domingo, 1 de janeiro de 2012

ERA UMA VEZ UM DISTRITO DE SÃO SEBASTIÃO DO CAI (2)

Entre 1884 e 1890  Caxias deixou de ser colônia  e se  tornou município foi parte de São Sebastião do Cai. Assim seus moradores passaram a conviver com os alemães dos vales e do Planalto  muitos dos quais eram donos de escravos. Deve ter sido uma grande  experiência a convivência com a escravidão ,que nas colônias criadas após 1859  , a mesma era proibida.Dois fatos decisivos  para o Brasil  marcaram o período: A aboilição da ecravidão(1888) e a proclamação da República.


São Sebastião do Cai em 1890 .Fonte :Masson

A escravidão não se reduzira com o tempo.  Na Serra,   no Planalto e na Depressão Central  havia muitos senhores de escravos de origem alemã: em Canela,  São Francisco de Paula ,  Vacaria e São Sebastião do cai.  Cai. .As fazendas ( e algumas sesmarias) de alemães cercavam as colônias italianas.  No Sul da região colonial italiana havia  dois proprietários  grandes  de terras : João Brentano,cujas terras estavam  próximas ao rio   Taquari e  as João Altthofen em suas proximidades. Também nos registros de batismo aparecem nomes de proprietários de origem germânica como os Horn, os Hoffmann, os Shimtt, entre outros.
Madame Van Langedonnck que viveu alguns anos na Colônia Santa Maria da Soledade (atual São Vendelino)anotou  que havia muitos escravos nas fazendas do vale do Caí. Cita uma delas a  do senhor Sochenas que teria possuído  400 escravos, desses 320 teriam morridode cólera, os oitenta restantes eram bem-tratados.Na verdade ela é a única fonte de tal propriedade. Ao que tudo indica os números de Langedonnck não se confirmam
   Em São Leopoldo, as alforrias foram  poucas entre os proprietários alemães; elas foram  bem mais numerosas entre os proprietários lusos.

Um dos belos vales do Cai.. Plantação de alfafa em Feliz.
Fim do século XIX. .Fonte :Masson

Entre 1861 e 1883, em São Sebastião  foram feitas  36 alforrias,já em 1884 foram 136.. Em 1885 apenas dois senhores alforriaram seus escravos. Pelos dados das alforrias e pelos  registros de batismos é possível inferir que, em média, cada proprietário possuía em média um escravo. Os maiores proprietários de escravos como a viúva Catarina Schimitt, Nicolaus Blauth, Henrique Biere, Jacob Diefenthäler, possuíam  seis escravos.
 No vale do rio Caí, muitas  fazendas usavam o trabalho escravo.Donos de pequenos negócios e estabelecimentos manufatureiros  eram donos de escravos  e usavam mão-de-obra escrava.
 Nos registros de batismos da paróquia de José do Hortêncio, há inclusive, colonos protestantes que batizavam seus escravos na religião católica, um deles era Nicolau Schimtd. A anotação data 1850 por ocasião do registro de nascimento e de batizado do escravo Augustinho, filho da escrava Feliciana. Tal prática servia como registro de posse de escravos,sendo mais barato  do que o realizado em cartórios..
No Livro de Livro de : Registro de batismos.de São José do Hortêncio encontram-se vários   ppequenos proprietários de escravos alemães de origem.   Entre eles:

Ano
Nome do escravo
Local
Dono
Mãe
1850
José
São José
Nicolao Binzfeld
Claudiana
1850
Augustinho
São José
Nicoláo Schimtd
Feliciana
1853
Pedro
Picada Nova
Daniellis Kolling
Eulália
1854
Catarina Delfina
São José
João Lorscheiter
Maria
1854
Marco
São José
Nicoláo Schimtd
Feliciana
1854
Ana
Picada Nova
Daniel Kolling
Eulália
1855
Justiniano
Picada rio Cai
Guilherme Winter
Josefa
1856
Maria Elizabeta
Picada São José
Nicoláo Schimtd
Feliciana
1856
Maria
São José
João Lorscheiter
Maria
1856
João Evangelista
Picada Nova
Danielo Kolling
Eulália
1857
Madalena
Picada rio Cai
Tiago Froemer
Maria
1858
Claudina
Picada rio Cai
Guilherme Winter
Josefina
1858
Manuel
Picada 48
Georg Bauermann
Maria
1858
Philipo
Picada São José
Nicoláo Schimtd
Feliciana
1860
Bárbara
Picada Nova
DanieloKolling
Eulália
1860
Maria
Picada rio Caí
Guilherme Winter
José e Josefa
1860
Bárbara
Picada São José
João Lorscheiter
Maria
1861
Luisa
Picada São José
Nicoláo Schimtd
Feliciana
1862
Francisco Xavier
CPicada Nova
Daniel Kolling
Eulália
1863
João
Nova Palmira
Nicoláo Schimtd
Feliciana
1863
Henrico
Linha Nova
Daniel Kolling
Norberta
1864
Elizabeth Regina
Picada Nova
Daniel Kolling
Norberta
1865
Margarida
Hortensio
João Lorscheiter
Maria
-
Feliciano
Linha Nova
Daniel Kolling
-
1867
Luana
Porto Guimarães
Guilherme Zilles
Emília



Em 1884 quando Caxias se tornou distrito do Cai, naquele municipio havia sido eleito o quarto conselho No periodo em que foram leitos outros dois .Apesar do número de habitantes de Caxias ,não foram  eleitos representantes seus. O 5º Distrito .foi   coordenado por João Muratore,durante os seis anos .Mas a situação na antiga Colônia era  dificial ,pois  a Diretoria de terras continuava  a mandar na antiga colônia  cobrando impostos e designando fiscais dos travessões como se ainda  fosse ainda uma colônia .
Caxias crescia economicamente e os comerciantes faziam reclamações por escrito pelas péssimas condições das estradase pela cobrança exorbitante deimpostos . Nessa época a nova   igreja matriz começou a ser construída, com grande envolvimento dos católicos, pois a povoação  tinha sido elevada a paróquia em 26 de abril de 1884.

Oderich :um dos esteios da economia do Cai
. Em 28 de janeiro de 1886,  na chamada sede Dante ,foi organizada a Loja Maçônica “Força e Fraternidade”,  a primeira de toda região colonial. A loja era muito importante para a comunidade e reunia nada menos que 152 dos mais representativos moradores do 5º Distrito . Na Lojas não havia distinção de classe ou de etnia..Nela se reuniam  italianos, brasileiros  e alemães , fazendeiros lusos, funcionários públicos, comerciantes e colonos. Alguns de seus membros eram mulatos como o venerável José Cândido de Campos. Foi nela que foi nela que a  emancipação municipal teve inicio  . Em seu templo foram decididas as ações e a política regional. No Brasil e na região  as Lojas se distinguiram pela Luta pela República e pela abolição da ascravatura.

Festas pela emancipação .Caxias 1890 .AHMJSA

A  força da Loja estava ligada ao crescimento da  povoação do distrito,que  aos poucos vai superar a distante sede municipal.  O trabalho agrícola trouxe frutos e o comércio colonial   se tornou fator importante  na economia gaucha...
Os maiores  os comerciantes perceberam a importância  da emancipação municipal.,muitos deles eram maçons. Outros eram católicos. Católicos  em geral eram  federalistas  e os maçons republicanos. Em  1886, um incêndio destrói a Igreja ,que foi  reconstruida na Praça.
Com a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, a liberdade parecia ter chegado à Caxias. A política brasileira mudou de forma radical, enquanto os habitantes das vilas coloniais se organizavam em busca de melhores condições de vida. Foi apenas uma ilusão,logo tem inicio a ditadura positivista,liderada pelo presidente do  recém criado estado do Rio Grande do Sul.
Porto novo do rio Cai(1915)
o Graças a influência econômica epolítica Caxias consegue se emancipar de São Sebastião do Cai,poucos meses após a proclamação  pelo Ato Estadual nº 257 de 20 de junho de 1890.. A sua população então foi estimada em população 16 mil habitantes.
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Os limites do  novo munciipio foram os mesmos da antiga colônia ,ou seja  as 17 léguas ( 100mil hectares )acrescido de parte  da antiga colônia Sertorina ,até os limites da coônia Dona Isabel(Bento Gonçalves)

Caí perdeu um distrito rico ,mas ainda assim até 1914 o porto novo   do rio Cai rcontinou funcionando. Os fretes das mercadorias por navio eram muito mais baratos do que os de trem.Nos jornais do novo municipio as propagandas do  transporte fluvial
 Caxias,1890,   nova igreja Fonte: Brandalise






 



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Um comentário:

  1. Bom dia, professora. Eu desconhecia que tantos colonos alemães fossem proprietários de escravos na região do vale do Rio Caí. Mas a presença de afrodescendentes deve ter sido mais significativa do que se menciona, uma vez que até alguns dos líderes dos Mucker foram proprietários de escravos. Curioso é que a historiografia da imigração alemã parece ignorar ou minimizar essa presença de escravos na sua área de colonização. Por outro lado, não sei da existência de estudo específico sobre os italianos que possam ter sido proprietários de escravos nas regiões fora da RCI, como Porto Alegre e a Campanha, por exemplo.

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