos Santos Borges, José dos Santos que possuía aí terras desde 1806. Segundo o livro de batismos da freguesia de São José do Hortêncio de 1849 a 1863  lá viviam  Manoel Machado casado com Virginia Machado,Luiz Leite de Oliveira , Olivério Ignácio da Silva, José Rodrigues da Silva ,Lino José da Silva Machado ( grafado como  Maixado )Felisberto José dos Santos, Manoel de Lemos e Justiniano José de Mendonça  e Antônio Guimarães  proprietários de terras e de escravos . As terras de Manuel dos Santos Borges correspondiam a uma data de sesmaria e faziam divisa com as terras de Guimarães, e  com as de Dona Teodora  ,com  Arroio Três Mares e com o rio Caí. ( internet )
            Antônio Guimarães e seu irmão Quirino abriram casas de negócio. Aos poucos a região tomou  o nome de Porto do Guimarães.Passou a freguesia nas proximidades havia o  passo Selbach, por onde carros, cavalos e pedestres atravessavam o rio antes da construção da ponte. No local  uma barca.
No lugar onde  está  a cidade de São Sebastião do Caí existiam fazendas .Até   1846,o lugar   pertencia ao  município de Porto Alegre.Com a elevação de São Leopoldo  a  município ,  Santana do Rio dos Sinos  que abrangia a maior parte do atual município de São Sebastião do Caí passou a ser   seu 3º Distrito .Logo o vale do Cai passou a receber colonos  alemães provenientes do vale do rio dos Sinos.  Em 1848, foi estabelecida a freguesia de São José do Hortêncio. O número de alemães cresceu, e, em 1863, viviam na região cerca de 50 proprietários de terras e de escravos entre eles João Ferraz Ely, Catharina Adams,Francisco Trein Mathias Freiberger ,Sara Auler ,Daniel Arend,Pedro Muller,Margarida Schimidt,Germano Genz,Antônio Sauer, Miguel Stroeber.
No último quartel do século XIX o porto Guimarães se desenvolveu com o transporte e a passagem  e de   imigrantes italianos que de Porto Alegre seguiam em direção as colônias serranas . Fluxo que continuou até 1914. Em 1º de maio de 1875, São Sebastião foi emancipado de São Leopoldo.   
            Os produtos do trabalho das colônias eram exportados pelo porto Guimarães de São Sebastião do Cai. Para o transporte das mercadorias havia linhas diárias de vapores entre a Capital e o Porto nele aportavam vapores de alto calado. Vários horários de  vapores  seguiam entre os dois portos .um deles era o Otto,  de propriedade de João Luiz Sherein,que saia de Porto alegre as 3ª e 6 ª ao meio dia e de São Sebastião  as 6 horas da tarde das 4ª e  dos sábados .(Jornal Cosmopolita de 14 de setembro de  1902,ano 1nº 7 p4) . Em 1906 Buccelli  viaja de Porto Alegre a Sebastião do Cai ,no vapor Garibaldi saia de Porto Alegre as 8 da manhã chegando ao entardecer em São Sebastião, fazia de 9 a 10 milhas a hora . (BUCCELLI, 1906 , p.210)
Durante muitos anos entre Caxias e São Sebastião havia serviços de diligência de José Jaconi (Jornal Cosmopolita de 8 de agosto  de 1903,ano 1nº 1 p3)Nos jornais de Caxias na primeira década do século XX eram numerosas as propagandas sobre  os serviços de  transportes  que operavam então ,bem como grande número de hotéis oferecia seus serviços aos viajantes tanto em Porto Alegre como em Caí nos jornais de Caxias.
 Ao longo do porto foi se criando a infra-estrutura necessária aso viajantes como hotéis e casa de pasto  e de venda de lenha .Ainda foram criadas industrias da banha,  como a de Adolfo Oderich , A.J. Renner, Frederico Mentz e Cristiano Trein. Essas empresas anunciavam nos jornais caxienses, onde a produção de porcos era grande.A estrada Rio  Branco  que ligava Caxias ao Cai era percorridas por  varas de porcos tangidas pelos colonos. Giuseppe Slomp morador no lote A  do travessão Norte, da 2ª Légua da antiga colônia vendia seus porcos,  para a Oderich.
Buccelli na já citada  viagem  encontrou uma dessas tropas de porco fato que o espantou pelo inusitado da situação
 No inicio, os produtos que chegavam de barco eram transportados por tropeiros.Mais  tarde por carreteiros, que seguiam a era precária estrada que margeava o rio Cai.Tomavam após o rumo a serra passando por Feliz e Vale Real. Pela estrada Rio Branco subiam a Serra, chegando ao antigo Campo dos Bugres. Entre a barra do Pinhal e o topo da Serra a distância  era  de 15 quilômetros. Em 1877 já era possível passar pela estrada com comboios (ou tropas) de mulas com carga . Era comum um tropeiro conduzir dez mulas que levavam até 1.000 quilos de carga. Em 1884 houve um movimento paredista dos transportadores de carga por causa das péssimas condições das estradas Somente a partir de 1890 a estrada, já melhorada, permitiu a passagem de carretas ( Disponível na Internet).
O município do Cai  elegeu  conselheiros e por ocasião de sua quarta legislatura, em 1882 , Foi nessa legislatura que Caxias foi unida Cai ,permanecendo  por mais duas legislaturas. Não houve entre os vereadores eleitos representantes do 5º distrito.[1] Segundo Adami para coordenar o distrito de Caxias foi designado João Muratore. Enquanto Caxias era distrito de São Sebastião a Diretoria de terras continuava a nomear os fiscais dos travessões como se ainda  fosse ainda uma colônia.
     Caxias crescia economicamente e os comerciantes faziam reclamações por escrito pelas péssimas condições das estradas. A igreja matriz começou a ser construída, com grande envolvimento dos católicos,pois tinha  sido elevada a paróquia em 26 de abril de 1884. Nesse mesmo ano, foi instalada a loja maçônica . Em 1886, um incêndio destrói a Igreja. (ADAMI,1972, p537) A  povoação distrital  aos poucos vai ficando maior do que a distante sede municipal.  O trabalho agrícola trouxe frutos e o comércio colonial cresceu, os comerciantes perceberam a importância da participação política e a emancipação municipal passa a ser exigida.



 DIFÍCIL TRANSIÇÃO (1889-1930)
É tempo de estar em todos os caminhos
Oscar Bertholdo 
            O Rio Grande do Sul como o restante do Brasil passava por uma fase difícil de transição entre o Império a recém instalada República. A Constituição de 1891 ainda não havia sido promulgada e todas as medidas eram provisórias e emergenciais. A ausência de legislação para a administração municipal as tornam inseguras, como fica expressa no oficio da Junta para o Governador General de Divisão Cândido da Costa,que exercia o cargo como Governo provisório,no qual solicita “leis províncias em vigor relativas as antigas câmaras municipais e dos atos do governo que porventura tenham sido publicados e digam respeito aos municípios,assim como um exemplar das leis decretadas pelo Governo Provisório”.( Adami 1964 ,p124)O  Decreto municipal nº 4, de 12 de outubro de 1892 promulga, a primeira lei orgânica do município feita pelo conselho municipal em 11 de outubro de 1892. 
Em 20 de junho 1890, pelo Decreto Estadual nº 457, do presidente General Cândido José da Costa, se tornou município autônomo foi chamado de Caxias. Após a emancipação a Junta foi nomeada pelo governo do estado do Rio Grande do Sul através de portaria datada de 28 de junho de 1890  sendo instalada no dia 2 de julho .uma junta governativa para dirigir administrativa mente o novo município na fase de transição.A Junta  tinha as atribuições do Conselho Municipal ou seja somava o  poder legislativo ao executivo semelhante ao cabildo  espanhol Era formada por Ernesto Marsiaj, Ângelo Chitolina e Salvador Sartori respeitáveis comerciantes estabelecidos no centro da vila de Caxias locais tendo   funcionado   até a eleição do primeiro Conselho .Em 1890 foi criado um distrito policial   .Pouco depois são bentos os sinos da  paróquia se Santa Teresa.
Em 1891 Rodolfo Felix Laner torna-se o presidente da Junta , assinando os ofícios de regozijo  pela promulgação da   Constituição do Rio Grande em 22 de julho de 1891 e de  tristeza pelo surto de varíola que fez várias vítimas na Vila,em  setembro do mesmo ano.
            A Revolução Federalista (1893-1895) que divide o Estado.Uma de suas bandeiras foi  a reforma da Constituição de 1891 . Colonos tiveram suas casas invadidas e  seus víveres roubados pelos federalistas e pelos maragatos,  não havendo a quem reclamar. Internamente o governo municipal estava dividido.Apesar das desordens internas o município progride Em 15 de janeiro de 1898, se torna sede da comarca. Para perdê-la para Bento Gonçalves em 17 de dezembro de 1907e retomá-la em 1919. (ADAMI, 1964 p.257)
            Nos 41 anos da Primeira República (1889-1930),a  história de Caxias como a de os outros municípios teve  seus  intendentes   nomeados..Todos sem exceção    nomeados ou eleitos   nasceram  fora do município Durante o período  quem conduziu a política foi o Partido Republicano Riograndense que conseguiu  a  direção intelectual e moral da política,liquidando seus  adversários  ampliando os  seus seguidores  conseguindo  absorver  seus líderes   e aniquilar suas bandeiras .(GRAMSCI,1988 ,p.276)Assim muitos dos federalistas como José Nicoletti tornaram-se  republicano .Outros   Dante Marcucci  PRL (Partido Republicano Liberal ) foi absorvido pelo  PRR .Foi essa absorção que permitiu em 1923 a assinatura do Tratado de Pedras Altas e a vitória da revolução de 30 liderada por Vragas
. Conforme é possível verificar na tabela que segue.

ORIGEM DOS INTENDENTES (1892-1930)

Intendente
Período
Lugar de nascimento
1.Antônio Xavier da Luz
1892-1895 (nomeado)
Santo Antônio da Patrulha
2.Alorino Machado de Lucena
1895-1896( nomeado )
São Francisco de Paula
3.José Cândido de Sampos Jr
1895 – 1896(nomeado)
1896-1902  (eleito)
Santo Antônio da Patrulha
4.Alfredo Soares de Abreu
1902-1904(indicado)
São João de Montenegro
5.Serafim Terra
1904-1907(eleito)
Porto Alegre
6.Vicente Rovea
1907-1910(eleito)
Treviso-Itália
7 Tancredo Appio Feijó
1910-1911
Triunfo
8 José Penna de Moraes
1912-1916(eleito)
1916-1920(reeleito)
1920-24 (releito)
Santa Maria
9.Celeste Gobbato
1924-1928(eleito)
Treviso-Itália
10.Tomás Beltrão de Queirós
1928-1930(eleito)
Apodi- RGN
11.Miguel Muratore
1930 (indicado)
Porto Alegre
Fonte CHIES, Guiomar.Os poderes fazem história Caxias do Sul: Marguia .2009   p.23 a 35                                                                                                                           




A política dos governadores que marcou a Primeira República fazia com que os municípios ficassem submetidos de forma direta ao poder do Estado. Os seus  presidentes  tinham o poder de designar os novos intendentes nos municípios que se formavam. Maior ainda era o poder, o cuidado e a até ingerência direta do governo estadual nos municípios criados a partir das antigas colônias que eram em sua maior arte povoadas por estrangeiros. Tal cuidado até pode ser explicado ,pois em tempos de nacionalismo e do culto ao Estado Nacional e seus símbolos ter o território nacional invadido por europeus pobres e incultos em sua maioria poderia representar algum perigo ao país. A 1ª Grande Guerra (1914-1918), que colocou a Itália e o Brasil em campos opostos de certa forma justificava o controle.
 A eleição dos conselheiros e do intendente deveria se realizar na última quinta feira de outubro sendo que apuração se daria até 10 dias após as eleições. Todo o processo era realizado pelo executivo,que designava os mesários e os responsáveis pela contagem dos votos.Não havia voto secreto, e assim a fraude  era bastante fácil de ser realizada. Pela Lei os sete membros do Conselho deveriam se reunir uma vez por ano após o dia 15 de novembro em reuniões consecutivas ,que durariam no máximo por dois meses Os nomes dos conselheiros primeiros conselheiros eram  Ernesto Marsiaj presidente ,Hugo Luciano Ronca vice-presidente ,Benjamin Cortes Rodrigues, Agapito Cruz Romano Lunardi, Salvador Sartori e Ângelo Chitolina.
Os intendentes municipais concentravam o poder pois podiam designar os vice intendentes,as comissões eleitorais e a guarda municipal  entre outras atribuições  Os vice intendente acumulavam o cargo de  delegado de polícia ,sendo ainda  será responsável pela conservação das estradas  e spelos inspetores de travessões, designados pelo prefeito
            Pela Lei Orgânica do município de 1892  o Conselho se reunia em sala a ele destinada na  Intendência,por dois meses ao ano.Suas reuniões em geral eram realizadas as 14 horas da tarde ,  mas havia sessões extraordinárias, quando necessário para as quais os conselheiros eram  convocados  em outros horários.
Os primeiros intendentes foram nomeados pelo presidente, Antonio Xavier da Luz(1892), intendente   e Alorino Machado de Lucena (1895) seu vice.Ambos nomeados ambos se demitiram Alorino afirma
Demito-me porque percebo claramente que na qualidade de ser eu brasileiro nato angaria-me antipatia de outra origem. Entretanto,côo o solo que piso é riograndense ,e, fracassada tal pacificação ,a  guerra que nos move os maragatos recomeçará ainda mais encarniçada(...) não esperarei que que me chamem par empunhar as armas(...) e lutarei até a morte em defesa de nossas instituições.(ADAMI, 1964p183)

O que significa que havia  maragatos na intendência e no Conselho  e ele não os suportava. Foi  indicado pelo governo estadual para governar o município José Candido de Campso Júnior  Em 15 de novembro de 1901, o presidente do Conselho é Hugo Luciano Ronca  sendo conselheiros Benjamim Cortes Rodrigues (uruguaio )Jacinto R. da Silva Flores,Antonio Ribeiro Mendes,Miguel Muratore,Tancredo Appio Feijó,Francisco Bonatto da antiga legislatura apenas dois foram reeleitos  Ronca e Cortes. Foi eleita a mesa ficando Ronca na Presidência e na vice presidência Benjamin e secretário Miguel Muratore, funcionavam três comissões: de Constituição e poderes, de Orçamento  e de petições e reclamações.
     O intendente José Cândido de Campo Júnior depois de ter sido nomeado foi eleito na mesma eleição. Ao  apresentar o Relatório, do período 1900 a 1901 ao Conselho ,as suas despesas foram consideradas excessivas pelos conselheiros. Sugeriram emendas e mudanças, visando aumentar a receita inclusive  a criação de um novo imposto sobre os negociantes exportadores,ou seja os mais ricos. Criam um novo imposto de conservação de estradas que variará de acordo com  tamanho da propriedade  Foi aprovado um empréstimo de 20 contos  de réis para pagar as dividas da Intendência,e para a que será empregado na construção de um Colégio Distrital e na escola de engenharia do Estado .Na primeira república é o município  que cede  verbas para o estado e não ao contrário. O imposto sobre a propriedade rural varia de acordo com o numero de familiares, sendo isento ou reduzido quando os proprietários tinham muita idade e  pouco ou nenhum filho. São feitas dezenas de  reclamações ao Conselho , uma delas é a do santeiro  Pedro Stangherlin que pede dinheiro  por ter  se estragado uma estátua feita por ele ,enviada à  uma exposição em Porto Alegre .Por todos os problemas privados  a Intendência é cobrada e responsabilizada  .Ao poder público municipal cabem as culpas do miséria da sociedade.
            Há alguns fatos que não tem explicação como o do pedido de resignação do conselheiro Hugo Luciano Ronca por não concordar com as decisões do Conselho, do qual era presidente. Segundo ele não teria  sido ouvido em  sua proposta de redução de gastos,argumentando que o cargo era  incompatível com suas idéias econômicas e administrativas. No discurso de Ronca se vislumbra a prática de atos ilegais do Conselho. Seu pedido de renúncia foi aceito, sem comentários ou explicações. Para completar o quadro  os conselheiros aprovam um aumento de 500  quinhentos mil reis par  1000 mil réis  como “ajuda de custo” , no cargo ,por sessão,aumento ainda  para os  músicos e  para o agrimensor. 
  Assume a presidência Benjamin Cortes Rodrigues, em sete de dezembro de 1901, sendo que o  cargo de secretário passou a ser assalariado  exercido por Oliverios Sambaqui .Antes dele a secretaria era feita de forma gratuita pelo Professor José Doningues de Almeida . No dia 27 foram  aprovadas as contas do intendente. Em 10 de janeiro de 1902, o município foi dividido em 5 sessões eleitorais ou distritos,sendo indicados  5 membros para cada uma delas
      Em 1º de julho de 1902 o intendente José Cândido de Campos Júnior (1895-1902) renuncia ao cargo e o Conselho aceita a sua demissão. Grão mestre da loja maçônica local o Intendente foi o protagonista dos maiores conflitos regionais ,período em ocorria a Revolução Federalista,marcado pela invasão  à canônica e atentado contra a sua vida, coroando as  lutas dos maçons  com o padre Pedro Nosadini líder das Ligas Católicas.. Durante seu governo atingiram o auge os conflitos entre os párocos locais e a Loja Maçônica. Motivo pelo qual sua eleição só pode ser atribuída à fraude. Sua forma de administrar as finanças foi tão pouco ortodoxa, que ao deixar o governo municipal o rombo do orçamento era maior do que sua receita anual. As finanças só foram sanadas  muitos anos depois,através de empréstimos bancários e aumento de taxas. 
Em seu lugar assume o vice Alfredo Soares de Abreu. Pelas discussões do Conselho percebe-se a total anarquia das finanças municipais. O governo do Estado intervém, mandando o Capitão Firmino José Rodrigues, para verificar as contas e as finanças municipais, ou seja, uma verdadeira intervenção estadual nos poderes executivo e legislativo municipais. Segundo as palavras que dirige ao Conselho houve um “desfalque de 100 contos” por má administração, mas não por roubo. .
            Não há dúvida os habitantes de Caxias no período compreendido apreciavam os estrangeiros. Já que no município não houve um só governante nele nascido. Parece impossível não ter havido eleitores em idade e dinheiro suficientes para votar e ser votado. Caxias assim, como os outros municípios derivados das colônias, tornou-se a terra dos outros,servindo aos interesses alheios.
Os primeiros conselheiros eram italianos de nascimento. Quando havia mudança no perfil dos conselheiros o município sofria intervenção estadual e novos líderes eram colocados no lugar dos antigos, através de eleições de legalidade discutível. Pois os eleitos seguintes eram diretamente  ligados ao governo do Estado e ao indefectível  Partido Republicano Riograndense
            A constituição estadual de 1891 previa no seu artigo 63 que o poder municipal seria exercido por um intendente “que dirigirá todos os serviços, e por um conselho, que votará os meios de serem eles criados e mantidos”. Tanto o conselho como presidente deveriam ser eleitos com mandato de quatro anos, mas ambos quando um novo  município era instalado  deveriam ser nomeados pelo governador.


O Conselho deveria  se  reunir apenas uma vez por ano de forma ordinária de acordo com artigo º 65 durante um período( sessão) de dois meses no máximo,quando era estabelecido o orçamento municipal para o ano seguinte e examinadas e aprovadas as contas do período anterior.  Segundo artigo nº 68  os  municípios se dividiriam  em distritos  e para cada um deles o intendente deveria  nomear um sub-intendente, que tinha poderes e  funções de autoridade policial e outras que poderiam ser  delegadas por ele .O poder ficava nas mãos do intendente que nomeava também o vice-intendente,repetindo na esfera municipal o poder exercido pelo Presidente do Estado.
                 Os conselheiros não recebiam salários ,apenas uma ajuda de custa  por sessão.  Muitos vinham de longe alguns de Nova Pádua outros de Nova Milano. No ano de 1904 por exemplo foram convocadas 40 sessões , dessas apenas 13 foram realizadas,a maioria delas tinham as sessões  abertas e encerradas por não haver nada a deliberar ou por falta de quorum .
Fica evidente nas discussões travadas no Conselho que havia vários problemas não resolvidos . Havia o caso de um secretario municipal dono de uma tipografia e que era funcionário da Intendência. Ele ao mesmo prestava serviços  a Intendência  a qual  vendia seus serviços de tipografia . Outro caso espantoso o Comandante da guarda municipal vendia milho para os animais da guarda e da Intendência e, para completar e intendente gastou o dobro da verba prevista no orçamento. O Conselho se recusou a aprovar as contas sendo responsabilizado de não ter pulso para deter o tipógrafo e o comandante,cujos nomes foram  preservados nas atas. Em quatro de janeiro o Conselho renunciou. Foi feita nova eleição e outros conselheiros. Por incrível que pareça não houve repercussões na imprensa local  manietada pelas verbas públicas que garantia circulação dos jornais.
            Na ata da 40ª sessão ordinária, de 31 dezembro de 1904, consta que a divida deixada por Campos Jr em 1902 era de R 52:629$364,na verdade atingiu  R55:061$001.O novo intendente seguiu os passos do anterior. Alfredo Soares de Abreu parece ter supervalorizado as reformas do prédio da Intendência  e o fiscal a ele subordinado superestimou   inclusive um fogão velho,como se valesse  90 mil réis,esse mesmo fiscal (sem nome)  era o que tinha uma gráfica que vendia seus  os serviços da intendência ,o que contrariava a lei orgânica do município.
            Os conselheiros que assumem Luiz Pieruccini, Cincinato d'Avila,Antônio Moro e Francisco Mascarello, se apressaram em aprovar as contas e  desistiram  dos 5 mil réis por sessão a que tinham  direito a favor do município. E a paz voltou a reinar entre o governo e o município, ainda assim os problemas não foram resolvidos .
            Na Ata nº 38 de 28 de 12 de 1905, novos problemas surgem, o intendente além de gastar o que não podia ,fez pagamento de obras em propriedades privadas  Aprovou  a viagem do soldado Firminano Pereira da Silva  para Bento Gonçalves por motivos particulares , mais precisamente para venda de seguros da  Companhia Sul América e que para completar  exigiuo ressarcimento de despesas.
             No dia  30 de dezembro do mesmo ano Cincinato D'avila renunciou  ao cargo de conselheiro sendo substituído na seguinte sessão  por Pedro Serafini. o orçamento enviado pelo ao  Presidente  do estado não foi aceito ,por não estarem de acordo. Foram  realizadas novas eleições   para o novo o  novo Conselho ,dirigidas pelo intendente  Serafim Terra,  em 22 de maio de 1906 . Os resultados das eleições revelam a fraude através da unanimidade dos votos. Os conselheiros eleitos receberam a votação que segue
Conselheiro
Votos recebidos
André Fossatti
827
AntonioA. Kroeff
832
Tancredo Appio Feijó
828
Antonio Giuriolo
827
Aristides Germani
825
Jacinto Targa
826
Martin Francisco Ayres
828
                              Fonte :Atas do Conselho Municipal  1904-1909 .
                              Câmara de vereadores de Caxias do Sul.  

            Apesar dos desmandos políticos  a antiga colônia crescue e  diversificou sua produção. Os  comerciantes conseguem algumas vantagens do governo , à Vila de Santa Teresa  enriqueceu e se tornou o centro econômico da região.
            A elevação da vila à cidade em 1910, conseguida na mesma data da chegada da estrada de ferro, mostra que o município aos poucos vai se afirmando politicamente. Novos avanços técnicos acontecem com a chegada da luz elétrica, com o telefone entre outras inovações que marcam as duas  primeiras décadas do século XX. Em 1916 a Júlio de Castilhos, principal  rua  da cidade foi elogiada nos jornais pela sua excelente iluminação.,onde a luzes das casas se  multiplicavam  nas da  rua .
Entre 1892 e 1910 foram eleitos 10 Conselhos municipais conforme podem ser acompanhados no quadro abaixo. Em geral seus membros eram seguidores fiéis do governo do Estado.Quando um outro conselheiro de outra facção era eleito em pouco tempo era obrigado a renunciar dadas as pressões que sofria o conselho do qual fazia parte,não é por acaso que os edis municipais vinham de fora do município à mando do  governo estadual.
Na República Velha poucos foram os políticos da região que atingiram a esfera estadual. Ao que tudo indica foi o primeiro ou um dos primeiros políticos da região foi Ercole Galló  eleito deputado a Assembleia Legislativa, em 1915. Não há nos jornais locais nem nas Atas da Câmara de Indústria e Comércio(CIC) qualquer  manifestação de apoio à Galló .Mas tal apoio deve ter existido ,senão não teria sido eleito.
Em 1923, Ocorreu uma nova revolução entre as elites gaúchas já não sem a força da primeira , ainda assim houve lutas travadas em São Marcos No final federalistas e republicanos se unem no seu final ,pacificando tanto o estado como a região .Antigos líderes haviam mudado de lado como José Nicoletti que deixara as hostes federalistas.

Na legislatura de 1924-1928 no Conselho havia empresários Antonio Pieruccini,Armando Antunes(do setor vinícola)  e  Orestes Manfro( da tecelagem) .Dois  comerciantes  foram eleitos Ângelo Antonello (Nova Vicenza importador)  e Angelo De Carli(Boca da Serra ,comerciante de 1ª categoria ) Em 1924 Nova Trento se emancipara de Caxias nessa legislatura já não havia eleito representantes .Em 1928 a Diretoria da CIC resolveu apresentar um candidato próprio ao Conselho sendo indicado João Isller, mas depois d muitas discussões o presidente da entidade Eduardo Verdi

Ponderou que o município see encontra dividido em 5 correntes políticas e que o comércio está em todas elas vinculado.Lançar um candidato,nessas circunstâncias ,seria provocar uma cissão. (..) então diante da realidade ,foi abandonada a idéias de ter um vereador próprio.(GARDELIN,1995 ,p.53).

            Entre os eleitos na nova legislatura estavam  Dante Marcucci, Demetrio Niederauer e Olmiro de Azevedo advogados ligados  à Associação  de Comerciantes e, ainda ,Henrique Raabe industrial e José Costamilan e Raymundo Magnabosco  comerciantes e sócios da  entidade.A  entidade ainda que não tenha  indicado  candidato conseguiu eleger a maioria absoluta dos conselheiros.
Na verdade os comerciantes, os industriais e os advogados não entravam  na política para melhorar seus conhecimentos técnicos,  nem para  aprender coisas novas  ,mas para atingir o nível mais próximo de poder ,no caso a participação em um partido político que costura as diferenças  e aproxima as classes sociais.







Figura 4  Praça Dante Alighieri em 15 de novembro de 1910 .Fotógrafo Mancuso. Memorial da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul.( Disponível na Internet.) (http://liquid.camaracaxias.rs.gov.br/LiquidWeb/App/Principal.aspx?l=pesquisa&s=pesquisa)






CONSELHOS MUNICIPAIS DE 1892 -1930

1892-1896
1897-1900

1900-1904
1904-1908
1908-1912
Agapito Conz Ângelo Chitolina
Benjamin Cortes Rodrigues
Ernesto Marsiaj
Hugo Luciano Ronca
Romano Lunardi  Salvador Sartori


Antonio Ribeiro Mendes
Benjamin Cortes Rodrigues
Francisco Bonatto
Jacinto da Silva Flores
Hugo Luciano Ronca  resignou em 1901
Miguel Muratore
Tancredo Appio Feijó
Antonio Ribeiro Mendes
Benjamin Cortes Rodrigues
Francisco Bonatto
Jacinto  da Silva Flores
Hugo Luciano Ronca
Miguel Muratore
Tancredo Appio Feijó
Antonio Moro
Caetano Boscatto
Cincinato d'Avila (Pedro Serafini)
Francisco Mascarello
Luiz Pieruccini
Mansueto Serafini
Marco Tonelli
Eleição em1906
Antonio Moro
Caetano Boscatto
Pedro Serafini
Francisco Mascarello
Luiz Pieruccini
Mansueto Serafini
Adelino Sassi
Ângelo Antonelo
Antonio de O. Santos
Antonio Giuriolo
Antonio Pieruccini
Caetano Bellincanta
Tancredo Appio Feijó

1912-1916
1916-1920

1920-1924
1924-1928
1928-1930
Benedetto Bigarella
Henrique Moro
João Batista de Lucena em 1914
João José da Rosa
José Luiz Guedes
Mansueto Pezzi
Miguel Muratore
Orestes Manfro
Adelino Sassi
Henrique Moro
João Teixeira Gonçalves
João José da Rosa com sua morte assume
Aristides Germani
Mansueto Pezzi
Miguel Muratore
Samuel Aloise

Adelino Sassi
Alfredo da Silva Carvalho
Aristides Germani
João Crisostomo Teixeira Gonçalves
Henrique S. de Figueiredo
renuncia 1923
Pedro V. Ely
Miguel Muratore
Samuel Aloise
30-11-23 novos
João Francisco da Rosa
José D'Arrigo
Saverio De Filippis

Alexandre Zaniol
Ângelo Antonello
Angelo De Carli
Antonio Pieruccini
Armando Antunes
Orestes Manfro
RufinoI. Bezerra






Antonio Picolli
Dante Marcucci
Demétrio Niederauer
Henrique Raabe
José Costamilan
Olmiro de Azevedo
Raymundo Magnabosco


Fonte:Atas da Câmara Municipal  e Adami (1972)




DE CAXIAS A CAXIAS DO SUL (1930 -1946  )
Estamos agora chegando do longínquo ontem
 E partimos ao encontro do futuro
Oscar Bertholdo

 Entre 1930 e 1948 não houve eleições para o Conselho Municipal.Houve apenas um Conselho eleito em 1935 e destituído em 10 de novembro de 1937, pelo golpe do Estado Novo(1937-1946).O Brasil sob o impacto da Revolução de 1930 tornou-se um Estado unitário ,os  governos dos Estados e dos municípios passaram  a ser designados pelo presidente,como interventores. As eleições de 1935 de acordo com a nova Constituição votada não se consolidaram e o Estado Novo (1937-1945) repõe os governos nomeados. No caso de Caxias os dois prefeitos nomeados (interventores) eram figuras aceitas pela comunidade ,o  que muito auxiliou no movimento liderado por Getúlio Vargas O prefeito Dante Marcucci eleito em 1935,pelo PRL de  Flores da Cunha , foi confirmado no cargo em  1937.
            Terminado o Estado Novo a transição democrática foi demorada ,na espera da nova Constituição e a regularização administrativa dos municípios. Nas sete legislaturas ocorridas entre 1948 e 1964  ocorre  um equilíbrio entre os campos políticos, ocorrendo  uma alternância no poder municipal  ,com leve predominância dos Partido Trabalhista Brasileiro  e Partido Social Democrático  sendo uma  marca  da influência de Vargas na política local. Já O Partido Democrático Cristão(PDC) de curta  duração elegeu o padre Eugenio Giordani como vereador  , e em seguida  o prefeito da cidade Euclides Triches, em coligação com o PSD .

PREFEITOS DE CAXIAS DO SUL 1930-2010
Prefeito
Partido
Período
Observações
Miguel Muratore
PRL
1930-35
Nomeado
Dante Marcucci
PRL
1935-37 e1937-46
Eleito/Nomeado
Eduardo  Caravantes
-
1946
Juiz
Demétrio Ribeiro
PTB
1947
Nomeado
Luciano Corsetti
PTB
1947-1951
Eleito
Euclides Triches
PSD
1951-1954
Eleito
Hermes João Webber
PSD
1954-1955
vice em exercício
Rubem Bento Alves
PTB
1956-1958
PDC/PRP/MTR,PSD/ UDN
Bernardino Conte
PRP
1959
Vice em exercício
Armando A. Biazus
PTB
1960-1963
Eleito
Hermes João Webber
PSD
1964-1967
Aliança:PDC/PRP/PL/UDN
Victorio Trez
MDB
1969-1972
Eleito
Mário B. Ramos
ARENA
1973-1976
Deixou o cargo
Mario David Vanin
ARENA
1975-1976
Vice em exercício
Mansueto Serafini
MDB
1977-1982
Mandato prorrogado
Victorio Trez
MDB
1983-1988
Eleito 2 mandato
Mansueto Serafini
PFL
1989-1992
UDC PFL/PSDB/PTB/PL
Mario David  Vanin
PFL
1993-1996
UDC
Gilberto S Vargas(Pepe)
PT
1997-2000e2001-2004
Frente Popular;PT,PSbPV/PCdoB
José Ivo Sartori
PMBB
2005-2008 e2009-2012
Caxias para todo(14 partidos)
Fonte : CHIES, Guiomar.Os poderes fazem história Caxias do Sul: Marguia .
2009  p23 a 35


Em 1935 foram eleitos dois representantes da cidade eram eles os advogados Paulo Rache e Adolfo Penã , que eram jornalistas ligados ao PRR .Em telegrama enviado a eles a A diretoria da Associação refere-se a eles como “ilustres representante de Caxias “(GARDELIN, 1995 , p.79 )Os dois haviam sido jornalistas ,sendo  funcionários públicos de carreira,cuja origem era a capital do Estado.



 NOVOS ESPAÇOS (1946-1964)
A hora certa é concreta e não miragem.
Oscar Bertholdo

       Em 1946,  com o fim do  Estado Novo  foi  restabelecida  a democracia e os partidos políticos. Os recém-criados PTB (Partido Trabalhista Brasileiro )e  o PSD(Partido Social Democrata) se tornam fortes no município .Nas eleições para prefeito ocorre a alternância do poder ,com  hegemonia do  PTB . A alternância do poder entre os campos políticos não significava diferenças ideológicas,ao  contrário  houve um prefeito do PTB, ligado aos  órgãos de repressão, e um  prefeito da PSD  preocupado com avanços sociais e culturais.
   O campo da esquerda sempre foi minoritário não elegendo representantes . Luciano Corsetti (PTB) primeiro prefeito eleito de acordo com a Constituição de 1948, administrou com competência tanto na  educação e como na agricultura. Seus sucessores não tiveram igual competência. Euclides Triches (PSD) Rubem Bento Alves (PTB) e Armando Biasuz (PTB) de forma  geral  agiram como  capatazes  de obras. Cuidaram mais da construção de represas, de estradas rurais, da pavimentação de ruas e de bueiros. A cidade para eles a cidade parecia não ter habitantes.
         No período, de 1948 a 1964 a administração da cidade foi usada como trampolim para novos cargos. Após governar um curto espaço de tempo os prefeitos conseguiam outras sinecuras  deixando em seu lugar  aos vice prefeitos ou melhor vice  capatazes .  Como secretários de Estado ou de diretores de empresas estatais  conseguiram amealhar  tanto status quanto fortunas pessoais .
RUMO AO PALÁCIO (1964-   )
Quem me dera que só o trem passasse
Oscar Bertholdo

Com a Revolução de 64  a cidade viveu momentos de euforia, com o chamado milagre brasileiro, durante o qual  ocorreu a   ampliação do parque industrial local, e com ele  o  aumento da população pobre, que vinha a cidade em  busca de emprego.
Como Caxias não foi considerada área de segurança nacional  a vida administrativa local  não foi interrompida .Mas alguns  políticos locais foram mais realistas que o rei ,agindo como censores de seus colegas de Câmara Municipal .A  cidade não foi poupada pelo golpe.
             No dia 20 de abril de 1964 a câmara municipal por unanimidade de votos dos vereadores presentes cassou o mandato dos vereadores da ARS (Aliança Republicana Social). A proposta de cassação partiu do professor Enrico Emilio Mondin do PRP( Partido de Representação Popular ). Afirmou o ilustre integralista que os comunistas ocupavam cargos políticos  ao arrepio da Constituição que proibia sua participação política,logo não poderiam ser leitos por outras legendas. Apesar da cassação múltipla sugerida havia apenas um vereador da ARS ,o advogado Percy Vargas de Abreu e Lima , taxado por um de seus colegas como o maior criminoso do mundo.  Percy figura carismática que hoje dá nome à Casa da Cultura da cidade  atuou  como professor
e   advogado. Formou toda uma geração de políticos e de lideranças sindicais. Poucos dias depois o governo militar cassou os direitos civis de Bruno Segalla e de Guilherme do Valle, suplentes de  vereador da  ARS(Aliança Renovadora Social) seguindo a proposição dos   vereadores   ‘democratas ‘ da cidade.
            Outro político caxiense   cassado em 29 de abril de 1975 foi  Nadyr Rossetti,que iniciou como  vereador ,depois eleito  deputado federal do PTB.No dia da cassação dos colegas tinha faltado a sessão.
A partir de 1965 com a extinção dos partidos foram implantados dois blocos:o MDB (Movimento Democrático Brasileiro)  e a ARENA ( Aliança Renovadora Nacional)  .Os dois blocos abrigavam políticos de todos os campos  ideológicos .  Victorio Trez ( MDB) eleito prefeito foi substituído por Mário Bernardino Ramos(ARENA) seguido pela reeleição de Trez.O  MDB se estabelece como força majoritária do município.
      Salvo melhor juízo a diferença administrativa parece ter começado com Ramos. Soube a aproveitar a comemoração do centenário da imigração italiana (em 1975) para dar inicio à política de preservação do patrimônio histórico da cidade, criando órgãos como o museu municipal, o arquivo público e o  Parque da Festa da Uva.Ele também deixou a prefeitura para ocupar o cargo de Secretário de Turismo do Estado. 
            Quatro prefeitos merecem destaque em tempos mais recentes  por terem sido eleitos por dois mandatos. Victorio Trez(1969 a1972 e 1983a1988); Mansueto Serafini Filho(1977 a 1982 e1989a1992) que por mais tempo governou a cidade (em seu 1º mandato houve um ato governamental  que prorrogou  por mais   dois anos os mandatos dos prefeitos); Gilberto Spier Vargas(1997 a 2000e 2000 a 2004)  e  José Ivo Sartori (2005a2008 e 2009-2012) .
                        Muitos foram os deputados estaduais, deputados federais e senadores caxienses, alguns eleitos como representantes da região. Elencar seus nomes seria longa demais .Merecem destaque  os senadores Paulo Paim e Pedro Simon, ambos caxienses,o primeiro com carreira política iniciada em Canoas e o segundo em Caxias.
Caxias foi chamada de Pérola das colônias por Júlio de Castilhos e o nome pegou e como pegou. Os caxienses foram chamados de gringos por Borges de Medeiros ,quando e onde o fato aconteceu não há certezas.Há   coisas  começam assim  dizem que o  governador  que disse que  “ quando os gringos tomarem o Piratini  jamais deixarão o governo”  .Afinal Borges estava preocupado com o número de descendentes dos antigos imigrantes que representavam mais de2/3 da população dos municípios surgidos das antigas colônias tendo aumentado os impostos sobre a terra para levando a aumentar o êxodo dos colonos em direção a outros estados.
 De qualquer maneira Euclides Triches, que fora prefeito da cidade , foi eleito deputado federal por dois mandatos (1962-1965 e 1966 e 1970) .Tendo se  filiado  à ARENA ,quando da extinção dos partidos, foi inclusive   nomeado pelo governo” revolucionário ‘ governador  do Estado de 1971 a 1975,durante o periodo mais negro da história nacional.  a vigência .

            Outro político que merece destaque é Pedro Simon.omeçou vereador pelo PTB  de 1959-1962 em Caxias do Sul nascido na cidade é do velho tronco dos libaneses que deixaram a sua terra natal após a Primeira Grande  Guerra (1914-1919) vindo mascatear na colônia. Há um grupo grande de árabes casados com italianas ,(o vice e versa não é verdadeiro). Com a extinção dos partidos passa ao MDB  e após ao  PMBD . Foi eleito deputado estadual por quatro  legislaturas de 1962 a1978, eleito senador de 1979 a 1987.  Em 1987  foi eleito governador do Estado  ,voltando ao Senado em 1991,ocupando em 2006 seu quinto mandato como senador
            Outro caxiense que seguiu a carreira política rumo ao Piratini foi Germano  Rigotto.Caxiense  começou como vereador sua carreira política ,em 1976. Foi 1982 foi eleito deputado estadual, reeleito em 1986. Como deputado federal permaneceu de  1990 a 2002,sendo reeleito 3 vezes. Em 2003 foi eleito  governador de do Estado,concorreu em 2006  não conseguindo  a reeleição.Apesar de tentativas e de ser a melhor vocação política regional não conseguiu ser prefeito de Caxias,afinal os caxienses preferem os de políticos de fora.

RUMO AO FUTURO
O trem de ferro não suportou este jeito
provinciano e ficou rindo à toa...
Oscar Bertholdo

            Não se pretendeu aqui traçar uma análise da política dos  135  de política regional , mas traçar um breve retrospecto histórico .  A análise ainda que  superficial revela a orientação política de centro, com minorias de direita e de esquerda.  Caxias como o Brasil tende ao centro.
 Muito poderia ser dito sobre as administrações municipais que tem sido usada como meio de ascensão social, de enriquecimento indébito, de desvio de verbas e obras de caráter discutível. Inclusive de subornos recebidos de empresas que concorrem por meio de licitação à execução de obras. Fatos que não aconteceram apenas no passado.  Mas a generalização é perigosa que muitas vezes coloca lado a lado inocentes e culpados, probos e ímprobos.
A  história política de Caxias não tem a transparência. Há episódios degradantes de perseguição política e inúmeros casos de corrupção, de licitações fraudulentas e de suborno. Alguns dos envolvidos deixaram a política outros se encontram no gozo do poder e de seus direitos políticos.
 Enquanto de muitos políticos da direita apesar de seus deslizes  continuaram atuando na política,os da  esquerda foram  punidos  pela culpa de serem de  esquerda .
                Na história caxiense há lacunas. Não há pesquisas,  relatos ou memórias sobre  os representantes da cidade que ocuparam cargos eletivos na Assembleia, no Parlamento e no Governo.  O desinteresse pelos políticos que assumiram cargos ou foram eleitos se revela até na listagem feita pela Prefeitura Municipal dos caxienses importantes.
A história política regional se torna complexa por causa das mudanças municipais decorrentes das anexações e desanexações, e por causa das mudanças políticas derivadas dos golpes e contragolpes nesses últimos 135 anos.
As desanexações resultam do crescimento da economia e da população distrital. Em 1924, Nova Trento (depois Flores da Cunha) se emancipou. Dez anos mais tarde foi a vez de Nova Vicenza, que tomou o nome de Farroupilha. Em 1963 foi São Marcos, que foi anexado a Caxias em 1921.
As anexações começam  na década de quarenta  do século passado aos poucos anexadas outras áreas como São Marcos,  Vila Oliva, Fazenda Souza e Criúva pertencentes à São Francisco de Paula.Santa Lúcia do Piai e Vila Cristina antes  pertencentes  a São Sebastião do Cai.(vide  planta em anexo)





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Figura 5 Planta da formação da área  do município de Caxias do Sul.Autora





Tendo sido formado de muitas partes diversas o município tem uma população de etnias ,costumes e tradições diferentes.Há os moradores de origem lusa, os de origem italiana, os de origem alemã e os de origem africana.Cada um contribuiu a seu modo para a formação da população caxiense.
Já as mudanças políticas resultam dos golpes de 30 e de 64 que terminaram com os antigos partidos e deram origem a outros. Tais mudanças impedem de realizar uma análise política de longa duração. A partir de 1983 quando foram reorganizados os partidos o que complica são as mudanças partidárias ,as reorganizações de caráter eleitoreiro como a formação de frentes e uniões nem sempre com campos bem definidos.Outro problema são as posições paroquiais assumidas por determinados partidos que assumem posições diferentes no município, no Estado e na União .
            De 1983 a 2010 é possível constatar a redução do número de vereadores da direita ,cujo número cresceu até 1993, que parece estar ligada está ligada a fragmentação do bloco formado pela  ARENA. Por outro lado há uma constante mudança de nomes dos partidos que compõem o campo.O que pode ser visualizado no Gráfico 1
GRÁFICO N°1
NÚMERO DE VEREADORES DE DIREITA 1983-2010

Fonte: Memorial da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul.( Disponível na Internet.) (http://liquid.camaracaxias.rs.gov.br/LiquidWeb/App/Principal.aspx?l=pesquisa&s=pesquisa)

O número de vereadores de centro direita  também aprece estar se reduzindo no período analisado, a redução é menor do que a observada no campo da direita.




GRÁFICO N°2

Fonte: Memorial da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul.( Disponível na Internet.) (http://liquid.camaracaxias.rs.gov.br/LiquidWeb/App/Principal.aspx?l=pesquisa&s=pesquisa)


O número de vereadores de esquerda por outro lado tem se mantido estável no período analisado  ,não havendo nem aumento nem redução significativas em seus números.Em dois períodos legislativos  não foram eleitos vereadores de esquerda.

GRÁFICO N°3


Fonte: Memorial da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul.( Disponível na Internet.) (http://liquid.camaracaxias.rs.gov.br/LiquidWeb/App/Principal.aspx?l=pesquisa&s=pesquisa)


Da mesma que a direita tem se reduzido o campo de centro esquerda que alacançou seu número máximo em 2001,desde então vem caindo seu número(.Vide gráfico4)

GRÁFICO N°4


 Fonte: Memorial da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul.( Disponível na Internet.) (http://liquid.camaracaxias.rs.gov.br/LiquidWeb/App/Principal.aspx?l=pesquisa&s=pesquisa)



Pelo Gráfico n° 5 é possível constatar o encontro  dos campos de centro esquerda e centro direita a parrtir de 2005.

GRÁFICO N° 5
CAMPOS POLÍTICOS   DA CÂMARA MUNCIPAL 1983-2010



Fonte: Memorial da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul.( Disponível na Internet.) (http://liquid.camaracaxias.rs.gov.br/LiquidWeb/App/Principal.aspx?l=pesquisa&s=pesquisa)





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ADAMI,João Spadari. História  de Caxias do Sul .volume ICaxias do Sul: Editora São Miguel ,1972
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CHIES, Guiomar.Os poderes fazem história Caxias do Sul: Marguia .2009                                                                                                                              
CONSTITUIÇÕES SUL-RIOGRANDENSES.1843 – 1947
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GARDELIN, Mário .História da CICS.. Câmara de Inústria,Comércio e Serviços de Caxias do SUL.Porto Alegre: EST ,1995

GIRON, Loraine Slomp. Caxias do Sul evolução histórica.Caxias do Sul :Educs/Est.1977.
GIRON,Loraine Slomp.As sombras do Littorio:o fascismo no Rio Grande do Sul .Porto Alegre:Parlenda.1994.
GRAMCI,Antonio. Obras escolhidas.Tradução de Manuel Cruz São Paulo : Martins Fontes :1978.
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LEI N° 327, DE 6 DE FEVEREIRO DE 1.924
MASSON, Alceu. "Caí: Monografia". Caí: Prefeitura Municipal, 1940.
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ttp://historiasvalecai.blogspot.com/2009/12/758-origem-do-nome-sao-sebastiao-do-cai.html
.http://historiasvalecai.blogspot.com/2009/12/776-cai-velho.html)








[1]            A quarta câmara municipal caiense, que assumiu em 7 de janeiro de 1883, era constituída por Paulino Inácio Teixeira, Cesar José Centeno, Carlos Berto Círio, Augusto José Fernandes, Cesar Augusto Góes Pinto, João Diehl Jr e Antônio Pires Cerveira.A quinta câmara municipal assumiu em 12 de julho de 1886, constituída por João Diehl Jr, Carlos Berto Círio, Henrique Ritter Filho, Pedro de Alencastro Guimarães, Ernesto Warmann e Carlos Guilherme Schilling

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