Chiera grapovertá
Nostri padri
la abiam lasciá
FAMÍLIAS
& HISTÓRIA
Histórias
de família são pequenas ( ou grandes)
obras, que relatam sagas familiares,.História comuns de pessoas
que deixaram sua pátria, em geral premidas, pela pobreza. As
histórias de família, contam a
trajetória de imigrantes italianos, a
sua vida a de seus filhos e netos e estabelecem a
árvore genealógica do grupo
familiar . As histórias de família escritas entre 1975 e 2002, nos municípios formados a partir da
fragmentação administrativa das antigas colônias :Caxias, Dona Isabel ,Conde D’
Eu , Alfredo Chaves e Antônio Prado ,ou
seja da antiga Região Colonial Italiana do Rio Grande do Sul(RCI)
. Observa-se que a data da publicação
das obras, nem sempre corresponde é
a sua
produção, que pode ser mais antiga, o que amplia o seu recorte temporal da primeira metade
até o inicio do século XXI.
As histórias de família
são fontes para o conhecimento dos mitos, crenças e da ideologia do grupo dos
descendentes de colonos italianos, através das quais é possível acompanhar a
criação da sua identidade. Segundo o levantamento realizado o mais antigo livro
de família parece ser História da Família Bordignon (BORDIGNON,1975). Mas
há uma obra anterior datada de 1943 que foi encomendada por Abramo Eberle ,
conta a historia familiar centrada na
figura do homenageado ,então maior industrial da cidade.
RELAÇÃO DAS HISTÓRIAS
DE FAMÍLIA ANALISADAS
Autor
|
Obras
|
Local
|
data
|
1. Álvaro Franco
|
Abramo já tocou
|
Porto Alegre
|
1943
|
2. Pio Vitório Galleazzi
|
Galleazza: emigrante italiano
conta sua história
|
Porto Alegre
|
1975
|
3. Pe. Félix Buzzata e outro
|
Um pioneiro em novas colônias
italianas. Imigrante Mateus Dal Pozzo
|
Porto Alegre
|
1976
|
4. Padre Félix Fortunato
Busatta
|
Arvore transplantada da Itália
para o Brasil
|
Porto Alegre
|
1978
EST
|
5. Pe. João Leonir Dall’Alba
|
Os Dall’Alba-Cem anos de Brasil
|
Porto Alegre
|
1984
|
.6.Luciano Bresolin
|
Imigração Italiana: os Bresolin
|
Caxias do Sul
|
1984
|
7. Alice Gasperin
|
Vão simbora- Relatos de
imigrantes italianos da colônia Princesa Dona Isabel, RS.
|
Porto Alegre
|
1984
|
.oito.Alvise Antonio Mezzomo
|
Centenário de imigração da
família Mezzomo
|
Porto Alegre
|
1986
|
.9.Nelly Veronese Mascia
|
De um imigrante nasce um
químico
|
Caxias do Sul
|
1987
Da Autora
|
.11.Ângelo Ricardo Costa Milan
|
Homens e Mitos na História do
Caxias
|
Porto Alegre
|
1989
|
12 Geraldo Farina
|
Reencontro
|
Bento Gonçalves
|
1989
|
13.Oscar José Carlesso
|
A sonhada América:Os Carlesso em Santa Maria
1878-1988
|
Porto Alegre
|
1989
Posenato Arte cultura
|
.14. Paulina Soldatelli Moretto
|
A caminhada dos Soldatelli
|
Caxias do Sul
|
1991
|
15.Remi Antônio Baldasso
|
História da família de Pedro
Baldasso
|
Carlos Barbosa
|
1992
Autor
|
16.Ivo Martinazzo
|
Colônia Santa Maria da
Soledade; A Família Martinazzo
|
Porto Alegre
|
1992
EST
|
17.Aureo Bertelli
|
O Livro dos meus
Família Bertelli
|
São Marcos
|
1994
|
18.Armando Luiz Bortolini
|
Bortolini :Canello, Grécia,
Marsura
|
Porto Alegre
|
1995
Evangraf
|
. 19. Francisco Gialdi e outro
|
Memorial da Família Gialdi
|
Porto Alegre
|
1995
EST
|
.20.José A.Ribeiro Bon Giovanni
|
Bongiovanni-Tremea;Raízes
resgatadas
|
Caxias do Sul
|
1996
|
21.João Leonir B. Dal ‘Alba e outros
|
Pioneri in Brasile Ballardin – Fameia emblemática
|
Porto Alegre
|
1997
EST
|
.22.Dario Perondi e outros
|
Família Perondi 120 anos no Brasil
|
Caxias do Sul
|
1998
Maneco
|
.23.Monsenhor Antônio D. Lorenzatto
|
A família Lorenzatto-Cassela No
Brasil
|
Porto Alegre
|
1998
Santa Maria Artes Gráficas
|
24. Pedro Locatelli
|
Família Locatelli
|
Porto Alegre
|
1998
EST
|
25.Maria de Fátima D. S. .Zardo
|
Do outro lado do Rio
Família Dall’Onder
Memórias
|
Bento Gonçalves
|
1999
|
26. Geraldo Mainardi
|
Os Mainardi no RGS
|
Porto Alegre
|
1999
|
27.Ely José Chiaradia Andreazza
|
Breve História e genealogia da
família de Antônio Chiaradia
|
Caxias do Sul
|
2000
Autor
|
28.Nair Bavaresco
Zenaide B. Zanini
|
A família Bavaresco na
travessia do tempo
|
Porto Alegre
|
2000
EST
|
29.Lino Bortolini
|
Fatos e Retratos : Dados
históricos ,memórias e a descendência do casal Antônio Bortolini e Emília
Bertoldi
|
Curitiba
|
2000
Champagnat
|
.30.José Victorio Piccoli
|
Piccoli
|
Caxias do Sul
|
2001
|
31.Floriano Molon
|
Molon História de uma família
|
Porto Alegre
|
2001
|
32.Ambrósio Giacomini
|
Família Giacomini; História e
genealogia
|
Porto Alegre
|
2001
EST
|
33.Celso Agostini
Beatriz L. Bortolini
|
Doces Lembranças
|
Garibaldi,
|
2002
|
. 34.Adriane Tomasin De Toni
|
Família De Toni Uma civilização no novo
Continente
|
Porto Alegre
|
2002
EST
|
35 Frei Gentil Costella
|
Costella- Matiello: Uma
presença ítalo brasileira
|
Porto Alegre
|
1980
EST
|
36.Flávio Bolzan
|
Bolzan
|
Porto Alegre
|
2002
EST
|
.
IDENTIDADE & CONTROVÉRCIAS
É por meio da diferenciação social
que essas classificações da diferença
são vividas nas relações sociais. Woodword
Há palavras cujo sentido
está sendo reinventado continuamente, há
palavras polissêmicas e com tantos significados e tão diferentes uns dos outros
que apontam para uma impossibilidade
de consenso na sua conceituação .A palavra identidade parece uma delas, e o que é mais interessante ,ela
também sofre um problema de crise de identidade.
No decorrer do tempo o sentido de identidade
passou por várias mudanças desde
Aristóteles até os dias de hoje. De
forma geral foi usada como
contraposição à diferença;.
Identidade vem
do latim idem que significa igual , na lógica formal é representada
por A = A , portanto nada de muito profundo. A questão se complica quando se
diz Eu = Eu, já que então ocorre a duplicação de um único ser,ou seja do eu.
Santo Tomás de Aquino,seguindo
o Filósofo, atribui a identidade o mesmo sentido que unidade. A unidade apresenta para ele vários sentidos: formal ( de gênero) ,o da simplicidade
(quando há um só ser ) e o universal ( proveniente da razão,) Foi usada na escolástica para distinguir o
igual do diferente.(AQUINO 1981 p 114)
Tal entendimento que acompanhou a escolástica até
os tempos modernos, foi reformulado por Hegel, tornando-a parte fundamental da
doutrina da Essência, que indica
identidade numérica, (como 2=1+1 ), mas
nas hábeis mãos de Hegel pode ganhar condições qualitativas, ou seja
como igual identidade está em outro ser.
Por exemplo semente = árvore,
onde na primeira estão implícitas as qualidades da segunda. (INWOOD 1997 p 73 ).
Ele interpreta a asserção de que uma coisa é abstratamente auto -
idêntica no sentido de que é totalmente contida em si e não envolve qualquer diferenciação em seu
interior mas uma coisa desse tipo é vazia e indeterminada e só na medida em que
se relaciona ativamente com o outras coisas e se diferencia destas, e no
processo de diferenciar-se de si mesma, que uma entidade adquire uma natureza
determinada. O seu modelo de o Eu = Eu =Eu como tal é vazio só adquire conteúdo
ao voltar a si do outro.
.Desta forma, a
identidade só pode existir se
houver a diferença, já que só
diferenciando-se uma das outras, ganha
sentido de igual por meio da comparação.Assim distinguindo-se de outros que possuem outras características,
e, portanto, outra identidade. A identidade só existe em função da diferença.
A identidade torna-se
fundamental para classificação, das espécies de seres vivos ou não, nas ciências
naturais. É difícil imaginar uma ciência, como a botânica por
exemplo, que não estabeleça
critérios de semelhança tanto de gênero, como de espécie em suas
classificações .Tais critérios traçam a identidade de determinadas plantas .
.As classificações que
parecem ser atos simples de taxinomia, apresentam algumas dificuldades. Segundo
Hegel, apresentam um duplo problema: são
estabelecidas a priori, e nela se procura encaixar a realidade , ou são estabelecidas
a partir da realidade através da qual se
cria a classificação. No primeiro
caso os critérios são
estabelecidos antes de ser verificada a realidade, no segundo se corre o risco da criar uma
classificação marcada pela particularidade. Pela dialética deveria haver um
duplo movimento: que partindo da realidade traçasse os critérios, e depois
voltando a ela com critérios já
verificados, fizesse uma nova leitura do real. Desta forma o movimento
permitiria uma classificação sempre adequada a
realidade à qual de destina.
No século XIX após a revolução que causou entre os
cientistas a publicação, em 1851, da Origem das Espécies, de Charles Darwin,
uma nova classificação deveria
ser buscada ,até mesmo para os homens
antes considerados “como imagem e semelhança de Deus”. Foi então
iniciada a busca para encontrar a semelhança do homem com outras espécies,
estabelecendo sua família, e a procura
sempre adiada ao elo
perdido, ligando homem e primatas. Estava posta em causa a identidade
através da diferença
A busca de uma classificação para as diferentes espécies
de homens deu origem a teorias racistas. Os critérios de classificação traçados
a priori - não podiam ser testados, -
partiam do pressuposto que havia desigualdades entre os homens. As desigualdades
e diferenças foram traçadas pelas
diferenças externas existentes entre os homens: como :a
cor da pele, dos olhos, tipo do cabelo , e ainda qualidades morais e éticas, ou o domínio ou
não de tecnologias .
Assim
a crença na existência da diferença entre
os grupos de homens levou a crença na existência de uma
raça superior , baseada não só
nos atributos físicos, como também nos
culturais. Foi o critério de
diferença racial e na crença na superioridade europeia, física
e cultural, que justificou a
dominação ocidental sobre as
culturas consideradas inferiores, eram
os critérios europeus que mediam as diferenças culturais. Entre os
europeus e os nativos do Velho e do Novo Mundo.
O dominador era quem observava, julgava ,media e
classificava como inferior o dominado. Os europeus donos da razão, diante
irracionalidade dos nativos podiam submetê-los
,baseados nas diferenças. Tais
diferenças foram as bases do
colonialismo europeu, e do
genocídio dos povos ditos “selvagens “.
Hitler no século XX, levou as últimas consequências a
doutrina da superioridade racial ariana.
Sua posição não era isolada, pois se baseava nas teorias “científicas” aceitas pela comunidade cientifica da época. Pois ” é nos arianos –raça que
é e
foi o expoente da Humanidade –que se verifica isto com maior clareza.”,
porque dominavam as artes e as grandes invenções, enquanto nada disto
possuíam as raças inferiores , como latinos, judeus e ciganos. Da mesma maneira
que.foi a crença no superioridade racial que
justificou a guerra dos superiores
e o genocídio dos inferiores (HITLER 1941 p 251). Como nos séculos XV e XVI havia sido justificado o colonialismo.
Os desmandos e a barbárie propiciados na
crença da superioridade racial,
terminada a Segunda Guerra parecia que já
não podiam subsistir. Novos critérios de diferença - nem tão novos
assim- foram estabelecidos pela Antropologia
baseados não mais diferenças físicas mas nas diferenças culturais.
.
No mundo atual (pós-moderno para alguns) muitos foram os possíveis caminhos
para determinar o futuro das diferenças de identidade e outros tantos para
entender a “identidade” Neste inicio de milênio, aparentemente, o domínio da raça ou da cultura superior foi
retirado da cena.A identidade dos diferentes
grupos étnicos ( modo pós- moderno para
raça) passou a ser a garantia de cultura
semelhantes. Tal identidade mantêm pelo menos uma grande
diferença, já que diferentes
são as estruturas do “pensamento
selvagem” e a do pensamento “racional” e científico dos brancos.
.Os novos
critérios são estabelecidos para
determinar a identidade como: a língua,
o imaginário coletivo, as representações
e os mitos fundadores. Tais linhagens
teóricas que problematizam o conceito de identidade podem ser assim sintetizadas
:
Os teóricos do “hibridismo”
(BHABHA1994), do “transnacionalismo, ”(GILROY,1992), das fronteiras
evanescentes (ANZALDÚA,1987), da “subalternidade” (SPIVAK 1996), da “subversão
e transgressão” (GROSSBERG,1996), das zonas de contato e rotas (CLIFFORD,1997)
–enfim todos aqueles que problematizam o
conceito de identidade..” (RAJAGOPALAN
2002 P. 77)
Essas explicações
que procuram escapar do relativismo e, muitas vezes, acabam caindo em um “essencialismo estratégico” (.) pois
“atendem a metas ideológico políticas interessantes e, portanto devem
ser cultivadas”.(IDEM).
A aparente
diversidade de critérios e de sentidos
atribuídos à identidade podem ser reduzidas a duas grandes facções: a dos defensores da pragmática
e os do ético-política, ambas descartam os antigos critérios de identidade baseados na raça ou na
cultura.Nem acreditam que a identidade seja um fato natural. Mas apenas um constructo ,
Porque as identidades são construídas dentro e não fora do
discurso que nós precisamos compreendê-las como
produzidas em locais históricos e institucionais específicos ,no
interior de formações e práticas discursivas específicas de poder e são, assim
mais o produto demarcação da diferença e da exclusão do que o signo de uma
unidade idêntica, naturalmente constituída, de má “identidade” em seu
significado tradicional- isto é, uma mesmidade que tudo inclui, uma identidade
sem costuras, inteiriça, sem diferenciação interna.(SILVA ,: Vozes , 2000. p.81
)
Ao reconhecer
que a identidade é construída dentro do discurso em determinados tempo e lugar
e tem sentido de afirmação de um determinado grupo, que busca o poder e a
inclusão. ovos são os critérios de demarcação, especialmente em tempos de
globalização, já que segundo Woodword :
A
globalização, entretanto, produz diferentes resultados em termos de identidade.
A homogeneidade cultural promovida pelo mercado global pode levar ao
distanciamento da identidade relativamente à comunidade e a cultura local, de
forma alternativa, pode levar a uma resistência que pode fortalecer e reformar
algumas identidades. (WOODWORD 2000 p.21)
Tais
modificações estão em curso, sendo difícil prognosticar seu
futuro, em relação à manutenção ou extinção das identidades regionais.
De qualquer forma os conceitos
certamente estão mudando, e na atualidade, até os seguidores da pragmática tem
dificuldade em remeter a semelhança e a
diferença apenas a processos discursivos
e linguísticos, passando a adotar o conceito
de “performatividade” de Austin que remete à concepção da identidade
como movimento e transformação. (SILVA,
2000 P.73)
Já o
grupo ético – político define a identidade como uma construção, não
só teórica como também real. .Afirmando que: “as identidade são fabricações,
formas que a vontade política é capaz de criar: o que importa é examinar a
serviço de que elas se forjam”
A afirmação da identidade e a enunciação da
diferença traduzem o desejo dos diferentes grupos sociais ,assimetricamente
situados, de garantir o acesso privilegiado aos bens sociais. A identidade e a diferença
estão ,pois, em estreita conexão com as relações de poder. O poder de
definir a identidade e de marcar a diferença não pode ser separado das relações
mais amplas de poder. A identidade e a diferença não são, nunca inocentes. (GONDAR 2002 p.115) .
Podemos dizer que onde existe a diferenciação- ou seja,
identidade e a diferença- aí estão presentes o poder. Há ,entretanto, uma série
de outros processos que traduzem essa diferenciação ou que com ela guardam estreita relação. São
outras tantas marcas da presença do poder :encrue(“estes pertencem, aqueles
não) ;demarcar fronteiras (“nós” e “eles”), classificar (bons e maus puros e
impuros; desenvolvidos e primitivos;
“racionais e irracionais”) SILVA ,Tomaz Tadeu da. A produção social da
identidade e da diferença.( SILVA.,, 2000. p.81 )
Assim como a identidade depende da diferença, a
diferença depende da identidade, Identidade e diferença são, pois, inseparáveis.
“Em geral consideramos a
diferença como um produto derivado da identidade. Nesta perspectiva, a
identidade é a referência, é o ponto original relativamente ao qual de define a diferença. Isso reflete a tendência a tomar
aquilo que somos como sendo a norma pela qual descrevemos ou avaliamos aquilo que não somos .Por sua vez, na
perspectiva que venho tentando
desenvolver, identidade e diferença são mutuamente determinadas.(Idem)
. Ao que
tudo indica a construção da identidade na região colonial é similar a que levou a construção da identidade do gaúcho. Assim, se
parte da hipótese que a construção da
identidade do colono e a do gaúcho tem a
mesma origem e função.
Em síntese pode-se afirmar que
Precisamos
vincular as discussões sobre identidade a todos aqueles processos e práticas
que tem perturbado o caráter relativamente” estabelecido “de muitas populações
e culturas: os processos de globalização, os quais, eu argumentaria, coincidem
com modernidade (Hall, 1996) e os processos
de migração forçada (ou” livre “) que tem se tornado um fenômeno global do assim chamado
mundo pós-colonial. As identidades parecem invocar uma origem que
residiria em um passado histórico com o qual elas continuariam a manter uma certa correspondência. Elas têm a
ver, entretanto, com a utilização dos recursos da história, da linguagem
e da cultura para a produção não daquilo que somos, mas daquilo no qual nos tornamos.(HALL,2000,109)
As raízes surgem da narrativa, mas, a natureza necessariamente ficcional
deste processo não diminui, de forma alguma, sua eficácia, material ou
política, mesmo que a sensação de pertencimento,
ou seja, a sutura à história” por meio
da qual as identidades surgem, esteja, em parte, no imaginário( e no simbólico)
e, portanto, sempre, em parte, construída na fantasia ou, pelo menos, no
interior de um campo fantasmático.··.
FAMILIAS & CULTO
Familie origina-se do
latim famíli
Nos tempos modernos e atuais passou a significar a comunidade
de pais e filhos, ou grupo de parentesco
relacionado pelo sangue. As famílias nasceram ao que tudo indica ,amarradas ao
culto dos morto s
Estas são crenças antigas e parecem-nos muito falsas e
ridículas. Exerceram, contudo ,o seu império, durante grande número de gerações, sobre o homem. Governaram as almas;
(...)que regeram a sociedade e que a
maior parte das instituições domésticas e sociais dos antigos tiveram esta
origem.( COULANGES, , 1929.p.25.)
Tal era a importância dos mortos entre os
antigos, que além de cultuados eram nomeados como “bons santos e bem aventurados “e de um certo modo “no seu
pensamento cada morto era um deus. “(COULANGES, 1929.p.25).E como tal
recebiam cultos e para eles estava
acesso o fogo sagrado , conservado sempre acesso sobre o altar, no qual eram
oferecidos repastos ao qual os
antepassados mortos como deuses o
presidiam , e ainda e entre os romanos no dia 1° de março .De cada ano era apagado e reacendido o fogo sagrado.
O fogo representava os deuses lares,
os manes ,os vates
e os penates.
O culto dos antepassados terminava se uma
família que não tivesse filhos. Os filhos eram assim a garantia da
manutenção do culto aos antepassados .Não havendo filhos poderia ser mantido o
culto através de filhos adotivos ,que adotavam o culto dos antepassados de sua
nova família, renegando os da antiga.
Tais cultos não tinham relação
com o culto dos santos pelo cristão, pois “cria-se que o morto não aceitava a
oferenda a anão ser da mão dos seus; apenas queria o culto dos descendentes.” (COULANGES1929.p.47) A presença de
estranhos era proibida no culto ,não podendo o estrangeiro nem se aproximar de
um túmulo.
O culto dos mortos era o culto dos
antepassados. , designado entre os
gregos como parentare .Em tempos antigos os parentes deveriam ser enterrados
num mesmo sepulcro e em tempo mais remotos eram enterrados na própria casa (Idem).O
o culto dos mortos era realizado pelos de
dentro da família e os dos santos pelos
estranhos a ela, dificilmente ambos se encontravam.
Não é apenas de culto que vivia e vivem
as famílias antigas e atuais,antes demais nada na Antiguidade clássica, - tanto
entre os gregos como entre os romanos _ a família constituía uma unidade de produção. Não eram nas empresas,
mas, na propriedade familiar que eram produzidos tanto produtos agrícolas como
os artesanatos. .
. O antepassado comum parece marcar os
homens, não apenas em relação à carga genética, representada então por unir os
portadores do mesmo sangue., Mas ainda
em relação a uma cultura comum , cujas raízes estão cravadas no antepassado .
O genes foi importante durante a fase
primitiva do culto familiar, quando surge à família monogâmica cai o poder dos
genes e do culto comum e em seu lugar nasce o cidadão, ligado
a família como instituição, e o direito
cedido ao estado.Com a família monogâmica os antigos deuses lares ligados ao o culto dos mortos,
também morreram ,pois, quando morria o
culto morria também a memória sobre o
culto e sobre os antepassados.(Engels ,s/d,83)
Desta forma a genealogia do genes que remontava ao mais
remoto passado ,foi substituído pela genealogia familiar que junto” a família monogâmica perece-nos
insignificantes.(idem) Tais mudanças marcam
a passagem entre a família natural e a legal , para
Hegel, no século XIX nos tempos
românticos , a família apresenta dois
tipos:
1-
a família natural cuja lei
não escrita dos deuses inferiores, a qual
“não é de ontem ou de hoje, mas, eterna embora ninguém saiba de onde
veio, nada mais do que a lei natural lei sagrada que une vivos e mortos, pelos
laços impalpáveis do sangue. A preservação desta lei cabe a mulher, cujo
domínio é a família, onde estão os laços familiares e culturais:
2-
a família legal, que depende da lei do estado, sancionada pelos deuses
olímpicos. O cumprimento desta lei cabe ao homem, neste caso os governantes.
Nenhuma dos dois tipos são superiores uma ao outro, razão pela qual ,muitas vezes, há conflito
entre uma e outra, entre os conflitos de ordem natural e os de ordem
institucional e jurídica. Hegel apresenta como
exemplo a tragédia de Antígona de Sófocles , na qual a heroína enterra seu
irmão apesar da lei, que Creonte exige que seja cumprida.( Hegel
,1997,154)
A
família legal não é superior
a natural, mas é na primeira que
reside à base do estado ,preparando os
homens para serem membros de uma pequena organização, prontos para seguiram as
determinações do Estado como seus membros.
Constitui assim a fase imediata da eticidade e uma das raízes do Estado
.(HEGEL ,1997,154)
FAMÍLIAS & FESTAS
Setant'
oto giorni di viagio
Di
Belluno a San Martin
Lungo
viagio riva la fim
E
la terra abiam conquistá
A família era
e é muito importante para os colonos europeus que ocuparam os
lotes das colônias da região nordeste do Rio Grande do Sul, pois dela dependia
a produção da terra , que com seu trabalho garantia a manutenção de seu valor
maior: a propriedade da terra O
vínculo entre a festa e a família ,ao menos na região em estudo, são recentes.
Já as festas familiares são antigas, perdem-se nos idos do tempo, marcam os
momentos de mudança. Como observa Ribeiro
As festividades tem sempre uma relação marcada com o
tempo, como foi sublinhado por Batkhtin, porque, dentre outras razões, nas suas
diferentes fases históricas ligaram-se a períodos de crise, de mudanças.Na vida
da natureza, do homem e da sociedade. Os
ciclos da natureza, a morte e o renascimento, “(...) a alternância e a
renovação constituíram sempre os aspectos marcantes da festa que criaram o
clima típico da festa”(RIBEIRO,2002,43)
As festa s de casamento,batizado, crisma e do padroeiro reuniram famílias para comemorar
a passagem de datas comemorativas ou os
ritos de passagem. Até mesmo o velórios constituíam, antes do advento das capelas
funerárias, motivos para reunir familiares e amigos na casa do falecido.
Outra particularidade da festa é que ela
é sempre um ato coletivo, um ato
social(...) Fazer festa supõe partilhamento e participação. é um
acontecimento que necessita da presença dos outros para que produza seu efeito de alegria e prazer comum. A experiência da festa implica, portanto,
relacionamento com os outros, mediatiazado por atividades agradáveis( ou não
atividades) que como regra ,estão ausentes desse outro estado que rege e
disciplina as relações de trabalho e no cotidiano(RIBEIRO,2002,43)
As festas por outro lado devem ser pensadas como um ritual , como um procedimento protocolar que
segue determinada
“O
processo ritual pode ser utilizado naquelas situações em que uma dada
coletividade necessite operar um ajustamento da percepção do outro em relação a
si própria. Para tal, põe em cena uma
realidade sociocultural para que passe a ser percebido e considerada
pelos que estão de fora dessa realidade. Nesse caso, o processo ritual pode
auxiliar o grupo que almeja ser reconhecido e prestigiado a encontrar, na ritualidade,
uma via eficaz para a auto-representação.
Exemplo de uso dessa estratégia de expressar e
divulgar anseios de auto-representações por meio de ações ritualizadas como
representações simbólica da própria identidade foi dado pelos habitantes de Caxias
do Sul ,no Rio Grande do Sul,
ao inventarem a Festa da Uva, no ano de 1931” (RIBEIRO,2002,53)
A festa da família é uma celebração (repetir) ou uma comemoração (lembrar
juntos) e constitui uma comemoração ,já que lembra os antepassados em conjunto e não repete , mas cria uma ritualista própria.
A partir da
década de setenta do século
passado, as famílias começaram a se realizar festas de
confraternização familiares, reunindo quatro ou cinco gerações, que possuem
antepassados .comuns, no caso: os antigos imigrantes. .Tais festas se
realizam em vários municípios ,sendo
comuns a toda região. Mesmo realizadas distantes umas das outras tem os mesmos
objetivos e o mesmo tipo de organização
que parece ter sido padronizada. Desta forma quem participa de uma festa
participa de todas e que m conhece uma
conhece as outras.
Um bom exemplo de organização é apresentada
pela primeira ata da Comissão
organizadora da festa da Família
Bavaresco
Aos vinte e um dias o mês e março de mil e novecentos e noventa e nove, a pedido do Frei Agemir Bavaresco reuniram-se José David Anzanello e Ivete Bavaresco Anzanello , Noeli e Maria Salete Vanin Bavaresco para iniciarem a organização do I Encontro Família Bavaresco.Inicialmente fizemos o levantamento dos imigrantes italianos tendo sido feita a seguinte relação na qual serão acrescentados outros dos quais ainda não temos conhecimento: os irmãos Giuseppe, Ferdinando, Pascoal e Marieta Bavaresco conhecidos como os Giacometi) ;os irmãos Giacinto e Domenico e a cunhada que parou em São Paulo (pois o marido faleceu na viagem de navio da Itália para o Brasil) conhecidos estes como Ganéo e Sebastiano Bavaresco( apelidados de Bastian) e outra família ainda não identificada por nós ( os parisoti). Foram lançadas algumas idéias que ficaram para serem debatidas na próxima reunião ,marcada para o dia do dois de abril.com a presença do Frei Agemir Bavaresco...( BAVARESCO,ZANINI 2000.p.15)
Para Bavaresco
e Zanini(idem)os motivos que os
levaram a realização das festas são os
de :
a) preservar a memória histórica da
família Bavaresco para garantir aos descendentes os valores de nossos
antepassados:
b) Integrar e unir a família Bavaresco
par o mútuo conhecimento e amizade;
c) Comemorar mais de um século da
chegada da Família Bavaresco no Brasil;
Constituir a árvore
genealógica da Família Bavaresco para a publicação de um livro.
A festa organizada por um pequeno grupo de parentes,geralmente
os que ficaram na região próxima da
terra na qual viveram seus antepassados. , que se encarrega do levantamento dos membros da família. Os mais velhos de
determinado grupo são consultados e através dele são localizados os seus
parentes mais próximos, e numa reação em
cadeia tornam-se conhecidos os convivas, mesmo os mais distantes. O grupo
organizador envia os convites, aluga o salão da comunidade, onde viveram os
avós ou bisavós , e encomenda o cardápio . As despesas são calculadas repartidas entre os participantes das festa.
A organização da
festa dos Bavaresco é exemplar,
podendo ser acompanhada pela 8º ata que detalha as atividades
realizadas :
(...) Às seis horas
da manhã ,houve alvorada festiva com espocar de foguetes por uma equipe de
Lajeadinho coordenada por Martinho
Feltraco. A partir das sete horas, começaram a chegar os descendentes da
família... continuar. (BAVARESCO,2000,25)
As festas tem uma organização comum, começam com
uma missa em homenagem aos mortos, e a
chegada dos parentes. Grande alegria tem os organizadores que podem contar com um padre
da família ou a ela ligado para a celebração religiosa. A missa é seguida por um
almoço colonial , como são denominados
As diferenças ficam apenas no nome das famílias , no número maior ou menor de membros de cada uma
delas e na sua maior ou menor riqueza.
Também os
cardápios são comuns, apresentando pequenas variações. Essenciais são: o sopa
de agnolini , as carnes lessas, pão e saladas. A variação pode
ser a substituição da massa pelo rissoto
do galeto pelo porco assado, a salada de batatas pelas batatas doces carameladas. Em todas as festas é cumprido o mesmo ritual,
até na ordem em que são servidos os pratos, e as bebidas. Depois do almoço em
geral é o café depois do qual são sorteados
alguns brindes, e finalmente
são distribuídos( vendidos) os
livros com a história da família. Ocorrem encontro de
parentes que não viam há muito tempo
há alegria e tristezas pelos que já se foram. Há
ainda certo constrangimento daqueles
parentes que são menos aquinhoados que os outros. .E assim termina o encontro familiar, com promessas do
vindouros, que podem ou não ocorrer.
FAMÍLIA &
HISTÓRIA
Cento ani de vita e lavoro
Tutti uniti dobiam ricordar
L' onor della Famiglia MEZZOMO
Com alegria dobiam festigiar
Os livros de
histórias de família –como as festas- tem
em geral a mesma organização .A
semelhança começa no título ,que tem o
nome familiar. A primeira parte é constituída pela origem e,alguns
apresentam explicam o significado do
pretenso brasão familiar. A seguir há
uma longa ou curta da viagem e da chegada
dos imigrante desde a Itália até seu lote colonial ,seguir há trajetória da família no Brasil. Por último é
elaborada um árvore genealógica que raramente ultrapassa a geração dos trisavôs.O Monsenhor Lorenzato
revela motivos que o levaram a escrever
a história de sua família:
A 30-11-1972 ,na cidade de Guaraniaçu, PR, festejei
meus 25 anos de ordenação sacerdotal. .No alegre convívio com os irmãos e
parentes, recordávamos as pessoas e os acontecimentos de nossa família .No
entanto percebeu-se que alguns dos participantes da confraternização, por terem
se criado longe dos demais nada sabiam dos nossos antepassados .Eis porque o
Pe. Luiz Lorenzato Serraglio deu a sugestão:” Seria bom escrever a história de
nossa família para que não se percam
coisas tão interessantes”, e todos os presentes de incumbiram de realizar a difícil tarefa.Aceitei o
encargo, lembrando-me que uma família
sem história, com o tempo que tudo apaga- é como se não tivesse
existido; a medida em que as pessoas morrem é a família que vai desaparecendo (.LORENZATO,
1998 ,p.13)
Há três elementos que não podem ser esquecidos: :o
fato de ser um padre o que escreve a história; o fato de ter um professor na
família e ainda deve se destacar o corte que é feito no passado isolando um
casal dos outros pares que compõem a
família .O que leva ao desejo de escrever a história familiar é a imposição do
grupo e por último manter viva a memória da família ainda que as pessoas que a compõe,
compuseram e comporão morram , enfim um
desejo de perenidade num mundo destinado a desaparecer.
A escolha de qual dos vários ramos da qual
será elaborada a história revela o poder patriarcal, pois é
a partir da linha paterna que construídas as histórias e a genealogia.. Algumas
vezes o critério é o sucesso econômico .
De acordo com as posses familiares, a
genealogia pode ser mais completa., quando encomendada a algum instituto ,ou realizada
pelo autor em rápida pesquisa na terra
natal de seus avós, Um detalhe curioso poucos são os imigrantes - e seus pósteros - que
mantiveram relações contínuas com a
parte da família que permaneceu na Europa .Desta forma a história familiar
perde is nexos anteriores à chegada ao Brasil. Muitas vezes a história resulta na busca a busca de um passado que já não existe e que
muitas vezes nem existiu
Os
objetivos que levaram o autores a escrever as sagas familiares também são semelhantes., como as festas e os livros.
Até o momento, de acordo com os motivos
que levaram os autores a escrever as
histórias de família, parecem ser três:
um ° O valor que a família para o grupo,: 2- a manutenção dos
laços familiares:; 3- o registro escrito do passado .
1. O primeiro motivo que
levou os autores a escreverem histórias familiares parece ser a importância que tem a instituição para o grupo de
descendentes de imigrantes europeus, em geral
e italianos em particular, Parece que não há muito a acrescentar sobre
valor da família para os colonos
cujas raízes estão plantadas na
posse de na produção da terra, que depende do trabalho familiar.
Para a produção
na pequena propriedade agrícola , a mão-de-obra familiar é essencial, havendo
assim uma estreita ligação entre terra e
família nos autores estudados :Como afirma
o autor sobre a pequena propriedade :”Nela podemos constatar a diversidade de produtos
cultivados pelas famílias italianas que trabalhavam a terra. Era uma
agricultura familiar onde todos trabalhavam para prover seu sustento.” ( COSTAMILAM 1984 p.425)
2. . O segundo motivo é a
tentativa de preservar entre familiares os laços que se
rompem rápido no decorrer das gerações. Já que
para o grupo é tão grande a importância da família as relações entre os seus membros estes devem necessariamente ser
mantidas. Pois segundo se supõe há uma
estreita ligação entre os antepassados e
as gerações deles decorrente.
Segundo Mulo
(MOLON 1991 p.12)
estes livros serviram e servirão para promover a
integração entre pessoas que têm( Sic) grau de parentesco, mais próximo ou mais
longínquo, ou que se identificam por terem um sobrenome comum, uma ascendência
comum,.
Ou como afirma
Mezzomo ( 1986 p.13)
Despertar e conservar vivos os sentimentos de união
pelos vínculos do amor fraterno entre parentes e como preito de gratidão, aos
nossos antepassados pela inestimável formação que nos legaram.
Esta parece ser
também a opinião de Dall’Alba, que
acrescenta um elemento novo na busca da
identidade pessoal e do grupo. .”(DALL’ALBA
1984. p.11)
acontece que
cada um de nós vai se perguntado: Que influência tem a hereditariedade em mim?
Por que sou assim? Como eram meus antepassados? (...). A estas e outras
perguntas que gostaríamos de dar resposta
nesta monografia, (...). Talvez nosso livro sirva para reatar laços por
demais tênues. Talvez ... apenas uma lembrança saudosa
três.,O registro histórico do passado,
registrados nas histórias de família são necessários, para compreensão do
presente e garantia do futuro. Segundo Piccoli:
Com este
livro pretendemos resgatar um pouco da História dos nossos ancestrais,
fazendo-nos compreender suas vidas, seu progresso, a superação das dificuldades
pela persistência, pela indomável força de vontade. Conhecendo nossas origens
valorizaremos os agentes da nossa História. Como seres humanos tiveram também
suas fraquezas, seus erros, mas o somatório das virtudes foi bem alto. Uma
meditação sobre os primeiros tempos de colonização, quando tudo devia ser
feito, com um mínimo de recursos, poderá nos tornar hoje, mais tolerantes e
pacientes e assim aceitarmos com mais resignação às contrariedades que a vida
nos apresenta. PICCOLI 2000 p.11)
Idêntica é a opinião de Molon ao
comentar os quatro encontros realizados pela sua família
“A História da família continua a ser
escrita dia a dia e os Encontros servem
para resgatar, valorizar, promover e integrar seus membros. (...).” – (...). Continuou por um longo tempo mantendo
relações com os parente de Otávio Rocha e com a sua morte, os laços familiares
foram esquecidos entre as duas comunidades. .” –((MOLON 1991 p. 197 )
Tais posições
são corroboradas por outros autores como
“. Hoje, em vésperas do centenário da chegada do Luigi Dall’ Alba, já não
podemos aguardar. O livro, mesmo com genealogias incompletas, vai ao prelo.” :(
DALL’ ALBA 1984 p.9) Ou como
Paulina Soldatelli “além disso, percebi
como se sabe pouco de nossos antepassados..” (MORETTO,1991 p. 05)
AS DIFERENÇAS SOCIAIS
A imagem do
colono bom, trabalhador, pouco
politizado, e socialmente ignorante não
é corroborada nas histórias de família. A imagem do colono pobre, mas, trabalhador é mantida e transmitida de
geração em geração, também a diferença
entre os senhores e os colonos repercute na memória dos pósteros.
Como observa
Woodword (2000 p. 1 4 ) “é por meio da diferenciação social que essas classificações da diferença são
vividas nas relações sociais”.. A manutenção e das evidentes
desigualdades entre os
comerciantes ricos e os colonos
pobres, que levavam uma vida trabalhosa e sem gratificação. Um dos
casos típicos da região e que demonstra de foram clara a percepção dos em
relação as condições sociais a que estavam submetidos , foi assim sintetizada
por Alice Gasperin:[1]
“Em março de 1898, por ocasião de sua visita às
Colônias de Caxias, Bento Gonçalves, Garibaldi e outras do Rio Grande do Sul,
chamadas colônias italianas, esteve em Caxias o Conde Brandolini acompanhado do
Juiz da então Comarca (Montenegro), e encontrando-se este com uma ex-colona
italiana, disse-lhe:
-
A senhora está de parabéns hoje, não?
- Porque , perguntou ela
-
Porque está em
Caxias uma personalidade ilustre da Itália, respondeu-lhe o magistrado
-
Absolutamente. Esta é aquela espécie de gente
que nos odiávamos e por causa dos quais tivemos que abandonar nossa pátria, se
não quiséssemos morrer de fome, retrucou aquela imigrante."
O fato não poderia ser mais significativo ,apresenta alguns aspectos que
merecem ser destacados. O primeiro refere-se a identidade da personagem
definida como ex-colona, ou seja uma antiga moradora da zona rural que passou
a residir na cidade, significa que
deveria ter boas condições econômicas .Pois ao acumular alguns bens os colonos
mudavam-se para a cidade ou para o núcleo urbano mais próximo. Um outro aspecto
é a possibilidade de declarar seu ódio aos senhores de terra da Itália, já que então ela também se tornara também uma senhora
,ou seja uma proprietária de terras.
.Havia na região
da colônia uma certeza : “os ricos da Itália são os pobres da
América,” diziam aos nossos. Para as famílias numerosas, para os jovens, não
havia outra saída. Era preciso emigrar”.[2] Como
diz Rossato [3]referindo-se
á riqueza da sua propriedade :” em
Valdagno seria rico quem tivesse tanta madeira” E complementa revelando a
força da mudança social que vivenciou com a vinda para o Brasil“ lá éramos servos e aqui somos senhores”.
De uma forma
geral a partida não havia sido fácil. Tonniazzo [4]fala
de como foi desprezado por não ter recursos e que ” parecia-me que, de algum modo ,fui expulso daquele vilarejo que tanto
amei.” Este sentimento de ser sido rejeitado pela pátria somado a algum ato sujeito a punição fazia com que a Itália fosse aos poucos sendo
também rejeitada. Segundo Dall’Alba [5]
” Contava-se, mas à boca pequena e muito por alto,
(...), que o Giácomo teria, durante o serviço militar, pertencido a uma
associação secreta, uma espécie de máfia, ou sociedade anárquica. No mínimo
estivera envolvido numa conspiração que assassinou uma alta personagem, um
conde tirânico, parece.”
-
As condições de
vida dos camponeses era péssima ,tanto que as mães deixavam seus filhos “para
ir amamentar filhos dos ricos, uma espécie de atividade mais ou menos comum
naqueles tempos.”[6].
Tal pobreza e tal exploração facilitavam o esquecimento e a adpstação às novas
condições que a nova pátria garantia. Afinal eram muito” pobres. Não mais pobres que os outros.” Sofrendo da falta crônica
da terra de terra pouca terra.” (...).”–
p.18. Quando ainda estão na Itália. [7]
“Acrescenta-se que a grande maioria dos
agricultores italianos não era proprietário das terras, único meio de produção.
Necessitavam arrendá-las e trabalhar para os seus senhores latifundiários, a
fim de verem supridas as necessidades básicas. Por ocasião do arrendamento
acontecia uma verdadeira espoliação, ficando o agricultor obrigado a ceder ao
senhor das terras a metade da produção e ainda arcar as despesas e prejuízos.
(...).” – MOLON p.43 – Citação feita para explicar a condição em que viviam os
imigrantes na Itália.
O símbolo da poder era a posse da terra,mas a riqueza
só se conseguia com o comércio “ ele se tornaria um dos mais poderosos
comerciantes do interior do município, projetando seu nome e prestígio muito
além das fronteiras de sua casa de comércio." [8](
! As informações, eram bem pouco
precisas, e só davam conta de que o vinho estava adulterado. Para Caetano (...)
foi como se um raio o atingisse em cheio, já que tal procedimento por parte das
autoridades ligadas ao setor, correspondia a dizer que ele era um comerciante
desonesto, e isso, com a inevitável
publicidade que o caso teria, era o mesmo que jogar por terra o que em muitos
anos ele havia construído e com tanto sacrificio.(487)Costamilam
" No dia 8 de junho de 1901, tendo como palco o
salão da " Sociedade Operária Príncipe de Nápoles" é fundada
oficialmente a Associação dos Comerciantes do Município de Caxias, a qual viria
a adquirir um tal prestígio, graças à sua ação efetiva na defesa dos direitos e
aspirações dos comerciantes, que dentro
em pouco se constituiria numa força política atuante, e seria a causa da
desgraça de homem que até então vinha impunemente oprimindo os caxienses."
(447Costamilam
Caxias continuando a crescer e sem que houvesse uma
infra- estrutura a acompanhar este progresso daí as contínuas petições e
reclamações que chegavam ao protocolo da Intendência. As estradas
encontravam-se em estado calamitoso, e só mesmo a força de vontade que animava
os comerciantes pode explicar que tenham superado tais dificuldades (...)
tinham que custear eles mesmos os reparos mais necessários, mediante
concentração de trabalhadores nas colônias..." (472)costamilan
a guerra declarada pelos comerciantes da Associação à
pessoa do Sr. Campos Jr, era também uma afronta direta à seita que essa
autoridade representava...." (462)
Costamilam
" Era tudo mato. Vovô
Gasperin ganhou a sua colônia na Linha São Miguel. Cinqüenta hectares de
terras, de mata virgem, com duzentos metros de frente.(...) Quando vovô recebeu o número do lote dele,
tratou logo de cortar o mato e plantar o que dava na época. Davam-lhe as
sementes. Construiu uma pequena casinha com tábuas serradas à mão. Quando
entrou na sua pequena casinha, construída por ele, com sua família, em sua
terra , sempre dizia que se julgava o homem mais rico do mundo." (16)
“(...). Ele não é rico, mas
é um bom rapaz, trabalhador e de quem não se pode dizer nada. Trabalhador e
honrado. (...).” – p. Palavras ditas
sobre João Rigo, por seu pai. FARINA
1) “(...). A possibilidade de
ir para a América, para essa gente, era a realização do sonho de ter a sua
propriedade, e de não mais serem explorados pelos donos e senhores das terras.”
– p. 01 BORTOLINI
Os valores aparecem de forma
repetida em todas os autores, entre eles Molon ( MOLON 1991 p.12)
O objetivo do livro é
despertar e conservar vivos os
sentimentos de união, como preito de gratidão aos nossos antepassados pela
inestimável formação que nos legaram, no que diz respeito especialmente à
formação cristã, ao amor ao trabalho e à integridade moral.
FAMÍLIA
O sentido da família, nas
obras analisadas ,parece ter três sentidos: o trabalho e a propriedade e os
valores Nas obras são citados 38 vezes pais e pai e 31 vezes mãe e 49 família.
FAMÍLIA:CONCEITOS
É a primeira e a mais importante das instituições sociais, biológicas e morais; é
o nascimento da vida social e o repositório das tradições. Prolongamento do
homem no tempo MEZZOMO
Anteparo mais seguro da
liberdade do homem....e assim por diante MEZZOMO
A Família é o "meio de
cultura". MEZZOMO
Família é a pátria do
coração é síntese e a base da sociedade. P. 15 e 16 MEZZOMO
IMIGRAÇÃO
3 ABORDAGENS;
1.Situação na Itália .2
Motivos para a vinda 3.O luto pela saída
1.SITUAÇÃO NA ITÁLIA
“A propriedade rural
tornava-se muito cara e permanecia em poder de uma minoria privilegiada,
enquanto a maior parte do trabalho braçal, era formada pelos inquilinos que nada
possuíam e nada tinham para economizar.” – p. 10. Sobre a situação dos
agricultores na Itália.
Farina
“(...). Pobres. Não mais
pobres que os outros. Pouca terra. (...).”– p.18. Quando ainda estão na Itália.
DALL’ALBA
“Dos Zaupa diz-se que não
passavam fome, mas poareti come ragni,
parece que não tinham terra própria. Sempre a fito, pagando renda, à meia.”– p. 18. Sobre a vida na Itália.
DALL’ALBA
“São gente pobre, mas livre,
exercendo verdadeira democracia. De início tinham arrendado os terrenos, mas
agora já eram proprietários. É admirável o espírito comunitário.” – p. 21.
Comentando da Itália. DALL’ALBA
A propriedade rural
tornava-se muito cara e permanecia em poder de uma minoria privilegiada,
enquanto a maior parte do trabalho braçal, era formada pelos inquilinos que
nada possuíam e nada tinham para economizar.” – p. 10. Sobre a situação dos
agricultores na Itália..MOLON
" Dançavam
também valsa, polca, vanera... Na Itália faziam serão nos estábulos. Aqui
continuaram com o mesmo serão, chamado 'filó'. Contavam as suas misérias,
alegrias, as dificuldades e por fim cantavam. E sempre o 'goto' de vinho, com
pinhões, quando era época e muita pipoca." (41)Dal’Alba
3 MOTIVOS PARA A VINDA
“A Itália é a
pátria – mãe de muitos imigrantes.”( MOLON 1992
p.42. )
Quando na Itália se soube
que o Governo Brasileiro decretou a lei que receberia imigrantes italianos
pobres, dando-lhes terras para trabalhar, transporte e mantimentos por um ano,
houve muitos que não pensaram duas vezes. Inscreveram-se logo." (11)
" Cirillo Piccoli fixou-se em definitivo na colônia (lote) n 49..... Era
alfabetizado. Casou com Albina Armigliato, de 16 anos em Ronco All' Àdige em 06
de agosto de 1872, não alfabetizada... O casal teve um início difícil. O
importante, porém era possuir um pedaço de terra, o que era quase impossível na
Itália." (29) Gasperin
" Cirillo Piccoli
fixou-se em definitivo na colônia (lote) n 49..... Era alfabetizado. Casou com
Albina Armigliato, de 16 anos em Ronco All' Àdige em 06 de agosto de 1872, não
alfabetizada... O casal teve um início difícil. O importante, porém era possuir
um pedaço de terra, o que era quase impossível na Itália." (29) Piccoli
A propaganda intensa das
nações americanas interessadas, especialmente os Estados Unidos, Argentina e o
Brasil. A América era apresentada como a terra de promissão, de
facilidades e enriquecimentos rápidos.” – p. 10. Sobre as causas da imigração.
MAINARDI
Giovanni Battista amadureceu
a idéia de vir para o Brasil pela mesma via lógica de raciocínio que arrastou
milhares e milhares de vicentinos de suas casas para o porto de Gênova. Era a
única oportunidade positiva que se apresentava para escapar finalmente de uma
vida cada vez mais sufocada pela fome e pela injustiça social. (...).” – p. 54
BONGIOVANNI
Foi, acima de tudo, em busca de terra que, de
1876 a 1900, um contigente humano de 1.040.000 emigrantes deixaram a Itália e
se estabeleceram no Brasil. (...).” – p. 09 FARINA
Acrescenta-se que a grande
maioria dos agricultores italianos não era proprietário das terras, único meio
de produção. Necessitavam arrendá-las e trabalhar para os seus senhores
latifundiários, a fim de verem supridas as necessidades básicas. Por ocasião do
arrendamento acontecia uma verdadeira espoliação, ficando o agricultor obrigado
a ceder ao senhor das terras a metade da produção e ainda arcar as despesas e
prejuízos. (...).” – MOLON p.43 –
Foi, acima de tudo, em busca
de terra que, de 1876 a 1900, um contigente humano de 1.040.000 emigrantes
deixaram a Itália e se estabeleceram no Brasil. (...).” – p. 09 FARINA
“O mundo ideológico destes
imigrantes caracteriza-se pelo fascínio da posse de terra: a crise da
propriedade na Itália e a exploração a que se encontravam submetidos (...),
fê-los considerar a propriedade do solo como sinônimo de independência,
dignidade e liberdade, proporcionando aos filhos alimentação farta e futuro;
(...).” – p. 09 BRESOLIN
3. LUTO pela saída
“Na despedida dos imigrantes, ás vezes havia
festas, mas quase sempre o ambiente era triste, de separação.” (SOLDATELLI 1991
p.19)
“(...). Podemos imaginar a
família recebendo a bênção do velho pároco amigo. (...). As crianças abraçando
o vovô e a vovó, os tios, a tia Madalena..” (DALL’ALBA1984 p.29.)
“No dia aprazado para a partida,
os imigrantes saudavam os vizinhos e levados por algum amigo até a estação
ferroviária mais próxima, (...).” – p. 70 MOLON
FAMÍLIA E VALORES
FÈ
(...). Vocacionados a
emigrar, homens de fé, no majestoso templo dirigiam preces especiais invocando
ao Deus Onipotente sua proteção para levar a bom termo a longa e difícil viagem
rumo ao Brasil.” – p. 17 FARINA
“Rezar o terço em família, participar das
atividades religiosas e culturais das pequenas comunidades foram às formas
encontradas pelos imigrantes para fugirem do isolamento em que foram
abandonados na floresta.” – p. 25 FARINA
“Os imigrantes italianos –
homens simples, afeitos à agricultura de subsistência e ao pequeno comércio –
na força de seus braços e na perspicácia de suas mentes, aliadas à tradição de
fé à busca de integração, encontraram o caminho do progresso e do crescimento
da comunidade. (...).” – p. 44MOLON
".... Rezavam e cantavam. Em religião, tinham um bom
conhecimento e muita fé...." (13)
Gasperin
AMOR
“(...). Até que eu era
criança o pai chegava em casa e fazia o pão e a polenta... chegava a dar comida
na boca, à mãe. Era muito carinhoso.” – p.142. DALL’ALBA
“O menino Angelin (...)
queria muito bem a nona Carolina, (...). Quase todos os dias saía da casa do
pai (...) pegava um ovo fresquinho e levava para a nona.” P 21 – Soldatelli)
UNIÃO
“Muito trabalho, muita
união, muita piedade nessa família de pioneiros. (...).” – p.53 DALL’ALBA
“(...), a família cresceu
unida, respeitosa, com regular formação cultural, com profundas convicções
religiosas e morais. Era uma família numerosa, de 13 filhos. (...).” – p. 79.
Dall’Alba.
Na casa do pinheiral ficavam
o pai, a mãe, e os filhos menores. No domingo reuniam-se todos.” – p.78
DALL’ALBA
“Todos viviam em comunhão,
comendo do mesmo alimento, participando dos mesmos trabalhos. (...).” – p.80
MOLON
“Muito trabalho, muita
união, muita piedade nessa família de pioneiros. (...).” – p.53 DALL’ALBA
RESPEITO
" Giácomo, seu pai
efetivamente havia sido o patriarca daquela família, e no mesmo estilo
militarista em que vivera sua juventude e lograva aprimorar os seus
princípios assim conduzia seu lar, com
mão- de- ferro e bem pesada, não dando ensejo a qualquer um de
seus filhos pautasse o seu comportamento por outras diretrizes senão aquelas
que ele, durante todos os anos em que viveu, fez questão cerrada fossem a
bússola a nortear seus passos." (423)COSTAMILAN
(...) tem em Elia um
verdadeiro exemplo de dedicação à família e ao trabalho." (149)Zardo
RELIGIOSIDADE
A Itália é a
pátria – mãe de muitos imigrantes. Alicerçada na doutrina cristã de ‘crescei e multiplicai-vos’,
sem restrições, as famílias eram numerosíssimas. Não é raro encontrar casais
com mais de 15 filhos. (...).” – p.42. Citação feita para explicar como eram as
famílias na Itália .MOLON
Citação de Ecl3,9-10
Mezzomo
O temor a Deus é o princípio da sabedoria e a piedade
da ciência...
“(...), casal de
costumes cristãos e de conduta rigidamente dentro dos princípios da moral,
educaram cristãmente o pequeno Giovanni, conduzindo-o à Primeira Eucaristia na
mesma Igreja quando tinha sete anos.” – p. 24 FARINA
“Rezava-se longamente em
casa. (...). Terço, ladainhas, (...). Outras famílias, não todas, também
rezavam. (...).” – p.105 DALL’ALBA
“Na véspera do Natal,
reuníamos lá em casa os primos do Toni e do Piero para um jantar. Depois ia-se
com a carreta para a Missa do Galo. Que Missa! Orquestra com tromba, (...).” – p.106 DALL’ALBA
“(...). Era ali na cozinha
separada da casa, que se rezava, aprendia-se a doutrina, comia-se,
conversava-se, passava-se o tempo frio, o tempo de chuva, os serões das noites
de inverno.” – p.154 Dall’ Alba
“Muito trabalho, muita união, muita piedade
nessa família de pioneiros. (...).” – p.53 DALL’ALBA
(...), a família cresceu
unida, respeitosa, com regular formação cultural, com profundas convicções
religiosas e morais. Era uma família numerosa, de 13 filhos. (...).” – p. 79.
Sobre a família de Antônio Dall’Alba.
“(...). Nem é preciso
imaginar para vê-los rezando ao redor dessa rústica mesa. Quase tudo era mato
ainda, mas havia roças nas clareiras. Isolados no mato, mas felizes!” – p. 33
DALL’ALBA
Num ambiente de tanta
religiosidade, não podia estar ausente o surgimento de vocações religiosas e
sacerdotais, estimuladas pelos próprios pais...Notável um lugarejo de 900
hectares e três dezenas de famílias, deu à Igreja uma legião de sacerdotes e
religiosos...,cita p. 16 Barbosa
“Da Lúcia falava-se de sua
grande família.” “(...). Nem todos sobreviveram, mas teve 17 filhos. Criou 14.
Se o pai estivesse à frente desse batalhão já mais crescido, certamente teria
feito prosperar muito mais esta família abençoada com tantos braços. (...), era
uma bênção (...) uma família numerosa na época patriarcal da colonização,
quando vestir era fácil, estudo não se costumava dar (...).” – p.118. Dall’
Alba .
Todas as famílias rezavam diariamente o terço em sua
casas. Rezava-se indo para trabalho na lavoura. Rezava-se e cantava-se durante
o trabalho. Não havendo padre Maximino Bampi rezava o rosário e encomendava os
mortos. Nos dias santificados recitavam o terço na capela, bem como as
ladainhas. Barbosa
DISCIPLINA E HIERARQUIA
“Os pais eram rigorosos.
(...).” – p.83. Dall’Alba
“(...). Ambos eram bons.
Severos, que não precisavam levantar a voz, porque todos eram submissos mesmo.
Mas bons. Agora, entre eles é que nem sempre as coisas corriam tranqüilas. Dois
caracteres fortes, de vez em quando explodia tremendo desabafo com palavras
rudes. (...).” – p. 131. Dall’ Alba
Consultava sempre a mãe,
pois não tinha mais o pai.” – p.53.. SOLDATELLI
" Giácomo, seu pai
efetivamente havia sido o patriarca daquela família, e no mesmo estilo
militarista em que vivera sua juventude e lograva aprimorar os seus
princípios assim conduzia seu lar, com
mão- de- ferro e bem pesada, não dando ensejo a qualquer um de
seus filhos pautasse o seu comportamento por outras diretrizes senão aquelas
que ele, durante todos os anos em que viveu, fez questão cerrada fossem a
bússola a nortear seus passos." (423)COSTAMILAN
FAMÍLIA E TRABALHO
(MOLON
1991 p43)
Acrescenta-se que a grande maioria dos
agricultores italianos não era proprietário das terras, único meio de produção.
Necessitavam arrendá-las e trabalhar para os seus senhores latifundiários, a
fim de verem supridas as necessidades básicas. Por ocasião do arrendamento
acontecia uma verdadeira espoliação, ficando o agricultor obrigado a ceder ao
senhor das terras a metade da produção e ainda arcar as despesas e prejuízos.
(...).”
O Giácomo era gente de
trabalho. Tinha porcos, vacas, parreiras, prado para feno, pastagens, roças de
milho e trigo, casa boa, mulher dedicada, filhas crescendo.” –p. 52 DALL’ALBA
" Para nossos avós, era motivo de orgulho verem que
três de seus filhos, Frederico, Virgínia e Caetano, estivessem todos
estabelecidos, desfrutando de uma sólida situação e felizes em seus casamentos.
Só João ainda não havia acertado o passo em seus afazeres, mas todos tinham
esperança de que ele também se encaminhasse
a contento cedo ou tarde." (486)Costamilan
"... Ele estava de
cama, esgotado de tanto trabalhar. Viveu só para trabalhar. Era de temperamento
oposto ao meu pai. Papai era explosivo e trabalhava tanto na lavoura como de
carpinteiro. Gostava de farras e de festas. Tio Francisco era calmo, nunca se
alterava. Tinha autoridade sim, mas sempre no mesmo ritmo. Só se dedicou à
lavoura. Gastou-se trabalhando. Pai de dezessete filhos e comprou terras para
todos." (89) Referência ao seu tio Francisco. Gasperin
“Seguindo o costume, quando
um filho casava, ficava morando com os pais pelo menos por um ano. Quando
saiam, os pais ajudavam no que podiam para o casal iniciar a nova vida e davam
uma quantidade de gêneros de primeira necessidade para o sustento, ou estando
ainda junto com os pais, já iam plantando para a primeira colheita. Esse era o
procedimento dos pais com os filhos e o último, ficava morando na casa
paterna.” ( p. 72.Soldatelli) Citação feita para comentar que um dos filhos
tinha casado.o filho mais novo e, segundo costume trazido da Itália, ficou
morando na casa com os pais, pois cabia aos mais jovens esse privilégio.” – p.
23..” – Soldatelli
PROPRIEDADE
A situação do agricultor
italiano. Eram 8.550.000 agricultores, em 1881 e destes, apenas possuíam terras
uma sexta parte e não havia esperanças de se tornarem proprietários.” – p. 10.
Sobre as causas da imigração. MAINARDI
A propriedade rural
tornava-se muito cara e permanecia em poder de uma minoria privilegiada,
enquanto a maior parte do trabalho braçal, era formada pelos inquilinos que
nada possuíam e nada tinham para economizar.” – p. 10. Sobre a situação dos
agricultores na Itália. MAINARDI
A propriedade rural
tornava-se muito cara e permanecia em poder de uma minoria privilegiada,
enquanto a maior parte do trabalho braçal, era formada pelos inquilinos que
nada possuíam e nada tinham para economizar.” – p. 10. Sobre a situação dos
agricultores na Itália. MAINARDI
1) Uma vez que as famílias
tornavam-se mais numerosas quando os filhos atingiam a idade do casamento,
constituindo nova família, ocorria à busca de novas propriedades. (...).” – p.
16 MAINARDI
“O mundo ideológico destes
imigrantes caracteriza-se pelo fascínio da posse de terra: a crise da
propriedade na Itália e a exploração a que se encontravam submetidos (...),
fê-los considerar a propriedade do solo como sinônimo de independência,
dignidade e liberdade, proporcionando aos filhos alimentação farta e futuro;
(...).” – p. 09 BRESOLIN
“Muitos colonos procuram
mesmo aumentar sua propriedade, investindo as poucas economias na aquisição de outras
terras, de outros lotes para os filhos. (...).” – p. 09 BRESOLIN
Uma vez que as famílias
tornavam-se mais numerosas quando os filhos atingiam a idade do casamento,
constituindo nova família, ocorria à busca de novas propriedades. (...).” – p.
16 MAINARDI
“(...). A possibilidade de
ir para a América, para essa gente, era a realização do sonho de ter a sua
propriedade, e de não mais serem explorados pelos donos e senhores das terras.”
– p. 01 BORTOLINI
“(...). O importante era
aquisição das terras que um dia pudessem dizer: este pedaço de terra é meu e,
dele vou tirar o sustento para a minha família.” – p. 03 BORTOLINI
“Ao receberem as terras,
(...). A primeira condição era que tivesse água por perto, primeira e principal
necessidade à sobrevivência humana. (...).” – p. 06
“ (...), lá no fundo se
enchiam de esperança, pois o seu maior desejo era o de serem proprietários de
terras. (...).” – p. 19 BORTOLINI
Ter saúde e trabalhar em sua
própria terra era tudo para os primeiros colonizadores. Do trabalho familiar
surgiria à sobrevivência, ou quem sabe a riqueza da família.” – p. 28 FARINA
“(...). Nesse ambiente
perigosamente sobrecarregado pelas tensões sociais, a promessa usada pela
propaganda emigratória de que cada família que fosse para a América ficaria
dona de um vasto pedaço de terras, pagas ao Governo em pequenas parcelas em
longo prazo soava como dádiva aos ouvidos dos contadini sem terra,
sem pão e sem justiça...” – p. 143 BONGIOVANNI
" Cirillo Piccoli
fixou-se em definitivo na colônia (lote) n 49..... Era alfabetizado. Casou com
Albina Armigliato, de 16 anos em Ronco All' Àdige em 06 de agosto de 1872, não
alfabetizada... O casal teve um início difícil. O importante, porém era possuir
um pedaço de terra, o que era quase impossível na Itália." (29)PICCOLI
“(...). Pobres. Não mais
pobres que os outros. Pouca terra. (...).”– p.18. Quando ainda estão na Itália.
DALL’ALBA
“Dos Zaupa diz-se que não
passavam fome, mas poareti come ragni,
parece que não tinham terra própria. Sempre a fito, pagando renda, à meia.”– p. 18. Sobre a vida na Itália.
DALL’ALBA
“São gente pobre, mas livre,
exercendo verdadeira democracia. De início tinham arrendado os terrenos, mas
agora já eram proprietários. É admirável o espírito comunitário.” – p. 21.
Comentando da Itália. DALL’ALBA
A Itália é a
pátria – mãe de muitos imigrantes. Alicerçada na doutrina cristã de ‘crescei e
multiplicai-vos’, sem restrições, as famílias eram numerosíssimas. Não é raro
encontrar casais com mais de 15 filhos. (...).” – p.42. Citação feita para
explicar como eram as famílias na Itália .MOLON
“A nona Marietta não era uma mulher de falar
bobagem. De noite, enquanto ela ficava fazendo trança, para me fazer ficar com
ela contava-me da Itália: (...).” – p.28 DALL’ALBA
Mas, quase de repente, Luigi
deixa tudo, nem vende sua propriedade, nem fecha a casa, e parte para o Brasil.
(...). Na família conserva-se uma tradição de que houvera atrito com um parente
de lá. (...).” –p.26 DALL’ALBA
..foi o patriarca italiano, o tronco da numerosa descendência da grande
família Dall' Onder no Brasil. Nasceu em 29 de maio de 1853 na comunidade de
Fongaso, Província de Beluno. Era filho de Guiseppe Onder e Ana Rech."
(41)Zardo
" Vovô Gasperin nasceu
em Vila de Vila- Mel, Feltre, Beluno. Nem ele, nem os avós e pais dele, nunca
foram donos de terras na Itália. Sempre viveram debaixo de patrões. Viviam em
casarões, avós, pais e filhos. Todos debaixo do mesmo teto, por não terem onde
morar. Apenas ganhavam para viver..." (12) Gasperin
" No inverno, que era
sempre rígido e extenso, se reuniam em estábulos, tanto de dia como no serão.
As mulheres fiavam. As famílias numerosas tinham os seus teares manuais e
faziam seus tecidos, especialmente de linho, tanto para vestir-se como para
roupa de cama. Faziam meias, costuravam tudo a mão e consertavam roupas. Os
homens se dedicavam ao artesanato de madeira. Faziam baldes, estátuas de
santos, molduras, soldas, etc... Aprendiam um do outro." (13) Gasperin
"Na Itália, os Dall' Acqua moravam em La Vale
D’Agordo, Beluno. Também eles, como os Gasperin, viviam em casarões. Avós, pais
e filhos moravam sob o mesmo teto, por não terem onde morar. Quem determinava
tudo eram os mais velhos, os avós. Ordem dada, ordem cumprida. Não se
desmembravam por não terem aonde ir.
Trabalhavam para os patrões, passando misérias." (13) Gasperin
" Vovô Giiuseppe tinha
conhecimentos de geografia. Ao inscrever-se para o Brasil, preferiu o Sul.
Estavam acostumados ao frio. (...) Quando embarcaram, mamãe tinha três anos,
tio Matio seis, tia Angela oito, tio Angelo onze e tiio Luiz doze. Venderam o
pouco que tinham e vieram apenas com o indispensável. Mamãe dizia que trouxeram
baldes e panelas de cobre." (15) Gasperin
"Na Sertorina, que foi
a nossa Segunda morada depois do Barracão, as famílias tinham um linguajar
diferente do nosso. Mamãe era de Beluno, por isso nos apelidaram de 'belunati
mezzi mati'(3). Havia lá cremoneses, mantuanos, brescianos, bergamascos,
vicentinos, trevisanos etc... Cada família com o seu linguajar, de acordo com
os seus lugares de origem da Itália." (27) Gasperin
"...O mundo da mamãe
era a Itália, e depois São Miguel e Barracão." (26) Gasperin
"Nós também crescíamos
falando só o dialeto italiano e aprendendo coisas da Itália. Como os pais eram
italianos, nós também pensávamos ser italianos. Nada sabíamos do Brasil. O
Governo daquela época pouco ou nada fez pela instrução dos imigrantes e seus
filhos. Tiveram que se arranjar como podiam nesse setor. Mamãe, para nós,
arrumava cadernos e livros escolares no consulado Italiano de Bento Gonçalves.
Meus avós, como os pais, nada esperavam do Poder Público. Contavam com suas próprias forças. Construíam as suas
estradas, escolas, pontes e pagavam os seus professores. Sentiam-se contentes e
gratíssimos ao Governo Brasileiro por tê-los acolhido, dando-lhes terras para
trabalhar e liberdade para viver, sem preocupações." (26) Gasperin
Hábito de família ou da
comunidade, os italianos usavam muitos provérbios. Quase para cada assunto
havia um. Recordo de alguns poucos, certamente conservados por tradição antiga,
transmitidos de boca em boca, de geração em geração e pronunciados muitas vezes
em linguagem dialetal. Gasperin
- Conti spezzi, amicizzia longa -
contas freqüentes, amizade longa
- Chi arte non sa fare, boteco
sará -
Quem ofícios não sabe, bodegueiro será
- In boca chiusa non entran
mosche -
Em boca fechada não entram moscas.
- Giovani oziozi, vecchi
bisognosi -Jovens ociosos velhos
necessitados
-Tutti piace veder un mato in pia-
- Todos gostam de ver um louco na praça,
zza ma che nol sai della sua razza. mas que não seja de sua raça. (29)
... Ele estava de cama,
esgotado de tanto trabalhar. Viveu só para trabalhar. Era de temperamento
oposto ao meu pai. Papai era explosivo e trabalhava tanto na lavoura como de
carpinteiro. Gostava de farras e de festas. Tio Francisco era calmo, nunca se
alterava. Tinha autoridade sim, mas sempre no mesmo ritmo. Só se dedicou à
lavoura. Gastou-se trabalhando. Pai de dezessete filhos e comprou terras para
todos." (89) Referência ao seu tio Francisco. Gasperin
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